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Miss Holanda, que é trans, classificou-se para o campeonato. Por se tratar de um evento privado, quem dá as regras é a dona, que também é trans, diz Izabela Patriota em Crusoé.

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Transcrição
00:00Isabela, quero falar com você sobre o seu artigo dessa semana.
00:04Você fez um artigo essa semana falando sobre a questão da Miss Holanda,
00:08que é uma Miss trans, é uma mulher trans, que se classificou para o Miss Universo.
00:13E esse fato gerou uma consternação muito grande na internet, por diversas pessoas.
00:20Queria que você detalhasse um pouco mais desse artigo e da sua leitura, da sua visão
00:26sobre essa questão da Miss Holanda, que é uma mulher trans.
00:32Kenzo, eu tenho que começar o meu debate sobre isso, o meu posicionamento sobre isso,
00:38deixando claro que eu nunca fui uma grande fã desse concurso.
00:42Nunca assisti os Miss anteriores, nem nível nacional, nem nível internacional.
00:47E eu acredito que várias das pessoas que eu vi comentando agora recentemente no Twitter e no Instagram,
00:53contrário a isso, eu acredito veementemente que eles também não.
00:56Não sabem nem quem foi a última vencedora, muito menos quem foi a Miss Brasil no ano passado.
01:02E quem é que está realmente competitiva esse ano para representar o Brasil no Miss Universo.
01:08Acho até que esse concurso nem representa mais a sociedade que a gente vive.
01:11De qualquer forma, fazendo um pequeno aparato, um pequeno apanhado,
01:16esse concurso pertenceu ao ex-presidente Donald Trump em 2015, na sua integralidade.
01:23E em 2018, nós tivemos a primeira mulher trans classificada para o Miss Universo,
01:28que foi a Miss Espanha, no ano de 2018, que ela não galgou vários degraus no campeonato,
01:35e foi desclassificada.
01:36Esse ano, nós tivemos a primeira mulher trans já classificada para o Miss Universo,
01:42que foi na Holanda.
01:44Se trata, Kenzo, de um evento privado, com regras privadas,
01:48e atualmente, apesar de já ter sido propriedade de Donald Trump,
01:54atualmente o concurso pertence a uma mulher transmilionária tailandesa.
02:00Ela comprou os direitos do campeonato em novembro do ano passado pelo valor de 20 milhões de dólares.
02:07É uma indústria que movimenta milhões de dólares.
02:10Eu, certamente, não sou público-alvo nem audiência desse programa,
02:14mas eles têm um público cativo e pessoas que realmente assistem.
02:18E é certo que o número de pessoas LGBT e trans que estão realmente assistindo,
02:24participando, vem só crescendo também nesse concurso.
02:29É restar claro que regras privadas, titularidade privada,
02:34a gente tem que aceitar como o modelo que está posto.
02:38O concurso tem várias regras.
02:43Nos Estados Unidos, por exemplo, no ano passado, em outubro,
02:45a corte de apelação decidiu que, caso o concurso queira,
02:49ele pode impedir que as mulheres trans participem,
02:51porque eles têm várias outras regras, como determinada faixa etária,
02:55nunca ter tido nudes divulgados, nunca ter tido filhos, nunca ter sido casada.
03:00Então, essa poderia ser mais uma das regras.
03:02Não é.
03:03Então, agora, não é mais devagar sobre a questão de qual é o gênero biológico das participantes.
03:11É, resta não assistir, comprar ou comprar, barganhar a titularidade do evento
03:17com a trans milionária por 20 milhões de dólares,
03:20ou se criar um novo concurso em que não se aceitem as trans.
03:24Eu acho que devagar na internet sobre esse tema é o menos frutífero que se pode fazer.
03:29E, Isabela, inclusive lá no seu artigo, você fala sobre essa questão do percentual de mulheres trans,
03:38e também que é muito baixo, né?
03:40E em relação a essa questão da real competitividade entre elas.
03:45Queria que você explanasse um pouco mais desse ponto do artigo também para a gente.
03:50Tá.
03:51Aí é o que vem da nossa opinião profunda, né?
03:55Você, a questão, esse é um concurso de beleza, certo?
03:59Nós estamos falando de um concurso de beleza.
04:00Eu não estou num concurso de beleza, então a minha beleza é irrelevante
04:04para comentar ou para receber qualquer comentário sobre isso.
04:08Mas a dela é.
04:09De quem quer que esteja nesse concurso de beleza,
04:11a gente pode simplesmente devagar aqui sobre a beleza das participantes.
04:16A vencedora, ela não é bonita.
04:18Eu acho que qualquer um de nós aqui que compare ela,
04:21até com as outras competidoras, vai achar que ela estava muito...
04:25Ela não estava nem sequer competitiva com as meninas que estavam até na foto da capa
04:29que ilustram o meu artigo.
04:31Então, assim, mas esse argumento, ele também era trazido com as competidoras dos anos anteriores.
04:37Várias vezes, como eu falei, eu não acompanho, mas eu estava sempre no Twitter.
04:40Então, ano passado, quando a Miss Americana ganhou sobre a venezuelana,
04:44eu lembro a enxurrada de comentários dizendo que a Miss Venezuela era muito mais bonita
04:48que a Miss Americana que ganhou.
04:53E, assim, essa é uma questão de opinião mesmo.
04:55E eles têm vários outros critérios para decidir quem vai ganhar.
04:58Eu não acho que elas sejam tão competitivas quanto as mulheres cis.
05:01Mas essa é só uma opinião minha, mas elas estão lá aptas a competir.
05:07E tem uma coisa, como você falou com relação à questão de percentual, né?
05:11Eu olhei recentemente esse dado sobre o percentual de mulheres trans só no Brasil
05:16e só para trazer mesmo, para ilustrar o meu artigo.
05:19Tem menos de 2% de população trans e não binária no Brasil.
05:24Então, a gente não...
05:25E esse dado, ele não se divide entre quem é a mulher trans e quem é o homem trans
05:29e quem é o não binário.
05:30Então, assim, é provável...
05:31Se a gente pegar a população como na população cis,
05:35que é metade, um pouco acima da metade é de mulheres cis
05:39e um pouco a menos é de homens trans,
05:41talvez isso seja, assim, a gente esteja falando de 1% da população brasileira
05:45que é de mulheres trans, que, por exemplo, seriam elegíveis para participar do concurso.
05:52A mulher real, a mulher cis do dia a dia,
05:56ela não é o padrão mulher que compete num concurso de Miss Universal no Brasil.
06:02É a mulher normal, natural, que a gente vê no nosso dia a dia.
06:07O mesmo acontece com as mulheres trans.
06:09Só que as mulheres trans, antes de serem mulheres trans, elas eram homens.
06:15E para passar por toda essa transição, é que é um nível alto de cirurgia,
06:21um nível alto de ingestão de hormônios,
06:24que vai tornar a competitividade delas nesse tipo de campeonato
06:29muito mais difícil.
06:31Elas vão ter que passar por todo esse...
06:33Não que as mulheres cis, elas não passem por esse tipo de procedimento.
06:36Passam, sim, lógico, eu não estou nem falando sobre isso.
06:38Mas só para se tornar apta a um concurso de beleza,
06:42elas têm que passar por um número de cirurgias muito maior
06:44e iniciar toda essa transição muito antes que qualquer mulher cis.
06:48Então, foi sobre isso que eu falei até com relação à questão da competitividade.
06:51Porque é, uma competição é para você avaliar a feminilidade
06:58e a beleza dessas mulheres.
07:01Então, assim, para uma mulher cis, para uma mulher trans,
07:04para chegar na competitividade de uma mulher cis,
07:07ela tem que passar por um caminho muito mais longo
07:11até chegar a essa competitividade.
07:18Música
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