- 19/06/2025
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NotíciasTranscrição
00:00Então, nessa ação penal 506.31.30.17, depoimento do Sr. Marcelo Bahia Odebrecht.
00:10Sr. Odebrecht, o senhor está sendo acusado de um crime pelo Ministério Público Federal.
00:16Em condições normais, o senhor teria o direito ao silêncio.
00:18Se o senhor usasse esse direito ao silêncio, isso não lhe traria nenhum prejuízo.
00:22Mas é sabido que o senhor celebrou um acordo de colaboração com o Procurador-Geral da República,
00:27que foi modulgado pelo Supremo Tribunal Federal,
00:30através do qual o senhor se comprometeu a dizer apenas a verdade perante a justiça.
00:35É isso mesmo, Sr. Marcelo?
00:37Sim, sim, senhor.
00:38Sr. Marcelo, então eu vou lhe advertir que, por força desse acordo, o senhor não tem o direito ao silêncio.
00:44Além disso, o senhor tem o compromisso de dizer a verdade.
00:46Se o senhor faltar com a verdade, além do senhor responder por um crime como se fosse um falso testemunho,
00:52o senhor também perde o seu acordo, certo?
00:54Perfeito.
00:54Excelência, pela defesa do Branislav Conti, que é uma questão de ordem,
00:59além daquela contradita de hábito que me reservou ao dia de não fazer,
01:04porque a V. Exª já conhece, simplesmente gostaria de reiterá-la,
01:08há a questão de que a defesa tomou conhecimento recentemente de que o Ministério Público
01:12juntou elementos de prova aos autos referentes àquele sistema Drauzis e MyWebDay, ao que me consta,
01:18e desses documentos a defesa não teve ciência, o que compromete o exercício do direito de defesa na amplitude constitucional,
01:25além do que a par condição fica desequilibrada, na medida em que o Ministério Público, tendo conhecimento desses elementos de prova,
01:31pode, sobre eles, fazer pergunta aos interrogandos e a defesa não.
01:34Então, a defesa de Branislav suscita essa questão de ordem, até para que não se alegue para a inclusão,
01:39e requer, com fundamento nestas razões jurídicas, o adiamento de todos os interrogatórios nestes autos,
01:47até que estes elementos de prova venham para os autos e sejam de conhecimento da defesa de todos os acusados.
01:53É o que fica requerido sempre com o mais elevado respeito.
01:56Pela defesa de Luiz Inácio Lula da Silva, excelência, gostaria de registrar que o sistema MyWebDay e Drauzis
02:10é referido na denúncia que foi apresentada em 14 de dezembro de 2016.
02:18Posteriormente, a notícia aqui nos autos é de que em março de 2017,
02:23a empresa Odebrecht firmou um acordo de leniência
02:26e entregou esse sistema, ou uma parte desse sistema, ao Ministério Público.
02:33Inclusive, a excelência homologou o acordo em 22 de dezembro de 2017.
02:40A defesa do ex-presidente Lula pediu acesso a esses sistemas no dia 7 de julho deste ano.
02:48O Ministério Público disse que não tinha acesso na petição de 11,
02:53de julho deste ano.
02:54Depois, reiterou na petição de 19 de julho.
02:59Em 28 de julho, o Ministério Público volta aos autos,
03:03numa versão afirmando que teve, sim, acesso ao sistema Drauzis
03:08e teve acesso à parte do sistema MyWebDay.
03:13E, surpreendentemente, no dia 2, no último dia 2,
03:20junta aos autos um relatório de análise número 7,
03:25fazendo referência a esse sistema Drauzis,
03:28reconhecendo que o Ministério Público tem acesso,
03:32desde o dia 28 de março de 2017,
03:36é o que consta nas folhas 2,
03:37e dizendo que essa análise foi feita unilateralmente pelo Ministério Público,
03:42com a ajuda do colaborador Fernando Migliasso da Silva.
03:47Tenho conhecimento que V. Exª já apreciou o pedido feito pela defesa na última sexta-feira.
03:53Mas, diante da gravidade desses fatos,
03:57que, como já dito aqui,
03:59implica evidente prejuízo à defesa,
04:02nós reiteramos o pedido para que seja suspensa esta audiência,
04:08assim como os demais interrogatórios,
04:10porque, como eu disse,
04:12são elementos que estão aqui referidos nos autos pelo Ministério Público
04:16desde o dia 14 de dezembro de 2016.
04:20E o Ministério Público tem conhecimento desse material
04:22desde março de 2017.
04:25Então, a defesa não pode,
04:26sem ter acesso a esse material,
04:29poder exercer o seu trabalho.
04:32Registro, V. Exª, em complementação,
04:34que, às 13 horas e 30 minutos,
04:37diante da negativa de V. Exª,
04:39nós impetramos um habeas corpus
04:42perante o TRF-4,
04:44a fim de ver reconhecido esse direito.
04:48Não é a primeira vez que a defesa do ex-presidente Lula
04:52tem o seu direito exerciado,
04:54isso já foi reconhecido pelo TRF-4, inclusive,
04:57e, neste momento, diante desses fatos aqui,
05:00dessas datas que eu coloco à V. Exª,
05:02eu pediria que houvesse a reconsideração,
05:06em atenção,
05:07a garantia da ampla defesa e da paridade de armas.
05:11A senhora, se me permite?
05:12Claro.
05:14Inicialmente, com relação à referência feita na denúncia
05:17aos sistemas Drauzes e MyWebDay,
05:21esta referência dá-se, em função da colaboração,
05:25da colaboradora,
05:27Maria Lúcia Tavares ao Ministério Público,
05:29com base em seus diversos termos de depoimento,
05:32de declaração,
05:33que estão referidos na denúncia.
05:35Esse é o conhecimento do Ministério Público,
05:37com relação à existência desses sistemas
05:41e à descrição feita pela colaboradora.
05:43No que concerne ao sistema Drauzes,
05:47este que foi obtido por extração de dados
05:51armazenados em servidor localizado na Suécia,
05:56portanto, na cidade de Estocolmo,
05:58esse foi apresentado ao Ministério Público Federal
06:01e está custodiado na Procuradoria-Geral da República
06:04desde março de 2007.
06:06O relatório, juntado aos autos,
06:10produzido pela área de pesquisa e análise do Ministério Público,
06:14foi produzido com base em documentos extraídos do sistema Drauzes,
06:19esses elementos recebidos pela PGR,
06:23em relação aos quais a área de pesquisa
06:27tem acesso desde junho de 2007,
06:3116 de junho de 2007.
06:33É fruto desta pesquisa, 2017.
06:35Esses dados, portanto, são exclusivamente extraídos do sistema Drauzes,
06:42este obtido por extração de dados na Suécia, em Estocolmo.
06:48Posteriormente, em Bojo, de acordo de leniência,
06:53a Odebrecht apresentou 5 HDs, 5 discos rígidos,
06:59que estão referidos na petição do Ministério Público.
07:01Isso aconteceu no dia 8 de 8 de 2017,
07:05apresentando dados extraídos da Suíça e recebidos da Suíça
07:10pela empresa Odebrecht S.A.
07:12Esses elementos estão sendo objeto,
07:15e aí é uma cópia do Drauzes da Suíça e do MyWebDay da Suíça.
07:21Não há nenhum elemento nestes autos
07:24que tenha sido extraído de sistema MyWebDay da Suíça,
07:30e, portanto, de sistema MyWebDay,
07:32porque este é provindo da Suíça,
07:34nem de sistema Drauzes da Suíça.
07:36O relatório de análise refere ao sistema Drauzes
07:41extraído em provedor da Suíça,
07:44como foi amplamente esclarecido nos autos.
07:49Então, isso é o que o Ministério Público tem a registrar.
07:51Não há nenhum elemento nesse processo
07:53extraído diretamente de sistema MyWebDay,
07:56porque a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba
07:58não tem acesso a esse sistema,
08:01no sentido de que esse sistema está sendo objeto
08:04de levantamento, acesso nesse sentido.
08:06de levantamento pela Procuradoria-Geral da República,
08:11pela sua área de pesquisa e análise.
08:13Me permita, só uma questão...
08:15O doutor já falou, não falou...
08:16É que, na verdade, eu queria só complementar
08:18diante do esclarecimento, excelente, só...
08:20Não, doutor, não tem palavra.
08:22Eu gostaria de ter a palavra.
08:22A doutora colocou a questão,
08:24ela colocou, o juiz vai decidir, certo?
08:26Eu poderia fazer um esclarecimento
08:28à luz do que foi dito,
08:30só fazer um esclarecimento adicional?
08:32Eu acho que é algo...
08:33Então, seria, doutor, breve, então, esclarecimento?
08:36Muito breve.
08:37É apenas, se o Ministério Público está analisando,
08:40a defesa também tem esse direito de analisar,
08:43seja em relação ao MyWebDay,
08:46seja em relação ao Drozis,
08:47porque o Drozis, inclusive, produziu um material
08:50que está aqui nos autos e foi juntado.
08:52Então, se a defesa não pode ter acesso ao sistema
08:54para poder verificar o que lá consta,
08:57eu não tenho condições aqui de fazer
08:59qualquer trabalho na extensão
09:02da ampla defesa nesta audiência.
09:05Certo.
09:06A decisão do juiz já foi tomada, na verdade.
09:09Esses requerimentos de acesso foram feitos.
09:13O Ministério Público disse que apenas recentemente
09:15teve acesso a esse material.
09:17Não se confundia aí as diversas instâncias
09:20do Ministério Público.
09:21E os requerimentos de acesso pela defesa,
09:24seja pela defesa do ex-presidente,
09:26seja pelos demais,
09:27será apreciado na fase própria do artigo 402.
09:32Do outro lado, vamos ouvir aqui o Sr. Marcelo Debreche,
09:36assim também os demais acusados.
09:39Se for o caso, à luz desses elementos,
09:41quando for eventualmente produzida uma perícia a respeito,
09:45nós reouvimos eles,
09:46mas vamos aproveitar a vinda aqui do Sr. Marcelo Baiel Debreche
09:49para tentar esclarecer os fatos,
09:52que é o que interessa para essa ação penal.
09:54Certo?
09:55Então, fiquem deferidas essas questões de ordem.
09:58Sr. Marcelo, apesar desse nosso pequeno desvio,
10:01Sr. Marcelo,
10:02só uma questão,
10:05eu gostaria de apresentar a contradita,
10:08nos termos já conhecidos também por V. Exª.
10:12A contradita contra o acusado?
10:14Isso é inédito.
10:15Contradita contra o acusado.
10:16Na verdade, V. Exª tomou o compromisso de dizer a verdade.
10:21Está sendo ouvido em que condição, Sr.?
10:23De acusado colaborador.
10:25Acusado colaborador.
10:26Até onde consta, não existe contradita de acusado no Código de Processo Penal.
10:30É, acusado prestando compromisso,
10:33mas sigamos então esse início.
10:35Está certo, doutor.
10:36Perfeito.
10:37Vamos seguir então.
10:38Sr. Marcelo,
10:40O senhor prestou um depoimento em uma outra ação penal recentemente,
10:46que tinha por, entre outros acusados, o Sr. Antônio Palocci.
10:52O senhor prestou esse depoimento em 10 de abril de 2017,
10:55ação penal 505-49-32.
10:59Esse depoimento foi juntado aos autos com antecedência para a ciência de todos.
11:02que se encontram aqui no evento 872.
11:07O senhor se recorda desse depoimento?
11:09Sim, Sérgio.
11:10Tem alguma coisa naquele depoimento que o senhor gostaria de retificar
11:13ou o senhor, na oportunidade, respondeu aos fatos que o senhor tinha conhecimento?
11:19Não, pelo que eu me recordo, foi o que eu tinha conhecimento na época.
11:23Nenhuma retificação específica do que o senhor declarou na oportunidade?
11:26Não me recordo de ter necessidade de fazer.
11:29Perfeito.
11:29Aquela é uma outra ação penal e algumas questões são comuns.
11:34Eu sei que isso é um pouco chato, mas algumas questões eu vou repetir
11:37antes de nós entrarmos no objeto específico dessa ação penal.
11:40Certo?
11:41Perfeito.
11:41Eu acho importante, até porque tem algumas coisas, talvez, que naquela depoimento,
11:45como não tinha a ver necessariamente com esse processo,
11:47talvez eu não tenha explorado tanto.
11:49Tá certo.
11:50Sr. Marcelo, o senhor pode primeiro me esclarecer o período que o senhor trabalhou
11:54como presidente do Grupo Odebrecht?
11:55Eu assumi a presença do diretor-presidente do grupo em agosto de 2008.
12:05E o senhor permaneceu nessa condição?
12:07Até final de 2015.
12:09Antes o senhor era presidente da construtora, é isso?
12:11Da construtora.
12:12Quando que o senhor assumiu a função de presidente da construtora?
12:14Em 2002.
12:16Final, início de 2002.
12:17No decorrer das investigações, a consta que a afirmação da denúncia é que teria sido
12:24descoberto algo que é chamado de setor de operações estruturadas no âmbito da Odebrecht.
12:30O senhor confirma que havia um setor, não com esse nome, mas com essa natureza?
12:36Havia uma equipe, na verdade a gente não chamava de setor, havia uma equipe que fazia pagamentos
12:41com não contabilizados, desde a década de 80, e que a parte, e que em 2006, foram várias
12:50pessoas que foram fazendo rodízio, assumindo a responsabilidade, e que a pessoa que assumiu
12:55em 2006, que foi o Gilberto Silva, até então, essa equipe, o responsável por essa equipe,
13:02tinha a denominação de assessor, e aí o Gilberto, quando assumiu em 2006, sugeriu que fosse
13:10mudado para uma equipe de operações estruturadas, porque operações estruturadas é o nome que
13:16se dá aos financiamentos com garantia específica, e é uma maneira de, digamos assim, ele poder
13:24transitar, apoiando todos os empresários, sem que as pessoas achassem que ele estava fazendo
13:30pagamentos não contabilizados, isso vem, exatamente existe essa equipe aí que fazia os pagamentos
13:35não contabilizados, em apoio a vários executivos do grupo que faziam.
13:39O senhor pode, o senhor lembra quem compunha esse setor de operações estruturadas, essa
13:45equipe?
13:45A equipe foi mudando.
13:47A partir do senhor Gilberto Silva?
13:49A partir do Gilberto Silva, era Gilberto, era o Fernando Migliatti, era o Luiz Eduardo, e tinha
13:59duas secretárias, que era a Ângela e a Maria Lúcia.
14:06Esse setor ele estava subordinado a quem dentro da estrutura corporativa da empresa?
14:11O Gilberto estava subordinado a mim, na verdade esse setor ele sempre ficou ligado à construtora,
14:20então ele vinha ligado a mim, quando eu fui para diretor-presidente, como ia ficar cinco
14:27presidentes da construtora, por uma questão de que a gente tinha um problema de que a
14:32geração toda era no exterior e grande parte da necessidade vinha do Brasil, existia um
14:37problema de priorização desses recursos.
14:39E aí, para evitar que houvesse um problema entre os presidentes da construtora, a decisão
14:46na época foi que esse assunto, e o Gilberto continuaria ligado a mim, mas na prática,
14:51aqui sem me eximir de responsabilidade, na prática toda a equipe apoiava diretamente,
14:56era como uma equipe externa que apoiava a quem fosse precisar fazer pagamentos não contabilizados,
15:02quer dizer, não havia um controle interno, até porque não era para haver controle interno,
15:08essa questão inclusive que se fala no sistema Drauzes, o sistema Drauzes era desconhecido
15:12por todos até fevereiro, até havia busca e apreensão, quer dizer, só quem sabia desse
15:18sistema e desses registros era a equipe do Gilberto, inclusive porque a orientação era
15:23não se fazer registro.
15:24O senhor mesmo não sabia então?
15:26Não, nem eu e eu acho que nenhum dos empresários, porque foi uma surpresa geral, até porque o
15:32sistema era justamente não haver registros.
15:34Perfeito. E esse outro, já que o senhor entrou nesse negócio do sistema, então avançando
15:39algumas perguntas que eu faria adiante, e esse outro sistema que é chamado WebDay?
15:43Não, que na verdade o sistema é o seguinte, como era o processo de geração e distribuição,
15:49isso foi instituído, esse processo iniciou na década de 90, início da década de 90,
15:55naquele escândalo do orçamento, e aí resolveu-se mudar a estrutura e evitar de fazer qualquer
16:03pagamento, a geração na obra, digamos assim.
16:07Então, antigamente, no início de 80, quando tinha que fazer um pagamento no computabilizado,
16:14em geral, o próprio contrato, a própria empresa, fazia contratos fictícios e tudo.
16:19O problema é que teve lá em 91, 92, se decidiu fazer um processo onde a geração era descasada
16:26da distribuição, digamos assim.
16:29Então, como era o processo que havia?
16:32Você tinha os empresários que faziam os compromissos de pagamento no computabilizado,
16:37seja todos os tipos, incluindo o que se chama de propina,
16:41mas eles faziam esses pagamentos e eles tinham, em geral, tinha uma pessoa que era o financeiro
16:50deles, digamos assim, todo empresário.
16:51Nós estávamos falando nessa época, talvez 200, 300 empresários que faziam pagamentos
16:56não contabilizados.
16:57Eles tinham, em geral, uma pessoa da área financeira que fazia os controles.
17:02Essa pessoa, quando precisava fazer, ela chegava e enviava uma informação para a equipe
17:09de pagamentos não contabilizados, que na época eram duas pessoas até antes de Huberto.
17:14E aí, ela depois fazia também, porque esse pagamento, apesar de não ser contabilizado,
17:20ele tinha que ser gerencialmente alocado ao custo daquele projeto.
17:26Apesar de não estar na contabilidade, ele gerencialmente era alocado.
17:29Bom, esse é o processo, vingou até mais ou menos 2004.
17:32Em 2004, foi quando eu percebi o seguinte, tinha muita gente envolvida, inclusive você
17:42tinha a pessoa que aprovava o pagamento não contabilizado e você tinha uma pessoa junto
17:46dela que fazia o controle.
17:49Então, surgiu na época a ideia de botar uma única pessoa para receber os pedidos de pagamentos
17:57não contabilizados.
17:58Essa pessoa não entrava no mérito do que era, sabia apenas que era pagamento não
18:02contabilizado.
18:04E essa pessoa, ela checava se havia caixa positivo na contabilidade de quem estava pedindo, para
18:13evitar que pessoas que tivessem o caixa negativo fizessem o pedido.
18:17E ela, então, checando que havia caixa positivo, ela liberava este pagamento com o codinome
18:25para a equipe de operações estruturadas.
18:27E a equipe de operações estruturadas recebia, então, do empresário diretamente, vinculado
18:34a esse codinome, uma conta ou a forma de como seria feito o pagamento.
18:41Essa pessoa que fazia, então, esse link entre os empresários e a equipe de distribuição,
18:48ela criou um sistema para controlar.
18:50Na verdade, esse sistema, em tese, eu nunca vi esse sistema, mas imaginava que essa pessoa
18:57tivesse.
18:57Depois eu vinha saber que era o MyWebDay, mas eu sabia que a pessoa tinha planilhas ou
19:02alguma maneira.
19:03Em tese, o que deveria constar nesse sistema?
19:08Em tese, nesse sistema deveria constar um apelido, quer dizer, um codinome, um pedido
19:16de um certo valor por parte do empresário de pagamento não contabilizado, e o projeto
19:22ou a empresa a que este valor seria alocado gerencialmente.
19:27Em tese, essa deveria ser a informação que teria no MyWebDay.
19:33Enfim, é um sistema que o senhor não controlava, então, também.
19:36Não, esse sistema, no fundo...
19:37Um registro informal.
19:38Era um registro informal da pessoa, ele não deveria ter, o que é que ele não deveria
19:45ter dentro do processo separado Chinese Wall?
19:47Ele não deveria ter o nome do destinatário do recurso, e não deveria ter nada relativo
19:55à conta, ou seja, apenas, repito, ele deveria ter um codinome, porque era a informação que
20:02essa pessoa tinha.
20:03O que é que ela recebia?
20:04Recebia o codinome, recebia um valor a ser pago de forma não contabilizada, e recebia
20:12a obra ou empresa a qual este valor deveria ser alocado.
20:16Então, essa é a informação que deveria constar no MyWebDay.
20:20Entendi.
20:20Esse sistema, veja bem, esse sistema, em tese, deveria ser acessado, mas a empresa não
20:30está conseguindo acessar esse sistema, e a informação que eu tive foi que se conseguiu
20:37só alguns extratos impressos desse sistema, não o sistema como um todo, e se conseguiu
20:44esse extrato impresso.
20:45Diferentemente do Drauzes, esse controle, digamos assim, a gente não se chamava de
20:50sistema, todos os empresários sabiam que existia.
20:54Na questão do Drauzes é um pouco diferente.
20:56O Drauzes ninguém sabia que existia, o que todo mundo achava que existia era um sistema
21:00de comunicação sigiloso, que em tese, era tipo aquele sistema, na hora que depois
21:04você se comunicar, apagava-se.
21:08Ninguém sabia que havia esse registro.
21:10Esses registros do Drauzes eram feitos pela equipe do Huberto, sem dar conhecimento a
21:15ninguém.
21:16Eles são da equipe dele.
21:18Agora, o que se verificou depois foi que esse sistema, eles têm as informações sobre
21:23as contas, sobre o destinatário, inclusive informações que não deveriam estar na mão
21:29dessa equipe, mas estava.
21:31Então, esse sistema, na verdade, eu mesmo tive a oportunidade de ver esse material quando
21:39a minha colaboração, são páginas e páginas de informação que sem que o empresário
21:45que tenha feito o pagamento possa avaliar e filtrar, é difícil, é difícil avaliar.
21:54Não adianta nada ninguém receber nenhuma defesa, nenhuma acusação receber, é um overload
21:59de informações.
22:01Então, o que cada um tem que fazer no âmbito do seu processo é filtrar aquelas informações
22:06que são relevantes e tentar, que é o que eu procurei fazer agora nesse processo.
22:12Perfeito.
22:14Sr. Marcelo, ainda prosseguindo, esse setor de operações estruturadas, o senhor mencionou
22:19que fazia pagamentos não contabilizados.
22:21Entre esses pagamentos não contabilizados, encontrava-se também pagamento de vantagem devida
22:26para agentes públicos?
22:27Sim.
22:27Para agentes políticos também?
22:29Também.
22:30Caixa 2 também?
22:32Também.
22:34Tem algumas coisas que em tese não era para ocorrer.
22:36Por exemplo, não deveria haver, a gente sabia que tinha caixa 2, a gente sabia que tinha
22:43que pagar vantagens devidas para campanhas.
22:47O que não deveria ter ocorrido e ocorreu era pagamento para o que o sistema financeiro
22:53chama de PEPs, quer dizer, político expose people.
22:57Isso, a orientação era não ter, até porque isso colocava em risco.
23:01Então, na verdade, se sabia que estava se fazendo pagamento, mas por exemplo, deveria
23:06ter sido para o marqueteiro da campanha ou para alguém.
23:08pagamentos para PEPs, a orientação era não ter.
23:12Não fazia diretamente isso.
23:14É, exato.
23:15É porque, por mais errado que seja também, da maneira que nós racionalizávamos, uma coisa
23:23era fazer um apoio político, outra coisa era pagar a pessoa diretamente.
23:28Então, não deveria haver pagamentos para PEPs, mas sabia-se que havia pagamentos que
23:34indiretamente acabavam nas pessoas, mas não deveria.
23:37Então, foi surpresa nossa quando a gente descobriu que houve uma indisciplina e vários fizeram
23:43pagamentos direto a PEPs, entendeu?
23:46O senhor mencionou que os executivos tinham uma autonomia em realizar esses pagamentos,
23:50mas alguns pagamentos o senhor mesmo ordenou também, não foi?
23:52Eu ordenei os pagamentos relativos a toda o que a gente chama da planilha italiana, planilha
23:59pós-Itália e teve mais uns dois ou três pagamentos que eram da minha relação, porque
24:04Las Vegas, teve um para a campanha de São Paulo, então basicamente foram esses e eu me recordo
24:13que em 2004, 2005, 2006 teve alguns pagamentos não contabilizados que eu sem entrar em detalhe
24:20e aprovei pela falta de caixa.
24:22Certo.
24:24Esses pagamentos feitos a esses agentes públicos ou políticos, havia pagamento em contas
24:31no exterior?
24:32Sim, havia pagamento em contas no exterior e em espécie.
24:35Inclusive, a própria, nesse meus pagamentos que eu autorizei, tinha pagamentos no exterior
24:41e pagamentos também em espécie.
24:42Naquele processo já julgado em que houve identificação de pagamentos por esse setor, agentes da Petrobras,
24:52como Paulo Roberto Costa, Pedro Varusco e Renato Duque, uma série de empresas offshores
24:59que não estão em nome, que não tem por beneficiário ao Debrecht, mas que realizaram depósitos
25:04nas contas dessas pessoas.
25:06Como que funcionava esse pagamento?
25:09O senhor tinha a informação de como eram feitos os pagamentos?
25:13Como deveria ter funcionado e como a vida funcionou.
25:16A orientação, quando esse tema foi estruturado, era que a pessoa que estava coordenando esse
25:23pagamento no contas, quer dizer, a Hiberto e a equipe, eles não deveriam participar, nem
25:27direta nem indiretamente, da abertura de nenhuma conta.
25:31Certo.
25:32Fora o que a gente chama, é o primeiro nível, o que é o primeiro nível?
25:36É aquele nível que faz a geração para planejamento fiscal.
25:40Esse nível, inclusive os bancos que abriam essa conta sabiam que o Debrecht estava por
25:46trás dela.
25:47É o primeiro nível.
25:47A partir daí, deveria haver dois ou três níveis de contas nos quais não deveria ter
25:55nenhum envolvimento do nosso pessoal e da Odebrecht.
25:59deveria ser através de doleiros, isso era como devia ser.
26:02Até porque esse era o que a gente criava, um dos check and balances, porque a gente achava
26:07que uma das limitações desse sistema era o próprio sistema financeiro se auto também
26:12controlar e anunciar.
26:14Bom, o que houve de fato, não foi bem isto, quer dizer, o que houve de fato foi que o
26:19Bertha e a equipe começaram a abrir, ou apoiar pessoas que não deveriam ocorrer, abrir
26:26contas, atuando inclusive junto aos financial offers dos bancos, o que destruiu todo o check
26:33and balances que deveria haver no sistema.
26:35Então, na prática, o que acabou ocorrendo foi, você tinha a geração de caixa 2, que
26:43em geral, por uma questão de eficiência fiscal, ocorria no exterior, poucas, tinha muito
26:49pouca aqui no Brasil.
26:51Ela era colocada em contas, que a gente chamava de primeiro nível.
26:54A partir daí, ela era direcionada para a equipe de operações estruturadas.
26:58Nós, pensando que era para doleiros, e sem saber, eles estavam também abrindo essas
27:04contas.
27:05E aí, essas contas, através de dois ou três níveis, acabava chegando no destinatário
27:09final.
27:10Entre eles, por exemplo, o diretor Isabel Abraço.
27:13Que era uma coisa que, nas minhas anotações, tem inclusive várias interrogações, porque
27:17não deveria, quer dizer, em tese não deveria ter, ou seja, eu sabia que de alguma forma
27:25os meus executivos atendiam os interesses políticos alocados na diretoria da Petrobras.
27:31Agora, não deveria ser pagamento aos diretores da Petrobras.
27:36Entendi.
27:36Porque seria um PEP.
27:38E os pagamentos em espécie aqui no Brasil, como é que isso era disponibilizado, esses
27:43valores em espécie no Brasil?
27:45Um detalhe, mas eles tinham os doleiros, os doleiros, os cambistas que...
27:48Através de doleiros.
27:49Doleiros, sabe?
27:50Em geral, aí eu acho que tinha várias maneiras de entregar, né?
27:53Em geral, se...
27:55Eu não conheço os detalhes, mas era através de doleiros.
27:58Não era...
27:59Tinha...
27:59Eu acho que tinha alguns casos que as pessoas até iam buscar, entregar diretamente, mas
28:05em geral, se optava por entregar via doleiros.
28:10Não sei se o senhor tem aí, com o senhor, mas vamos falar um pouquinho daquela planilha,
28:14então, agora, do programa especial italiano.
28:18Se o senhor não tiver, eu tenho aqui.
28:19Eu tenho.
28:23Mas qual é a versão...
28:25O senhor tem duas cores?
28:26Eu não tenho duas...
28:27Deixa eu ver.
28:30Mas eu...
28:30Eu...
28:31Já vi tantas vezes que eu conheço...
28:33O senhor pode pegar essa aqui.
28:35Ah, tá bom.
28:36É porque tem tantas versões que...
28:38Então, primeiro, italiano quem é?
28:41Italiano é Palocci.
28:43A Odebrecht, o senhor, utilizava esse codinome pra ele, por que não se referia diretamente
28:50à Palocci?
28:51A gente...
28:52As pessoas que a gente...
28:55Normalmente não era nem só porque tem...
28:57Nem só necessariamente porque tem algo ilícito, mas algumas pessoas que estavam
29:00expostas politicamente, nós chamávamos por um apelido.
29:03Até porque, às vezes, está na rua, fala pelo telefone, outro escuta.
29:07Então, algumas pessoas tinham um apelido dentro de casa.
29:09Então, o Palocci era italiano, o Lula era o amigo.
29:12Então, nós usávamos pra várias formas.
29:15Chamava alguma outra pessoa de italiano no âmbito dessas operações?
29:21Não, é como eu falei pro senhor, acho que tem um e-mail que uma pessoa, um diretor
29:27meu fala comigo de...
29:28Tive com um italiano, mas está se referindo a um italiano de fato que ele tem por uma
29:31obra.
29:32Italiano, pra mim, dentro da organização se tratando, nós só nos referimos à Palocci.
29:40O Ministério Público selecionou diversas suas mensagens eletrônicas, várias dessas
29:44mensagens eletrônicas, eu fiz indagações ao senhor naquele último depoimento.
29:48E havia várias dessas mensagens eletrônicas, referência a italiano.
29:51Italiano, naquelas mensagens, é o senhor Palocci?
29:54Sim, o italiano, ele era...
29:56O Palocci foi, até 2011, o nosso principal interlocutor, seja meu, seja do meu antecessor,
30:06na presidência da Rode, ele foi o principal interlocutor junto ao governo, até 2011.
30:14Também nessa planilha tem um outro codinômico que é Pós-Itália, quem que é Pós-Itália?
30:18O Guido Mantega.
30:19E o senhor se referiu agora há pouco já, mas perguntando expressamente, quem que é
30:23amigo nessa...
30:24Amigo é o Lula.
30:26O senhor poderia me relatar sinteticamente a natureza dessa planilha?
30:30Bom, essa planilha, ela tem basicamente, ela nasceu em 2008, comigo pelo menos, quer
30:40dizer, eu não sei que tipo de controle meu antecessor tinha, mas quando veio um pedido
30:44do Palocci, porque a partir de quando eu assumi a presidência da Rode, eu comecei a ter
30:48uma interlocução mais frequente com ele.
30:50E ele veio me fazer um pedido para a campanha municipal de 2008, de algumas campanhas municipais
30:58que o João Santana estava tocando.
31:01E eu disse que eu não me envolvia em campanha municipal, que isso cabia aos meus delegados,
31:05e que eu só me envolveria em campanha presidencial.
31:11E no final a gente acabou combinando o seguinte, que qualquer coisa que eu adiantasse para ele
31:15até, seria por conta do valor que eu acertaria, seria deduzido do valor que eu acertaria para
31:23a campanha presidencial de 2010.
31:25Aí começou a ter esse tipo, na verdade começou a ter alguns pedidos dele.
31:30Como a maior parte dos pedidos tinham a ver, e era expectativa com o João Santana,
31:36eu descobri que internamente a pessoa que conhecia João Santana e Mônica era o Wilberto,
31:42e portanto ele acabou, até para facilitar o encontro de contas, porque muitas vezes as
31:47empresas que iam fazer o compromisso de pagar não eram necessariamente aquelas que faziam
31:52o pagamento, por causa desse encontro de contas, e para a questão do conhecimento de João
31:57e Mônica, eu coloquei o Wilberto para fazer.
32:02Não é porque o Wilberto era responsável por operações estruturadas, mas pelo conhecimento
32:06que ele tinha de João e Mônica, então ele acabou começando a fazer esse controle.
32:10Bom, nessa planilha, ela teve dois pedidos de solicitação de contrapartida específica,
32:18que veio o primeiro do Guido, o segundo do Paulo Bernardo, com conhecimento e autorização
32:25de Palocci, que eu detalho nos meus anexos, e que esses pedidos de contrapartida específica,
32:34eles montaram 114 milhões, que foi 64 milhões...
32:39Quando o senhor fala milhões de reais ou dólares?
32:41Milhões de reais, 64 milhões referente a uma negociação de uma linha de crédito,
32:47e é 50 milhões relativo ao refis da crise.
32:50Perfeito, eu vou não interromper, eu vou ver o tamanho do áudio aqui.
32:52Obrigado.
32:53Obrigado.
32:54Obrigado.
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