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  • 19/06/2025
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Transcrição
00:00Então, nessa ação penal 506-3130, depoimento do Sr. Marcelo Baio de Brecht, perguntas do Ministério Público.
00:09Cumprimento a V. Exª, depoente a todos os presentes.
00:18Eu inicio perguntando se o Sr. ratifica os termos de colaboração que o Sr. prestou,
00:26especialmente os juntados nos autos, que são o termo de colaboração, o chamado 00,
00:32o número que se refere ao seu histórico profissional, o de número 1, 2, 3, 10, 13, 14, 16, 40, 43, 46, 52,
00:44que estão juntados nos eventos 546 e 928 da estação penal.
00:50Eu ratifico, até queria dizer o seguinte, eu peço às vezes, que não me entenda,
00:56às vezes, como colaborador, às vezes, pessoas estranham até, eu às vezes, ficar tentando esclarecer alguns pontos.
01:03É porque eu procuro aderência máxima à realidade dos fatos, ao que foi a verdade.
01:08Então, muitas vezes, eu procuro esclarecer fatos que, na denúncia, não estão aderentes ao meu voto de ver o que foi a realidade.
01:15Eu mais confirmo, e mais do que isso, não só confirmo, como em função até da experiência que eu tive nessa ação penal agora,
01:25de que eu vi que as pessoas não estavam buscando elucidar os fatos.
01:29Eu vou procurar, ainda que não foi do meu conhecimento à época, eu vou procurar cada vez mais.
01:36Estou tentando fazer isso nos depoimentos que estou tendo com a Polícia Federal e o Ministério Público,
01:41não só nessa como o outro, vou procurar, elucidar, tentar identificar os ilícitos que por acaso tiveram,
01:47porque eu já identifiquei, inclusive ficou evidente aqui nesse processo.
01:51Tem omissões, eu acho que tem mentiras, eu acho que tem obstruções que estão ocorrendo.
01:55Estou tentando esclarecer com a Polícia Federal, estou tentando esclarecer com o Ministério Público,
01:59e eu me disponho a tentar ser até mais efetivo do que eu fui, buscando informações que eu pensei que outros colaboradores
02:07estariam trazendo, e infelizmente, pelo que eu vi nessa ação penal, não estão.
02:12Então, eu estou me dispondo a ser até, confirmo, e vou buscar ir além do que eu fiz na minha colaboração,
02:19para dar maior efetividade ao todo da colaboração da empresa.
02:23Pois não. Então, no termo de colaboração número 2, o senhor mencionou que a relação do Grupo Adebrecht
02:29com o Governo Federal e PT se baseava em um tripé.
02:33Uma das bases dessa relação é o apoio financeiro ao projeto político.
02:36Eu queria ler o seguinte trecho para o senhor, do seu depoimento.
02:39Na prática, para eu ter essa relação, a gente acabava tendo que ser um grande doador
02:43para atender as necessidades que eles tinham, e quanto maior é a agenda,
02:47maior é a expectativa que se espera do outro lado, de que você vai contribuir.
02:51Ou seja, no fundo, fica uma dívida em relação ao passado, em relação ao futuro.
02:55O senhor confirma?
02:56Confirmo.
02:56O senhor pode explicar?
02:58Olha, como eu não me envolvia diretamente em acertos de obras, acertos de propina,
03:04aliás, eu até era contrário a esse acerto, porque eu achava que o certo,
03:09o certo seria ter um acerto mais amplo, e você conseguir daí transitar a sua agenda.
03:14Eu achava isso até mais eficaz, mas de qualquer maneira, o que eu entendi era o seguinte,
03:19eu defendia sempre o fato de ter uma relação mais ampla, e ainda que fosse para defender os interesses legítimos,
03:31você precisava ter aquela história.
03:33Quando você tem uma relação empresário-político, ela se baseia em uma agenda legítima, investimentos, projetos, defesa do seu caso,
03:47em uma relação de confiança, mas também em apoiar o projeto político, ou pelo menos a pretexto do projeto político,
03:55que a gente nunca sabe quando entra na questão do Caixa 2, a pretexto político das pessoas.
04:00E óbvio que na hora que um político defende um projeto seu, um investimento, ou uma medida provisória,
04:09ainda que ela seja legítima, cria uma expectativa de no futuro ser apoiado, ou uma dívida moral,
04:18mesmo que não tenha uma conversa na hora de um contrapartido específico, se cria isso.
04:22Quer dizer, essa relação, na hora que você tem as pessoas a quem você busca por,
04:30você também tem que apoiar eles politicamente com finanças, você cria essa.
04:34Você nunca sabe se as suas portas foram abertas, se seus pedidos foram priorizados,
04:40porque eram legítimos ou porque tinha uma monetização envolvida.
04:44E o mais agravante que eu acho, e aí, no caso, por exemplo, que ocorreu no governo do PT,
04:50foi o fato de se botar como interlocutor da classe empresarial, o ministro da Fazenda.
04:56Quer dizer, aquela mesma pessoa com quem você tinha que defender seus pleitos,
05:01era a pessoa que pedia arrecadação, quer dizer, ainda que eu nunca tive,
05:06fora aquela questão do refis da crise.
05:07Mas aí o senhor já respondeu esses assuntos, pode responder mais brevemente o que o senhor já falou.
05:13Prossigo, então. E a Petrobras era, então, uma grande cliente do Grupo Odebrecht?
05:19A Petrobras era uma grande cliente nossa.
05:21Inclusive, eu digo o seguinte, eu gosto de dizer o seguinte, por exemplo,
05:27a Petrobras, ela não estava na minha relação com o Palocci,
05:31portanto, ela não estava como fonte da planilha italiana, perfeito?
05:38Agora, veja bem, meu pai mesmo já disse que eu reclamava dos valores altos,
05:44que era um pedido por Palocci Guido, ele mesmo disse no depoimento dele,
05:48e que ele ia para Lula, que ele disse até que o pessoal saiu de boca de jacaré,
05:52acho que a boca de crocodilo, e ele acabava referendando esses valores.
05:56Quando ele referendava esses valores, ele, com certeza,
06:00ele levava em consideração os resultados da Petrobras.
06:03Então, quer dizer, não é uma coisa explícita, mas está lá, com certeza.
06:09Se ele referendava com o Lula, e eu sei que a Petrobras fazia parte da agenda dos dois,
06:13ele referendava.
06:14E, obviamente, a Petrobras estava no escopo.
06:17É difícil, porque eu digo o seguinte, inclusive,
06:19nós estávamos tendo tantos problemas com o governo,
06:22que talvez, se nós não estivéssemos tendo resultado nos contatos com a Petrobras,
06:26é muito provável que, apesar de não ter um vínculo direto,
06:30talvez a gente não estivesse dando esse montante de contribuição,
06:33porque, de fato, era praticamente a única área que gerava resultado no governo.
06:39Há laudo da Polícia Federal nos Autos,
06:41que indica que o Grupo Adebrecht, no período aqui dos fatos,
06:452004 a 2014,
06:47que o Grupo Adebrecht obteve, via contratos da Petrobras,
06:52equivalente a 35,5 bilhões de reais.
06:56A construtora, no aberto Adebrecht,
06:59ela também era,
07:00ela, em particular, era um cliente importante do Petrobras?
07:03A construtora era.
07:04Eu acho que esses contratos não devem estar considerando a parte dos nossos consorciados.
07:09Deve ser os contratos inteiros.
07:10Eu acho que não chega a esse montante todo.
07:12Acho que a nossa parte era menor.
07:15O laudo da Polícia Federal,
07:17só fazendo esse parênteses aqui,
07:18ele considera
07:20só os percentuais de participação dos consorcios.
07:22É, eu não tinha ideia desse valor.
07:25Eu sei que era relevante,
07:26eu acho que me pareceu...
07:28Ah, não, mas aí deve ter também
07:29a questão dos afretamentos das sondas.
07:33É, sondas, eu acho que deve ter isso.
07:35Ou seja, não é só dos contratos de construção.
07:38E a construtora tinha contratos com a Petrobras
07:40no período da sua presidência?
07:41Tinha, tinha.
07:43E qual era o líder empresarial da construtora, então?
07:46Sempre foi.
07:47Nesses assuntos da Petrobras, a liderança sempre foi com o Márcio.
07:49Durante a minha gestão, sempre foi com o Márcio.
07:53E Rogério Araújo?
07:55Rogério era assessor de Márcio.
07:57E além de Márcio, havia outros líderes da construtora?
08:01Não, havia os liderados de Márcio, né?
08:03Que ele tinha uns que cuidavam das obras do Nordeste,
08:05outros que cuidavam do Sul,
08:06mas na minha relação era com o Márcio
08:09e Rogério era assessor dele.
08:10No termo de colaboração 40, o senhor diz o seguinte.
08:20E o que acontece é o seguinte.
08:22Todas as estatais, praticamente todas,
08:24e todos os grandes cargos dos ministérios
08:26são loteados entre os partidos políticos.
08:28Então, quando você tem um diretor
08:29que não tem uma indicação técnica,
08:32seja de uma estatal, seja de um ministério,
08:34você sabe que ele tem padrinho político.
08:36Durante o período que o senhor foi presidente da construtora
08:38e da holding, depois da holding,
08:40o senhor tinha conhecimento desse apadrinhamento?
08:43Não, na verdade, esse apadrinhamento
08:47é uma coisa interna nossa.
08:48Eu quero dizer o seguinte.
08:50Todo ente, toda autoridade ou político
08:53dentro de casa, tinha o que a gente chamava padrinho.
08:57O que era o padrinho?
08:58É pessoas que, pela relação histórica, pessoal,
09:01ou pelo peso do programa,
09:03junto a determinada autoridade,
09:06ela assumia o papel de padrinho da exploração.
09:09Nós fazíamos isso porque,
09:10como eram muitas empresas, muitos executivos,
09:13sempre que alguém fosse procurar alguém,
09:15ele faria com conhecimento e alinhamento desse padrinho.
09:18Então, por exemplo, no caso da Petrobras,
09:21se alguém fosse falar com o Paulo Roberto,
09:24aí tinha alguma exceção.
09:24No caso de Paulo Roberto, ele tinha dois padrinhos,
09:26sempre o L.E. da Braskem
09:27ou o Márcio.
09:30Entendeu?
09:30Aí, por exemplo, se fosse procurar Renato Duque,
09:33seria o Márcio.
09:33Se fosse procurar o Zalazino Márcio,
09:36Lula era meu pai,
09:38Aécio era eu,
09:39Eduardo Campos era eu,
09:41então, Dilma era eu.
09:43Entendeu?
09:43Então, ou seja,
09:45dentro de casa,
09:46cada político tinha um padrinho.
09:48E nada se acertava,
09:50nada se acertava em relação a determinada pessoa,
09:53mesmo de outro negócio,
09:54por outro negócio,
09:56se não fosse alinhado e comunicado
09:58a este padrinho interno.
10:00É uma coisa interna nossa.
10:02Mas no termo de colaboração com a Arienta,
10:03eu sou do seguinte,
10:04na hora em que esse padrinho,
10:05no caso da Petrobras,
10:06basicamente, no início era o PP,
10:08tinha a diretoria de abastecimento,
10:11que era Paulo Roberto,
10:12você tinha o PMDB com a diretoria internacional,
10:14ser verói zelada,
10:16e tinha ainda o PT com a diretoria de serviços.
10:18Entendeu?
10:19Obviamente que depois de um certo momento,
10:21o PMDB e o PT,
10:22até pelo crescimento da diretoria de abastecimento,
10:25pelo enfraquecimento do PP,
10:26começou também, digamos assim,
10:28a ser padrinho do PP.
10:29O senhor, então, tinha conhecimento?
10:31Sim, a gente foi falar.
10:32Aí estamos falando de dois distintos.
10:34Também, as autoridades,
10:37a gente sabe o seguinte,
10:38é por isso que os pessoal brigam por cargo.
10:40Por quê?
10:42Todo cargo tem um padrão político.
10:47É isso que a gente dizia.
10:48Todo cargo tem um padrão político.
10:49Ou seja, aquela autoridade que está lá,
10:52que não foi,
10:53que não entrou lá por merecimento técnico,
10:56ela foi uma indicação política,
10:57ela passou a ter esse padrão político.
10:59Aí, muitas vezes,
11:00você consegue influenciar a autoridade,
11:03não diretamente,
11:03mas via o padrão político.
11:05Então, no caso da Petrobras,
11:07se sabia que o padrão político
11:09do Paulo Roberto,
11:10do Renato Duque,
11:11do Zelada,
11:12do Néstor Severo,
11:13do Duque,
11:13É que a gente falou duas coisas.
11:18Eu fazia um padrão interno
11:19e tinha um padrão político.
11:20Então, o senhor tinha conhecimento?
11:22Sim.
11:24O senhor disse no termo 40 ainda
11:26que não tem como você ter relação
11:30com essas empresas,
11:31com esses ministérios,
11:32onde as pessoas com quem você se relaciona
11:34tem padrão político,
11:35você não tem como transitar
11:36sem fazer algum tipo de compromisso,
11:38algum tipo de pagamento
11:39a pretexto de doação eleitoral.
11:41Na maior parte das vezes,
11:42aí você nunca sabe,
11:44como a maior parte disso
11:45aí vai para o caixa 2,
11:47você nunca sabe
11:48se o valor é privado
11:49ou realmente é para a campanha eleitoral.
11:52Então, o senhor podia
11:53esclarecer um pouco mais
11:54sobre esses compromissos?
11:56Quando você vai,
11:57aí depende de cada um
11:59que tipo de compromisso,
12:00mas quando você vai lidar
12:02com a autoridade
12:03que ela entrou lá
12:04por merecimento técnico,
12:06em geral,
12:06você fica no âmbito técnico.
12:08Infelizmente,
12:09quando ela entrou lá
12:10por uma questão de indicação política,
12:12ela com certeza está lá
12:14para obter algum benefício político
12:16para quem indicou ela.
12:18E esse benefício político
12:19passa por uma contribuição
12:22ao projeto de campanha
12:24ou pelo menos
12:25a pretexto da campanha.
12:27Agora,
12:28se depois vai para a campanha ou não,
12:29você nunca sabe.
12:30isso é para toda indicação política
12:36que existe no governo.
12:38Se alguém faz um esforço
12:40para botar alguém,
12:40é porque alguém quer se beneficiar
12:42politicamente,
12:42da atuação daquela pessoa.
12:45E as pessoas de contato
12:46com a Petrobras
12:48eram Márcio e Rogério,
12:50para esse fim?
12:50No caso da diretoria
12:52de abastecimento,
12:52além de Márcio e Rogério,
12:54tinha os LLs da Braskem,
12:57do âmbito da Braskem.
13:00O senhor disse no termo 40
13:01que o senhor sabia
13:02que tinha fraudes
13:03nas licitações
13:04e ajustes de mercado.
13:06O senhor tinha conhecimento
13:07dessas fraudes?
13:08Não, eu não tinha diretoria.
13:09O que eu sabia é o seguinte,
13:10de alguma maneira,
13:11o que é que acontecia?
13:12As pessoas tinham que,
13:14quando você faz um...
13:16A gente sempre dizia
13:17no mercado o seguinte,
13:18todo edital tem dono.
13:20Então,
13:20o que se costuma dizer
13:21em negócio de construção
13:22é o seguinte,
13:22quando um edital
13:23sai na praça,
13:24é porque teve alguma empresa
13:26com algum acesso maior
13:28a determinado cliente
13:30ou com influência maior,
13:32ele trabalhou o edital
13:33para o edital vir
13:34mais a contempo
13:35dessa empresa.
13:36Então, existia
13:38isso vai de 30,
13:4040 anos
13:41no setor de construção
13:41que é sempre
13:43você trabalha a priori.
13:45Você trabalha
13:46junto ao mercado,
13:47você trabalha
13:47junto ao cliente.
13:49Quer dizer,
13:49eu não sei precisar
13:50exatamente o que eu vou,
13:52mas isso é uma coisa comum.
13:53No tempo,
13:53o senhor era
13:54presidente da construtora?
13:56Eu não era do cidadão.
13:58Mas sabia que Márcio
13:59ia nas reuniões das...
14:00Não,
14:00eu não sabia exatamente.
14:01O que eu sabia
14:02e eu confirmo
14:03é que eu sabia
14:04que de algum modo
14:05Márcio
14:06atendia os interesses políticos
14:08estabelecidos
14:09nas diretores da Petrobras.
14:10Eu sabia
14:11como ele fazia isso,
14:13que tipo de acerto
14:14específico ele fazia isso,
14:15não.
14:16E aí ele estava franqueado
14:18o setor de operações
14:19estruturadas.
14:19para esse fim.
14:20Na verdade,
14:20todos os nossos empresários
14:22que tinham sempre resultado,
14:24eles tinham autorização
14:24para fazer pagamentos
14:25para os contabilizados.
14:27Esse pagamento de propina
14:29a agentes públicos
14:30e para partidos
14:31está então incluído
14:32naquilo que o senhor
14:33chamou de tripé
14:34da relação com o poder público.
14:36É,
14:36é o tripé,
14:37você tem que performar
14:38como empresa,
14:39você tem que apresentar
14:40coisas que sejam importantes,
14:42ou seja,
14:42é o lado bom.
14:44Você tem que criar
14:44o segundo tripé
14:45que eu digo,
14:46é a relação de confiança
14:47que você estabelece
14:48com a pessoa
14:49e o terceiro tripé
14:50é o apoio financeiro
14:51que você dá
14:51ao projeto político
14:52dessa pessoa.
14:57Não é,
14:58eu não acho
14:59que uma relação
14:59só movida a dinheiro
15:01vai funcionar
15:01e como também
15:02infelizmente
15:03uma relação só
15:05onde você levava
15:05bons projetos,
15:07bons investimentos
15:07e criava uma relação
15:08de confiança
15:09não funcionar
15:10porque a pessoa
15:11tinha a expectativa
15:12de você apoiar
15:12o projeto político dela
15:14ou a pretexto
15:15do projeto político dela.
15:16E o senhor já disse
15:18aqui,
15:18mas só para
15:19fim de confirmação,
15:21seu pai disse
15:22na estação penal
15:24que levava
15:25o presidente Lula
15:26a assuntos de interesse
15:27do grupo Odebrecht
15:28e levava demandas
15:30feitas pelo senhor.
15:31Ele levava,
15:32sempre que meu pai
15:33se reunia com Lula
15:34e assim como eu fazia
15:36com Palocci,
15:37com Guido,
15:37com Dilma,
15:39nós tínhamos o hábito
15:40de perguntar
15:41para todos os nossos
15:42executivos
15:43quais eram os temas
15:44que estavam em discussão,
15:46seja demanda,
15:47seja pleito,
15:48seja qualquer tipo
15:49de assunto
15:50que fosse importante
15:51e quando meu pai
15:52se reunia com Lula
15:53eu atualizava ele
15:54de qualquer tema
15:55em discussão
15:56ou que eu precisasse
15:59do apoio eventualmente dele.
16:00com relação a alguns e-mails
16:03esses dois e-mails aqui
16:07sobre o número
16:28e-mails
16:29e-mails
16:30e-mails
16:30e-mails
16:35E-mail aqui, evento 972, anexo 4, tem lá, Márcio, conforme a agência digital, Petrobras.
16:57Márcio enviou o senhor, tratando de licitação das plataformas, especificamente sobre exigência de uma garantia, o senhor ainda era presidente da construtora, o senhor pode relatar?
17:09Não, esse e-mail, acho que até ele controla justamente o limite da minha responsabilidade, que é o seguinte, se eu não me envolvia, e aí pode confirmar até, porque não vai ter nenhum e-mail meu, nenhum registro, falando com Márcio sobre licitação de Petrobras, acerto de preço, acerto de preço, não vai ter.
17:27Mas especificamente, como exigia uma garantia da Odepeche.
17:33A partir do momento que havia uma necessidade de garantia do acionista, aí estava no meu âmbito aprovado.
17:39Então, por exemplo, se Márcio fechasse uma obra de 3 bilhões de dólares, era a delegação dele.
17:45Se ele resolvesse pagar uma propina de 100 bilhões de dólares, era a delegação dele.
17:49Mas para aprovar uma garantia, ele tinha que pegar a minha aprovação, porque era uma garantia, e aí esse e-mail, aliás, confirma justamente o papel que eu tinha na época, em relação ao...
18:03Eu tinha que aprovar isso, porque era uma garantia financeira.
18:09Com relação a esse outro e-mail...
18:11Eu não estou querendo aqui me eximir em minha responsabilidade, quando eu digo que eu não me envolvia, não.
18:19O problema é o seguinte, eu gosto de dizer exatamente o que eu sabia que eu me envolvia, para depois não me cobrar informações que eu não vou saber dar.
18:28Então, por exemplo, o trabalho que eu quero, que eu tive aqui nesse negócio, foi louco.
18:33Porque eu não tinha me envolvido nesse negócio, e eu tive que coincidar.
18:36Então, quando eu digo que eu não me envolvia, que eu não sabia, é para eu depois não ser cobrado e dar informações que eu não sei.
18:43Mas eu não estou me eximindo da minha responsabilidade como empresário, como líder, não, entendeu?
18:47Eu pequei por omissão, mas eu não orientei, não autorizei e não conhecia.
18:53Pequei por omissão.
18:54E eu não estou me eximindo da minha responsabilidade, não.
18:57Às vezes fica parecendo que eu estou me eximindo, mas não.
18:59Eu não estou me eximindo.
19:00Simplesmente é que, como colaborador, eu não quero dizer que eu me envolvi no tema, e depois alguém me perguntar e eu não saber.
19:09Mas, senhor, Jorge, esclarecei esse ponto.
19:12No evento 972, anexo 4, tem aqui um e-mail de 5 de 5 de 2009, sobre uma agenda na Repar.
19:20Só nessa época a gente estava assumindo a holding da Odebrecht.
19:23O senhor confirma essa visita às obras e esse contrato da Repar, a minha pergunta, ele era relevante?
19:30Não, eu acho que ele é um contrato importante, mas o que eu falo é o seguinte, a cada três meses,
19:35a minha reunião com os LLs de engenharia, junto com a minha equipe, se dava a cada três meses.
19:41E o que é que nós fazíamos nessa reunião?
19:43Ela se dava sempre numa das obras.
19:45Então, as reuniões com, por exemplo, com o Márcio ou com o Júnior,
19:50ela se dava a cada três meses em uma obra.
19:51Nesse caso foi na Repar, outra coisa foi na Renécio.
19:54Então, sempre se pegava uma obra e fazia uma visita à obra.
19:58Aí o que você fazia?
19:59Passava a parte da manhã visitando a obra,
20:02e a parte da tarde você discutia temas gerais do negócio, entendeu?
20:08Isso simplesmente é uma visita de rotina que foi feita.
20:11Com relação a esses e-mails e essas notas expectativas.
20:18Então, evento 928, anexo 2.
20:21Evento 928, anexo 3.
20:24O primeiro é uma anotação, liberar para a feira,
20:26pois meu pessoal não fica sabendo.
20:28O outro é item da agenda de Marcelo Debreche.
20:32Só estou identificando aqui.
20:33Se quiser, deixa eu começar.
20:37Ok.
20:41Sim, na verdade, é o liberar para a feira que eu ia perguntar?
20:46Não, eu ia perguntar sobre as glosas da Petrobras.
20:49O senhor estava interessado na questão,
20:51a preocupação do senhor nesse e-mail era revelada com relação
20:54a glosas da Petrobras após a deflagração da Operação Lava Jato?
20:58Aí já terminaram o nome da Lava Jato,
20:59quando aí, obviamente, a história mudou.
21:02Quando deflagou a Operação Lava Jato,
21:04aí realmente eu instituí a investigação interna,
21:07que até foi suspensa quando eu fui first,
21:11mas eu que instituí ela.
21:13E a gente vai perguntar, porque eu não tinha a noção
21:16do tamanho da nossa posição.
21:19Entendeu?
21:20O que é que acontece?
21:22Esse assunto aí das glosas,
21:25foi uma batalha, inclusive, que tem a ver com...
21:26A Graça chegou e a equipe dela começou a fazer várias glosas na Petrobras.
21:33Tem, inclusive, relação com o assunto dessa última ação que teve
21:37referente ao expediente da Petrobras.
21:39Quer dizer, nós começamos a ser pressionados pela Petrobras
21:42por glosas, que não contratam a Petrobras,
21:45e por as empresas do grupo estarem sendo proibidas
21:48de contratar com a Petrobras.
21:49Então, iniciou um processo nosso de tentar,
21:53e aí eu começo meus relatos,
21:55eu fui a tudo que é ministro, fui a presidente,
21:57fui a todo mundo,
21:58reclamar de que não dava para a gente ser massacrado com glosas,
22:03sendo obstruído por tudo que é lado,
22:05e aí tem a ver com tudo aquilo que eu já relatei
22:07do processo da Lava Jato já em curso,
22:10o grosso disso no primeiro semestre de 2015.
22:13Inclusive, tem um ponto,
22:19tem um momento interessante,
22:20teve um momento até que o Guido tinha me impedido
22:23um recuso.
22:25Não, mas aí eu acho que se não tem relação direta aqui...
22:28Não, porque tem a ver com a glosa.
22:29Tem a ver com a glosa.
22:31Não sei se...
22:32O esclarecimento era sobre a sua preocupação
22:35com relação a esse assunto.
22:36Não, aí foi...
22:37Veja bem, a minha postura de entrar mais no assunto
22:41mudou radicalmente a partir de 2014,
22:45com defragação Lava Jato.
22:46Quer dizer, tanto é assim que as minhas notas,
22:51todas, elas são da fase da Operação Lava Jato.
22:55Então, a partir daí, eu mergulhei no tema
22:58e procurei para envolvimento mais direto, óbvio.
23:00Então, aí eu comecei a ter.
23:02Aí tem aqui evento 928, Nexus 7, reunião,
23:06Palácio do Planalto, 30 de 12 de 2010.
23:08Nexus 7, do 928.
23:11Uma agenda mostrando como organizador de uma reunião
23:15no Palácio do Planalto, no último dia do mandato do presidente Lula.
23:19Teve. Teve essa agenda, no último dia.
23:23Foi eu e meu pai.
23:25Tivemos com a presidente Dilma eleita e o presidente Lula.
23:29Não sei se foi no último ou no penúltimo dia,
23:30mas foi nisso aí.
23:32Onde, no fundo, foi uma reunião,
23:34porque a Dilma era um incômodo
23:38para a gente.
23:39Quer dizer, eu tinha uma relação com a Dilma,
23:41mas não era uma relação
23:42tão antiga de confiança como meu pai tinha com o Lula.
23:46E, no fundo, era um pouco para a Lula
23:48respaldar essa relação
23:50que ele tinha com a gente
23:53e que ela continuasse com a Dilma.
23:55Foi esse, no fundo,
23:57o objetivo dessa reunião.
24:02Você tem um e-mail que consta
24:04que está no relatório da Polícia Federal
24:07de 24 de julho de 2014.
24:10Então, evento 972, anexo 7.
24:14Relatório de análise de Polícia Social
24:16430 de 2015.
24:18Um e-mail aqui enviado pelo senhor
24:19em 24 de setembro de 2014.
24:22São e-mails trocados entre o senhor e o Rogério Araújo
24:27falando sobre as testemunhas
24:28de Paulo Roberto Costa
24:30no processo da Operação Lava Jato.
24:32Essas são as mensagens que estão, portanto,
24:33no relatório da Polícia Referida.
24:36O senhor e o Rogério estavam falando
24:37sobre o processo de Paulo Roberto Costa.
24:39Sim, foi exatamente.
24:41Para o seu interesse nesse caso?
24:42Não.
24:42Eu já...
24:43Quer dizer, do processo
24:45do âmbito da Operação Lava Jato,
24:48é importante entender o seguinte,
24:49que eu primeiro estava tateando
24:51e qual era a verdadeira exposição.
24:53O segundo estava preocupado
24:54em defender a empresa
24:55e defender a norma.
24:56Então, no fundo,
24:58nós várias vezes está...
24:59E eu nunca neguei isso,
25:01que nós estávamos atuando
25:03em todas as frentes possíveis
25:04para tentar dificultar
25:07aqui os levantamentos
25:08da Operação Lava Jato.
25:09Eu nunca era.
25:10Eu falei com várias autoridades,
25:12inclusive no meu relato,
25:13eu enumerei vários itens.
25:14Isso aí eu nunca neguei
25:16que eu atuei nesse sentido.
25:18Até porque...
25:19Agora é importante citar o seguinte,
25:21eu, ao mesmo tempo
25:22que estava tentando levantar
25:24a nossa verdadeira exposição,
25:25o que tinha sido feito dentro de casa,
25:28que eu não tinha a real noção
25:30da dimensão,
25:32eu também estava tentando atuar
25:34fora de casa
25:36para tentar bloquear.
25:38Eu sabia, por exemplo,
25:39que uma delação naquela época
25:40de Léo Pierre ou Ricardo Pessoa,
25:43com certeza tornaria também
25:45diretamente a gente.
25:46então eu estava no processo
25:47de entender o que tinha havido
25:49e no processo também
25:50de tentar, vamos assim,
25:53colocar panos quentes ou panos frios
25:55em cima da operação.
25:56Isso eu nunca neguei
25:57e reconheci nos meus anexos.
26:00Tentou um anexo 221,
26:07então, com isso aqui,
26:08folha 5,
26:10anotação de baixo?
26:12É anotação extraída do celular.
26:15Assunto, eligete, ação,
26:17GES.
26:17É uma anotação extraída
26:20do seu celular,
26:21reproduzida nesse relatório de análise
26:22da Polícia Federal.
26:23Nessa nota, o senhor demonstra
26:24a preocupação com as pessoas
26:25indicadas pelas siglas MF e RA.
26:28Está nas páginas seguintes,
26:30essa, acho que é a terceira página.
26:33Não, é a seguinte.
26:35MF e RA é Márcio e Rogério.
26:37Não.
26:38Rogério Araújo?
26:39Rogério Araújo.
26:40Porque eram os dois
26:41que, ao meu modo de ver,
26:42estavam mais expostos.
26:43Nessa anotação está referido
26:45MF e RA,
26:47não movimentar nada
26:48e reembolsaremos tudo
26:50e asseguraremos a família.
26:51Vamos segurar até o fim,
26:53higienizar, apetrechos,
26:54MF e RA.
26:56Eu já procurei esclarecer isso,
26:58o que acontece aqui?
26:59Em relação a Márcio e Rogério,
27:02teve aquele problema na fase,
27:03eles foram sujeitos
27:04à busca e à pressão
27:05e teve aquele negócio
27:07que apareceu no jornal,
27:09depois, de graça,
27:11fazendo uma transferência lá
27:13de doação para os filhos.
27:14E aí,
27:16eu avisei assim,
27:16você não mexe nas suas contas.
27:18Se as contas foram bloqueadas,
27:21a empresa depois
27:22tranquiliza a sua família,
27:23mas não mexe nas contas
27:24porque vai ser mais indicativo
27:25para defagar uma prisão.
27:27E aí,
27:28eu realmente,
27:29no primeiro momento,
27:30eu até comentei
27:31nos meus anexos,
27:32que é o seguinte,
27:32no primeiro momento,
27:33a minha primeira reação
27:34foi assim,
27:34vocês veem o que vocês têm
27:36nos seus computadores
27:38para vocês limparem.
27:39mas eu fui orientado
27:41pelo jurídico
27:42justamente para não fazer isso.
27:45Entendeu?
27:47Exatamente porque isso,
27:48olha,
27:48você não tem como,
27:49você apaga,
27:50fica a marca.
27:51E como a gente tinha um processo
27:52de investigação
27:52interno de andamento,
27:53inclusive,
27:54a da Brasquinha
27:54tinha já um advogado
27:56externo de OJ,
27:57então a gente não fez isso.
28:00Então eu disse isso,
28:02coloquei isso como uma nota,
28:03mas fui recomendado
28:04pelo jurídico
28:05para não apagar
28:06tanto assim
28:07que eu não apaguei
28:08nada em absoluto mesmo.
28:11Então,
28:12essa questão veio à tona,
28:14discutimos,
28:15mas acabou se não
28:17ser pagando.
28:17Até fiquei
28:18depois chateado
28:20porque descobri
28:21que grande parte
28:22dos meus e-mails
28:23foram apagados,
28:24eu já preso,
28:25não sei porquê,
28:26inclusive,
28:27que tem essa história
28:27de computador
28:28que eu nunca consegui
28:29ter acesso
28:30ao meu computador,
28:31pedi,
28:32e não se conseguiu
28:34dar acesso
28:35ao meu computador,
28:35quer dizer,
28:36uma coisa de interesse meu,
28:37sei que o Ministério
28:37está tentando,
28:38o Ministério está tentando,
28:40e inclusive,
28:41eu não estou conseguindo
28:42ter acesso
28:43a e-mails
28:44que eu estou solicitando
28:45e as pessoas
28:46não estão querendo dar.
28:48Então,
28:49eu digo o seguinte,
28:50a minha primeira reação
28:52era uma reação
28:53depois que eu tomei
28:55consciência do assunto,
28:56minha reação
28:56foi totalmente
28:57contrária,
28:58ele busquei
28:58estudar os fatos.
29:03Em relação ao planilho,
29:04que está ganhando,
29:05já quase...
29:05Você vai derramper
29:06um minutinho então,
29:07porque eu estou
29:07me enrolando.
29:07嗎?
29:12E aí,
29:15eu estou te abençando,
29:17eu estou te abençando,
29:17eu estou te abençando,

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