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Lula afirmou nesta segunda-feira (17) esperar concluir um acordo “equilibrado” entre Mercosul e UE ainda em 2023. O presidente está em Bruxelas, onde participa da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com a União Europeia.
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NotíciasTranscrição
00:00Bom, Lula confirmou que espera concluir um acordo equilibrado entre Mercosul e União Europeia ainda este ano, em 2023.
00:10O presidente está em Bruxelas, que é a capital belga, onde ele participa da cúpula da comunidade dos estados latino-americanos e caribenhos,
00:18que é a CELAC, com a União Europeia.
00:21Eu vou conversar agora com o Pedro da Mota Veiga. Pedro é um estudioso de política internacional, atua há 15 anos como diretor do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento.
00:37E a gente vai conversar com o Pedro para tentar desmistificar o que é que está acontecendo lá em Bruxelas e qual o impacto que isso pode ter para a gente aqui.
00:49Tudo bom, Pedro?
00:51Tudo bem, e você?
00:53Em paz. Obrigada, antes de tudo, por participar.
00:56Então, Pedro, eu queria primeiro te perguntar uma coisa.
01:00Lula tem feito várias reclamações sobre esse assailer, que seria esse protocolo adicional que foi posto pela União Europeia.
01:09E um dos pontos trata do desmatamento, mas também diz que poderia prejudicar a economia brasileira com regras mais protecionistas.
01:19Na sua avaliação, o presidente tem razão nessas críticas ou não?
01:25São críticas que podem prejudicar um acordo que seria, em tese, importante para o Brasil?
01:31Olha, eu acho que o governo está oferecendo resistências ao acordo, o governo brasileiro.
01:39Os governos do PT nunca gostaram de acordos comerciais com países desenvolvidos.
01:44teve aquele momento no segundo governo Lula, o primeiro governo Lula da Alca, que é um acordo com os Estados Unidos e outros países da América Latina,
01:55e o Brasil foi um dos principais países que resistiram e acabaram torpediando a tentativa daquele acordo.
02:01Da mesma forma, uma boa parte da dificuldade para negociar esse acordo do Mercosul União Europeia, que já dura 20 anos a negociação,
02:10tem a ver também com isso, com a resistência que você tem no governo brasileiro, do lado do PT, principalmente,
02:16os governos do PT, em negociar e assinar esse tipo de acordo com países desenvolvidos.
02:23Por outro lado, é claro que você pode argumentar, não, mas os europeus são protecionistas na área agrícola.
02:30É verdade isso também.
02:32Não se pode nunca descartar os interesses protecionistas europeus.
02:37Bom, isso, digamos assim, é o pano de fundo da coisa toda, né?
02:41O fato é que nós temos um acordo pronto, praticamente, desde 2019, um acordo de princípio, como se chama,
02:49que já estava preparado para ser assinado.
02:53E os europeus, há alguns anos, vêm falando que iam apresentar uma side letter,
02:59porque estavam muito preocupados com a política ambiental do governo Bolsonaro,
03:04e que isso não seria uma coisa vendável, um acordo que não tivesse uma preocupação extra com isso,
03:09não seria uma coisa vendável lá para o eleitorado europeu.
03:13Então, apresentaram essa side letter, Júlio.
03:15É uma coisa...
03:17Não consigo ver um risco muito grande dessa side letter, de jeito nenhum.
03:22De jeito nenhum.
03:23A gente analisou com bastante cuidado, a gente escreveu sobre isso, publicou em jornal.
03:27Eu acho que é preciso muita má vontade, muita vontade de atrapalhar para ver nessa side letter um grande problema.
03:37Até porque essa side letter foi submetida ao governo brasileiro e aos governos do Mercosul
03:41para ser analisada e, eventualmente, ser negociada.
03:46É um instrumento de negociação.
03:47A gente apresenta isso aqui, vocês aí reajam, que é isso que o Mercosul, aparentemente, agora está fazendo.
03:55Parece que agora vai ser apresentado aos europeus lá, em Bruxelas,
04:00essa resposta do Mercosul à side letter.
04:04E que provavelmente não vai ser discutida nessa cúpula, porque essa cúpula tem outros assuntos,
04:08é mais uma retomada dos encontros de alto nível entre os europeus e os latino-americanos,
04:16que é uma coisa que aconteceu muito pouco nos últimos anos.
04:20Não vai ser discutida ali, eu acho.
04:23Você sempre pode ter nessas cúpulas uma conversa paralela,
04:25mas não vai resolver nada em relação, me parece, em relação ao acordo do Mercosul-União Europeia.
04:30Os europeus vão receber aquilo e vão analisar.
04:33Agora, a resposta do Mercosul.
04:35Você acha, então, que existe possibilidade de simplesmente esse assunto passar abatido?
04:41Ou seja, a gente não teria, nesse primeiro momento, uma definição mais concreta, então, sobre esse acordo?
04:47Ah, eu acho que não vai estar, porque não vai ter, porque, olha só,
04:51vamos que agora, e é isso que eu acho que eu li de manhã no jornal,
04:56que agora seria entregue, o Lula teria dito, não, pode entregar a resposta do Mercosul à União Europeia.
05:03Essa carta vai ser entregue, essa resposta vai ser entregue agora.
05:07Eu acho que não vejo a menor chance dos europeus responderem a isso.
05:14O Mercosul ficou quatro meses para responder a side letter da União Europeia.
05:18A side letter foi entregue no mês de março, em Buenos Aires.
05:22Estamos no mês de julho, praticamente, dia a dia, quatro meses.
05:26Acho que, na menor hipótese, a side letter ser respondida,
05:30eu tenho uma resposta oficial da União Europeia nessa cúpula.
05:35Acho que é uma coisa que agora vai ter um processo.
05:38Os europeus vão, digamos, processar isso, vão analisar,
05:43e aí, digamos, cada um com a sua side letter pode sentar na mesa de negociação
05:48para ver o que dá para fazer.
05:50Mas, agora, nessa cúpula, eu acho que talvez a entrega da carta,
05:55uma reunião paralela à Mercosul na União Europeia.
05:57Mas, vamos lembrar que tem 33 países latino-americanos nisso também.
06:02Não é uma cúpula Mercosul na União Europeia.
06:04Não é uma cúpula na União Europeia, na América Latina.
06:10Isso não é um assunto central para toda a América Latina.
06:13Isso é um assunto importante para a gente, para a União Europeia.
06:16Mas tem outros canais para discutir isso.
06:19Outra coisa que eu queria te perguntar é o seguinte.
06:21Esse encontro não acontecia desde 2025?
06:26Me corrija isso?
06:2725, não.
06:2825 ainda não passamos por isso.
06:31Como?
06:32Ainda não passamos por 2025.
06:35Desde quando?
06:37Não, mas digo assim, você está falando de 2015 ou 2018?
06:40Isso, perdão.
06:42E aí, o que eu queria te perguntar é o seguinte.
06:44Há uma tentativa de retomar o diálogo entre os dois blocos, não é mesmo?
06:49Só que tem uma série de questões no meio.
06:51Como é que está essa construção de diálogo hoje, a partir de, seja declarações que a União Europeia tem tentado se impor, por exemplo, a gente tem a guerra na Ucrânia e outras questões econômicas.
07:05Como é que está essa relação hoje entre esses dois blocos?
07:08Existe espaço para retomada de diálogo?
07:11Olha, existe espaço, sem dúvida que existe.
07:13Não tem a menor dúvida.
07:15Você tem, normal, divergências em relação a fatos internacionais, a guerra da Ucrânia, por exemplo.
07:22Uma boa parte dos países da América Latina não tem a visão europeia sobre a guerra na Ucrânia.
07:28Eu acho que, qualquer que seja a opinião que a gente tenha sobre isso, eu acho que a União Europeia está interessada em retomar o diálogo com os países latino-americanos,
07:43tem essa percepção europeia de que a China avançou muito na América Latina e de que eles perderam espaço na América Latina.
07:52Agora, tem dificuldades também, tem dificuldades porque a América Latina também, primeiro, o que você falou, são dois blocos.
08:00Quer dizer, lá é um bloco, é um bloco que tem instituições que organizam as divergências dentro do bloco, que fazem a interface com os outros países e regiões do mundo.
08:15A América Latina não é um bloco, a América Latina é uma região geográfica com países diferentes, com interesses eventualmente muito diferentes,
08:24com visão do mundo bastante diferente também, em função dos seus interesses econômicos, proximidade com os Estados Unidos, outros, alguns outros com outros, tipo de aproximação com a China também, enfim.
08:37Uns que estão vivendo crise profunda, como a Argentina, outros que estão em uma situação um pouquinho melhor, mas enfim.
08:43A América Latina também é isso, talvez seja bom dizer isso.
08:47Uma situação econômica bastante complicada, né?
08:50Bastante complicada.
08:51Não está, talvez assim, possa dizer que o México está economicamente com uma perspectiva melhor, por conta da proximidade com os Estados Unidos,
09:02pelo fato de que está sendo um beneficiário dessa reorganização das cadeias de valor, tem muito investimento que estava na Ásia, que está indo para o México.
09:11O México tem essa perspectiva, sim.
09:14Os outros países da América Latina estão em uma situação bastante complicada, inclusive o Chile, por exemplo, que era considerado o bom aluno da América Latina,
09:21também está passando uma situação política com efeitos econômicos bastante complicada.
09:26A Colômbia, que elegeu o presidente de esquerda pela primeira vez, também entrou num ritmo menos promissor, assim, mais conflituoso.
09:36Então, a América Latina é um parceiro difícil também, né?
09:40Como bloco é um parceiro difícil.
09:42E, individualmente, também, aqueles que seriam, digamos, os principais países da região, né?
09:48Argentina, Colômbia, Brasil, México.
09:51A situação não está muito simples, não, né?
09:53É muito...
09:55Tudo em situação econômica mais ou menos delicada.
09:58Diferente entre eles, mas é difícil ver a América Latina como um bloco, como uma coisa muito promissora.
10:06Mas eu acho que é esse esforço que a União Europeia está tentando fazer, com risco de sair dessa reunião, basicamente,
10:12dessa cúpula, algumas declarações de intenção, promessas de investimentos meio vagas,
10:17você não sabe bem quem vai fazer.
10:19E, mais uma vez, a gente continuar rodando numa coisa meio mais retórica do que efetiva.
10:25Só queria te fazer uma última pergunta, Pedro, e aí é uma avaliação mais genérica.
10:30O presidente Lula tem apostado muito nas agendas internacionais.
10:34Como é que você tem visto as declarações do presidente nessas agendas no exterior?
10:40Ele tem seguido uma linha coerente, uma linha que, de fato, está nessa inconsonância com a postura de tentar
10:48retomar um protagonismo internacional?
10:51Ou você tem algumas ressalvas?
10:53Eu queria uma avaliação tua.
10:55Eu acho que é isso que você falou.
10:57Está claro o investimento que o Lula e que o governo estão fazendo na agenda internacional.
11:04está se posicionando, como acontece geralmente quando o Lula olha para o mundo,
11:11com, visivelmente, uma agenda talvez um pouco ambiciosa demais, entendeu?
11:17Se mete com muita opinião sobre a Ucrânia e, ao fazer isso, não ganha grande simpatia
11:24e ganha bastante antipatia, bastante resistência de países que são potenciais investidores
11:31no Brasil, Estados Unidos, Europa.
11:36Eu acho que o Brasil tem uma janela de oportunidade para o cenário internacional,
11:41que é a coisa ambiental.
11:43O Brasil tem ativos que podem posicionar ele bem.
11:47Mas aí é preciso que a política ambiental brasileira vá além do controle do desmatamento,
11:51entendeu?
11:52É preciso ter uma postura de ator global na área de mudança climática, essas coisas.
11:59Acho que ainda não fomos capazes de chegar lá, não.
12:04E é uma área que gera muito menos conflito, porque ninguém é a favor do aquecimento global,
12:09ninguém é a favor da mudança climática.
12:11Ela vai acontecer, está acontecendo e vai acontecer.
12:13Se você se posta com um país que quer enfrentar isso, que quer enfrentar isso domesticamente,
12:19internacionalmente, é uma postura que angaria basicamente apoio e prestígio para o país.
12:25Agora, a guerra da Ucrânia, o Brasil não tem a menor relevância para a guerra da Ucrânia,
12:31a menor relevância, ninguém vai mexer um dedo por causa da posição brasileira.
12:35E é um tema divisivo, divisivo internacionalmente e domesticamente também.
12:42Então, acho boa parte das declarações do Lula no cenário internacional bastante controvertidas
12:50e, às vezes, excessivas, eu sei.
12:53Podia ter uma coisa mais focada no que interessa ao Brasil, efetivamente.
12:58Perfeito, professor Pedro.
13:01Obrigada pela sua participação.
13:03Eu vou colocar agora, só para a gente não sair desse assunto,
13:07um trechinho.
13:08A gente conversou no podcast Cinco Minutos com o Duda Teixeira,
13:12que é o editor da revista Cruzoé,
13:14e o Duda também falou sobre essa cúpula.
13:18Tá bom. Obrigado, viu, Júlia?
13:20Obrigada.
13:22Hoje eu converso com o Duda Teixeira.
13:24Ele é editor da revista Cruzoé e vai comentar
13:26o que a gente pode esperar da passagem de Lula por Bruxelas
13:30e também qual deve ser o teor e o tom do discurso do presidente.
13:35Oi, Júlia.
13:36Bom, vamos lá.
13:37O que a gente pode esperar dessa cúpula União Europeia-CELAC?
13:42Bom, primeiro, pensando aí no discurso do Lula.
13:46O Lula provavelmente vai de novo usar aí algumas desculpas,
13:52alguns subterfúgios para tentar melar o acordo
13:56entre a União Europeia e Mercosul.
14:00Então, provavelmente, a gente vai ouvir ele falando
14:02da questão das compras governamentais, que ele acha que...
14:06Música
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