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NotíciasTranscrição
00:00A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid ficará sob sigilo para não atrapalhar as investigações da Polícia Federal.
00:08Nessa fase, a APF busca confirmar com provas se as informações que foram dadas pelo ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro
00:18têm algum tipo de fundamento.
00:21Nessa fase, os agentes da Polícia Federal também podem realizar novas buscas e apreensões e diligências.
00:32Deixa eu aproveitar, antes de a gente entrar na entrevista do dia, na primeira entrevista do dia,
00:38deixa eu contar um bastidor para vocês sobre a questão aqui da delação do Mauro Cid.
00:42A CPMI dos atos de 8 de janeiro, eles queriam tomar um segundo depoimento do Mauro Cid.
00:51Só que, qual é a questão, qual é o grande problema?
00:55A cúpula da CPI já avalia que não faz nenhum sentido você trazer novamente o Mauro Cid para depor por um motivo bem simplório.
01:07Ele provavelmente vai ficar em silêncio e como a delação premiada dele, do Mauro Cid,
01:14ela ainda está numa fase ainda de comprovação de fatos,
01:17Então, o Mauro Cid não iria acrescentar em absolutamente nada,
01:21e também havia a possibilidade de que o Mauro Cid continuasse em silêncio ao longo deste novo depoimento.
01:33Então, o que os integrantes da CPMI estão pensando e o que me falaram hoje pela manhã?
01:38Wilson, olha só, para que eu vou trazer um cara para a CPMI para ele ficar calado?
01:43Então, vamos esperar as informações, vamos esperar a Polícia Federal,
01:49vamos esperar o que vai vir ali de delação premiada do Mauro Cid,
01:57e aí nós vamos sim requerer ao Supremo Tribunal Federal o teor, a íntegra desse depoimento do Mauro Cid.
02:07Então, com essa íntegra do Mauro Cid, a CPMI pode avançar algumas casas
02:13nas investigações relacionadas aos atos de 8 de janeiro.
02:19Outro detalhe importante, outro bastidor importante.
02:22Na semana passada, eu acho que eu falei no Papo Antagonista,
02:25que o Mauro Cid apresentaria informações sobre integrantes do Palácio do Planalto.
02:31Existem dois integrantes que estão na mira, ex-integrantes, melhor dizendo,
02:36que estão na mira do Mauro Cid.
02:38Um, Augusto Heleno, ex-integrante do GSI, está aí, imagens dele.
02:46Por quê?
02:46Porque ele é suspeito, há uma suspeita de que o Augusto Heleno
02:51tenha atuado de forma direta na formatação, na elaboração dos atos ali,
03:01daqueles protestos que ocorreram em frente ao QG do Exército aqui em Brasília.
03:06Então, o general Augusto Heleno, ele é integrante,
03:11ele está na mira da delação do Mauro Cid.
03:13E o outro é o Eduardo Ramos, ex-secretário da Presidência da República, está aí.
03:21Que, inclusive, durante uma época ele foi chamado de fofoqueiro,
03:24por alguns integrantes do Palácio do Planalto,
03:27porque ele falava muita coisa que não devia.
03:30Então, o general Eduardo Ramos, ele também está na mira dessa delação do Cid também,
03:36sob suspeita de ter ajudado, de ter auxiliado ali essa cúpula do Palácio do Planalto
03:40a incentivar atos antidemocráticos no final do ano passado e no início do ano.
03:48O fato é que essa delação do Mauro Cid, ela tem o condão de trazer à tona
03:54toda uma cadeia ligada ao ex-presidente da República,
03:59que vai culminar justamente nos atos de 8 de janeiro.
04:02Então, a importância dessa delação é que ela vai,
04:07ela deve trazer luz a todas as tratativas do ex-presidente Jair Bolsonaro
04:12com integrantes do Palácio do Planalto.
04:14E aí, tem muita coisa a ser descoberta, tem muita, o Cid tem muito o que falar
04:22e ela vai criar uma espécie de efeito dominó,
04:24que vai trazer à tona a ação de cada integrante ali do ex,
04:29do chamado núcleo bolsonarista, tá bom?
04:32Mas para falar ainda sobre a delação do Mauro Cid,
04:34eu não sei se eu já estou na linha com o advogado Flávio Pancieri.
04:39Já estamos na equipe.
04:40Tá certo, doutor, muito obrigado pela atenção,
04:44obrigado por participar mais uma vez do Meio Dia em Brasília.
04:47Eu que agradeço a sua oportunidade, é um prazer estar contigo,
04:50com o teu público, para discutir um tema tão importante,
04:52que é um meado que, quizá, seja o Brasil repensar a formatação desse instituto.
05:01Então, doutor, deixa eu lhe perguntar uma coisa, basicamente.
05:06O Mauro Cid vai ficar em silêncio nesse momento.
05:09Qual é a importância de você fazer com que o colaborador
05:13fique em silêncio nessa fase da investigação?
05:17Porque oficialmente ele não falou, né?
05:19Ele ainda vai falar, né?
05:21Ele ainda vai sentar ali e vai prestar depoimento
05:23para o Alexandre de Moraes e para a Polícia Federal.
05:24Vazar qualquer informação nesse momento
05:28pode, de fato, atrapalhar as investigações
05:30ou é um excesso de zelo nesse caso?
05:33Não, me parece que ela, neste momento da delação,
05:37ao que se apresenta ao público da delação do Mauro Cid,
05:42ela tem como finalidade resguardar as medidas investigatórias
05:48decorrentes da delação nas próximas semanas.
05:54Parece que é adequada a medida do silêncio por parte dele
05:59e também das autoridades
06:01para que a própria delação possa se confirmar ou não.
06:06Porque, diferente de uma afirmação cheia de provas contundentes
06:12com documentos, mensagens que possam ser apresentadas,
06:16muitas vezes as delações são meras ilações,
06:20são meras reflexões realizadas por um delator
06:24que pretende escapar da delação.
06:27Porque o grande diferencial da delação premiada
06:29é permitir a redução das penas de um a dois terços,
06:34o que, na maior parte dos casos,
06:36permite que o regime de execução da pena
06:38não seja um regime fechado.
06:40Ninguém será absolvido por fazer a delação premiada,
06:44mas tem um resultado fundamental que é a redução da sua pena.
06:49Portanto, obviamente, quando nós temos alguém
06:52com o constrangimento de sua liberdade,
06:55preso, encarcerado, há meses, sem contato com sua família,
07:00sem contato com o mundo exterior,
07:02sem saber exatamente o que está acontecendo aqui fora,
07:04é muito possível que possa ocorrer,
07:08em alguns casos, nós estou dizendo nesse,
07:10mas numa reflexão sobre o instinto da delação,
07:14possam ocorrer denúncias ou delações
07:18que não passarão de meras reflexões
07:23ou de um momento de desespero do próprio delator.
07:26Isto é muito comum, não só no Brasil,
07:29mas em todo o mundo.
07:30O que precisa agora, e por isto o silêncio
07:33por parte tanto do delator
07:34como das autoridades que receberam a delação,
07:37é que se continue uma série de medidas investigatórias
07:42que possam levar à corroboração
07:44daquelas informações prestadas
07:47por o então delator Mauro Cid.
07:56Doutor Flávio, eu estou aqui com um duplo retorno.
08:02Agora, essa questão da delação premiada,
08:04ela é importante,
08:05e aí é que tem outra discussão
08:07que ela é importantíssima nesse processo,
08:11e o senhor falou justamente nesse ponto
08:13que a delação premiada,
08:15ele é um elemento de prova,
08:16não pode ser o único elemento de prova,
08:20é que há uma discussão
08:22sobre Ministério Público e Polícia Federal.
08:24Quem pode ou não firmar essa delação premiada?
08:30Circula aí uma informação
08:31de que a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro
08:33pode argumentar que em casos como esse
08:37apenas o Ministério Público teria,
08:40o condão teria o poder de firmar uma delação premiada
08:42e que não somente a Polícia Federal
08:44teria o poder de firmar uma delação premiada.
08:47Eu sei que o senhor não vai entrar muito
08:49nessa bola dividida de quem tem razão,
08:50se é PF ou se é os integrantes do Ministério.
08:54Eu posso entrar nessa bola dividida
09:00sem nenhum problema.
09:02Então, ótimo.
09:03Para mim, eu acho melhor.
09:04Fonte Corajosa é a melhor coisa que tem nesse mundo.
09:07Eu vou fazer uma reflexão sobre a Polícia Federal.
09:11Eu farei uma reflexão aqui,
09:13não sobre o caso,
09:15mas sobre o Instituto de Delação Premiada.
09:18O Supremo Tribunal Federal já tem decisões
09:20afirmando que é possível, sim,
09:23que a própria Polícia Federal
09:25firme delações com os investigados,
09:29sem uma corroboração e uma participação direta do Ministério Público,
09:35sem analisar este caso concreto,
09:38mas analisando a jurisprudência do Supremo
09:40e outros casos anteriores,
09:42é possível, sim,
09:43hoje no ordenamento, pelo entendimento do Supremo,
09:47que a Polícia Federal
09:48também firme delações premiadas com os investigados.
09:52isso não é uma impossibilidade
09:54do nosso ordenamento jurídico,
09:56ela é, sim, possível.
09:58Talvez o que nós precisamos discutir nesse caso
10:00é o que me parece mais significativo
10:05e que é importante que cada um dos telespectadores
10:08preste atenção nisso que eu vou dizer agora.
10:11Nós estamos vivendo sobre um estado de coisas
10:15de um direito processual penal do inimigo.
10:19Significa dizer
10:20que, para garantir alguns bens,
10:23alguns valores que eu acho importantes,
10:26eu restrinjo a liberdade de alguém
10:28para...
10:32Ou seja,
10:34esta seletividade momentânea
10:37pode nos parecer positiva,
10:42mas ela não trouxe resultados positivos
10:44em nenhum lugar do mundo.
10:47Olhemos para o que aconteceu
10:50na Operação Lava Jato.
10:52Operação Lava Jato do Paraná,
10:53não estou aqui afirmando
10:55nem que eles acertaram e nem que erraram,
10:57até porque isso está ainda sob julgamento
10:59no Supremo Tribunal Federal,
11:01mas utilizaram-se de métodos,
11:03como, por exemplo,
11:05a prisão preventiva
11:06para conseguir a época,
11:09somado à época,
11:11com a possibilidade de prisão em segunda instância,
11:14a delação premiada
11:17de muitos dos investigados.
11:19A delação premiada
11:20é um instituto
11:21que deve ser olhado
11:21com um certo cuidado.
11:25Eu tenho para comigo
11:26o delator,
11:27preso,
11:29é um delator
11:30que está inviabilizado
11:32de delatar.
11:33Aquele que...
11:35não pode ter o direito
11:40de delatar isso.
11:41Esse é o ponto fundamental,
11:43porque ele já abriu mão disso.
11:46Ele poderia delatar quando?
11:48Sabedor que existe uma investigação,
11:50ele procuraria a polícia
11:51ou o Ministério Público
11:53livremente para fazer a delação.
11:55Agora, acreditar
11:56que uma delação feita,
11:59e isso,
11:59essa minha posição,
12:00é uma posição já
12:01de uma década,
12:04é que uma delação feita
12:05é uma prisão preventiva,
12:08seja uma delação
12:10que efetivamente
12:11respeite
12:12os princípios
12:13do contraditório
12:14e a ampla defesa,
12:16que respeite
12:17efetivamente
12:17um processo penal
12:19garantista,
12:21um processo penal
12:22que todos nós
12:23queremos viver,
12:24não me parece
12:25a realidade.
12:26Nós precisamos
12:27repensar
12:28o Instituto no Brasil
12:29e, repensando o Instituto,
12:32repensar as garantias.
12:33Devemos lembrar que
12:34se estamos utilizando
12:36desses institutos
12:37com essa intensidade
12:38contra os poderosos,
12:40o que faremos
12:41com aqueles
12:42que não têm poder?
12:45É uma questão polêmica,
12:46e quando a gente
12:47fala de legislação,
12:49tem algo que eu sempre
12:50observo aqui na Câmara.
12:52Você precisa
12:53estabelecer
12:53uma legislação
12:54e você precisa
12:55também estabelecer
12:55a brecha
12:56daquela legislação
12:57dentro do próprio
12:58arcabouço
13:00legislativo.
13:01Então,
13:01é algo muito complicado
13:02no Brasil,
13:03porque sempre se acha
13:04uma brecha
13:04em relação
13:05a esse Instituto,
13:06que, inclusive,
13:07tecnicamente
13:08ele é novo.
13:09Dá para a gente
13:10falar que ele tem
13:1110 anos.
13:14Então,
13:14não é...
13:15Quer dizer,
13:16ele foi regulamentado
13:17há 10 anos.
13:17Ele já existe
13:18há um bom tempo,
13:19mas a regulamentação
13:20dele tem 10 anos.
13:21Então,
13:21ele ainda
13:22tateia
13:23sobre
13:24algumas
13:25circunstâncias.
13:27Agora,
13:28doutor,
13:29também tem uma questão
13:29aí que é importante
13:30que a gente
13:31faça a ressalva.
13:33Quer dizer,
13:33quando a gente
13:35fala de delação
13:36premiada
13:37quando alguém
13:37está preso,
13:38quando alguém
13:38está preso,
13:41também não dá
13:41para criminalizar
13:42tanto a delação,
13:43porque,
13:43independentemente
13:44da situação
13:45que aquela pessoa
13:45passa,
13:47ela faz uma
13:47colaboração
13:48para elucidar
13:49um crime.
13:49Isso também
13:50não tem que ser
13:51levado em conta,
13:52doutor?
13:52Não,
13:53não há dúvida
13:54que o Instituto
13:56da Delação
13:56Premiada
13:57no Brasil
13:58foi o que fez
13:59uma grande
13:59revolução
14:01no combate
14:01ao crime
14:02organizado
14:03e,
14:04em especial,
14:05a este modelo
14:08de corrupção
14:09que o Brasil
14:10vivia.
14:10É importante
14:11lembrar que
14:12as delações
14:13que foram feitas
14:14no Brasil,
14:15elas sim
14:15comprovam
14:16a existência,
14:17inclusive com
14:18devolução
14:19de valores,
14:21com acordos
14:21de lenências firmados,
14:22demonstram uma série
14:23de crimes
14:24que foram cometidos
14:25ao longo da história.
14:26Independente
14:27se o Supremo
14:28anulou essas decisões
14:29ou não,
14:30se hoje nós
14:31podemos refletir
14:32se existiram
14:34abusos ou não,
14:35elas revelaram
14:36um quadro
14:37de corrupção
14:38sistêmica
14:39que o Brasil
14:39vivia
14:40nas últimas décadas.
14:41Isso não há dúvida,
14:43é importante dizer
14:44que esse Instituto
14:45é relevante.
14:46A minha crítica
14:47apenas
14:47é a utilização
14:49desse Instituto
14:50em regra
14:51quando o sujeito
14:52está preso.
14:54Não há
14:54delação premiada
14:56sem o sujeito
14:57estar preso.
14:58É uma frase
14:59de um procurador,
15:00de um procurador
15:00da República,
15:01que diz que
15:01passarinho
15:03na gaiola
15:03canta.
15:05É uma metáfora
15:06para dizer
15:07que tem que
15:07prender o sujeito
15:08para ele fazer
15:09a delação.
15:10O que me parece
15:11que faz
15:12a delação
15:13ocorrer
15:14verdadeiramente
15:14é, então,
15:15a expectativa
15:16real
15:17da possibilidade
15:18de punição
15:18do indivíduo.
15:19Sobre esta lógica,
15:21seria importante,
15:22efetivamente,
15:23que nós tivéssemos
15:24um novo olhar,
15:26um olhar
15:27ultra criterioso
15:28para essas delações
15:29de prisão
15:31preventiva,
15:33que, por sua vez,
15:34já a legislação
15:35diz que deve ser
15:36corroborado por uma série
15:37de provas
15:38que devem ser elencadas
15:39e vamos ver quais são
15:39as provas
15:40que virão
15:41desta delação
15:42e até mesmo
15:42o seu conteúdo,
15:44porque a expectativa
15:44sobre essa delação
15:46é muito grande,
15:47mas a pergunta é
15:48qual o real
15:49conteúdo
15:50desta delação?
15:51A suspeita
15:52que se pode ter
15:54é que, ao final
15:54e ao cabo,
15:55quando revelada
15:56essa delação,
15:56ela não diga muito
15:57para o que veio,
15:59mas nós precisamos
16:00debater o instituto
16:03e o instituto,
16:04e aí a minha crítica,
16:06é a utilização
16:07exacerbada
16:07da delação premiada
16:08de uma forma
16:09reiterada
16:10somente quando
16:12os indivíduos
16:12estão presos.
16:14Este, me parece,
16:16que é um quadro
16:17sistêmico no Brasil
16:18que já trouxe
16:19uma série de erros,
16:20nós não podemos
16:21continuar no Brasil
16:22cometendo alguns erros
16:25que já foram cometidos
16:26no passado
16:26e levaram
16:27à anulação
16:28de uma série
16:29de decisões
16:32reveladoras,
16:33de operações
16:34reveladoras
16:35de esquemas
16:36de corrupção
16:37que o Brasil viveu.
16:40Está certo, doutor.
16:41Olha,
16:42muito obrigado
16:42pela entrevista,
16:44muito obrigado
16:44pela atenção
16:45e espero contar
16:46com o senhor
16:46em futuras participações
16:48aqui no Meio Dia em Brasília.
16:49Boa tarde.
16:50Boa tarde,
16:51conte comigo,
16:51um prazer estar contigo novamente,
16:53estar com,
16:53porque é um público
16:55ultra-selecionado
16:56que pensa
16:57ou está pensando
16:57e acompanhando aí
17:00os atores
17:01da política nacional.
17:03Uma boa tarde
17:04a todos.
17:23e aí
17:25a todos.
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