'Foi uma sequência de erros', diz Jungmann, sobre polêmica entre Aziz e Forças Armadas

O Antagonista

Em entrevista ao Papo Antagonista desta sexta-feira, Diego Amorim entrevistou o ex-ministro da defesa Raul Jungmann, que comentou a polêmica entre o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), e as Forças Armadas. Ele afirmou que a tensão no episódio foi elevada devido a uma "sequência de erros". -- Cadastre-se para receber nossa newsletter: https://bit.ly/2Gl9AdL​  Confira mais notícias em nosso site: https://www.oantagonista.com​  Acompanhe nossas redes sociais: https://www.fb.com/oantagonista​ https://www.twitter.com/o_antagonista​ https://www.instagram.com/o_antagonista

Transcript

00:00Já estamos conectados com o ex-deputado federal Raul Jugman,

00:04também ministro da Justiça e da Segurança Pública no governo de Michel Temer.

00:09Muito boa noite, ex-ministro Jugman, seja muito bem-vindo ao Papo Antagonista,

00:13é uma alegria recebê-lo aqui.

00:16Olha, alegria minha, Diego, boa noite para você e todos aqueles que nos veem e ouvem,

00:20é um prazer estar aqui sendo entrevistado por você,

00:24sem a menor sombra de dúvida, eu que sou um leitor assíduo

00:27de tudo aquilo que você tem escrito e tem escrito com muito trabalho e muito bem.

00:32Muito obrigado, ministro.

00:34Ministro, sempre que tem confusão envolvendo a caserna, a crise militar,

00:40eu dou uma ligadinha para o senhor e o senhor sempre, até aqui,

00:44me tranquiliza, me traz uma visão um pouco mais ponderada, mais moderada,

00:51vamos lá, não é bem assim, vamos ter calma,

00:54tem muita gente com sensatez na caserna, tem muita gente com bom senso.

00:59Quero perguntar se o senhor continua hoje com esse mesmo sentimento

01:03ou o senhor vai me deixar um pouquinho mais apreensivo?

01:06Olha, eu acho que nós temos aí uma sequência de alguns erros.

01:11Primeiro, se inicia com o presidente da CPI,

01:14que faz uma agenda

01:16banda podre das Forças Armadas,

01:22ele está convocando a resposta.

01:24Nenhuma corporação que defenda a sua honorabilidade,

01:27que defenda os seus valores, pode deixar isso passar em branco,

01:29ainda mais com o presidente da CPI de um Senado Federal.

01:33Então, o presidente da CPI cometeu...

01:36Cortou, desculpa te interromper,

01:38é porque falhou bem no momento que o senhor falou,

01:40então o senhor não concorda com o uso da expressão

01:42banda podre pelo senador Omar Aziz?

01:44Não, não, não posso concordar.

01:47As Forças Armadas, Diego,

01:49são absolutamente intransigentes com a corrupção

01:52e não compactuam com ela, são valores.

01:56Se alguns dos seus membros cometeram desvios,

01:59evidentemente eles têm que ser punidos,

02:00mas isso não pode significar de forma alguma

02:04que você generalize, nem para parte, nem para o todo,

02:08instituições como são as Forças Armadas.

02:10Então, um homem experiente como é o senador e ex-governador Omar Aziz

02:14não poderia ter cometido esse deslize, esse erro.

02:17É inaceitável o que ele fez.

02:19Agora, em seguida nós temos uma nota

02:21do senhor ministro da Defesa e os comandantes militares.

02:25Duas observações.

02:26Eu acho que não era necessário aquela nota.

02:29Em primeiro lugar, porque isso poderia ter sido uma resposta

02:32através da assessoria de imprensa.

02:34Simplesmente repudiando, que era o fato,

02:37e reafirmando os valores das Forças Armadas,

02:39porque é assim que o povo brasileiro vê as suas Forças Armadas,

02:43como aquelas que têm valores,

02:46e dentre esses valores, sobretudo o respeito à coisa pública

02:49e o repúdio a qualquer tipo de corrupção e desvio de ela.

02:53Então, isso é uma coisa que não precisava, no meu modo de entender.

02:56Além disso, se o ministro da Defesa é o representante político

03:00das Forças Armadas, não tem porquê também

03:03eles assinarem os comandantes em solidariedade.

03:06Não é necessário.

03:07Então, eu acredito que isso poderia ter começado a refluir

03:11a partir da resposta.

03:12E a resposta veio, efetivamente, dois tons acima

03:15daquilo que seria necessário, pelo menos o meu entendimento.

03:19Em seguida, há um gesto, que é um gesto importante,

03:22que foi, segundo você próprio noticiou,

03:26que o ministro da Defesa e o comandante do Exército

03:29ligaram para o presidente do Congresso e do Senado

03:32e colocaram que não estavam atacando o Senado,

03:36que estavam se defendendo, etc., etc.

03:38E o presidente do Congresso, o Senado mineiro,

03:41como você bem disse, embora que tenha sido firme,

03:43ele não foi estridente, mas eu assisti o que ele falou,

03:47acho que ele foi firme e disse o que precisava ser dito.

03:49Ele então disse, olha, o caso está encerrado, foi mal entendido.

03:52E hoje, nós nos defrontamos com a entrevista no Globo,

03:55que você também comentou, do brigadeiro que venceu

03:59o comandante da Força Aérea.

04:02Ela foi inadequada.

04:04Ela significa que, pela primeira vez, nós temos um comandante

04:07de força dando um passo além da linha vermelha,

04:12que é a participação, pelo que eu entendi,

04:14pelas respostas que ele disse, em assuntos que são assuntos

04:16políticos e que não dizem respeito a um comandante de força

04:20de uma instituição de Estado.

04:22De Estado. Por que de Estado?

04:24Porque não é governo nem oposição.

04:25Forças armadas, Diego, existem para defender

04:28todos e todas as brasileiras e brasileiros.

04:31E não tomar posição a favor deste ou aquele governo,

04:34desta ou aquela oposição.

04:36Agora, vamos esperar que a gente possa, digamos assim,

04:40refluir nessa crise, que não interessa absolutamente ninguém.

04:47Mas, por último, deixa eu te tranquilizar.

04:50Erro existem.

04:52Falhas existem.

04:53E eu citei elas aqui.

04:55Mas as Forças Armadas, eu lhe asseguro,

04:57elas continuam absolutamente alinhadas com a Constituição

05:01e não estão disponíveis para nenhuma aventura inconstitucional

05:05ou que desrespeite à democracia.

05:07Júlio, o governo Bolsonaro, ele tem generais da ativa

05:15como parte do seu governo, como ministros palacianos,

05:18teve o Eduardo Pazuello como ministro da Saúde

05:20e foi o que eu comentei agora há pouco na entrevista com o Pacheco.

05:24Sempre que questionado sobre esse assunto,

05:26as Forças Armadas dizem que é preciso separar uma coisa da outra.

05:31Temos no Congresso lá já projetos para proibir generais da ativa

05:36de exercer encargos públicos.

05:40O que você pensa disso?

05:42Eu penso que boa parte dessa crise pode ser atribuída ao Congresso Nacional.

05:49Porque ele já deveria, já passa e muito da hora,

05:52de regulamentar a presença de militares da ativa no governo.

05:56Qualquer governo.

05:58Vou explicar isso através de um exemplo absurdo.

06:01Me permita.

06:01Um exemplo absurdo.

06:02Imaginemos agora você, Diego, presidente da República.

06:07E imagine que eu sou o comandante do exército.

06:09Então você me liga e diz, comandante, eu quero o Estado-Maior,

06:14que são 17 generais de 4 estrelas,

06:17comandante, mas 13 generais de 4 estrelas,

06:19compõe esse que é o mais alto nível colegiado de decisão da força,

06:26de qualquer força.

06:27Eu quero todo o alto comando do meu governo.

06:29O que eu posso fazer?

06:31Duas coisas.

06:33Ou eu admito esse absurdo e aceito,

06:37ou então eu peço demissão.

06:38Porque não existe uma regra que impeça que isso aconteça.

06:41É evidente que isso não aconteceria de forma alguma.

06:44Mas é para demonstrar a responsabilidade que o Congresso Nacional

06:48não vem tendo com essa questão.

06:50Porque a ele cabe isso.

06:52Ora, se ao Congresso Nacional cabe as decisões mais extremas

06:56que um país pode tomar sobre si mesmo,

06:58que é fazer a guerra e declarar a paz,

07:00porque se errar, adeus para o país, pedaço da nação,

07:03ou seu próprio povo.

07:05Será que ele já não deveria ter assumido essa responsabilidade

07:08e regulamentado isto?

07:09Porque senão fica exatamente essa situação

07:11que é de uma promiscuidade absolutamente inadmissível.

07:16Para mim, militares da ativa poderiam estar em dois lugares.

07:20No Ministério da Defesa, sem a menor sombra de dúvida,

07:23e no GSI, que faz a guarda do Palácio, do Presidente, do Vice-Presidente.

07:28Afora isso, não entendo haver razões para militares da ativa estarem,

07:32por exemplo, na AGU, para estarem no Supremo Tribunal Federal

07:36ou no Ministério da Saúde.

07:38Porque militares, eles precisam ser aperfeiçoados, Diego.

07:41Eles precisam ser adestrados no seu trabalho, na sua profissão.

07:46E, além disso, isso vai representar uma proximidade,

07:50uma promissividade com o governo e com a política.

07:52E eles são o quê?

07:53A instituição, a instituição de Estado,

07:56a instituição que defende o país, que defende o povo,

07:58que defende a todos nós e a soberania.

08:00Então, não há nenhuma razão para que isso não tenha sido regulamentado.

08:04Só excepcionalmente, excepcionalmente,

08:07como acontece nos países democráticos, consolidados e assim por diante,

08:11é que militares da ativa exercem cargos.

08:13Mas esses cargos, como eu já disse e vou repetir,

08:17eles são uma exceção.

08:19E, atualmente, não existe nenhuma trava,

08:21não existe nenhuma regulamentação a esse respeito.

08:24O que é ruim para os militares,

08:26o que é ruim para a democracia.

08:29Por que o senhor acha que parte das Forças Armadas

08:32abraçou o bolsonarismo?

08:34Olha, eu não diria que, enquanto instituição,

08:39eles não abraçaram.

08:40Como todos os brasileiros, existem aqueles que são pró-Bolsonaro

08:44e aqueles que estão na oposição.

08:46Eu acho que o que aconteceu,

08:48em primeiro lugar,

08:49é preciso lembrar que a presença de militares,

08:52em governos anteriores,

08:53eles também existiam e estavam lá em bom número.

08:56Agora duplicou, ou talvez mais do que isso.

08:58E, novamente, volto a dizer,

09:00por irresponsabilidade do Congresso Nacional,

09:04que eu tenho insistido que já deveria ter feito

09:06e tomado esse tipo de providências.

09:08Talvez nós não estivéssemos diante da crise que aí está.

09:11Então, existe, sim, muitas vezes,

09:14uma convergência de valores.

09:15E houve também um fato que foi o antipetismo,

09:19que foi muito exacerbado durante o processo da Lava Jato.

09:23E não só o antipetismo.

09:24Na verdade, os três partidos que faziam o jogo democrático

09:28desde o fim do regime militar e início,

09:31a redemocratização, que era a MDB, PT e PSDB, você sabe,

09:34eles foram durissimamente atingidos.

09:36E também os seus líderes criou-se um vazio.

09:39O eleitor, em 2018, voltou com raiva.

09:41Quem é que expressava exatamente esta raiva?

09:45Quem era fora do sistema?

09:46Exatamente, Jair Bolsonaro.

09:49E os militares, como os brasileiros,

09:51acredito eu que em bom número,

09:52eles apoiaram Jair Bolsonaro.

09:55Mas chama atenção para o seguinte,

09:57eu não falo, não represento Forças Armadas,

10:00é importante dizê-lo,

10:01mas pelo que conheço, pelo que converso,

10:03pelo que eu tenho ouvido,

10:04há um mal-estar crescente com as atitudes

10:07do senhor presidente da República,

10:08inclusive no meio militar.

10:12Presidente, mais cedo...

10:13Presidente, me desculpe, ministro.

10:16Mas era você o presidente aqui.

10:17É, mas cedo eu conversei com um cientista político,

10:23o Leonardo Barreto,

10:24conhecido cientista político,

10:26ele me fez uma análise que eu achei bastante pertinente

10:29e até publiquei no Antagonista.

10:31Ele disse, ora,

10:32quando os generais da ativa topam

10:35assumir esses cargos públicos,

10:38eles topam jogar o jogo político.

10:40E o que a gente está vendo na CPI

10:42é também um jogo político.

10:46Poderiam ser generais,

10:48poderiam ser,

10:48como o Pacheco próprio disse agora também

10:50na entrevista comigo,

10:51poder ser advogado, jornalista,

10:53não importa qual a profissão.

10:56Quem estivesse no Ministério da Saúde

10:57vai ser investigado

10:59no meio desse escândalo aí das vacinas.

11:01Não é porque o general Pazuello

11:02podia ser o jornalista Diego,

11:05lá do Ministério da Saúde.

11:07E aí,

11:09para o Leonardo Barreto,

11:10os militares estão

11:13ou não estão entendendo

11:14ou estão fingindo não entender,

11:16não compreender,

11:16que a partir do momento

11:17em que eles toparam isso,

11:20eles vão ter que arcar também

11:21com o jogo político.

11:23Você concorda com isso, ministro?

11:25Eu acho que,

11:26seja permanecendo na caserna,

11:31seja fora da caserna,

11:33ninguém está acima da lei.

11:36E a lei é clara.

11:37A lei é absolutamente objetiva e clara.

11:39quem praticar qualquer tipo de crime

11:42contra o bem público,

11:44contra os recursos,

11:46contra, enfim,

11:48a lei,

11:48sejamos claros,

11:49tem que ser investigado

11:51e se for comprovado

11:52que cometer o delito,

11:53tem que ser punido.

11:53E aí eu não faço

11:54nenhuma distinção a esse respeito.

11:56Agora,

11:57em observação ao que disse

11:59o cientista que você falou,

12:01é exatamente por isto,

12:03é exatamente por isso.

12:04porque o jogo da política

12:06é um jogo com seus códigos,

12:08com seus valores,

12:09com, evidentemente,

12:11partidos,

12:12e com oposição e governo.

12:14E militares não têm que entrar nisso.

12:16Militares,

12:17eles são instituições nacionais,

12:20permanentes,

12:21regulares,

12:21estruturados de acordo

12:22com hierarquia e disciplina.

12:24E para eles,

12:25não há distinção entre brasileiros,

12:27não há distinção entre governo e oposição.

12:29Eles estão para defender

12:30o país e a nação

12:32e têm prestado

12:33grandes serviços

12:34a esse respeito.

12:35Têm ajudado a construir

12:36o Estado Nacional,

12:37têm um histórico

12:38de serviços prestados ao país.

12:40E não podem nunca

12:41se confundir

12:42com qualquer governo.

12:44Qualquer governo.

12:45Não só esse,

12:46como o anterior.

12:47Agora,

12:47há um problema.

12:48O poder político,

12:50e aqui vamos chegar

12:50no cerne da questão, Diego,

12:52o poder político no Brasil,

12:54ele não assume

12:55essas responsabilidades

12:56de dizer qual a defesa

12:58que o Brasil precisa.

12:59e, tampouco,

13:00qual o papel dos militares

13:01nessa mesma defesa.

13:03Então, o que acontece?

13:05O que acontece

13:05é que,

13:06na medida em que

13:07o poder político,

13:08o Congresso Nacional,

13:09se exime da responsabilidade

13:10que é constitucional dele,

13:11os militares passam a assumir,

13:14passam a ter,

13:15inclusive,

13:15a responsabilidade

13:16da tutela

13:18sobre a existência da nação.

13:20E isso significa o quê?

13:21Uma irresponsabilidade

13:23e uma alienação

13:24do poder político

13:25com relação

13:26à defesa

13:27que cabe ao país

13:28e o papel

13:29dos militares.

13:31Então,

13:31nós ficamos,

13:32muitas vezes,

13:32criticando os militares.

13:33Ora,

13:34não é democracia,

13:34todos somos criticados.

13:36Democracia

13:36não é o regime

13:37do consenso,

13:38mas sim do dissenso

13:39regulado de acordo

13:40com a lei.

13:41Pois bem,

13:42na medida em que

13:42um poder

13:43não assume a responsabilidade

13:45com a defesa

13:45da nação

13:46e um militar

13:47se dispõe a morrer

13:48para defender a nação,

13:50ou seja,

13:50nós brasileiros,

13:51o país e a soberania,

13:53evidentemente que ele tem

13:54uma enorme frustração

13:55ao ver que o poder político

13:56simplesmente não entende,

13:58não dialoga,

13:59não propõe.

14:00E outra coisa,

14:01para liderar militares

14:02é preciso ter projeto

14:03para eles

14:04e projeto

14:05para a defesa nacional.

14:07Faço a você

14:08uma proposta,

14:10abra o site

14:11de qualquer partido

14:12do Brasil

14:12e procure

14:13o que eles estão dizendo

14:14sobre a defesa nacional

14:15e as forças armadas.

14:16Eles dizem pouquíssimo,

14:18platitudes

14:19e praticamente nada.

14:21Ou seja,

14:21o poder político

14:22no Brasil,

14:23ele não tem liderança

14:25porque não tem projeto

14:26e não sabe definir

14:27qual é o papel

14:28a esperar

14:29das forças armadas brasileiras.

14:31Essa é a questão.

14:34Ministro,

14:35o nosso tempo

14:35está esgotando,

14:36eu vou pedir permissão

14:37aqui para rasgar

14:38um pouquinho

14:39a cartilha do bom jornalismo,

14:40vou misturar

14:40uns três assuntos

14:41para eu fazer

14:42uma última pergunta

14:43para o senhor.

14:44Mas vou me fazer

14:45compreender.

14:46O senhor tem

14:47uma posição

14:48bastante crítica

14:49em relação

14:49a essa bandeira

14:50pro armas

14:51aí do governo Bolsonaro.

14:53O senhor já falou

14:54muito na imprensa,

14:56em palestras,

14:57em lives,

14:57da preocupação

14:58que o senhor tem com isso.

14:59A gente tem,

15:00além disso,

15:01um presidente

15:02que todo dia,

15:03praticamente,

15:04um dia sim,

15:04o outro também,

15:05fala que não vai ter eleição

15:07se não tiver voto impresso

15:08e vai ter fraude,

15:10já teve fraude,

15:11vai ter fraude sempre

15:12e nunca apresenta

15:13prova de nada

15:14sobre isso.

15:15E a gente tem

15:16um temor

15:18em parte

15:19das lideranças políticas

15:22em Brasília,

15:23principalmente da oposição,

15:24de que mesmo

15:25que não haja

15:25uma ruptura institucional,

15:27um golpe

15:28com tanque

15:29nas ruas,

15:29que Bolsonaro

15:30possa cooptar

15:31as patentes mais baixas

15:33ou de uma forma

15:33organizada

15:34ou pior ou melhor,

15:36não sei o que seria pior,

15:37de uma maneira

15:38desorganizada,

15:39a gente se aproximar

15:39das eleições de 2022

15:41e ver policiais,

15:43ver baixa patente

15:45das forças armadas

15:46nas ruas,

15:47defendendo Bolsonaro

15:48a favor do voto impresso

15:49e se Bolsonaro perder

15:51não vamos aceitar.

15:52Pronto,

15:53misturei os três assuntos aqui,

15:54voto impresso,

15:55armas e o risco

15:57de confusão

15:58no ano que vem

15:58para ouvir os seus comentários

16:00sobre esses assuntos,

16:01ministro.

16:02Sobre armas,

16:02mais armas,

16:04mais mortes.

16:04Isso é comprovado

16:05científico e tecnicamente.

16:07Em segundo lugar,

16:08o presidente

16:08armar a população

16:10significa,

16:12evidentemente,

16:13propor

16:13no limite,

16:15não é algo

16:15que esteja

16:16no horizonte,

16:17faço questão

16:17de destacar isso,

16:18uma guerra civil.

16:19brasileiros contra brasileiros.

16:21Porque exatamente

16:22para evitar isso

16:23é que nós temos

16:23o papel das forças armadas.

16:25Então,

16:25o presidente,

16:26quando propõe

16:26que a população

16:27seja armada

16:28sem nenhuma ameaça,

16:29sem nenhuma força política

16:31e está pregando

16:31qualquer tipo

16:32de ditadura

16:33ou de quebra

16:37do sistema

16:38constitucional

16:39e democrático

16:39brasileiro,

16:40significa dizer

16:41que ele está

16:42propondo romper

16:43o monopólio legal

16:44da força,

16:45da violência

16:46legítima do Estado.

16:47E, ao mesmo tempo,

16:48ele alcança

16:48as forças armadas,

16:49porque o papel

16:50dela é defender

16:51e sustentar

16:52o Estado democrático

16:53e a nação.

16:54Indo adiante,

16:55ao propor também

16:56que há uma fraude

16:58e sem apresentar

16:59provas,

16:59ele está alcançando

17:00aquilo que é a raiz

17:02da representação

17:03e da legitimidade

17:04da democracia

17:06no Brasil.

17:06e isso tem que ser

17:08muito claramente

17:09repudiado

17:11e isso tem que

17:12se tomar atitudes

17:13porque isso é

17:14uma tentativa

17:15de levar

17:16à perda

17:17de credibilidade

17:18e da legitimidade

17:19da representação

17:20democrática.

17:21Por último,

17:22com relação

17:22à questão

17:23de possíveis

17:24distúrbios.

17:25Ora,

17:25eles não virão

17:26dos militares.

17:27Com certeza,

17:28isso não virá

17:28dos militares.

17:29Mesmo de baixa patente,

17:30como alguns tendem

17:31a achar que existe,

17:32isso,

17:33eu acredito

17:34que não vai existir.

17:35Agora,

17:35nós tivemos algo

17:36muito grave

17:37que aconteceu

17:38na minha cidade,

17:38Recife,

17:39no meu estado,

17:39Pernambuco,

17:40que foi a repressão

17:41selvagem

17:42de uma manifestação

17:43ordeira da oposição.

17:45Isso poderá servir

17:46de exemplo

17:47para que outros fatos

17:49venham a acontecer,

17:50sobretudo em 1922?

17:51Bom,

17:52isso é algo

17:53que cabe conjurar.

17:54E cabe,

17:54desde já,

17:55que todas as forças

17:56democráticas

17:57e os poderes

17:58tomem atitudes,

18:00não só,

18:00cometam,

18:02de acordo com a lei,

18:03mas já tomem

18:04as devidas precauções

18:05para que isso

18:06não venha a acontecer.

18:07Porque o presidente,

18:08quanto mais ele cai

18:09nas pesquisas,

18:10mais ele eleva

18:11esse tom

18:12que é um tom

18:13absolutamente

18:14antidemocrático.

18:16E sejamos claros,

18:17é autoritário

18:18e alcança os alicerces

18:19da democracia.

18:20Por isso,

18:21é preciso unidade

18:22das forças

18:23e mais do que unidade.

18:24É preciso repúdio

18:25e é preciso

18:26que cautelas

18:27sejam redobradas

18:28para evitar

18:29que nós tenhamos

18:30problemas destes

18:31que eu aqui citei

18:32em 2022.

18:34E eu espero

18:35que essas forças

18:36políticas,

18:37inclusive a mídia

18:38que você também

18:38representa,

18:39deixe isso

18:40absolutamente claro.

18:41Ou seja,

18:42os alicerces

18:43da democracia

18:44brasileira

18:44construída

18:45duras penas

18:45não podem ser

18:46violados.

18:47Não podemos

18:48quebrar a legitimidade

18:49democrática.

18:50Não podemos

18:51envolver forças

18:51armadas jamais

18:52em governo

18:53e em disputas

18:54políticas.

18:55E é absolutamente

18:56inaceitável

18:57que se excite,

18:59que se provoque,

19:00que se convolte.

19:01Grupos,

19:02sejam eles paramilitares,

19:03sejam milícias,

19:04sejam grupos policiais

19:05para reagir

19:06contra a vontade

19:08do povo brasileiro,

19:09que é intocado,

19:11porque ali está

19:11a raiz e o fundamento

19:13da nossa democracia.

19:15Ministro,

19:16Pacheco disse ontem

19:18que o assunto

19:18estava encerrado,

19:19o assunto não estava

19:20encerrado.

19:20Hoje ele voltou

19:21a dizer que o assunto

19:22está encerrado.

19:23Agora vai?

19:25Olha,

19:26cada dia com a sua agonia,

19:28como já diria

19:28a polícia Guimarães.

19:30Mas as regras estruturais

19:33que vigiam até aqui

19:35elas continuam.

19:36Forças armadas

19:36estão no seu papel

19:37constitucional

19:38e dali não se afastarão.

19:39Presta atenção.

19:40Não foi por acaso

19:41que nós tivemos

19:43a demissão

19:44de três comandantes,

19:45Maria Exército Aeronáutica

19:46e também da Defesa,

19:48porque eles não aceitaram

19:50endossar os atos

19:51e as ações

19:52de constrangimento

19:53e palavras do presidente

19:55contra os demais poderes

19:56e já os governadores

19:57por conta do lockdown.

19:58Que isso fique na memória

19:59de todos.

20:00Erros,

20:01excessos

20:02acontecem aqui e acolá.

20:03Mas as Forças Armadas

20:04estão absolutamente

20:06dentro do seu papel

20:08constitucional

20:09e dali

20:09não se afastarão.

20:11Agora,

20:12se esse clima

20:13ele prospera,

20:15se esse clima

20:16de pingue-pongue

20:17para lá e para cá

20:18continua,

20:19então,

20:20efetivamente,

20:21nós estaremos

20:21diante de uma situação

20:23preocupante

20:23e que cabe a todos nós

20:25convidar todos nós

20:27a conjurar

20:29e evitar

20:30que isso se transforme

20:31em alguma coisa

20:32que não há espaço

20:33hoje no Brasil

20:34democrático

20:35para acontecer.

20:36Não tem razão

20:36nenhuma.

20:37Algumas pessoas falam,

20:38vamos aqui falar com franqueza,

20:39falar porque é o golpe,

20:40porque é o golpe.

20:41Golpe de quem?

20:42Mídia não quer golpe,

20:43povo não quer golpe,

20:44sindicato não quer golpe,

20:45igreja não quer golpe,

20:47o mundo inteiro

20:48não está aí para isso.

20:49De onde é que vem

20:50esse sentimento?

20:51E muito menos

20:52as Forças Armadas

20:53e as Forças Públicas.

20:54Qual é a força política

20:54relevante no Brasil

20:55que está defendendo

20:56algum golpe

20:56ou interrupção disso?

20:57Não, não.

20:59Não há ninguém

21:00defendendo isso.

21:00Então,

21:01esse golpe,

21:01como se dizia,

21:02será um raio em céu azul?

21:04Eu não acredito nisso.

21:05Agora,

21:06é preciso unidade,

21:07é preciso resposta,

21:09é preciso responsabilidade

21:10e, sobretudo,

21:11evitar cair em certas

21:13esparrelas

21:15e em certas provocações

21:16que, infelizmente,

21:18o Supremo Mandatário

21:19da Nação

21:19vem incorrendo

21:20repetidamente

21:21e que tem que ser repelido.

21:23Raul Jogman,

21:25me resta dizer

21:26assim seja

21:27para essa sua última fala.

21:30Assim seja.

21:30Obrigado pelo papo,

21:32um bom fim de semana

21:33na medida do possível,

21:34descanse e saúde.

21:38Obrigado.

21:38Muito, muito obrigado,

21:39e parabéns pelo seu trabalho.

21:41Obrigado.

21:53Obrigado.

21:54Obrigado.

21:55Obrigado.

21:56Obrigado.

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