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Transcrição
00:00O ministro aposentado do STF, Marco Aurélio Mello, afirmou não ver com bons olhos a decisão do ministro Dias Toffoli
00:07de suspender o pagamento das multas dos acordos de leniência firmados pela JIF dos irmãos Wesley e Joesley Batista
00:14e pela Odebrecht, atual novo honor, com o Ministério Público.
00:19Odebrecht, que é da família desse mesmo nome, Emílio, Marcelo, pai e filho, que até brigaram depois,
00:25são os protagonistas dessa história.
00:27Em entrevista publicada pelo Estadão no domingo, Marco Aurélio Mello disse o seguinte, abre aspas,
00:32O grande problema é que nós passamos a ter não pronunciamentos de órgão único, que seria o Supremo reunido em plenário,
00:39mas a visão individual de cada qual.
00:41Hoje a insegurança graça, o que é péssimo, e mais do que isso, graça ao descrédito da instituição na qual eu estive durante 31 anos.
00:49Para mim é uma tristeza enorme perceber isso.
00:51Avançamos assim? Como fica a sociedade? Fica decepcionada.
00:55Fecho aspas.
00:57Questionado se Toffoli deveria ter se declarado impedido para julgar o pedido da JIF,
01:04Marco Aurélio Mello, ex-ministro do STF, aposentado, respondeu o seguinte, abre aspas,
01:09Lá atrás, acho que foi no Mensalão, ele, Toffoli, disse que não tinha qualquer relação com a doutora Roberta, a Roberta Rangel.
01:20Quem sabe ele continua sem relação? Feche aspas.
01:23Quer dizer, o Marco Aurélio Mello ironizou a alegação de Dias Toffoli no Mensalão sobre a própria esposa e a situação atual,
01:33em que ela compõe o quadro de advogados dos irmãos Batista, da JIF, e o seu marido, dentro do Poder Judiciário, na sua alta cúpula,
01:43dá uma decisão favorável à empresa, para a empresa não desembolsar 10,3 bilhões de reais.
01:51Então, Marco Aurélio Mello está dizendo, já dizia que não tinha uma relação com ela, lá atrás, no Mensalão.
01:58Agora, quase que 20 anos depois, continua com essa mesma alegação, mesmo, enfim, tendo uma relação estável com ela.
02:09Vamos ver o que disse Toffoli sobre a relação dele com Roberta Rangel.
02:13Eu fui catar isso na imprensa daquela época e tinha uma matéria da Folha, de 2012, se referindo ao episódio do Mensalão.
02:24Lembrando que o Mensalão estourou em 2005, o escândalo, o esquema já vinha ali de anos anteriores.
02:31Mas o julgamento demorou, como tudo demora na justiça brasileira.
02:35Então, ainda em 2012, se falava dessas relações existentes entre personagens desse escândalo.
02:43E aí, vocês estão vendo aí a matéria da Folha, só dá um Google, qualquer um acha.
02:47Namorar ex-advogada de réu do Mensalão não é problema de Toffoli.
02:52Esse era o título.
02:54Subtítulo, linha, como a gente chama.
02:57Ministro do SCF afirma que não mora junto com Roberta Rangel, que fez a defesa de deputado denunciado no caso.
03:03Vamos passar aí para o print 2, para a gente ver o comecinho da matéria.
03:07Pode colocar.
03:09O ministro José Antônio Dias Toffoli, do STF, afirma que o fato de ser namorado da advogada Roberta Rangel
03:14não o torna impedido para julgar o caso do Mensalão.
03:18E aí tem as aspas do Toffoli.
03:20É uma relação de namoro que já perdura há alguns anos.
03:24Não moramos juntos e não temos filhos.
03:27Diz ele, citando o que caracterizaria uma união estável.
03:31E isso, quer dizer, se fosse a união estável, o tornaria impedido pela lei de julgar o caso,
03:37já que Roberta Rangel participou ativamente da defesa de um dos réus do maior escândalo da era Lula.
03:43Vamos colocar o print do último pedacinho um pouquinho mais à frente.
03:47Em agosto de 2007, quando era sócia de Toffoli, em um escritório,
03:52Roberta fez a sustentação oral da defesa do ex-deputado professor Luizinho, no plenário do Supremo.
03:58Quer dizer, um deputado que estava denunciado no escândalo do Mensalão.
04:02A participação de Roberta vem sendo comentada no meio jurídico em Brasília,
04:06desde que a revista veja aquela antiga.
04:08Não é essa que está aí hoje, não.
04:10Era uma outra equipe, era uma outra direção.
04:13Nós, inclusive, alguns...
04:17Duda, Graeb...
04:18A Graeb estava lá antes de mim.
04:22Duda também, depois eu entrei no ano seguinte a essa reportagem, em 2013.
04:27Era uma outra composição, uma outra pegada.
04:31Vamos colocar aí o print na tela, produção, rapidamente, só para eu concluir.
04:35Desde que a revista veja revelou que ela tinha atuado na defesa de réus do Mensalão.
04:40Portanto, aqui a gente mostra a fonte primária no nosso programa Papo Antagonista.
04:46Marco Aurélio ironizou.
04:47A gente lembrou qual foi a declaração do Toffoli e, obviamente, continua sendo constrangedor para o país
04:56que um ministro do Supremo deu uma decisão favorável num tema tão sensível,
05:01num caso de tanta repercussão, que envolve tanto dinheiro para a empresa para a qual a mulher dele trabalha.
05:10Carlos Fernando Lima, ex-procurador da Lava Jato, nesses 10 anos de força-tarefa,
05:16participa hoje da bancada virtual de O Antagonista.
05:19E eu agradeço muito, inclusive, a entrevista que ele deu para a última edição da Cruzoé.
05:24Quem ainda não leu, leia, que vale muito a pena.
05:27E eu dou aqui as boas-vindas.
05:29Boa noite, Carlos Fernando.
05:31Boa noite, Felipe.
05:33Boa noite a todos.
05:33Boa noite a todos.
06:03Boa noite a todos.
06:33caído em descrédito. O Supremo
06:36vem atuando de uma forma
06:38desconexa,
06:40descoordenada,
06:42e Marco Aurélio Mello tem razão
06:44em dizer que hoje nós, na verdade,
06:46temos 11
06:48Supremos,
06:50porque cada juiz está decidindo
06:52da maneira que quer, esquecendo
06:54que a regra constitucional
06:55deveria ser o julgamento colegiado.
06:58E o julgamento, na minha opinião,
06:59colegiado significa o julgamento
07:01de plenário, mas
07:03nada mais vai ao plenário,
07:06nós vemos prisões, nós vemos
07:07pessoas sendo
07:09donas de casa, representantes comerciais,
07:14motoristas,
07:16sendo julgados por
07:17órgãos fracionários. Isso tudo
07:19é muito preocupante, porque é deslegitimo
07:22o Supremo. Hoje o Supremo
07:24é fonte de insegurança jurídica
07:26do país.
07:28Até pedi para a produção
07:29resgatar uma capa antiga da Cruz OE,
07:32que foi sobre a mesada que o Dias Toffoli
07:34recebia da sua própria esposa,
07:36a Roberta Rangel. Quando a ex-ministra
07:38do STJ, o Superior Tribunal de Justiça,
07:40Eliana Calmon, deu entrevista aqui
07:42ao Papo Antagonista,
07:43foi justamente depois dessa decisão do STF
07:45de autorizar juízes
07:47a decidir sobre clientes e cônjuges,
07:50ela disse
07:51que era o acasalamento perfeito.
07:53Quer dizer, a mulher fica com o poder
07:56econômico, num escritório de
07:57advocacia, para o qual
07:59evidentemente os clientes pagam
08:02uma fortuna, e o marido fica
08:04com o poder político
08:06dentro do poder judiciário.
08:08Então, que isso
08:09evidentemente rende
08:11muito para a família.
08:14O próprio
08:16fato de ser assim, muito antes
08:17de qualquer manobra específica sobre o
08:19caso, já faz com que
08:21um empresário muito rico, que
08:23esteja com um problema na justiça,
08:25prefira contratar o escritório de
08:27advocacia de cônjuges, de
08:29parentes.
08:31E a matéria antiga da
08:32Cruzoé mostrava que a esposa do
08:35Toffoli
08:36encaminhava para ele
08:38dinheiro, tinha uma quantia ali de
08:40100 mil reais, de uma transferência,
08:42de um banco, etc.
08:44Então, dentro, unindo todos esses
08:46elementos, a gente
08:48percebe como isso
08:50é comprometedor,
08:52é degradante do ponto de vista
08:54institucional e para
08:55moralidade pública.
08:58Agora,
08:58Carlos Fernando,
09:00a gente estava
09:01para publicar
09:02a edição especial
09:03da Cruzoé
09:04e começou a ver até
09:05depois
09:06as suas declarações
09:08e viu como num ponto,
09:09em vários
09:10evidentemente,
09:11mas aqui chama atenção para
09:12esse ponto especial,
09:13a gente estava muito alinhado.
09:15Que você,
09:16assim como a gente
09:17quis fazer na capa,
09:18estava dizendo que
09:20no território da
09:22informação,
09:24tem uma vitória
09:25aí da Lava Jato.
09:26Ela mostrou para a população
09:28brasileira e muita gente
09:29hoje entende isso,
09:30apesar da idolatria
09:32com políticos,
09:33é que
09:34existe um sistema
09:35corrupto,
09:36existe
09:36um método
09:38de financiamento
09:39com dinheiro
09:40público
09:41da política
09:42e dos políticos
09:44que hoje
09:45contamina
09:45ali
09:46essas instituições.
09:48Historicamente,
09:49muitos regimes
09:50autoritários
09:51tiveram pessoas
09:51que denunciaram
09:52os seus abusos
09:53e que perderam
09:54naquele momento.
09:56Quer dizer,
09:56elas foram perseguidas,
09:57elas foram presas,
09:59processos contra pessoas
10:00poderosas
10:00não avançaram,
10:02mas para a realidade
10:03histórica,
10:04aquilo que elas
10:06lutaram para contar
10:07foi o que ficou.
10:08O senhor tem
10:09essa percepção
10:11de que a história
10:12vai mostrar
10:13a importância
10:14daquilo que
10:15a Lava Jato
10:16revelou?
10:17Eu creio
10:18firmemente nisso.
10:19na verdade,
10:20o rei está nu.
10:21Nós vemos
10:21essa classe política
10:23como uma classe
10:26que tem uma fome
10:28pantagruélica
10:29por dinheiro público.
10:31Esse dinheiro público
10:32pode vir através
10:33de corrupção,
10:34orçamento secreto,
10:35emendas impositivas,
10:37mas estão sempre
10:38tentando tirar
10:39da população
10:39um imposto
10:40que nós chamamos
10:42de corrupção.
10:44É o jeito
10:45de controlar
10:46o partido político
10:47do seu cacique,
10:48controlar o partido político.
10:50É o jeito
10:50de fazer
10:51campanhas
10:52caras
10:53e o pior,
10:54é o jeito
10:55de desestabilizar
10:57a própria
10:58democracia brasileira,
11:00porque quem tem
11:01mais dinheiro
11:01tem mais capacidade
11:03de se eleger.
11:04E o próprio
11:04Congresso Nacional
11:05mostra bem claramente
11:07isso,
11:07a pouca
11:08renovação
11:09na política
11:10que nós temos.
11:11é a pouca
11:11participação
11:12de pessoas
11:13verdadeiramente
11:14interessadas
11:15na política
11:16pública
11:18e não
11:18privada
11:19que chegam
11:22ao poder
11:22no Brasil.
11:24Você não
11:25cita hoje,
11:26como no caso
11:26das diretas,
11:28eu lembro bem
11:28que eu participei
11:29dos comícios
11:30e você via
11:31naqueles pessoas
11:32que estavam
11:32no palanque
11:35uma esperança
11:35para o Brasil.
11:36Você não cita
11:36cinco políticos
11:38que sejam
11:38esperanças
11:39para a nossa
11:40população
11:41hoje
11:42e que você
11:43traga
11:43alguma
11:44credibilidade
11:46para esse sistema.
11:47O sistema
11:48está exposto
11:49e, infelizmente,
11:50a população
11:51já se acostumou
11:52com essa nudez.
11:54O único
11:54grande porém
11:56de tudo isso
11:56é que a população,
11:58ao contrário
11:58dos cubanos,
11:59ainda não chegou
12:00a passar fome
12:01por conta
12:02desse absurdo
12:04que é a corrupção
12:04no país.
12:06Existe uma tolerância,
12:08lamentavelmente,
12:08muito grande
12:09com a corrupção,
12:09mesmo com ela
12:10sendo percebida.
12:12Só mostrar a capa
12:13que eu citei
12:13e passar a palavra
12:14para o Carlos Graeb.
12:15Pode colocar aí
12:16para a gente lembrar
12:17a mesada
12:18de Dias Toffoli.
12:19A Cruzoé
12:20é sempre fazendo
12:21um jornalismo
12:22vigilante
12:23em relação ao poder,
12:24ao contrário
12:24de muitos veículos,
12:25emissores de TV e rádio,
12:26principalmente,
12:27e que ficam
12:28ecoando
12:29as narrativas
12:29de quem tem
12:30mais poder.
12:32Carlos Graeb,
12:32com a palavra.
12:36Está funcionando?
12:37Tudo bem?
12:38Boa noite,
12:41Graeb.
12:42Obrigado pela participação.
12:44Carlos Fernando,
12:46a gente teve episódio
12:47das 10 medidas
12:48contra a corrupção,
12:49que resultou
12:51num enorme debate
12:52e também
12:53muitos ataques
12:54ao Ministério Público,
12:57enfim,
12:58a quem estava
12:58tentando promover
12:59aquelas medidas.
13:01Passado o tempo
13:02e olhando
13:03o Brasil de hoje,
13:04o que você acha
13:06que seria
13:07uma medida
13:07para a corrupção?
13:09Se você tivesse
13:09que propor
13:10uma medida
13:12fundamental
13:13hoje,
13:14qual você acha
13:14que seria?
13:16Para onde é que você apontaria?
13:18Eu sempre tive
13:19uma divergência
13:20com o Deltan
13:21a respeito
13:22das medidas
13:23anti-corrupção,
13:24porque eu foco
13:25no caráter mais político
13:27eleitoral
13:29da corrupção,
13:30no sentido
13:30de que nós temos
13:31que atingir
13:32a causa da corrupção.
13:33A causa da corrupção
13:34é a ganância,
13:36mas,
13:36antes de tudo,
13:38é exatamente
13:39o quanto
13:40os partidos
13:41políticos
13:42são
13:43caixas pretas,
13:45nas quais o dinheiro
13:46público entra
13:47e ele não tem
13:48nenhum,
13:49democraticamente,
13:50ele não tem
13:50nenhuma garantia
13:52de que será usado
13:53adequadamente,
13:54democraticamente,
13:56dentro do partido.
13:57Então,
13:57o que nós temos
13:58é o uso
13:59desse dinheiro
14:00para manter
14:01a estrutura partidária
14:02e cada vez
14:02a fome
14:03do cacique,
14:04a fome
14:05de botar
14:05os seus
14:06apadrinhados
14:07com dinheiro
14:08para se elegerem,
14:09o controle
14:10desse partido
14:11é,
14:11efetivamente,
14:12na minha opinião,
14:13a causa
14:14maior
14:15da corrupção
14:16brasileira.
14:16nós temos
14:18historicamente
14:18problemas
14:19de apropriação
14:21do público
14:22pelo privado,
14:24mas,
14:25com a nova
14:26república,
14:28a fome
14:29dos políticos
14:30por dinheiro
14:31público
14:32para campanhas
14:32caríssimas
14:33precisa ser
14:35contida.
14:36Então,
14:36eu acho que nós
14:37temos que
14:37formular regras
14:39que estabeleçam
14:40uma democratização
14:41dentro dos partidos
14:43políticos,
14:44a obrigatoriedade
14:45de uma prestação
14:45de contas
14:46popular
14:47a todos
14:49e também,
14:50bem claramente,
14:51métodos para
14:52diminuir o custo
14:53das eleições,
14:55permitir
14:55candidaturas
14:56a bolsas
14:57e outras ideias
14:59que não estão
15:00sendo discutidas
15:01no Brasil.
15:02Porque,
15:02se nós
15:03atacarmos
15:04as causas
15:05básicas
15:06da corrupção
15:07brasileira,
15:08talvez nós
15:08tenhamos
15:09algum sucesso
15:10depois de
15:11uma
15:12peneirada
15:13melhor
15:14dentro
15:15da política
15:16brasileira
15:17para pessoas
15:18de bem
15:18voltarem
15:19a querer
15:20participar
15:20da política,
15:21nós possamos
15:22ter uma evolução
15:23legislativa
15:24efetiva.
15:26Teixeira tem uma
15:27pergunta para o senhor,
15:28diga, Duda.
15:28Oi, Carlos,
15:31boa noite.
15:32Bom,
15:33o Lula foi
15:33eleito em 2022
15:35sem falar
15:36no assunto
15:37corrupção
15:37e depois
15:39que ele
15:39toma posse
15:40também
15:41o assunto
15:41nunca aparece,
15:42né?
15:43Você acha
15:43que se Jair Bolsonaro
15:45tivesse
15:45vencido
15:47a eleição
15:47de 2022
15:48seria diferente?
15:50Eu não creio
15:51nem que durante
15:52o governo
15:52Bolsonaro
15:53tenha havido
15:54assunto
15:54corrupção,
15:56qualquer,
15:56uma evolução
15:58efetiva.
15:59Na verdade,
15:59Jair Bolsonaro
16:00se honra
16:01de ter destruído,
16:02matado
16:03a Lava Jato
16:04e,
16:05infelizmente,
16:07de nada
16:08de bom
16:09nós podemos
16:10creditar
16:10o seu governo.
16:12Mesmo
16:12as pequenas
16:13tentativas
16:13de mudança
16:14que o ministro
16:15Sérgio Moro
16:16propôs
16:19ao Congresso Nacional,
16:20pouca coisa
16:21de bom
16:22sobrou,
16:23porque do
16:23Congresso Nacional
16:24nós vimos
16:25desde as
16:2510 medidas
16:26contra a corrupção,
16:28uma tentativa
16:28sempre de assassinar
16:30qualquer proposta
16:31que mude
16:32o sistema.
16:33O sistema,
16:35sem querer
16:36cair no
16:37jargão
16:38fácil
16:38do filme,
16:39do filme
16:41do Capitão
16:42Nascimento,
16:43ele é um sistema
16:44muito difícil
16:46de ser atacado.
16:47E não é,
16:48Jair Bolsonaro,
16:49o melhor exemplo
16:50de uma pessoa
16:52capacitada
16:53e com vontade
16:54de fazer
16:56qualquer mudança,
16:57mesmo porque
16:57há sérias dúvidas
16:59que não havia
17:00corrupção
17:00dentro dos gabinetes
17:02da família
17:02Bolsonaro.
17:04É,
17:05para dizer o mínimo
17:06até de uma forma
17:06generosa,
17:07nós acompanhamos
17:08tudo isso
17:09aqui no Papo
17:10Antagonista,
17:10no Antagonista,
17:11na Cruz Oé,
17:12o desmonte
17:12do aparato
17:14anticorrupção
17:15durante o governo
17:16Bolsonaro,
17:16que chegou ao poder
17:18com vários discursos,
17:19mas um deles
17:20era o discurso
17:22anticorrupção.
17:23Mas aí veio
17:24a lista do COAF,
17:25colocando ali
17:26o Flávio Bolsonaro
17:26entre os 27
17:27deputados estaduais
17:28do Rio,
17:29que tinham assessores
17:30com movimentação
17:31bancária atípica
17:32e daquela pena
17:33saiu um galinheiro
17:34inteiro
17:34de rachadinhas
17:36em gabinetes
17:36da família,
17:37funcionários fantasmas
17:38e a partir de então
17:40Jair Bolsonaro
17:40como presidente
17:41começou a tomar
17:42uma série de medidas
17:43desde a transferência
17:44do COAF
17:45até esses jabutis
17:46no pacote anticrime,
17:48originalmente anticrime,
17:49proposto pelo então
17:50ministro Sérgio Moro.
17:52Aliás,
17:52aproveitando o tema
17:54do Bolsonaro,
17:54que o senhor já
17:55chamou de surfista,
17:56como alguém que
17:57se aproveitou
17:58daquela bandeira,
18:00mas que não a defende
18:01por princípio
18:02e na prática,
18:03como é que o senhor
18:04vê essa
18:05idolatria
18:07por políticos
18:08que faz com que
18:09as pessoas
18:09relevem tanto
18:11as suas imoralidades?
18:13Esse é um fenômeno
18:14muito interessante
18:15e é mundial,
18:16porque eu vejo
18:17os conservadores
18:19Estados Unidos
18:20religiosos
18:20apoiando uma pessoa
18:22que nada tem
18:23de conservador
18:23religioso
18:24como o Trump,
18:25salvo do discurso.
18:27As pessoas,
18:29elas estão
18:30não apoiando
18:32a pessoa,
18:33na minha opinião,
18:34mas sendo
18:35contra o restante.
18:36Elas estão vendo
18:37nessa pessoa
18:38a possibilidade
18:39de ser contra
18:40Lula,
18:41ser contra
18:42os democratas
18:43dos Estados Unidos,
18:44elas estão vendo
18:45nessas pessoas
18:46uma esperança
18:47de que suas ideias
18:49prevaleçam.
18:50E no Brasil
18:50há uma idolatria
18:52realmente muito grande
18:53dos dois lados.
18:54Eu diria que há
18:55de 10 a 15%
18:57da população
18:58de cada extremidade
18:59ideológica
19:01numa idolatria
19:03da pobreza
19:05de um lado
19:05e na idolatria
19:07das milícias
19:08de outro,
19:09da violência física
19:12contra as pessoas,
19:13da repressão,
19:17uma elogio
19:17do golpe militar
19:18e outras coisas
19:19que são absurdas
19:20igualmente.
19:21Então,
19:21nós temos
19:22que ter
19:22uma esperança
19:24de que haja
19:26um centro democrático,
19:27mas, infelizmente,
19:29com a ascensão
19:30da, na minha opinião,
19:32a ascensão
19:32da internet,
19:34as pessoas,
19:37como diriam,
19:38os idiotas,
19:38os imbecis
19:39que sentam no bar,
19:40agora tem voz,
19:41como diria
19:42o Humberto
19:43Rodrigues.
19:45É, o Humberto
19:46é.
19:47Pois é.
19:48Não, porque
19:48os dois refletiram
19:50sobre a multiplicidade
19:52dos idiotas.
19:53Exatamente.
19:53E, em relação
19:55aos escândalos,
19:57o senhor traçou
19:58ali um paralelo
19:59numa das suas
20:01entrevistas
20:02sobre o Mensalão
20:03e o Petrolão.
20:04Eu queria que o senhor
20:05traçasse, assim,
20:06um pouco dessa
20:07cronologia,
20:08porque me parece
20:09que depois
20:10da Lava Jato,
20:11principalmente,
20:13houve uma tentativa
20:14de institucionalizar
20:15certos mecanismos.
20:17E o orçamento secreto,
20:19por meio de emendas
20:19de relator,
20:20algo que parece
20:21ali muito técnico,
20:22ele passou a dar margem
20:24para que houvesse
20:25essa compra
20:26de apoio parlamentar
20:28por parte
20:29do governo de turno,
20:30uma distribuição
20:31do orçamento
20:32para aliados próximos
20:34dos presidentes
20:35das casas legislativas.
20:37Quer dizer,
20:37antes havia
20:38uma distribuição
20:40de propina
20:41para compra
20:42de apoio político.
20:44Depois,
20:44uma distribuição
20:45de diretorias
20:45da Petrobras
20:46para fins de arrecadação
20:49de propina
20:49para também
20:50compra de apoio político.
20:52e agora você tem
20:52outros mecanismos.
20:53Como é que o senhor
20:54traça essa cronologia
20:56de escândalos?
20:57Eu traço,
20:58basicamente,
20:59dizendo que,
21:00antes do governo
21:01petista,
21:03a propina
21:05era
21:06uverizada
21:08nos diversos
21:09políticos
21:10donos
21:10dos seus
21:11currais eleitorais,
21:13nos órgãos públicos,
21:15nos governos
21:16estaduais,
21:16federais,
21:17federal
21:18ou municipais.
21:19o governador
21:23agia como
21:24o ponsel
21:26pilatos
21:26que lava as mãos
21:27sobre tudo
21:28o que está acontecendo
21:29para manter
21:30o sistema
21:31tranquilo
21:32de que nada
21:33vai acontecer
21:34em relação
21:34a essas pessoas.
21:36Mas não havia
21:37um controle efetivo.
21:39O que o PT
21:39traz para o governo
21:40é um controle
21:42sobre a corrupção,
21:43um controle
21:44feito pelos seus
21:46tesoureiros,
21:47basicamente.
21:48No sentido
21:49de que cada
21:50estatal
21:50deveria
21:51desviar
21:53um tanto,
21:543%,
21:55os seus
21:55contratos
21:56para os partidos
21:58que compunham
21:59a base
21:59desse governo.
22:00Isso já é uma
22:01evolução
22:02do sistema
22:04no qual
22:05o partido
22:06tinha o controle
22:07da sua
22:09arrecadação
22:10e também
22:10mantinha o controle
22:11sobre a arrecadação
22:12dos demais partidos.
22:13essa mudança
22:16é significativa
22:18porque ela permitiu
22:19quando houve
22:21esse controle
22:22que houvesse
22:24o Mento Salão,
22:25a investigação
22:26do Mento Salão
22:26e a investigação
22:27do Lava Jato.
22:28Porque a partir
22:29do momento
22:29que eles tentaram
22:29controlar
22:30essa gerência
22:32gerou provas.
22:34Esse método
22:35gerou provas
22:36da corrupção
22:37espalhada
22:38por todo o Brasil.
22:39Se não,
22:40antes nós ficaríamos
22:40com a corrupção
22:42no DENOX,
22:43nos departamentos
22:45de estradas,
22:46nos estados,
22:47seria uma coisa
22:48atomizada.
22:50O Tribunal
22:50de São Paulo,
22:51como já aconteceu,
22:53o Tribunal do Trabalho,
22:55com o PT
22:56houve essa centralização,
22:58essa tentativa
22:58de controle.
22:59Isso gerou
23:00o Mento Salão.
23:03Você paga
23:04efetivamente
23:05e controla
23:07esses pagamentos
23:08para esses políticos
23:09pelo apoio
23:10partidário
23:11e gerou
23:12a Lava Jato,
23:12que, na verdade,
23:13na minha opinião,
23:14é o mesmo fenômeno
23:15visto por duas
23:17investigações
23:17diferentes.
23:20O fenômeno
23:21de o PT
23:22gerenciar
23:23a propina,
23:23isso?
23:24Exatamente,
23:24o PT gerenciar
23:25a propina.
23:26Depois disso,
23:27com a operação
23:28Lava Jato,
23:30houve um recuo
23:31muito grande
23:32de todos os players,
23:34mas ainda assim
23:35a necessidade
23:36faz a invenção.
23:38E, nesse caso,
23:39a invenção
23:39veio emendas
23:41impositivas,
23:42orçamento secreto,
23:43uma tentativa
23:43de legalizar
23:45essa apropriação.
23:46Os fundões
23:47estouraram
23:48completamente
23:49em termos
23:50de valores,
23:51o fundão eleitoral
23:52e o partidário,
23:53e isso tudo
23:54gerou
23:55esse
23:57Deus nos acuda
23:59hoje,
23:59porque hoje
24:00já não temos
24:01nenhuma
24:02metodologia,
24:03voltamos ao sistema,
24:05vamos dizer assim,
24:06cada um por si,
24:06Deus por todos,
24:07uma luta intestina
24:09dentro do governo
24:10entre o presidente
24:11da Câmara
24:12e o presidente
24:13do Senado
24:14e outros políticos
24:15em relação ao presidente
24:16da República
24:17para dizer
24:20quem manda
24:20no orçamento
24:21público brasileiro,
24:22não com o objetivo
24:23de progresso,
24:25desenvolvimento,
24:26mas sim de controle
24:27político.
24:28Carlos Brebe.
24:29O ministro Gilmar Mendes
24:33tem dado
24:34várias entrevistas
24:35nos últimos tempos
24:36e numa das entrevistas
24:39ele disse
24:40que um personagem
24:41que esteve muito presente
24:44na Lava Jato
24:45e que tem passado
24:46despercebido,
24:47foi mais ou menos
24:47isso que ele disse,
24:49na reação
24:50à operação,
24:52é o Rodrigo Jano,
24:54que era
24:55procurador-geral
24:56da República
24:56no momento
24:57em que a Lava Jato
24:58chegou ao seu auge.
25:01A minha pergunta,
25:02na verdade,
25:02é sobre o procurador-geral
25:04da República.
25:05Acho que agora
25:05que você se aposentou
25:08não tem maiores problemas
25:10para falar sobre isso.
25:12Qual é o papel
25:13deste personagem,
25:16procurador-geral
25:17da República,
25:18no combate
25:19à corrupção?
25:21O procurador-geral
25:22da República
25:22tem uma função...
25:24Eu tive...
25:26Eu iniciei
25:27ainda a minha carreira
25:28no final
25:29da PGR
25:32e não era de estilos,
25:33mas logo foi substituído
25:34pelo doutor Brindeira.
25:36O doutor Brindeira
25:37é um gentleman
25:38que não fazia
25:39efetivamente
25:41o seu trabalho
25:43além do burocrático,
25:46mas ele não perseguia.
25:48Ele não fazia
25:49nem nada
25:50de...
25:51que hoje
25:52se tornou quase
25:53que comum
25:54de perseguir
25:55os procuradores
25:57da República.
25:59O procurador-geral,
26:00depois do doutor
26:01Cláudio Fonteles,
26:02é o tipo
26:02de procurador ideal,
26:04o tipo de procurador
26:05que dava o apoio
26:07aos procuradores.
26:08Ele representava
26:09um escudo político.
26:10Na verdade,
26:11é um papel
26:11que eu acho
26:12que o procurador-geral
26:14da República
26:15deve ter,
26:17de ser um escudo
26:18dos procuradores
26:20que estão trabalhando
26:22no sentido
26:23de protegê-los
26:24das reclamações
26:25da classe política.
26:27Nós tínhamos
26:28procuradores-gerais
26:29da República
26:30respeitáveis,
26:33pessoas que,
26:34quando falavam,
26:35eram ouvidas.
26:37Infelizmente,
26:38o sistema
26:38foi se degradando
26:40e chegou
26:41ao máximo
26:43de degradação
26:44com o doutor Aras,
26:46que era do governo
26:47Bolsonaro.
26:48Portanto,
26:48mais uma prova
26:48do governo Bolsonaro
26:50não tinha nenhum interesse
26:51de combate à corrupção.
26:52A degradação
26:53principal foi
26:54que,
26:55quando você tem
26:56um procurador-geral
26:57da República
26:58que quer motivo
26:58de temor
27:01pelas suas reações,
27:03pela sua falta
27:04de simpatia
27:06pelo trabalho
27:07efetivo
27:08do Ministério Público
27:10no combate
27:11à corrupção,
27:12você fica
27:12desprotegido.
27:14E hoje,
27:15os procuradores,
27:16na maior parte
27:17das vezes,
27:17estão desprotegidos.
27:18Estão temerosos.
27:20Por quê?
27:20Porque o sistema,
27:22através de medidas
27:23administrativas,
27:25processos administrativos,
27:28ele pune
27:28a atuação
27:29dos procuradores.
27:31Então,
27:31do procurador
27:32e da geral
27:33da República,
27:34eu espero
27:35que não interfira
27:37nas investigações
27:38e proteja
27:40os procuradores
27:41quando eles agem
27:42dentro das suas
27:43atribuições.
27:44se eles estão
27:45fazendo aquilo
27:46que é atribuição
27:47deles.
27:49O procurador-geral
27:50da República
27:50não cabe julgar
27:51se a atuação
27:53é correta ou não,
27:54mas o procurador
27:55deve dizer,
27:56olha,
27:56ele está atuando
27:57dentro das atribuições
27:59constitucionais
28:00que ele tem.
28:04Esse procurador
28:05da República,
28:06geral da República,
28:07é que nós temos
28:08como paradigma
28:10do bom
28:11para o PGR.
28:12Infelizmente,
28:14são muito poucos
28:15historicamente
28:16que têm
28:16esse caráter.
28:19Com o doutor Aras,
28:20nós tínhamos
28:21um temor
28:21de que
28:22era mais um
28:24fogo,
28:25vamos dizer assim,
28:26amigo,
28:26porque não dá
28:27para dizer que é amigo,
28:27mas um fogo,
28:28um tiro pelas costas
28:30que nós poderíamos levar
28:31enquanto estávamos
28:32trabalhando.
28:35Certo,
28:35e já que o Graeve
28:36citou o Gilmar Mendes,
28:37antes de passar aqui
28:38a palavra para o Duda,
28:39só fazer aqui
28:39um registro
28:40de uma notícia
28:40do dia.
28:41A agência Lula,
28:42que é como eu apelidei
28:43a agência Brasil,
28:44sempre que tende
28:45para o lado petista,
28:47destacou em seu perfil
28:48no Instagram
28:48um vídeo
28:49com o balanço
28:50do ministro do STF,
28:51Gilmar Mendes,
28:52sobre a Lava Jato.
28:53Vamos ver
28:53o que disse o decano,
28:54membro mais antigo
28:55do Supremo
28:56da atual composição.
28:57Pode soltar.
28:58Eu acho que a Lava Jato
29:01fez um mal enorme
29:03às instituições.
29:05Ela acabou,
29:06bem inspirada,
29:07talvez,
29:08no início,
29:09ela acabou produzindo
29:10uma série
29:11de distorções
29:12no sistema
29:14jurídico-político.
29:16Por isso,
29:16o meu balanço
29:18é marcadamente
29:19negativo.
29:20Mas é claro
29:21que nós
29:21aprendemos
29:23da história
29:23como não fazer
29:25determinadas coisas.
29:26o que a gente aprendeu?
29:28Eu diria
29:28numa frase.
29:29Não se combate
29:30o crime
29:30cometendo crimes.
29:32Na verdade,
29:33a Lava Jato
29:34terminou
29:35como uma verdadeira
29:37organização criminosa.
29:39Ela envolveu-se
29:40numa série
29:41de abusos
29:42de autoridades,
29:44desvio de dinheiro,
29:45violação
29:46de uma série
29:47de princípios
29:49e tudo isto
29:49é de todo lamentável.
29:51Eu me pergunto
29:53se não é o caso
29:54de fato
29:56nós mudarmos
29:57a legislação
29:59para eventualmente
30:00punermos
30:00os agentes
30:01empresariais
30:02e separarmos
30:03a empresa.
30:04Empresas que
30:05empregavam
30:06150 mil pessoas,
30:07hoje empregam
30:0814.
30:09Empresas foram
30:10destruídas.
30:14Todas as narrativas
30:16contra a Lava Jato
30:17somadas
30:18sem qualquer tipo
30:19de especificidade
30:20é assim que tem agido
30:21o Gilmar
30:21nas suas entrevistas
30:22públicas.
30:24Não está falando
30:24nos autos,
30:25ele está aí
30:26numa campanha
30:27constante,
30:28permanente
30:28contra a força-tarefa
30:30anticorrupção,
30:31principalmente depois
30:32que ela atingiu
30:32o Aécio Neves
30:33em 2017,
30:34que a Polícia Federal
30:35apontou conversas
30:36com o Gilmar,
30:37inclusive no mesmo dia
30:38em que o Gilmar
30:38suspendeu
30:39um interrogatório
30:40do Aécio.
30:41Antes o Gilmar
30:41apontava a cleptocracia
30:43revelada pela Lava Jato
30:44nos governos petistas,
30:46dizia que era
30:46o maior escândalo
30:47de corrupção
30:48e que saco
30:49do mundo
30:49e falava
30:51muito mais.
30:53Ele foi ali
30:53um Lava Jatista
30:54no STF
30:55até a Lava Jato
30:56atingir
30:57os membros
30:58do partido
30:59com o qual
31:00ele chegou
31:01ao seu cargo,
31:02com o qual
31:02ele acabou
31:03tendo a caneta
31:04na mão
31:04porque foi
31:05indicado
31:06por Fernando Henrique
31:06Cardoso
31:07quando era
31:07presidente da República.
31:09Carlos Fernando,
31:10o que o senhor
31:11avalia
31:11dessas declarações
31:12do Gilmar?
31:13Como é que o senhor
31:14responde,
31:15rebate?
31:16O que é a vontade?
31:17Não há o que rebater.
31:19É como quando
31:19a imprensa
31:20fala dos abusos,
31:22é uma generalidade
31:23sem sentido.
31:25Eu falo,
31:25que crime?
31:26Se algum procurador
31:27está sendo punido
31:30ou foi punido
31:30por algum crime
31:31ou é investigado
31:33por um crime
31:33de desvio
31:34de dinheiro
31:35ou abuso
31:36de autoridade,
31:36eu desconheço
31:37completamente isso.
31:39O que Gilmar
31:41Mendes
31:41é,
31:42é o representante
31:43desse sistema
31:44dentro do Poder Judiciário.
31:46A partir do momento
31:47que ele percebeu
31:49que a Lava Jato
31:51não tinha
31:51um partido
31:52alvo
31:54de suas investigações,
31:56mas as suas investigações
31:57eram contra
31:58o sistema
31:59de corrupção.
32:00Esse sistema
32:01de corrupção
32:01havia no governo federal
32:04assim como havia
32:05no governo estadual,
32:07dos estaduais
32:08e nos municipais.
32:10Ele percebeu
32:11que tinha que
32:12reagir.
32:13E, a partir
32:13de um determinado
32:14momento,
32:15ele se tornou
32:15de uma pessoa
32:17que apoiava
32:18a Lava Jato
32:18por supostamente
32:20ser contra
32:20o Partido
32:21dos Trabalhadores
32:22a ser
32:23um agente
32:25da destruição
32:26da Operação
32:27Lava Jato.
32:28Mas eu não me
32:29preocupo
32:29com o que ele
32:30diz,
32:30porque é
32:32totalmente
32:33desqualificado,
32:34na minha opinião.
32:36Infelizmente,
32:37o Supremo
32:37ainda tem
32:38dessas figuras
32:39como Gilmar
32:41Mendes
32:41de Toffoli
32:41e me
32:42orgulho
32:43de estar
32:43do lado
32:44oposto
32:44a eles.
32:47Muito bem,
32:47estamos aí
32:48com Carlos
32:49Fernando Lima
32:50dando as suas
32:51declarações
32:51sobre a sua visão
32:52da Lava Jato
32:53e dos ataques
32:54também à Força
32:54Tarefa.
32:55Duda Teixeira
32:56para finalizar.
32:56O microfone,
33:01Duda,
33:01não esquece,
33:02não.
33:05Carlos,
33:05o Gilmar
33:06falou aí
33:06nesse videozinho
33:07que as empresas
33:08não poderiam
33:09ser prejudicadas,
33:10mas as pessoas
33:11sim.
33:12E esse mês,
33:14março,
33:14a Andrade Gutierrez
33:16e a Odebrecht,
33:17que agora chama
33:17Novo Honor,
33:19venceram licitações
33:20para fazer obras
33:21lá na refinaria
33:23Abrião Lima,
33:25de Pernambuco,
33:26você acha
33:29que essas empresas
33:29deveriam estar
33:30liberadas
33:31para participar
33:32de licitações
33:32de obras públicas?
33:34Eu creio
33:35que a partir
33:36do momento
33:36em que elas
33:37fizeram
33:38os acordos
33:39da liniência,
33:40elas deveriam,
33:42teriam a possibilidade
33:44de participar
33:45de obras públicas.
33:48Não há nenhum
33:49sentido
33:49na perseguição
33:50da empresa
33:51em si.
33:53O Gilmar
33:54cita uma mudança
33:55legislativa,
33:55é óbvio,
33:56que qualquer
33:58medida que
33:59venha a isentar
33:59a empresa,
34:01ela só pode
34:02ser medida
34:03para o futuro,
34:05porque não existe
34:05na legislação
34:06brasileira
34:07nenhuma forma
34:08de você
34:09passar a mão
34:10na cabeça
34:10da empresa
34:11e dizer
34:11toque
34:13o barco,
34:15mesmo você
34:16tendo roubado
34:17o contribuinte
34:17brasileiro,
34:18você não
34:19precisa pagar
34:20nem o que
34:21você roubou
34:22e nem a multa
34:23que a legislação
34:25prevê.
34:26Isso seria
34:26cuspido duas
34:27vezes na cara
34:28do contribuinte.
34:30Nós temos,
34:31então,
34:31portanto,
34:32que distinguiu
34:33o que era
34:33possível fazer
34:35na época
34:35da Operação
34:36Lava Jato.
34:37A Operação
34:37Lava Jato
34:38fez todo
34:39o possível.
34:40Fez todo
34:41o possível
34:41de punir
34:41os dirigentes
34:42e de aplicar
34:44as multas
34:45que a legislação
34:46prevê.
34:48Agora,
34:49a partir do momento
34:50que eles vieram
34:50para a liniência,
34:52eles poderiam
34:52participar
34:53das licitações
34:55públicas.
34:57Infelizmente,
34:58o governo
34:58federal
34:59está incentivando
35:00e o Supremo
35:02Tribunal Federal
35:03está incentivando
35:04o descumprimento
35:05desses acordos.
35:07Acordos que não
35:07foram celebrados
35:08só no Brasil,
35:09foram celebrados
35:09também com os
35:10Estados Unidos,
35:11celebrando que eles
35:12desdigam aquilo
35:14que disseram,
35:16tentando mudar
35:18a história.
35:19Essa tentativa
35:20Goebbels
35:22de tentar repetir
35:23ao infinito
35:24sobre os abusos
35:25da Lava Jato
35:27só tem esse sentido
35:29de permitir
35:30às empresas
35:31que voltem
35:32sem pagar,
35:33sem ressarcir
35:35o que fizeram,
35:36sem pagar
35:37pelo menos
35:38uma multa
35:39por todo
35:40o errado
35:40que fizeram,
35:41voltar
35:42a licitações
35:44no local
35:45do próprio crime.
35:47Nesse caso,
35:48Abreu e Lima.
35:49É uma...
35:49Sinceramente,
35:51o governo
35:52gospe
35:53na cara
35:54da população
35:55acreditando
35:57que ela não
35:57se lembra
35:58dos fatos.
35:59Os fatos
35:59estão aí.
36:00Estão sempre
36:01para serem
36:02lembrados.
36:03Espero que a população
36:04acorde para eles.
36:06Quer dizer,
36:07o problema
36:07não é
36:08que as empresas
36:10voltem
36:11a participar
36:11de licitações
36:12públicas,
36:13mas é que elas
36:14voltem
36:14sem ter
36:16cumprido
36:17todas as etapas
36:18do acordo
36:18de leniência
36:19que agora
36:19o governo
36:20e o Supremo Tribunal
36:21Federal
36:21tentam esvaziar,
36:22inclusive com a ajuda
36:23de partidos satélites
36:24do PT,
36:25como o PCdoB,
36:26PSOL,
36:26que dizem defender
36:27a população
36:28de baixa renda
36:29e entraram
36:29com ações
36:30para aliviar
36:31a barra
36:31de empresários
36:32bilionários
36:33e que confessaram
36:34esquemas
36:34de suborno.
36:35Exatamente,
36:36exatamente.
36:37Então,
36:37nós temos
36:38essa conjunção
36:40do grande capital
36:43com partidos
36:44de esquerda,
36:45o que é
36:45muito
36:46engraçado
36:48historicamente,
36:49mas mostra
36:50que, na verdade,
36:51o sistema
36:51é que prevalece.
36:53O sistema
36:53é,
36:54nós precisamos
36:54de dinheiro público.
36:56Carlos Fernando,
36:58só para encerrar,
37:00o senhor tem
37:00alguma expectativa
37:01de que a corrupção
37:03venha a ser
37:04combatida
37:05no Brasil?
37:06Porque parece
37:07que houve
37:08uma retaliação
37:09à Lava Jato,
37:11houve uma
37:11reorganização
37:12de novos
37:14mecanismos,
37:15novos esquemas
37:16e poderão
37:18crescer
37:18ao longo
37:19do tempo.
37:20O senhor acredita
37:20que,
37:21eventualmente,
37:22pelo fato
37:23de a população
37:24ainda saber
37:25que as coisas
37:25acontecem
37:26desse jeito
37:26e,
37:27eventualmente,
37:28surgir aquela
37:28onipotência
37:29que faz com que
37:30as pessoas
37:30roubem muito
37:31pode haver
37:32um novo
37:33divisor
37:33de águas
37:34que exija
37:35uma volta
37:38a um período
37:38que passou
37:39assim como um sopro
37:40em que as pessoas
37:41poderosas
37:42sejam presas?
37:44Infelizmente,
37:44eu tenho
37:45que a desesperança
37:49da população,
37:50a falta de apoio
37:51da população
37:52e a eficácia
37:54das medidas
37:54punitivas,
37:56intimidatórias
37:57que o governo
37:58vem tomando,
37:59as próprias palavras
38:00do ministro Gilmar
38:02Mendes
38:02são um pré-julgamento
38:04que ele não deveria
38:05fazer porque
38:06sequer ele é
38:07ministro
38:08que não
38:10participaria
38:11eventualmente
38:12de um julgamento.
38:13Mas esse pré-julgamento
38:15dizendo que
38:16combate-se o crime
38:19com o crime
38:20mostra
38:21que todos
38:22aqueles
38:22que tentarem
38:23investigar
38:25vão ser objeto
38:27de tentativas
38:28intimidatórias
38:29punitivas
38:30por parte
38:31desse sistema.
38:34Então,
38:35as mudanças
38:36legislativas
38:37que nós tivemos
38:38nos últimos
38:39anos
38:40são todas
38:41no sentido
38:41de dificultar
38:42as investigações.
38:44Se você não tem
38:45apoio
38:47dentro da sua instituição,
38:48se você não tem
38:49leis suficientes
38:51para fazer
38:52o seu trabalho,
38:54talvez seja melhor
38:55não se expor
38:56como nós
38:57estamos expostos
38:59hoje
38:59a retaliações
39:01do governo.
39:03Melhor talvez
39:03ficar combatendo
39:04moeda falsa,
39:06combatendo
39:07mulas
39:08que atravessam
39:09a ponte
39:09da amizade
39:10em Foz do Iguaçu,
39:12a pequena criminalidade
39:14do pobre
39:14e esquecer
39:16a criminalidade
39:17do rico
39:18porque essa
39:18ela é
39:20negativa
39:24para a própria
39:26vida do procurador,
39:27vida do juiz,
39:28vida do delegado,
39:30porque nós
39:31só temos
39:31a nossa profissão,
39:33nós somos
39:34donos
39:36de nenhum
39:36outro patrimônio
39:37que não seja
39:38a nossa profissão.
39:39E a ameaça
39:40contra a profissão,
39:42contra o próprio
39:43status
39:43de ser
39:44um agente
39:45público
39:46é suficiente
39:48para
39:48desestimular
39:50qualquer nova
39:51investigação.
39:52Pois é,
39:54a gente é
39:54jornalista
39:55e sabe
39:55como é que é
39:56o nível
39:57de retaliação.
39:59Eu agradeço
40:00imensamente
40:01a participação
40:02aqui no Papo Antagonista
40:03do ex-procurador
40:04da Lava Jato,
40:05Carlos Fernando Lima,
40:06essa figura
40:07que manteve
40:08a independência,
40:09a técnica,
40:09o distanciamento
40:10da política
40:11e consegue
40:12ter essa leitura
40:13tão preciosa
40:14do cenário
40:15que tem muito
40:16a ver com o que
40:17a gente analisa
40:17aqui diariamente.
40:18Boa noite,
40:19bom trabalho.
40:20Boa noite,
40:20agradeço o convite.

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