Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • anteontem
No Papo Antagonista desta segunda-feira, 19, Felipe Moura Brasil, Carlos Graieb e Duda Teixeira conversaram com Claudio Lottenberg, presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), do Conselho do Hospital Albert Einstein e do Instituto Coalizão Saúde, que falou sobre os novos ataques de Lula a Israel.

No fim de semana, o petista comparou ações do país contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza ao holocausto.

Lottenberg afirmou que o PT coloca os judeus em risco com declarações como a do presidente e de José Genoíno, que sugeriu recentemente um boicote a empresas ligadas à comunidade judaica.

"O PT não tem o menor escrúpulo em falar coisas impróprias e sem qualquer consistência dentro de uma lógica. E o faz de forma leviana, arriscando membros da comunidade judaica."

Assista à integra da entrevista:

Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.
Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo... e muito mais.
Link do canal:

https://whatsapp.com/channel/0029Va2SurQHLHQbI5yJN344

Apoie o jornalismo independente, torne-se um assinante do combo O Antagonista | Crusoé e fique por dentro dos principais acontecimentos da política e economia nacional:

https://hubs.li/Q02b4j8C0

Não fique desatualizado, receba as principais notícias do dia em primeira mão se inscreva na nossa newsletter diária:

https://bit.ly/newsletter-oa

Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast.

Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00eu quero chamar aqui o Cláudio Lothenberg,
00:02presidente da Confederação Israelita do Brasil, a Conib,
00:06e um médico com uma carreira, um histórico de grandes realizações nesse campo,
00:13que eu já tive o privilégio de entrevistar, inclusive, durante a pandemia.
00:16Tem um vídeo aqui no canal, ele falou que banalizar a cloroquina é uma irresponsabilidade,
00:23eu me lembro muito bem.
00:24Seja bem-vindo, muito obrigado pela disponibilidade,
00:26pela participação nesse momento sensível dessas relações internacionais, Cláudio.
00:32Felipe, é um prazer estar com você, de fato, gostoso,
00:37embora um momento delicado, poder conversar com pessoas da tua qualidade,
00:41o Graeb, o Duda, muito obrigado pelo convite.
00:45Muito bem, eu queria saber, primeiramente, qual é a sua impressão geral
00:50e de que forma a Conib pode atuar num momento como esse,
00:54em que o presidente e os seus assessores diretos banalizam o holocausto?
01:00Veja, eu acho que a primeira coisa é entender que criou-se um impasse diplomático
01:06por conta de uma série de atitudes que tem até a sua explicação.
01:12Não é a primeira vez que o presidente Lula,
01:14ele, enquanto se manifesta e faz dentro de uma ordem protocolar,
01:20o faz muito bem.
01:20A questão é quando ele abandona o protocolo e aí, da cabeça dele,
01:25ele faz uma comparação com algo que é absolutamente incomparável.
01:30Isso não agride Israel em absoluto,
01:33isso agride todos os judeus onde quer que eles estejam.
01:38Então, esse é o cenário que desencadeia o presente momento.
01:41Acho que o presidente Lula tem se equivocado em relação a algumas coisas
01:47que ele entende como sendo pouco adequadas por parte do governo de Israel.
01:56Eu tenho aqui meus contrapontos, mas, de forma geral,
02:01ele repetiu algo que ele vem repetindo já há bastante tempo.
02:05Entretanto, a questão do holocausto é muito sensível.
02:08Aí Israel, evidentemente, sente-se aí, em nome dos judeus,
02:14em nome do próprio Estado de Israel,
02:16ofendido e entende que deve convocar para uma conversa
02:20um embaixador brasileiro em Israel.
02:24E o faz, eu imagino, por aquilo que foi noticiado,
02:30dentro de um padrão não muito ortodoxo, por assim dizer.
02:33repreende e o faz de uma maneira pública, na frente de jornalistas,
02:40declarando, inclusive, que o próprio presidente Lula é persona non-grata.
02:45Eu acho que criou-se um impasse diplomático absolutamente desnecessário.
02:50O que a Conib pode fazer?
02:51Eu acho que a Conib, que representa os judeus brasileiros,
02:54ela tem o papel de fortalecer as relações entre Brasil e Israel.
03:00Ela tem o papel de lutar contra a banalização do local,
03:04se lutar contra o antissemitismo.
03:06E, portanto, dentro do seu propósito,
03:09o que ela deve procurar, nesse momento, construir
03:12é, primeiro, um cenário para que a gente possa acalmar um pouco os ânimos.
03:16Porque a gente tem um impasse diplomático,
03:18que seria absolutamente desnecessário.
03:21Brasil e Israel estão ligados desde a criação do Estado de Israel.
03:25É bom lembrar que o presidente da sessão
03:28que conduziu a criação do Estado de Israel e a partilha
03:32foi um brasileiro, Oswaldo Aranha.
03:35Ele é lembrado a quatro cantos em Israel.
03:39Existem praças com seu nome, seu nome presente em museus.
03:43Existe o papel da ação de algumas pessoas
03:47que fazem parte do Jardim dos Justos.
03:50Aracir, o embaixador Sousa Dias, Aracir, Dantas.
04:00Enfim, são uma série de elementos
04:02e posso até resgatar um passado mais recente.
04:05Quer dizer, nós temos um comércio entre Brasil e Israel
04:07que só se incrementa.
04:09E essas questões são questões estruturantes.
04:12Então, o que a Conib procurará fazer
04:14é tentar minimizar esses efeitos.
04:16Eu acho que o presidente do Brasil poderia se reposicionar.
04:20Nesse momento, lógico, com a atitude de Israel,
04:23esse reposicionamento não vai ser algo tão confortável,
04:25porque eu acho que parte por um plano pessoal.
04:28E essas coisas, lamentavelmente, elas se misturam.
04:31Não deveriam se misturar, mas elas se misturam na prática.
04:34Então, nós temos uma situação, nesse momento,
04:36que eu não acho que é tão grave no seu conteúdo.
04:40Tudo isso pode ser minimizado e equacionado,
04:42mas vai dar muita mão de obra para a diplomacia do Brasil
04:45e para a diplomacia de Israel.
04:47Porque talvez tenha sido tratado dentro de um espectro
04:51muito mais emocional do que racional.
04:56Vamos ver se vai ter bombeiro para tanto fogo.
04:58Doutor, Duda Teixeira tem uma pergunta para o senhor.
05:01Oi, Cláudio. Boa noite.
05:03Bom, a pergunta, a acusação do Lula
05:06é de que Israel comete os mesmos crimes
05:09que eram praticados pelos nazistas.
05:12Esse tipo de acusação já tem uma longa história
05:16no antissemitismo, não tem?
05:17O senhor podia falar um pouquinho mais sobre isso?
05:21Olha, evidentemente que o presidente Lula está equivocado,
05:25porque a questão do genocídio,
05:28que é aquilo que ele se refere,
05:31para isso há que existir uma intencionalidade,
05:34há que existir um desejo de uma limpeza étnica,
05:39o que não acontece, efetivamente.
05:40O que Israel está fazendo desde o princípio
05:44desse episódio deflagrado por uma ação terrorista
05:48de uma organização terrorista?
05:50E nesse sentido, o presidente Lula também diz
05:53que não concorda com essa nómina.
05:56Por quê?
05:56Porque a ONU não a chama como tal,
05:59mas a organização dos Estados Americanos chama.
06:02E, aliás, a ONU sempre é criticada pelo Brasil,
06:04mas nesse quesito vale a classificação da ONU.
06:06Mas, enfim, o Israel, neste momento,
06:10está tentando se defender
06:12de uma organização terrorista
06:14que fez o que fez da 7 de outubro,
06:17além disso, sequestrou pessoas
06:19e já avisou, aliás, essa semana,
06:22que o 7 de outubro é um primeiro 7 de outubro,
06:24irá fazer outros.
06:26Por quê?
06:26Porque o objetivo é varrer Israel do mapa
06:30e matar todos os judeus.
06:31Veja, essa é a definição de genocídio.
06:34O que Israel faz?
06:35Se defende de alguém que quer eliminar Israel.
06:39O que Israel faz?
06:40Se defende tentando trazer de volta
06:42os seus reféns, os seus cidadãos,
06:45as pessoas que foram levadas
06:46sob condições que, lá nós sabemos,
06:49temos poucas informações,
06:51mas foram, da pior forma,
06:55levadas para uma condição de cativeiro
06:57e de sequestro na faixa de gás.
07:00Então, existe uma confusão muito grande
07:02por parte do entendimento
07:04do que é um genocídio
07:05e por parte do presidente Lula.
07:07Então, não podemos fazer muita coisa.
07:09Quando a África do Sul se mobiliza
07:11para fazer uma ação do Tribunal de Raia,
07:15o presidente Lula foi um dos primeiros a estimular.
07:18Qual foi a primeira conclusão?
07:19Está certo que ainda vai ser julgado mérito.
07:21Que Israel tem o direito de se defender.
07:24Qual é a segunda conclusão?
07:26Que os reféns têm que ser libertados.
07:28Qual é a terceira conclusão?
07:30Que cuidados devem ser tomados
07:31para evitar que ocorra um genocídio.
07:34Então, até o presente momento,
07:35aquilo que o presidente Lula
07:37imagina e verbaliza e coloca
07:40não é algo que tem qualquer tipo de comprovação.
07:42Então, eu tenho a impressão que está faltando aqui
07:45um pouco de coerência
07:46na maneira de poder entender
07:49aquilo que Israel está praticando.
07:51Acho que mistura-se mais um cenário.
07:53Eu acho que, por parte do presidente,
07:56a sensibilidade maior
07:58não é nem contra o Estado de Israel,
08:00é sim contra o primeiro-ministro de Israel.
08:04Vejo que, desde o primeiro momento,
08:06o presidente Lula não teve contato
08:08com o primeiro-ministro.
08:09Ele se encontrou com o presidente de Israel.
08:11É bom lembrar que o sistema em Israel
08:14é o sistema parlamentar.
08:16Então, o presidente tem um papel representativo.
08:19Quem tem o poder político, de fato,
08:21é o primeiro-ministro.
08:22Vejo, o presidente Lula,
08:23que é um democrata,
08:24que participa de eleições,
08:26eu fico bastante abismado
08:32porque ele entende como sendo
08:34um processo democrático
08:35aquilo que acontece na Venezuela.
08:37Mas um primeiro-ministro,
08:39embora ele seja de extrema-direita,
08:40teve que fazer uma coalizão de extrema-direita,
08:44mas que foi democraticamente eleito,
08:47por que não traçar uma linha de relacionamento com ele?
08:51Eu acho que muita coisa misturada,
08:54muita gente se envolvendo dentro desse sentido.
08:57Eu diria até mais,
08:58eles estão transportando a polarização
09:00do momento político brasileiro
09:02para o relacionamento com o Estado de Israel.
09:05Muito triste,
09:06eu acho que é uma falha protocolar
09:07e que poderia, na verdade,
09:09ter sido evitada
09:10se fosse seguido aquilo
09:12que o Itamaraty tecnicamente aponta
09:14como sendo adequado
09:16em termos de normas e condutas
09:18de relações entre dois países
09:19que devem se respeitar.
09:22É, e só registrar que
09:24o Hamas invadiu o território israelense,
09:26matou 1.200 pessoas,
09:28levou 239 pessoas sequestradas
09:31como reféns mantidas em cativeiro.
09:34Há ainda 134 pessoas em cativeiro
09:38na faixa de Gaza,
09:40acredita-se pelo menos.
09:42O Hamas, portanto,
09:43ainda segura essas pessoas por lá.
09:46E como a gente vai tratar nesse programa ainda,
09:48depois da entrevista com o doutor Cláudio Lutemberg,
09:51o Lula fez a seguinte pergunta,
09:53no caso envolvendo a morte
09:55do crítico de Vladimir Putin,
09:58o tirano russo,
09:59o Alexei Navalny.
10:01Para que a pressa em acusar alguém?
10:05E como colocou Lutemberg agora,
10:08Israel não foi condenado por genocídio.
10:10Pelo contrário,
10:12na verdade, a denúncia da África do Sul
10:13apoiada pelo Brasil no governo Lula,
10:17ela não levou a uma determinação
10:20de cessar fogo imediato.
10:21Portanto, o direito de autodefesa de Israel
10:23está sendo preservado.
10:25Então, Lula, de fato,
10:26não tem coerência alguma nesse campo.
10:28Ele tem pressa para condenar Israel,
10:31mas ele não tem pressa
10:32para repudiar,
10:35que seja a perseguição,
10:36a prisão política,
10:38dos críticos de regimes autoritários
10:41aos quais ele se alinha.
10:43Carlos Graeb tem uma pergunta para o senhor.
10:46Lutemberg, boa tarde.
10:47Puseram a questão nos termos
10:53de que Lula teria que pedir desculpas a Israel.
10:57Foi o que disse o ministro das Relações Exteriores do país
11:01no encontro com o diplomata brasileiro,
11:03que só deixaria de ser persona não grata
11:05se se retratasse.
11:08Isso não parece estar no horizonte nesse momento.
11:11Pelo contrário,
11:12houve uma escalada da tensão diplomática
11:15com o governo brasileiro
11:17chamando o embaixador de volta aqui para o país.
11:22Como você enxerga a superação diplomática
11:27desse conflito,
11:31dessa crise?
11:32Você acha que vai ser indispensável
11:38um pedido de desculpas?
11:39Que sem isso não vai haver superação?
11:44Veja,
11:46eu vejo que
11:49existem coisas que muitas vezes
11:51ganham um aspecto mais da subjetividade
11:53do que da objetividade.
11:55Eu conheço poucas pessoas
11:56com a habilidade interpessoal
11:58que o presidente Lula tem.
12:00Portanto, se ele quiser contornar
12:02nessa situação,
12:03eu tenho certeza absoluta
12:04que, de novo,
12:06independentemente dos protocolos
12:08diplomáticos,
12:10ele saberá como fazer.
12:12O que eu não vejo,
12:14e aí é de se estranhar,
12:16quer dizer,
12:16eu vejo chamar Israel de genocida,
12:20eu vejo pedir por cessar fogo,
12:23eu vejo utilizar em estatísticas
12:25o Ministério da Saúde de Gaza,
12:28mas eu não vejo o presidente
12:30defendendo com a mesma veemência
12:36a soltura, por exemplo,
12:37dos reféns.
12:39Imagine o que poderia representar
12:41se os reféns fossem liberados,
12:44a pressão que poderia ser feita
12:47sobre o governo de Israel
12:48para o cessar fogo.
12:49Mas seria praticamente imediato,
12:51aliás,
12:52essa foi uma das propostas
12:54de negociação
12:55até colocada por Israel,
12:56negada,
12:57essa semana pelo Hamas.
12:59Então,
13:00essa incoerência,
13:03onde o Brasil,
13:04e particularmente o presidente,
13:06já parte com o pré-julgamento,
13:09o viés ideológico,
13:11o fato de se ligar Israel
13:13dentro de uma linha automática
13:15com os Estados Unidos,
13:16essa combinação de fatores,
13:19ela acaba, na verdade,
13:21desalinhando o Brasil
13:23dos interesses que provavelmente
13:25o próprio Brasil queira
13:27e nós brasileiros com certeza queremos,
13:30que é estarmos alinhados
13:31com aquilo que há de melhor no mundo
13:33e se nós estamos nos alinhando
13:34com aquilo que há de pior no mundo.
13:36A solução,
13:38você me pergunta,
13:39não é uma solução simples.
13:41Por quê?
13:42Porque cada um está ofendido
13:43do seu lado.
13:44Eu acho que caberia aí,
13:45talvez,
13:46uma negociação,
13:48veja,
13:48podíamos estar negociando
13:49a paz na região de Gaza,
13:51estamos negociando
13:52a paz
13:52do relacionamento
13:55entre o presidente Lula
13:56e o primeiro-ministro
13:57Bibi Netanyahu.
13:58Eu acho que os dois,
14:00simultaneamente,
14:00vão ter que voltar atrás,
14:02acho que foi um exagero também
14:03por parte do Bibi Netanyahu,
14:04do seu governo,
14:05e do presidente Lula.
14:07Uma coisa está emendando
14:08na outra,
14:09mas o tempo é sábio.
14:11Por quê?
14:11Porque o Brasil tem uma relação
14:12tão estruturada com Israel,
14:14há pouco até falava
14:15com uma outra rede jornalística,
14:18e dizia,
14:18olha,
14:19a gente só vê as relações comerciais
14:21entre Brasil e Israel
14:22se incrementarem.
14:24Nós vemos o turismo,
14:25quer dizer,
14:25responder o quê
14:26para o grupo de evangélicos?
14:28Os evangélicos,
14:28hoje,
14:29do Brasil,
14:30representam
14:31uma das maiores forças
14:32turísticas em Israel.
14:35Diga a eles que,
14:36eventualmente,
14:36eles vão ter dificuldades
14:37de visitar Israel,
14:38o que pode representar,
14:39inclusive,
14:40como ônus político
14:41dentro do Congresso.
14:43Então,
14:44criou-se aí
14:45algo que
14:46não traduz muito
14:47aquilo que eu falei
14:47no princípio,
14:48que é justamente
14:49a marca do presidente Lula,
14:50uma das pessoas mais hábeis
14:52que eu já conheci,
14:53politicamente.
14:54Agora, doutor,
14:55para a gente encerrar,
14:56e a situação dos judeus
14:57no Brasil
14:58diante dessa retórica
15:00praticamente tornada
15:02oficial
15:03pelo governo Lula?
15:04A gente acompanhou
15:05nas últimas semanas
15:06aquele episódio
15:07de uma militante
15:09antissemita
15:10que invadiu
15:11uma loja
15:12na Bahia
15:12e atacou
15:14ali verbalmente
15:15a comerciante judia,
15:17associando,
15:18evidentemente,
15:19ao Estado de Israel
15:20com todas essas narrativas
15:21que são exatamente
15:22iguais
15:23às narrativas
15:24disseminadas
15:26pelo Lula
15:27e pelos seus aliados.
15:29Eu estive no Rio de Janeiro,
15:30no Carnaval,
15:31e conversei com
15:32pessoas
15:34da comunidade judaica
15:35que mostram
15:36preocupação
15:37com a situação
15:38delas,
15:38assim como estão
15:39preocupados
15:39judeus
15:40no resto do mundo.
15:42Quando você tem
15:43um ambiente cultural
15:45em que os ataques
15:46antissemitas
15:47são legitimados
15:48por autoridades,
15:50todos os judeus
15:50acabam ficando
15:51em risco
15:52de serem
15:52agredidos
15:53verbal
15:54ou até
15:54eventualmente
15:55fisicamente.
15:56E aí,
15:57a gente vai ter que apontar
15:58a responsabilidade moral
15:59de determinadas pessoas
16:01que disseminam
16:01essas narrativas.
16:03Quer dizer,
16:03não é um momento
16:05em que é preciso
16:06ter mais cuidado?
16:08Olha,
16:09Felipe,
16:10conseguiu-se
16:11algo inédito,
16:12importou-se o conflito.
16:14O conflito
16:15do Oriente Médio
16:16é um conflito
16:17que não é de hoje.
16:18Desde 1948
16:19existiu todo
16:20um processo
16:21de questionamento,
16:23todo um processo
16:24de guerras,
16:25foram várias,
16:26toda uma discussão
16:29a respeito
16:29de territórios,
16:31mas nós nunca
16:32assistimos
16:33a importação
16:33do conflito
16:34para o Brasil.
16:35A relação
16:35entre judeus
16:37e árabes,
16:38aqui ela é
16:39maravilhosa,
16:40mas o que acontece?
16:41Quando o presidente
16:43começa,
16:43ele e membros
16:45do governo,
16:46mesmo aqueles
16:47que já não são
16:47membros do governo,
16:48como o ex-presidente
16:49do PT,
16:50o José Genuíno,
16:52que cerca
16:53de um mês atrás
16:54cita como sendo
16:55interessante
16:56não fazer negócios
16:58com judeus.
16:58isso fortalece
17:01e legitima
17:02todo um discurso
17:03de ódio.
17:04E o passo seguinte
17:05do discurso de ódio
17:06é a violência.
17:07E a violência
17:08representa
17:08colocar em risco
17:09a segurança
17:10nossa,
17:11enquanto judeus
17:12brasileiros
17:13e das instituições
17:14das quais
17:15tomando parte,
17:16que não são
17:17somente
17:17as organizações
17:18religiosas.
17:20A comunidade judaica
17:21faz muito mais
17:22do que isso.
17:23A comunidade judaica
17:23ajuda muito o Brasil
17:25na frente social,
17:26quer seja na educação,
17:27quer seja na saúde,
17:28quer seja na cultura.
17:30Então,
17:31nesse momento,
17:32eu acho que
17:33o que o Ministério
17:35da Justiça,
17:36o próprio presidente,
17:37deveriam estar atentos
17:38é pelas questões
17:40de insegurança
17:41que envolvem
17:41a comunidade judaica.
17:44E tenho a impressão
17:45que isso talvez
17:46esteja no segundo plano.
17:48Principalmente
17:49quando o presidente
17:50usa como referência
17:52os membros
17:52do Partido dos Trabalhadores.
17:54O PT não tem
17:55o menor escrúpulo
17:56de falar coisas
17:57absolutamente próprias,
17:59sem qualquer
18:00consistência
18:02dentro de uma lógica
18:04e o faz
18:05de forma deviana,
18:07arriscando sim
18:08a condição
18:08de segurança
18:09dos membros
18:10da comunidade judaica.
18:11E acho isso
18:12um erro,
18:12um equívoco
18:13e nós não vamos permitir.
18:15Nós vamos agir
18:16aí sim
18:17dentro do espectro jurídico,
18:19para que as nossas
18:20garantias individuais
18:21sejam preservadas.
18:22É bom lembrar
18:23que queiram
18:24ou não queiram,
18:25gostem ou não gostem,
18:27nós somos brasileiros
18:28e como brasileiros
18:30nós temos o direito
18:31de ter a proteção
18:32e cabe
18:33ao Estado brasileiro
18:35garantir
18:35esta proteção
18:36e nós vamos cobrar
18:38isso por parte
18:38de quem está
18:39neste momento
18:40enquanto governo.
18:41Governo esse
18:42que é transitório,
18:43essas coisas mudam também
18:44e nós brasileiros
18:46estamos aqui
18:46para ficar,
18:47para viver em paz
18:48como sempre vivemos.
18:49Em determinados momentos
18:52inclusive a Conib
18:53emitiu notas
18:54críticas
18:55à postura
18:56de alguns bolsonaristas
18:57que de certa forma
18:58banalizaram o local
18:59como a gente vai lembrar
19:00ao longo desse programa.
19:01Só para mostrar
19:02que a Confederação Israelita
19:05do Brasil
19:06ela mantém
19:07uma postura
19:07de defesa
19:09dos judeus
19:09contra o antissemitismo
19:10vindo de que lado vem.
19:12Eu agradeço imensamente
19:13a participação.
19:14Diga.
19:15Felipe,
19:15obrigado que você colocou isso.
19:17Eu queria só fazer
19:18uma colocação.
19:18Muito obrigado.
19:19A comunidade judaica
19:21ela é plural.
19:22A comunidade judaica
19:23ela é diversa.
19:24A comunidade judaica
19:25não é pró-Bolsonaro
19:27ou pró-Lula.
19:28Existem judeus
19:28que votam no Bolsonaro
19:29como judeus
19:30que votam no Lula
19:31como tem judeus
19:32que votam em outras pessoas.
19:34Nós respeitamos
19:35essa diversidade.
19:37Portanto,
19:38quando alguém
19:39banaliza o holocausto
19:40e quando aconteceu isso
19:42dentro do governo Bolsonaro
19:43nós tivemos
19:44o mesmo tipo de atitude.
19:46Então,
19:46quem quiser nos taxar
19:48ou nos identificar
19:49dentro de uma visão ideológica
19:51está incorrendo
19:52num erro brutal
19:53que nós também
19:54não vamos permitir.
19:56Nós somos brasileiros
19:57com pluralidade,
19:59com diversidade,
20:00mas acima de tudo
20:01com plena identidade
20:02com o nosso país.
20:03Obrigado, Felipe.
20:05Perfeito.
20:05Cláudio Loutenberg,
20:06presidente da Confederação Israelita
20:07do Brasil,
20:08a CONIB,
20:09razão pela qual
20:09falou com a gente hoje,
20:11mas também presidente
20:11do Conselho do Hospital
20:12Albert Einstein
20:13e do Instituto
20:14Coalizão Saúde.
20:15Boa noite,
20:15bom trabalho.
20:17Obrigado,
20:17um abraço a vocês.
20:18Obrigado.

Recomendado