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  • 19/06/2025
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Transcrição
00:00Excelência, poderia esse interrogatório ser aditado sem a imagem?
00:06Doutor, eu tenho reservado esse benefício apenas àqueles que têm feito a cor de colaboração,
00:14então eu não tenho uma base legal, certo?
00:19Bem, então, nessa ação penal 505-49-32-38, depoimento do Sr. Antônio Palocci Filho.
00:26Sr. Palocci, o senhor está sendo acusado de um crime pelo Ministério Público Federal,
00:32na condição de acusado, pela nossa lei, o senhor tem o direito de permanecer em silêncio.
00:37O senhor fizer uso desse direito, também pela nossa lei, isso não lhe traz nenhum prejuízo.
00:43Mas essa é a oportunidade também que o senhor tem de falar no processo,
00:48tudo o que o senhor falar vai ser considerado para julgamento.
00:51O senhor prefere falar ou o senhor prefere ficar em silêncio?
00:53Prefiro falar, Vossa Excelência, o que for perguntado, e se Vossa Excelência permitir,
00:59eu gostaria, antes de responder a questão, de fazer uma breve contextualização dos episódios, se o senhor permitir.
01:07Eu, na verdade, em geral, faço algumas perguntas, e ao final eu dou um espaço para o senhor fazer qualquer declaração,
01:15como o senhor preferir, então, se o senhor não se importar, eu preferia deixar para o final,
01:21até porque tem algumas questões que talvez ficarem bem prejudicadas pelas minhas perguntas,
01:26do Ministério Público, dos demais defensores.
01:29Mas, ao final, o senhor pode ficar tranquilo, que eu lhe dou um espaço para fazer qualquer declaração,
01:34qualquer contextualização, qualquer manifestação de defesa, certo?
01:37Embora, o senhor falasse, embora a sua carreira política seja relativamente notória,
01:46só para esclarecer, eu gostaria que o senhor me relatasse, a partir de 2002, a sua atividade política.
01:53Tá, em 2002 eu deixei a Prefeitura de Ribeirão Preto, para a qual eu tinha sido eleito no ano 2000,
02:00então, fui prefeito pela segunda vez, em 2001 e 2002, com a vitória do presidente Lula para a presidência da República,
02:09ele pediu para que eu fosse para Brasília, para ocupar o Ministério da Fazenda,
02:13então, deixei a Prefeitura e fui para o Ministério da Fazenda, onde fiquei até março de 2006.
02:20Em 2006, fui candidato a deputado federal, fui eleito deputado federal, até dezembro de 2010.
02:28Mas, nesse ano, eu decidi não mais ser candidato, eu estava encerrando minhas atividades políticas,
02:34e a presidente Dilma me convidou para participar de sua campanha, então, participei da campanha dela,
02:39disse que me comprometi com ela de ficar um ano, um ano e pouco em seu governo,
02:44e participei, no fim, seis meses de seu governo.
02:48Em junho de 2011, eu deixei o governo da presidente Dilma.
02:52Depois disso, não tive nenhuma atividade política, mas apenas atividade privada,
02:59de consultoria econômica e financeira, e assessoria empresarial.
03:03Perfeito. O senhor participou da campanha, a primeira campanha presencial do presidente Dilma?
03:11De 90 e...
03:12Não, não, desculpe.
03:13A quem ele foi eleito, eu participei, eu participei.
03:17E qual que era a sua função?
03:18Minha função, na época, o programa de governo do presidente Lula era coordenado pelo prefeito Celso Daniel,
03:28que era prefeito de Santo André, e ele foi assassinado naquela oportunidade, antes do início da campanha.
03:34Então, eu era prefeito de Ribeirão Preto, na época, o Lula queria muito alguém com experiência administrativa
03:41para dirigir o programa de governo dele.
03:45O prefeito Celso Daniel fazia esse trabalho, o programa de governo.
03:48Quando ele faleceu, o presidente me chamou para que eu ocupasse essa posição de coordenador do programa de governo,
03:58da coligação do presidente Lula.
04:01O senhor também participava da parte de arrecadação, de recursos, de campanha?
04:05Não, não. Nesse ano, não. Não tinha nenhuma responsabilidade nessa área de arrecadação e recursos.
04:12E na campanha de 2006, o senhor participou?
04:14Na campanha de 2006, eu era candidato também.
04:19Então, aí, diferente da campanha de 2002, eu não participei da estrutura da campanha.
04:25Em nenhuma função, nem programa de governo, nem...
04:28Foi a campanha da vez que eu menos tenha participado, porque havia como norma,
04:33se uma pessoa é candidato, ele não deve participar da estrutura de uma campanha.
04:38Porque conflita interesse...
04:40Conflito de agendas, conflito de posicionamentos, né?
04:47Então, normalmente, quem são candidatos não participam de uma coordenação integral de campanha.
04:52Então, em 2002, eu não era candidato, participei integralmente.
04:55Em 2006, eu era candidato, então participei muito pouco.
04:59Quase nada, praticamente.
05:01Da campanha presidencial.
05:02Da campanha presidencial. Fiz a minha campanha.
05:04Sim, perfeito.
05:05O senhor teve uma ideia, não fiz nenhum comício da campanha presidencial, por exemplo, em 2006.
05:09Em 2010, voltei a participar intensamente da campanha na coordenação.
05:14Na campanha de 2006, só para deixar claro, parece que está implícito, mas o senhor participou de arrecadação para a campanha presidencial?
05:22Não. O que aconteceu, e isso aconteceu em 2006, acredito que não em 2002,
05:29foi que os tesoureiros do partido ou da campanha, às vezes, pediam para que eu falasse com o empresário
05:34que estava contribuindo, que eles estavam com necessidades,
05:37que seria importante se eu pudesse reforçar com um ou outro empresário a necessidade de uma participação maior.
05:44Então, devo ter feito isso, sim, em 2006, com duas ou três empresas, a pedido dos tesoureiros.
05:51Mas, assim, nunca tive acompanhamento da questão financeira.
05:56Como disse, em 2006, não tive acompanhamento de nenhuma área, na verdade.
06:00Fiz eventuais atividades da campanha, mas bastante afastado da coordenação dela,
06:06diferente de 2002 e 2010.
06:09Em 2010, o senhor participou da campanha presidencial?
06:12Sim.
06:13E o senhor fazia o quê? Qual era a sua função?
06:16A minha função era, principalmente, orientação e coordenação da área de programa econômico.
06:23Eu havia sido ministro da Fazenda, então a questão econômica era central na campanha,
06:31como em todas as campanhas presidenciais.
06:32Então, eu trabalhava, fundamentalmente, a discussão do histórico da saída da crise de 2001, 2002,
06:43e, principalmente, do que seria o mundo e o Brasil depois da grande crise de 2008,
06:48que é a chamada crise do subprime americano, que atingiu o mundo todo.
06:54Então, havia toda uma discussão central na campanha de 2010, se os países emergentes conseguiriam escapar daquela grande depressão ou não.
07:05Então, essa foi a questão central da minha participação na campanha de 2010.
07:10O senhor participou da parte arrecadatória na campanha de 2010?
07:13Não, eu não fazia parte, não era tesoureiro, não fazia parte da arrecadação, não acompanhava esse tema.
07:21E tinha um comitê, além do tesoureiro da campanha, do tesoureiro do partido, que trabalhavam em funções similares,
07:26mas com suas particularidades.
07:29Existia também aquele comitê financeiro oficial, né, que a lei determina.
07:33Certo.
07:34Nenhum, nem outro, nem outro, em nenhuma das três situações eu figurava.
07:38E, de novo, em 2010, em algumas oportunidades, os tesoureiros da campanha pediam para que eu reforçasse com um empresário ou outro
07:47uma solicitação de apoio mais ampla, por causa de emergências, de dificuldades de campanha.
07:54Então, isso eu cheguei a fazer pouquíssimas vezes, na verdade,
07:58até porque a minha atividade da campanha consumia quase integralmente o meu tempo.
08:04Quem que era o tesoureiro ou o responsável pela parte financeira da campanha em 2010?
08:09Em 2010, o senhor José de Filipe Júnior, ele era tesoureiro da campanha eleitoral,
08:15ele foi prefeito de Diadema, na oportunidade, ele tinha sido já deputado federal.
08:23Em 2010?
08:23Em 2010. Ele foi responsável pela arrecadação da campanha, foi o tesoureiro da campanha.
08:31E o senhor João Vacari tinha algum papel nesse papel?
08:33O João Vacari era tesoureiro do partido.
08:36Então, o João Vacari, ele era, uma coisa é a campanha presidencial,
08:39o seu tesoureiro se ocupa exclusivamente da candidatura presidencial, né?
08:46O tesoureiro do partido, ele tem que se preocupar, como é uma eleição para deputados, governadores, senadores,
08:51ele tem que se ocupar da campanha nacional, de 27 governadores, senadores, e portanto ter uma atuação um pouco diferenciada
09:03do tesoureiro da campanha presidencial, da campanha presidencial exclusivo.
09:08Perfeito.
09:09Nesse período que o senhor foi ministro da Fazenda, depois o senhor teve esse mandato de deputado federal,
09:15e depois o senhor teve esse cargo de ministro do chefe da Casa Civil, isso, né?
09:20O senhor também exerceu paralelamente alguma atividade de cunho privado?
09:25Nos períodos que eu fui ministro, nenhuma, zero.
09:28No período que eu fui deputado, eu construí uma consultoria econômica e financeira e assessoria empresarial.
09:37Qual que era o nome dessa empresa?
09:38O senhor chama projeto, a empresa.
09:40O senhor era o proprietário?
09:41Eu era o principal acionista, não era o único, mas era o acionista principal.
09:46Quem eram os demais?
09:47Os demais eram dois economistas.
09:50E qual que era a atividade dessa empresa?
09:52A atividade dessa empresa era principalmente uma empresa onde oferecia a empresas cenários econômicos
10:05e perspectivas da política econômica do Brasil.
10:09Era essencialmente essa questão que essa empresa desenvolvia.
10:13Evidentemente, eu desenvolvi na minha vida política algumas capacidades, outras não.
10:18embora minha formação tenha sido medicina, mas acabei desenvolvendo capacidade mais em outra área, na área econômica.
10:28Isso me permitia ser ouvido e ser procurado de maneira bastante frequente por muitos empresários.
10:39Para o senhor ter uma ideia, por exemplo, na atividade política de ministro da Fazenda,
10:48eu deixei o governo, depois de três anos e meio, com uma boa dívida pessoal.
10:55E depois da quarentena, que eu era obrigado a fazer, eu fiz em dois meses 20 palestras.
11:01E recebi nessas 20 palestras mais do que eu tinha ganho em três anos e meio como ministro.
11:09Então eu vi que ali eu podia fazer uma atividade legítima, legal, não era contraditória pela Constituição com o cargo de deputado federal.
11:21E eu exerci essa função.
11:23Nunca dei nenhuma consultoria para órgão público.
11:26Cheguei a fazer a convite de órgão público, uma ou outra palestra em órgão público, para as quais não cobrei.
11:32Essa atividade da sua empresa, então, pelo que eu entendi, era estudos, consultas ou palestras?
11:38Uma coisa ou outra, ou consultas, ou estudos ou palestras.
11:42Por exemplo...
11:43E também fazia intermediação...
11:46De negócios?
11:46De negócios com o poder público?
11:48Não, com o poder público nunca.
11:49Eu até, muitas vezes, fui procurado para isso.
11:52Confesso que fui procurado e dizia para as pessoas que era uma coisa que eu não poderia fazer.
11:58Quando era deputado.
11:59Depois que eu deixei de ser deputado e voltei a atuar como na empresa, eu poderia fazer.
12:04Mas mesmo assim, eu dizia para os clientes que eu não faria intermediação junto a órgãos públicos
12:11por achar que não era adequado, por ter sido ministro.
12:15Essa atividade privada do senhor, o senhor desenvolveu somente através dessa empresa?
12:21Só através da empresa.
12:23Nos primeiros meses que eu desenvolvi, eu não tinha empresa.
12:26Então, eu fiz como autônomo.
12:27Mas chegou a constituir, por exemplo, alguma outra empresa?
12:29Não, só tem essa empresa.
12:32E o senhor chegou a ter alguma outra fonte de renda, fora, por exemplo, os vendimentos da empresa
12:37e o salário de deputado nessa época?
12:39Deixa eu voltar só um ponto.
12:41Ah, perfeito.
12:42Quando eu fui pela segunda vez ao ministério, o senhor vai ver, pela documentação, pode
12:48parecer que eu mudei de empresa, eu passo a ser sócio de outra empresa.
12:52Acontece que quando eu fui convidado para ser ministro da Casa Civil, eu procurei a Comissão
12:57de Ética da Presidência da República e expus a situação.
13:00Falei, olha, eu tenho uma empresa, está aqui, levei os documentos e pedi uma orientação
13:06sobre o que fazer e disse que eu não queria fazer nenhuma atividade durante a minha atividade
13:12como ministro, porque aí era incompatível.
13:15Não era como deputado, mas seria como ministro.
13:19A comissão me orientou a mudar a razão social da minha empresa, transformar ela numa administradora
13:24dos bens dela e fazer um contrato de administração de recursos com o banco onde eu tinha conta.
13:34De forma que, a partir do momento que eu assumi um cargo no governo já da presidente Dilma,
13:40eu não mais tive qualquer atividade na empresa, nem movimentei qualquer recurso da empresa em relação
13:48a aplicações financeiras, etc. Eu fiz um contrato de truste com um banco para que ele
13:54administrasse esse recurso, segundo a orientação da Comissão de Ética da Presidência da República.
13:59Perfeito.
14:01Desculpa, eu perdi a sua pergunta.
14:03Voltando a ela, sim, no período que o senhor foi deputado, o senhor mencionou que tem essa
14:07empresa, teve essas atividades. A minha indagação é se o senhor tinha alguma outra fonte de renda
14:12fora os vencimentos de deputado e os rendimentos que o senhor recebia na empresa.
14:17Na empresa.
14:17Não, eu escrevi um livro, tive renda desse livro, nada, outra atividade permanente,
14:26prestei uma consultoria de curtíssimo prazo para o Banco Interamericano de Desenvolvimento,
14:31que foi uma consultoria internacional, mas aí eu recebi pela empresa, não teve, não teve,
14:39não, não, não sei se, não, desculpe, não recebi pela empresa, recebi como...
14:43Nada muito significativo.
14:44Não, não, não, nenhuma atividade significativa, nem permanente, além da empresa e das atividades públicas.
14:50E depois de 2011, que o senhor deixou o governo do ministro?
14:54De novo eu perguntei à Comissão de Ética, aí diferente, eu não ocupava uma área econômica,
14:59mas perguntei à Comissão de Ética se eu deveria observar a quarentena, disseram que sim.
15:03Então eu deixei minha empresa parada quatro meses, depois que passaram esses quatro meses eu reativei a mesma empresa.
15:10Aí voltei à razão social que ela tinha antes de eu assumir o ministério,
15:14para ser uma empresa de consultoria econômica financeira e assessoria empresarial.
15:18E retomei as atividades normais da empresa.
15:21A partir daí eu não tinha mais qualquer impedimento de contratar com o setor público,
15:25ou de fazer negociações com o setor público, mas decidi não fazê-lo.
15:32Achei mais do ponto de vista deontológico que seria melhor não fazê-lo,
15:38embora não houvesse nenhum, a partir daí, nenhum impedimento para que fizesse atividades com o setor público.
15:44Então não aceitei nenhuma proposta, recebi algumas propostas de palestras,
15:48atividades junto ao setor público, eu considerei melhor não fazê-lo.
15:54Na outra fase eu tinha feito uma ou duas palestras em órgãos públicos e eu não cobrei.
15:58Achei melhor fazer e não cobrar.
16:00Dessa vez eu sequer fiz, achei melhor tomar distância disso, por razões deontológicas.
16:05Para eu ter uma ideia, essa empresa que o senhor tinha, o tamanho dela, profissionalmente,
16:09ela tinha empregados?
16:10Tinha em torno de sete pessoas.
16:13Era uma empresa pequena porque dependia muito da minha atividade.
16:15Mas quando precisava fazer estudos econômicos específicos,
16:20eu, como eu disse, tenho formação médica, então eu apanhava bastante no aspecto técnico.
16:27Por isso eu tinha dois economistas que trabalhavam comigo nessa parte de projeção de receita de empresas,
16:36expectativa de receita futura, trazer valores a valores presentes, esse tipo de coisa.
16:41Foi toda a técnica de estudo especificamente econométrico, vamos dizer assim.
16:53Eu não possuo essa especialização, então eu tinha economistas que faziam isso.
16:59Esses estudos que o senhor fazia, eles eram reduzidos a escrito ou era um trabalho mais verbal?
17:06Era um trabalho mais verbal?
17:07Era feito um estudo, um escrito, algum documento?
17:10Tinha bastante coisa escrita.
17:11Nem sempre era escrito.
17:13Até digo que grandes questões que eu prestei de assessoria à empresa acabaram não sendo escritas.
17:19Mas, por exemplo, vou lhe dar um exemplo, se o senhor permitir.
17:21Claro.
17:21Na crise de 2008, os bancos internacionais fizeram uma coisa perigosíssima no Brasil,
17:29que foi oferecer aos empresários, quando os juros do Banco Central estavam em torno de 12%,
17:37se não me engano, 11%, os bancos internacionais visitaram as empresas nacionais oferecendo empréstimos a 5%.
17:45Isso foi uma coisa muito rápida, muito grande, muito significativa.
17:54Eu fiquei muito assustado com isso.
17:56Eu tentei de diversas formas entender do que se tratava, até que eu fiz com um dos clientes que eu atuava,
18:04eu fiz um estudo para ele, porque ele recebeu aquilo e falou,
18:07olha, eu tenho uma proposta aqui recusável, vou tomar milhões aqui, porque 5% eu nunca mais vou ter na vida.
18:16E eu li, foi o primeiro processo que eu li.
18:20Ali era o famoso derivativo cambial, que quebrou metade das empresas importantes do Brasil.
18:29Porque os bancos internacionais propunham um juro baixinho, mais uma vinculação à taxa cambial.
18:36Se a taxa cambial variasse, se pagavam múltiplos daquilo.
18:39O senhor tem uma ideia, uma empresa que tomasse naquela oportunidade 350 milhões de reais,
18:45pagaria, meses depois, 5 bilhões de reais.
18:49Portanto, quebrando muitas empresas.
18:51Eu fiz um trabalho muito grande com os meus clientes, e lhe digo que na lista das empresas que não fizeram esses contratos danosos,
19:02estão todos os meus clientes.
19:03Certo.
19:05Algumas indagações específicas aqui.
19:07O senhor fez parte do conselho de administração da Petrobras?
19:09Da Petrobras, fiz.
19:10Do início de 2003 até março de 2006.
19:15E depois, quando voltei ao governo, no governo da presidente Dilma,
19:21ela queria que eu fosse para o conselho, eu não queria, isso acabou empurrando essa decisão.
19:26Então, por tanto tempo que quando eu acabei aceitando a indicação, eu só fiz uma reunião.
19:32Fui numa reunião...
19:33E qual que era a sua posição de conselheiro?
19:36Conselheiro do conselho de administração, nunca fui presidente do conselho.
19:39Como funcionava, assim, essas nomeações de diretores?
19:43As nomeações?
19:44De diretores?
19:45Isso.
19:46De diretores, vamos dizer, a primeira vez a montagem da diretoria foi uma montagem de indicações
19:55muito da própria, que vinha da própria empresa, porque, obviamente, a Petrobras era uma empresa
20:05de grande porte e não se pensava ali em colocar pessoas, muitas pessoas de fora da empresa,
20:11dado a excelência da atividade da empresa.
20:14Mas havia influência político-partidária?
20:16Havia, havia, havia.
20:18O senhor estava lá, por exemplo, no período que o senhor Renato Duque foi nomeado,
20:23e há uma referência que ele teria sido nomeado por influência político-partidária do Partido
20:30dos Trabalhadores.
20:31O senhor tem conhecimento disso?
20:33Eu nunca vi uma reunião ou uma colocação formal a respeito disso, mas isso era comentado.
20:41Era comentado que ele tinha apoio do Partido dos Trabalhadores na sua indicação.
20:45Isso era um comentário que existia na época.
20:49E o Paulo Roberto Passa, por exemplo, também foi nomeado no seu período?
20:53Foi.
20:53Ele foi nomeado em substituição ao diretor Rogério Manso.
20:57E também foi uma nomeação técnica para o conselho, foi uma nomeação técnica, mas
21:02digo ao senhor que havia comentários também de um relacionamento dele com o PP.
21:08Sim.
21:10Mas não foi indicações...
21:11Mas isso não era de conhecimento do conselho?
21:14Não.
21:14Quando se tinha presente isso?
21:16Não.
21:16Quando o conselho, quando aprovava, aprovava nomes e currículos.
21:20Currículos bastante técnicos.
21:25Na verdade, todas as pessoas, apesar de poder ter suas relações políticas, tinham currículos
21:31de 30 anos, 35 anos de trabalhos prestados na Petrobras.
21:35Então, o conselho olhava, essencialmente, as nomeações sobre esse prisma.
21:44E quem que encaminhava os nomes desses diretores para aprovação?
21:48Normalmente, a presidência do conselho.
21:52Não sei como isso tramitava no governo, porque nessa época eu era ministro da Fazenda,
21:56então não me ocupava de formação de governo.
21:58No começo do governo do presidente Lula, foi dividido tarefa, de forma que eu fui nomeado
22:05coordenador da transição entre o governo do presidente Fernando Henrique e o governo
22:09do presidente Lula.
22:11Então, eu fui nomeado funcionário público, já no governo Fernando Henrique, em outubro
22:16para novembro.
22:18Então, eu passei a ocupar cargo público no governo federal, já nesse período.
22:22Então, eu me ocupei exclusivamente da parte de transição técnica.
22:26Havia equipes e pessoas que cuidavam de montagem do governo, que não era o meu caso.
22:32O senhor Baranislav Contique trabalha com o senhor desde quando?
22:38Acredito que, depois que eu me tornei deputado federal, acredito que ele trabalhou na prefeitura
22:48de São Paulo, ele foi empresário antes disso, eu não o conhecia.
22:53Quando ele trabalhou na prefeitura, eu também não o conhecia, sabia da existência dele.
22:57Foi depois que eu me tornei deputado federal, em 2006, ele trabalhou nesse período comigo.
23:03E qual que era a função que ele existia?
23:05Ele tinha a função de assessoria, ele era uma pessoa muito qualificada, do ponto de
23:09vista de relacionamento pessoal, de conhecimento empresarial, de conhecimento profissional.
23:15É uma pessoa, um profissional qualificado.
23:19Então, ele recebia demandas, conversava com pessoas.
23:24Mas ele assessorava o senhor no legislativo ou na empresa?
23:27No legislativo, depois que eu deixei, numa outra época, ele veio prestar serviço para
23:33a minha empresa.
23:33E o que ele começou a fazer dentro da empresa?
23:37Dentro da empresa?
23:38Ele me ajudava na organização dos contratos, principalmente na organização dos contratos,
23:45na elaboração de relatórios.
23:46Ele tem conhecimento econômico de ter sido empresário, então ele ajudava nisso.
23:51Mas, assim, essencialmente a atividade, vamos dizer, de conteúdo da empresa era feita por
23:57mim, no aspecto de política econômica e pelos economistas, no caso dos trabalhos mais técnicos.
24:03Certo.
24:04O seu relacionamento com o Grupo Odebrecht?
24:06O senhor teve, por exemplo, um relacionamento comercial com o Grupo Odebrecht e consultoria,
24:12por exemplo, na empresa?
24:14Não, nunca tive nenhum contrato com o Grupo Odebrecht.
24:18Nenhum contrato.
24:19Num contato.
24:20Mas conheço o Grupo há muitos anos.
24:25Nunca recebeu valores por serviços prestados por sua empresa ao Grupo Odebrecht?
24:31Nunca.
24:31O senhor acompanhou todos os depoimentos aqui dos demais acusados que a lei não assim estabelece.
24:42E o senhor conhece os termos de acusação.
24:45E há uma referência na acusação que o senhor teria contatos frequentes com o senhor
24:49Odebrecht, que o senhor seria responsável por receber pagamentos, por organizar pagamentos
24:55não contabilizados do Grupo a agentes políticos do Partido dos Trabalhadores.
25:01O que o senhor tem a me dizer a esse respeito?
25:02O senhor prefere que eu faça uma exposição detalhada, respostas objetivas e rápidas?
25:07Eu quero fazer da maneira como o senhor achar mais eficiente.
25:11O momento da defesa é do senhor.
25:14O senhor pode, só peço para não se alongar muito nas respostas.
25:17Tá.
25:18Então, bom, tá.
25:19Eu diria assim, meu relacionamento com a empresa é antigo.
25:24Talvez desde o fim da década de 90.
25:28E ele se dava com o senhor, principalmente com o senhor Emílio Odebrecht.
25:32Posteriormente, também com o senhor Pedro Novis.
25:36No primeiro etapa, não era o Pedro Novis, era o presidente da empresa.
25:42Se não me engano, o senhor Álvaro Cunha, nos primeiros contatos.
25:46Depois, logo depois do Pedro Novis, então tinha algumas conversas com o doutor Emílio
25:52e o doutor Pedro Novis.
25:55Conversas, assim, muito sobre o Brasil.
25:58Eles tinham muito interesse em conhecer o PT.
26:00Como eu era prefeito do PT, eles tinham muito interesse em conhecer a relação que o PT poderia ter com o governo.
26:07Eles viam, falavam que viam o PT como um possível futuro governo.
26:11e queriam conhecer o PT e conhecer experiências do PT concretas.
26:17Então, eu estive muitas vezes com eles, eles sempre foram pessoas muito cordiais em termos desse relacionamento.
26:25Algumas vezes com o ex-presidente Lula, poucas vezes sozinha.
26:28A maioria das vezes o próprio presidente me convidava para ir, o doutor Emílio Odebrecht me convidava para reuniões.
26:34Mas eu tinha uma relação com eles.
26:37O senhor tinha contato frequente com eles?
26:40Não era frequente nessa época, não.
26:42Nessa época, não.
26:43Mas eu acho que é a época que interessa, mas é um pouco...
26:45Mais à frente.
26:46É, 2002 para frente, né?
26:49De 2002 para frente, eu tive vários contatos.
26:54E aqui, se o senhor me permite, há uma grande mudança, não é?
26:58Assim, do estilo e da gestão da empresa até o 2008 e depois de 2008, 2009, quando o Marcelo Odebrecht assume.
27:08O estilo da empresa e da liderança muda radicalmente, não é?
27:14Em que sentido?
27:14No sentido de que o senhor tinha uma liderança...
27:19O senhor pode ver, até, por exemplo, nas pessoas do senhor Emílio e do senhor Marcelo, atitudes...
27:26Uma atitude diferente em relação ao detalhamento das suas agendas, a flexibilidade ou inflexibilidade das posições.
27:40Então, isso mudou muito, bastante, né?
27:42Enquanto tínhamos uma empresa que tinha uma discussão sempre de cenários amplos, de Brasil e mundo, perspectivas econômicas, etc.
27:55O Marcelo era um guerrilheiro das causas da empresa.
27:59Sim.
27:59Eu não estou aqui fazendo um julgamento pessoal.
28:02Não, entendi.
28:03Não é uma crítica pessoal.
28:04É um ótimo pai de família, é uma ótima pessoa.
28:07Sim.
28:07Não estou fazendo uma crítica pessoal, estou dizendo de estilos.
28:09O estilo do doutor Marcelo era um estilo guerrilheiro das causas da empresa.
28:15Então, se em três reuniões com o senhor Emílio não se tratava de um assunto sequer de interesse da empresa,
28:22em dez minutos com o Marcelo se tratava de cinco, seis questões de interesse da empresa.
28:26Ele era muito ativo em relação às metas.
28:33E outra coisa que mudou, uma empresa de Emílio e Odebrecht faz obras, olha o Brasil a longo prazo, ganha numa, perde na outra.
28:45Uma empresa que olha o mundo, está presente em 10, 15 países.
28:49Uma empresa de Marcelo olha projeto por projeto, se ele é rentável, se não é rentável.
28:55Então, eu queria destacar essa diferença.
28:57Eu vou interromper um minuto para o tamanho do áudio e já retomo o segundo momento.
29:02Pode interromper.
29:02Obrigado.

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