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Transcrição
00:00O ministro do STF, Luiz Roberto Barroso, tinha dois motivos para se retratar,
00:05depois de haver dito em Congresso da Uni em Brasília que nós derrotamos o bolsonarismo.
00:10O primeiro era ter participado de um evento de cunho político ideológico
00:13com a presença de políticos ligados ao atual governo.
00:17O segundo era ter se colocado como parte responsável pela derrota do grupo adversário.
00:22Agora Barroso tem um terceiro motivo, que é haver tentado sorrateiramente,
00:26assim como o próprio STF, ajustar o que disse sem fazer qualquer meia-culpa,
00:31nem sequer admitir que se expressou mal.
00:34O episódio ilustra como no Brasil o mau exemplo vem de cima.
00:39E o Papo Antagonista vai esmiuçar tudo isso em detalhes e muito mais, claro.
00:43Robson, meu cumpadre, solta a dinhetinha e vamos com tudo.
00:47Aconteceu, você fica sabendo aqui. Papo Antagonista.
00:51Muito bem. Durante o evento da União Nacional dos Estudantes em Brasília,
00:56nessa quarta-feira, o ministro Luiz Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal,
01:00afirmou que nós derrotamos o bolsonarismo.
01:03O magistrado deu a declaração ao reagir a vaias de estudantes
01:06que protestavam contra sua presença no local.
01:10Manifestantes ergueram uma faixa com a frase, aspas,
01:12Barroso, inimigo da enfermagem e articulador do golpe de 2016.
01:18Em alusão, a votação no Supremo sobre o piso salarial da categoria
01:22e o impeachment de Dilma Rousseff.
01:24Vamos acompanhar a fala do ministro do Supremo.
01:27Eu daqui com a energia renovada, pela concordância e pela discordância,
01:34porque essa é a democracia que nós conquistamos.
01:37Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura,
01:41nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia
01:47e a manifestação livre de todas as pessoas.
01:51Ao citar o enfrentamento da ditadura, Barroso afirmou
01:54que nós percorremos um longo caminho para que as pessoas pudessem se manifestar
01:58de qualquer maneira que quisessem.
02:00Vamos assistir também.
02:01O que só ditadura que fecha congresso, só ditadura que caça mandatos,
02:07só ditadura que cria censura, só ditadura que tem presos políticos.
02:13Nós percorremos um longo caminho para que as pessoas pudessem se manifestar
02:18de qualquer maneira que quisessem.
02:21Nós vivemos a democracia no Brasil.
02:24E a história aqui é reencontrar o meu próprio passado de enfrentamento
02:30com o autoritarismo, com a intolerância.
02:35Olha, vamos interromper aqui a exibição dos vídeos para fazer alguns comentários.
02:41Graieb, Wilson, todos aqui vão me acompanhar nessas análises,
02:46cada um formando o seu juízo.
02:47Quero deixar claro o seguinte, o Barroso tem um histórico ligado à esquerda
02:52e tem determinadas posições que estão à esquerda.
02:54Tudo isso é público e tudo isso aparece nas entrevistas dele.
02:58Nesse momento ele se referiu à época em que ele lutava contra a ditadura.
03:04Ele participou do movimento estudantil ali em 1976,
03:08quando ele entrou para a faculdade e ele integrou a chamada Esquerda Democrática,
03:14que era uma das alas do movimento estudantil que combatiam a ditadura militar.
03:21E era uma ala realmente de esquerda.
03:24O Barroso diz em entrevista que a direita estava no poder,
03:26então no ME, que é o movimento estudantil, não havia direita.
03:31Você tinha pessoas que ele próprio, Barroso, não consideravam ideológicas,
03:36porque havia várias nuances dentro daquele movimento.
03:39Mas ele era.
03:40Ele era de um grupo à esquerda.
03:43E ele tem até hoje posições que, se a gente pegar a divisão ideológica
03:47no debate político americano, que muitas vezes é usada como referência no Brasil,
03:51posições à esquerda, por exemplo, no caso de legalização das drogas,
03:55de legalização do aborto.
03:57Há algumas nuances aí, mas a posição dele é vista como sendo do campo da esquerda.
04:04Até aí não há uma grande novidade.
04:08Ele estava sendo vaiado ali por grupos de jovens esquerdistas.
04:14E ele estava sendo vaiado por duas posições que ele adotou,
04:18só para dar aqui o contexto.
04:21E nesse ponto até, as críticas que estavam sendo feitas a ele
04:25nem são muito coerentes, nem são muito legítimos,
04:29nem são muito justas, para usar a palavra correta.
04:33Porque no caso do piso da enfermagem, o Barroso era relator
04:36e ele simplesmente suspendeu esse processo
04:41até que fosse fornecida a forma de custeio para que aquilo acontecesse.
04:47Então, ele, dentro daquela discussão, foi um tanto de adulto na sala.
04:50Porque no ano eleitoral, os políticos quiseram fazer média com toda a categoria,
04:55mas não previram ali a forma de financiamento.
04:57Isso poderia gerar uma bola de neve, um efeito dominó nos estados,
05:01nos municípios, com uma série de problemas
05:02para custear aquelas medidas populares que eles estavam aprovando.
05:07Então, ele simplesmente segurou aquilo
05:09até que fosse liberado ali um projeto de lei
05:12determinando a forma de custeio.
05:14E então, o STF liberou o piso da enfermagem
05:16e o Barroso votou a favor dessa decisão,
05:19até num voto conjunto com o Gilmar Mendes.
05:22E ele ser acusado de articulador do golpe
05:25também não tem o menor cabimento.
05:27Eu, na época, até critiquei o Barroso nesse caso,
05:30porque, talvez alguns mais antigos se lembrem,
05:34teve até um momento em que ele deixou de ler um trecho
05:38do regimento da Câmara dos Deputados
05:40para justificar a suspensão de toda uma sessão
05:44em que houve votação secreta,
05:46só que a votação secreta era prevista no regimento.
05:49E você tinha um trecho ali e demais eleições
05:51dentro daquela casa legislativa
05:53que o Barroso pulou para tentar justificar
05:56que não fosse feito daquela maneira.
05:58Então, de certa forma, ele até freou
06:00um pouco aquele processo.
06:02E não foi conduzido por ele.
06:03Foi conduzido pelo Ricardo Lewandowski
06:05no Senado Federal, que era o então presidente do Supremo,
06:08e indicado pelo Lula.
06:10Salvou os direitos políticos da Dilma
06:11numa canetada, fazendo ali o fatiamento da votação,
06:16o que nunca aconteceu.
06:17Foi alvo de protesto até do Fernando Collor de Mello,
06:19mas não conseguiu salvar a Dilma
06:21do processo de impeachment.
06:22Foi alvo de protesto do Collor,
06:24porque o Collor perdeu o mandato
06:26e também perdeu os direitos políticos,
06:28coisa que não aconteceu com a Dilma,
06:30embora depois ela não tenha conseguido ser
06:32eleita senadora por Minas Gerais.
06:34Portanto, nas urnas, os mineiros
06:36acabaram não dando a ela
06:39esse bônus
06:40que os direitos políticos poderiam conceder.
06:43Então, eram duas críticas
06:45bastante rasteiras, superficiais,
06:48típicas de grupos políticos ideológicos.
06:50E o Barroso, para reagir à tentativa
06:54de se impedir que ele falasse naquele evento,
06:58ele estava lembrando de que ele combateu a ditadura,
07:02de que aquele tipo de procedimento não era adequado.
07:06Só que aí, para tentar se fazer parte daquele grupo,
07:10daquele universo,
07:12ele começou a comparar aquela atitude com a dos bolsonaristas.
07:15Aí ele politizou demais,
07:17partidarizou o discurso dele.
07:20Ele é ministro do Supremo Tribunal Federal.
07:23E aí, quando ele fala que nós combatemos a ditadura,
07:26a censura,
07:27nós derrotamos o bolsonarismo,
07:29aí ele perde completamente a razão.
07:31Eu já acho que não tem razão nenhuma de estar ali.
07:34Só que naquele conteúdo do discurso até ali,
07:37havia algum sentido.
07:39Quando ele fala que nós derrotamos o bolsonarismo,
07:42aí ele perde completamente a razão
07:44que o ministro do Supremo Tribunal Federal
07:46não tem que se colocar como parte
07:49de embates políticos eleitorais,
07:52nem sequer ideológicos nesse sentido.
07:54Ele tem que falar nos autos,
07:56ele tem que defender posições técnicas
07:58baseadas naquilo que aparece no protesto,
08:01como provas,
08:02como reivindicações das partes.
08:04Então, tem muita coisa errada aí
08:07que a gente vai analisar aos poucos.
08:09Eu dou meu boa noite ao Carlos Graebi primeiro.
08:12Tudo bem, Graebi?
08:13Suas considerações iniciais sobre esse imbróio.
08:16Felipe, boa noite.
08:18Boa noite, Wilson.
08:19Boa noite, pessoal do chat.
08:22É um erro.
08:25Do começo ao fim, essa história do Barroso.
08:28Eu estava agora vendo, revendo as imagens.
08:30O tom que ele adotou é tom de palante,
08:34é tom de político no meio de comício.
08:39A entonação toda, o dedo em riste,
08:43é tudo aquilo que você não deveria ver
08:47um ministro do Supremo fazendo.
08:50Ou seja, como você disse, Felipe,
08:53a mera presença dele naquele evento
08:57formatado daquele jeito
09:00não faz sentido.
09:03Tá bom.
09:04Vamos supor que o Barroso
09:05tivesse comparecido a um evento
09:08e que ele fosse falar
09:09com historiadores
09:11sobre a história do movimento estudantil.
09:14Não era nada disso.
09:16Era um movimento,
09:17era um evento
09:18que tinha, desde o início,
09:20uma cara
09:22de evento político-ideológico,
09:25como você bem chamou.
09:26Não político-partidário.
09:28porque a UNE não é
09:30um partido.
09:34E isso,
09:36se a gente for partir
09:37para as tecnicalidades,
09:38pode fazer alguma diferença
09:39lá na frente,
09:41porque estão falando
09:41impeachment e tudo mais.
09:43Mas isso aí depois a gente
09:44pode esmiuçar.
09:46Acredito que vamos esmiuçar
09:47com mais cuidado.
09:48Eu não deveria estar ali
09:49discursando de pé,
09:52com o dedo em riste,
09:53com a voz embargada
09:55de emoção.
09:57E
09:57o sincericídio,
10:02como bem chamou o Wilson
10:04também num artigo
10:05hoje no site,
10:07se deu.
10:09Sincericídio por quê?
10:11Porque ele expressou
10:12aquilo que está no íntimo dele.
10:14e que um
10:17ministro do Supremo
10:19deveria fazer tudo
10:21não para externar,
10:24não para pôr em prática,
10:25mas para reprimir.
10:28Que é
10:29a sensação de que ele é,
10:31a sensação,
10:32a crença,
10:33a convicção
10:33de que ele é um
10:35adversário,
10:36um inimigo do
10:37bolsonarismo.
10:39O Barroso
10:40foi atacado
10:41continuamente,
10:42severamente,
10:44pelos bolsonaristas,
10:45pelo Jair Bolsonaro,
10:48ele foi transformado
10:49em um alvo.
10:52Só que ele ocupa
10:52uma posição institucional
10:54como ministro do Supremo
10:56em que ele deveria
10:59trabalhar,
11:00fazer todo o possível
11:01para se afastar
11:03dessa história,
11:06desse histórico,
11:07e não mergulhar
11:09em um laguinho ideológico
11:11como esse da UNE,
11:14em que as chances
11:15dele ser
11:17levado
11:18a falar uma barbaridade,
11:20como ele falou,
11:21são imensas.
11:23Ou seja,
11:23foi uma imprudência
11:25do Barroso
11:26se meter nesse negócio
11:28no meio do ambiente.
11:31Ele abriu o bico
11:32e falou que o ministro
11:33não pode fazer,
11:34não pode falar.
11:35é mais um daqueles episódios
11:41que contribuem
11:43para degradar
11:45a nossa situação institucional,
11:48para degradar
11:49a confiança
11:50que as pessoas
11:51eventualmente ainda tenham
11:53na atuação
11:54do Supremo Tribunal Federal.
11:55E parece
11:59que os ministros
12:00não aprendem.
12:02Eles não aprendem.
12:04As situações
12:04se repetem
12:05e se repetem
12:06e se repetem
12:07e eles se metem
12:09nas encrentas
12:10como se fossem
12:12alunos
12:12de 18 anos.
12:14Wilson Lima,
12:15o que você considerou
12:16de sincericídio
12:18de Luiz Roberto Barroso?
12:21Boa noite, Felipe.
12:23Boa noite para você
12:23no chat.
12:24Boa noite para você,
12:26brasileiro de bem
12:27que não fala bobagem
12:29em Congresso da UNE.
12:31Eu acho que essa
12:32é a tônica do dia.
12:34Se for para o Congresso,
12:36não fale.
12:38Eu acho que essa
12:38seria a frase perfeita
12:40desta noite de ontem.
12:43Felipe,
12:43você fez um emaranhado
12:45bastante complexo
12:47sobre esse tema.
12:48É engraçado
12:48que quando você toca
12:50nesses vários pontos,
12:53eu estou anotando aqui
12:53vários aqui
12:54para a gente tentar
12:55destrinchar esse assunto
12:56da forma mais didática
12:57possível.
12:59E aí, Felipe,
13:00eu quero corroborar
13:01com o teu argumento
13:03em um ponto específico.
13:05Nós precisamos separar
13:07o Barroso,
13:09pessoa física,
13:10do Barroso,
13:11ministro de Supremo
13:12Tribunal Federal.
13:14Ponto.
13:15Assim como é na vida,
13:17pode ser como o Supremo,
13:19pode ser como na vida.
13:19Nós aqui,
13:21como jornalistas,
13:22nós fazemos muito bem
13:23essa separação.
13:25Existe o Felipe Moura Brasil,
13:26pessoa física.
13:27Existe o Felipe Moura Brasil,
13:29pessoa jurídica,
13:30jornalística.
13:31Existe o Graer,
13:32pessoa física.
13:32Existe o Graer,
13:34pessoa jurídica.
13:34Existe o Wilson,
13:35pessoa física.
13:36Existe o Wilson,
13:37pessoa jurídica.
13:38Mas mesmo assim,
13:40o decoro da atividade
13:42jornalística nos obriga
13:44a colocar
13:45as nossas preferências
13:48pessoais
13:48ali no cantinho.
13:51Isso é importante.
13:53Imagina
13:53um ministro do Supremo
13:55deveria
13:57zelar por essa
13:58mesma posição.
14:00Tem uma questão
14:00na sociedade brasileira,
14:01Felipe,
14:02que todo mundo
14:02fala
14:04o Galvão Bueno
14:05é flamenguista,
14:06porque as pessoas
14:07associam que o Galvão Bueno
14:09quando narra
14:09um jogo do Flamengo
14:10narra com mais vibração
14:11do que um jogo do Vasco.
14:14Imagina um ministro do Supremo
14:15numa situação dessa.
14:16Quando ele fala
14:17nós derrotamos
14:18o bolsonarismo
14:19e quando ele confunde
14:22as figuras
14:23da pessoa física
14:24com a pessoa jurídica,
14:26quando ele cria
14:27essa confusão
14:28na sociedade,
14:29ele cria um problema
14:31gravíssimo
14:32para a própria democracia.
14:35Que a partir de agora
14:35o cidadão
14:36que está lá na base,
14:38ele vai pensar
14:38ué,
14:39eu vou conseguir
14:41acreditar
14:43na decisão
14:44deste ministro
14:45do Supremo
14:46do Tribunal Federal
14:46quando ela envolver
14:48o ex-presidente
14:48da República?
14:50Esse é que é
14:51o grande problema
14:52dessa declaração,
14:53Felipe.
14:53do Supremo
14:54do Supremo
14:54do Supremo
14:55do Supremo
14:55Legenda Adriana Zanotto

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