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Francisco Matturro, referência do agronegócio nacional, fala sobre o crescimento do setor, a criação da Agrishow (uma das principais feiras de tecnologia do agro no mundo) e curiosidades sobre a trajetória como empresário no segmento.

Assista a íntegra deste episódio em https://youtu.be/2-gl42qAR-o

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Transcrição
00:00Alguém me pediu esses dias para eu definir minha passagem pelo governo em uma palavra.
00:06Eu vou definir da mesma forma que eu fiz.
00:09Foi uma passagem enriquecedora, porque não era só para o agro,
00:14porque na gestão do João Dória e do Rodrigo,
00:18a gente tinha oportunidade de viver todas as pastas, todo o governo.
00:24Eu devo dizer isso para você, porque todos nós, ex-secretários daquela gestão,
00:30a gente confessa publicamente, gente muito mais preparada que eu,
00:35que todos nós saímos melhores do governo.
00:37Melhor disciplinado em tempo, melhor disciplinado na apresentação da nossa pasta.
00:44O resumo que sempre esse governo exigiu de nós para poder fazer uma boa gestão,
00:50só para dar um exemplo, a gente tinha cinco minutos para apresentar uma pasta.
00:55Uma pasta do tamanho da agricultura, do tamanho da educação, da saúde,
01:00da segurança, é gigante.
01:02E a gente aprendeu a ter capacidade de síntese,
01:05de sintetizar uma pasta em uma apresentação de cinco minutos e meia dúzia de slides.
01:10Então, isso foi um ganho.
01:12Mesmo na minha formação, que a gente é mais do comercial,
01:17mais daquela conversa mais longa e tal,
01:20a gente saiu melhor desse governo.
01:22Alguma pretensão política?
01:24Ficou a vontade de virar político?
01:26Não, zero. Zero pretensão.
01:28Não sou filiado a partido.
01:30Eu costumo dizer que meu partido é o agro,
01:32até porque eu não sei fazer outra coisa, né?
01:34Eu só vivi nisso.
01:36E zero de pretensão política.
01:39Embora todos nós queiramos ou não,
01:43nós somos seres políticos.
01:44Todos nós, na vida em casa.
01:46Você vai num restaurante, se você não fizer uma boa política,
01:48nem bem atendido você é.
01:50Mas política partidária é uma outra história.
01:53E dessa eu não faço parte.
01:54Não é meu mundo.
01:55No dia da abertura,
01:58da primeira agri-show,
02:00chegava em São Paulo o corpo do Ayrton Senna,
02:03que morreu no dia primeiro.
02:06Então, a nossa feira virou um velório,
02:08como virou todo o Brasil.
02:10Todo mundo estava triste.
02:12Então, não preciso contar para você o resultado da feira.
02:15Era uma feira pequena.
02:16A gente gastou um dinheiro, mas não era muito.
02:19Também a gente não tinha muito para gastar.
02:21Então, fizemos lá o que era possível.
02:24E a escolha, eu vi o senhor numa outra entrevista,
02:27ou li em algum lugar,
02:29a escolha da data tinha uma explicação científica, né?
02:35Ela é científica, porque aquela, como é um centro de pesquisas,
02:41ali nós temos precipitação pluviométrica,
02:44tem todo o registro do que ocorre na região.
02:47E ali, quando nós fizemos a primeira edição,
02:50fazia 55 anos que não chovia na semana do primeiro de maio.
02:55Como é uma feira a céu aberto, não pode chover.
02:58Até já choveu, mas não pode chover.
03:01Se chover, é complicado.
03:02As pessoas não circulam, né?
03:05E tem mais razões para isso.
03:07Ribeirão Preto, que é uma cidade do Porto,
03:09que é, já tinha uma rede hoteleira robusta,
03:13uma cidade grande.
03:14E o entorno, num raio de 100 quilômetros,
03:16também tem hospedagem.
03:19Tem hotéis, tem restaurantes,
03:21tem rodovias de pista dupla para chegar.
03:25Tem aeroporto comercial.
03:27Quer dizer, Ribeirão Preto não foi escolhido
03:29de forma aleatória.
03:30E as coincidências é que tem um amigo
03:33do setor, Roberto Rodrigues,
03:35que era o secretário.
03:37Ele tinha caneta na mão para autorizar
03:38numa área que nós não podíamos comprar,
03:41nós não podíamos alugar uma outra área.
03:42Não tinha dinheiro para isso.
03:44Fizemos uma feira, na verdade,
03:45para juntar cacos de um setor
03:47que vinha com dificuldades.
03:50Nós estávamos passando por plano real.
03:52Era essa situação.
03:53A gente vinha de uma inflação muito grande.
03:56Então, era um setor que era difícil.
04:00Tanto, Rodrigo, que eu devo te dizer,
04:02o Brasil só chegou em 100 milhões de toneladas
04:07de grãos no ano 2001.
04:11Nós iniciamos a feira em 94.
04:13A gente ficava patinando ali entre 50 e 70 milhões de toneladas.
04:17Era um agro muito pequeno
04:19comparado com o agro que nós temos hoje.
04:21Nenhum lançamento é feito no mundo
04:26que não seja concomitante com o agri-show.
04:30Qual a razão?
04:33Nariz empinado demais?
04:34Não.
04:35É que o Brasil, por ser um país de clima tropical,
04:38tem superutilização de equipamento.
04:41O que não é possível em um país de clima temperado,
04:44que durante seis meses as máquinas estão no barracão,
04:46esperando a neve virar água.
04:49Então, não trabalha.
04:50No Brasil, o processo de validação é trabalho o ano inteiro.
04:54O Brasil faz cultura o ano inteiro em todo o país.
04:58Quando você vai para a área de cana,
05:00aí é a operação 24 horas por dia.
05:03Colheita de cana é oito, dez meses.
05:05Então, aqui há uma superutilização.
05:08Então, todo o processo de validação
05:10de máquinas feitas ou projetadas
05:14em países de clima temperado,
05:17o processo é feito no Brasil.
05:18E o momento supremo da apresentação é a agri-show.
05:23Eu vou falar da primeira grande evolução.
05:26Aparece um louco,
05:28depois que ele morreu, virou visionário,
05:30em Rolândia, no Paraná,
05:32um cidadão, filho de alemães,
05:34que nasceu no Brasil,
05:37foi embora para a Alemanha com um ano de idade,
05:40com os pais,
05:41voltaram para a Alemanha, por alguma razão.
05:43Foi alfabetizado na Alemanha,
05:46estudou na Alemanha,
05:48e tinha dificuldade para falar português,
05:49mas tinha passaporte brasileiro.
05:51E por conta disso, a família pode voltar,
05:54porque tinha um membro da família
05:55que tinha passaporte brasileiro,
05:57fugindo novamente de guerra.
06:00Voltou para o Brasil,
06:02casa-se com uma catarinense,
06:04também filha de alemães,
06:07que era da colônia deles, da família,
06:09e muda-se para a Rolândia, no Paraná,
06:11Herbert Bartz,
06:13e ele começa a fazer o plantio direto.
06:17O que nós fazemos na agricultura como?
06:20Arando e gradeando o solo,
06:22revolvendo o solo.
06:24Num país de clima tropical,
06:26é complexo, você perde umidade,
06:29você perde fertilidade do solo,
06:31mata micro-organismos,
06:32nós temos um sol para cada um aqui,
06:35diferentemente de Europa.
06:36Esse homem resolve fazer plantio direto
06:39sobre a palha,
06:40a palha que é o resto da colheita anterior.
06:42em vez de ele arar e gradear,
06:45ele passava uma plantadeira que não existia no Brasil
06:48e nem em lugar nenhum do mundo,
06:51uma plantadeira que cortasse o solo
06:53para fazer plantio direto.
06:55Quer dizer, a deposição da semente,
06:56a deposição do adubo,
06:58na mesma linha,
06:59sem revolver o solo.
07:01Ele era mesmo louco.
07:03Mas é uma loucura que deu certo.
07:05O Brasil hoje tem 40 milhões de hectares
07:08em plantio direto.
07:10Então, o louco que virou visionário
07:12depois da sua morte,
07:13o Brasil deve muito a ele.
07:15Então, talvez eu explique o que era
07:17num passado muito recente.
07:20As colhedoras não tinham sequer cabine.
07:23Então, o operador
07:25tinha que se paramentar todinho,
07:28cobrir a cabeça,
07:29deixar só os olhos de fora,
07:31não.
07:32Protegido por óculos,
07:34porque a poeira que levanta
07:37da colheita de soja,
07:39você poderia chamar de
07:40um pó de mico.
07:42A coceira no corpo todo.
07:44Então, a evolução trouxe o que?
07:46Uma cabine
07:47pressurizada,
07:50climatizada,
07:51com som,
07:52internet a bordo.
07:55Muito bem.
07:55Pressão positiva na cabine.
07:58O que quer dizer o que, exatamente?
07:59Quer dizer que quando você abre a porta,
08:01você pode comparar com o centro cirúrgico,
08:03a pressão positiva joga a sujeira
08:05para fora.
08:07Se ela fosse uma pressão negativa,
08:09como ia ser o cara no ar-condicionado,
08:11ele vai puxar a sujeira para dentro.
08:14E naquele caso,
08:15então, uma moça pode operar uma colhedora
08:17e certamente essa mãe
08:19deveria estar amamentando esse bebê.
08:22Como ela tem piloto automático e tudo,
08:24pode ser que a máquina estivesse em operação
08:26em algum momento
08:27e ela é amamentando seu filho.
08:29Então, hoje é possível isso.
08:30Não é bem hoje.
08:32Já é possível há algum tempo.
08:33Mas isso é evolução
08:34que vem demandas do campo
08:37que vão demandando mais conforto
08:40para o operador.
08:41A gente brinca que as máquinas de hoje,
08:43os tratores,
08:44você pode operar de paletói e gravata,
08:46camisa branca.
08:48Então, é uma evolução
08:50que melhora as condições de trabalho
08:53do operador,
08:55que é sendo um trabalho mais difícil.
08:57E também isso é por uma razão.
09:01No país inteiro,
09:02nós temos 85% da população
09:04que é urbana hoje.
09:06No estado de São Paulo,
09:0795% da população é urbana.
09:09Então, quem está no campo
09:12é uma parcela pequena
09:14da população
09:14que tem que produzir
09:16para uma população
09:17cada dia mais crescente.
09:20Agora, qual é o nosso desafio?
09:24Baratear essas tecnologias
09:25para que cheguem também
09:26nas pequenas propriedades.
09:28das pequenas propriedades.
09:31E aí
09:33E aí
09:34E aí
09:34E aí
09:34E aí
09:35E aí
09:36E aí
09:37E aí
09:40E aí

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