- 19/06/2025
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NotíciasTranscrição
00:00Então, nessa ação penal 504.65.12.94, continuidade de depoimento do senhor ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
00:13Bem, o senhor disse que o senhor não fez nenhuma solicitação, então, ao Partido dos Trabalhadores,
00:16ou alguém dos Partidos Trabalhadores, para que esses fatos fossem apurados, para verificar se teriam procedência ou não.
00:22Não.
00:23Eu não entendi, então, no contexto, por que o senhor procurou especificamente, como o senhor afirma, o senhor Renato Souza Duque,
00:30eu falei, por que eu chamei? Acabei de falar.
00:33Não sei, pode repetir, então?
00:35A sua secretária deve ter escrito aí.
00:36Eu disse que tinha muito boato de que estava sendo roubado o dinheiro que o Duque tinha conta no exterior.
00:44E eu falei para o Vacar, se você conhece o Duque, eu queria conversar com ele.
00:47Duque, é o seguinte, você tem conta no exterior? Não tenho.
00:51Acabou, para mim era o que interessava.
00:52O senhor procurou algum outro ex-diretor da Petrobras com esse mesmo propósito?
00:56Não, não, não.
00:57O senhor procurou o Paulo Roberto Costa, por exemplo, para esclarecimento?
01:01Não, não.
01:02E por que o senhor procurou especificamente o senhor Renato Duque?
01:05Porque o Duque...
01:06Dentro dos diretores.
01:07Porque o Duque tinha sido indicado pela bancada do PT, como eu disse no começo, o PT indicou o Duque,
01:14com outros partidos políticos, eu penso, que foi para a Casa Civil e cumpriu todo o ritual.
01:19Tinha outro...
01:19Então eu fiquei muito puto da vida, muito puto, sabe?
01:23E falei...
01:24Tinha outros diretores...
01:25E ele disse que não, se ele disse que não, ele não mentiu para mim.
01:28Entendi.
01:28Ele mentiu para a consciência dele.
01:30Tinha outros diretores da Petrobras que haviam sido também indicados por conta de influência do Partido dos Trabalhadores?
01:38Não, que eu saiba não.
01:40Nenhum outro?
01:40Que eu saiba não.
01:41Aliás, eu quero dizer bem da verdade.
01:47Se for levar em conta a realidade política do mundo e o PT tivesse força, o PT teria indicado todos.
01:56A denúncia também se reporta acertos de propinas em contratos da Petrobras no âmbito da refinaria Presidente Getúlio Vargas,
02:03Repar, no Paraná, e na refinaria do Nordeste, Abreu e Lima, Reneste.
02:07Relativamente à refinaria do Nordeste, Abreu e Lima, o senhor, ex-presidente, pode esclarecer se o senhor teve algum envolvimento
02:17e se positivo, como foi no planejamento e construção da refinaria do Nordeste, Abreu e Lima?
02:23Não.
02:25A refinaria Abreu e Lima, ela era resultado de cinco refinarias.
02:32Tinha uma refinaria em Pernambuco, uma refinaria era para ser feita no Maranhão,
02:39foi feita a refinaria de Clara Camarão, no Mato Grosso, que era uma refinaria para cuidar de querosene de avião,
02:49e tinha a, como é que fala, a reivindicação de uma refinaria no Ceará.
02:55Essa refinaria de Pernambuco, essa refinaria de Pernambuco, ela era uma refinaria que tinha, assim,
03:03Espírito Santo queria refinaria, Ceará queria refinaria, Rio de Janeiro queria refinaria em Campos,
03:11e Pernambuco queria refinaria.
03:13E todos tinham uma empresa chamada Marubene, Marubene, Marubene,
03:19era uma empresa que todo mundo falava, ela vai participar, ela vai participar.
03:24Acontece que eu fiz um encontro em Pernambuco com o presidente Chaves.
03:28Certo.
03:29E lá em Pernambuco, o Chaves demonstrou interesse em fazer uma associação com o Brasil para fazer uma refinaria.
03:39Ou seja, eu achei importante que era um jeito do Brasil equilibrar a balança comercial com a Venezuela.
03:46Nós tínhamos um superávit de quase 5 bilhões de dólares.
03:50E não é sadio que um país grande como o Brasil tenha um superávit muito grande contra um país pequeno.
03:57Então, o Chaves, eu não sei se o Chaves acertou já com o ex-governador, que era do PMDB,
04:04ou se acertou com o governador Eduardo Campos.
04:07Dado concreto é que ficou acertado que ia ter um acordo entre a Petrobras e a PDVSA
04:13para construir uma refinaria, sabe, bipartido.
04:16Ou seja, uma refinaria 40% da Venezuela e 60% do Brasil.
04:22E qual foi a sua participação, o seu envolvimento nesse projeto?
04:25A reunião com o Chaves.
04:26A definição da ideia de que interessava aos dois países.
04:31O que aconteceu é que nem a Petrobras queria, nem a PDVSA queria.
04:35E o que aconteceu é que não aconteceu a tão sonhada parceria.
04:39A Petrobras fez sozinha a refinaria.
04:42Perfeito.
04:43Consta uma informação que o senhor teria participado do lançamento da Pedra Fundamental da Refinaria em dezembro de 2005?
04:48Ah, deve ter participado e com muito orgulho.
04:52E com muito orgulho.
04:53Também consta que o senhor é ex-presidente em setembro de 2007, esteve na refinaria para acompanhar as obras de terraplanagem.
05:00O senhor se acorda disso?
05:01Ah, deve ter participado.
05:02Doutor Moura, deixa eu só fazer um parênteses aqui.
05:05Aham.
05:05Porque como isso aqui está sendo gravado, é importante que a gente receba a copa depois.
05:10Na verdade, essas perguntas formuladas pelo Ministério Público, eu quero ressalvar aqui, não está julgando Lula.
05:17Ah, as perguntas são minhas, senhor presidente.
05:19Isso aqui, o senhor recebeu uma denúncia.
05:21Sim, mas...
05:22O senhor tirou isso de uma denúncia feita pelo Ministério Público.
05:24Não, essas perguntas são minhas, aqui do Ministério Público não tem relação com elas.
05:28De uma acusação, certamente é de uma acusação feita pelo Ministério Público.
05:31Porque o que eu estou percebendo, desde que foi criado o tal do contexto, sabe, da caçamba feita pelo Ministério Público, na questão do PowerPoint,
05:42quem está sendo julgado é um estilo de governar.
05:45É um jeito de governar.
05:47Se as pessoas que estão fazendo essa denúncia, sabe, querem saber como é que se governa,
05:53eles têm que sair do Ministério Público, entrar no partido político, disputar as eleições, ganhar,
05:58para eles saberem como é que se governa.
06:01Governar democraticamente, com oposição da imprensa, com oposição do sindicato, com direito de greve,
06:06fortalecendo o Ministério Público, fortalecendo a política federal,
06:10fortalecendo todas as instituições de fiscalização nesse país.
06:13Então, essas perguntas todas, na verdade, elas estão questionando, é um jeito de governar.
06:20Não, me parece que aqui não é uma pergunta.
06:21Não, é, é, doutor.
06:22É.
06:23Por que o Ministério Público precisa saber se eu fui...
06:25O que interessa ao Ministério Público saber se eu fui em uma inauguração de terraplanagem?
06:31Era a coisa mais extraordinária para esse país, era fazer a primeira refinaria depois de 30 anos, doutor.
06:37Sim.
06:37Depois de 30 anos sem fazer refinaria.
06:40Entendi.
06:41Esse país estava crescendo muito.
06:43Perfeito.
06:43Mas, senhor presidente, vamos colocar assim, de maneira clara, o que não está em julgamento aqui é exatamente o seu governo.
06:49Está em julgamento o meu governo.
06:49São questões específicas relativas ao objeto da acusação.
06:52Pior, doutor Moro, é que vamos ter uma divergência agora aqui.
06:54Não, claro.
06:54Eu vim concordando com muita coisa.
06:56Agora é o seguinte, agora é o seguinte, o que está em julgamento é o meu governo, depois eu vou explicar porquê.
07:00Certo.
07:01Eu vou fazer 10 perguntas específicas sobre os fatos aqui da denúncia e o senhor vai responder.
07:05O senhor vai ter essa oportunidade de falar ao final.
07:08Claro, eu respeito aí a sua divergência quanto ao objeto da acusação, mas eu vou me limitar aqui às questões específicas, certo?
07:17O senhor, as presidentes, esteve nesse local, na refinaria Abreu Lima ou na Petrobras, para discutir a refinaria Abreu Lima em alguma oportunidade?
07:26Não para discutir, eu fui no Nordeste, em Pernambuco, acho que visitar a terraplanagem, porque havia uma fascinação das pessoas com a quantidade de luzes acesas à noite, no Nordeste, tão esquecido desse país.
07:46Então, a implantação de uma refinaria no Nordeste era quase que uma coisa como se fosse um milagre, sabe?
07:54Então, eu fui lá participar da terraplanagem e fui com muito orgulho, mas muito, mas muito orgulho, e fui participar da Pedra Fundamental.
08:07O senhor lembra outras oportunidades? O senhor esteve lá?
08:09Não, só essas duas.
08:11Adoraria ter sido convidado para a inauguração, mesmo quando começou as denúncias da Lava Jato.
08:16Adoraria ter ido lá, fazer um discurso para o povo de Pernambuco do significado da refinaria.
08:21Prenda-se o ladrão, mas desde a refinaria, produzir riqueza nesse rincão tão esquecido do Brasil.
08:28Quando está aqui a inauguração do primeiro trem de refino foi no final de 2014?
08:32Eu não fui chamado, eu não fui convidado.
08:35Doutor, eu não fui convidado para a Copa do Mundo, que fui eu que trouxe para cá.
08:38Eu não fui convidado para as Olimpíadas.
08:40Ex-presidente, doutor, não queira ser ex-ministro, ex-juiz, você vai ver o que vai acontecer.
08:46O senhor ex-presidente tem que reclamar com a sua sucessora, né?
08:50Tem que reclamar com a sua sucessora, porque não lhe convidou para a refinaria Abreu e Lima.
08:55Bem, senhor ex-presidente, em algum momento a continuidade das obras da refinaria Abreu e Lima estiveram em risco de serem interrompidas?
09:03Eu não soube mais, doutor. Eu não soube mais.
09:05Dados oficiais da Petrobras, senhor ex-presidente, informam que o custo inicial estimado da refinaria do Nordeste Abreu e Lima era de 2,4 bilhões de dólares.
09:16E que o custo em 2015 já era de 18,5 bilhões de dólares.
09:21Ainda no final do seu mandato, em 2009, o custo já era de 13,4 bilhões de dólares.
09:28O senhor ex-presidente teve conhecimento na época desses fatos, desse incremento de custo?
09:31Não, não.
09:32O senhor ex-presidente saberia explicar o que houve nesse incremento de custo?
09:36Eu não sei, não sei.
09:39Ou pode ser projeto errado, pode ser aditivo, pode ser uma série de coisas.
09:45Consta ainda que a refinaria era para ter ficado pronta em agosto de 2010, e como eu disse há pouco, no entanto, o primeiro trem de refino dela só ficou pronto em dezembro de 2014.
09:56O senhor teve conhecimento na época desses fatos?
09:59Não, não, doutor. Não, mas se um dia, se um dia o senhor governar o país, tiver o Ministério Público que tem hoje, tiver o Tribunal de Contas que tem hoje, tiver o Ministério do Meio Ambiente que tem hoje,
10:13você vai perceber que o senhor não fará nenhuma obra importante em quatro anos de mandato.
10:18Não dá para fazer.
10:20Então, certamente, houve muita pedido de investigação, houve, como é que fala, embargo, houve...
10:28O senhor tem conhecimento se houve, de fato, isso?
10:30Eu não tenho, eu não tenho, eu não tenho, não tenho.
10:32Não foi inaugurado porque houve atraso de obra.
10:35E o senhor sabe os motivos?
10:36Atraso de obra é uma coisa técnica da Petrobras e das contratantes.
10:39O senhor sabe os motivos?
10:40Não, não sei, não sei.
10:42Dados oficiais da Petrobras informam também que a refinaria do Nordeste, se ela funcionar otimamente, a vida útil dela inteira,
10:49ainda assim ela não se paga, com perdas de 3,1 bilhões de dólares.
10:53O senhor, esse presidente, teve conhecimento?
10:55Não, e duvido que seja assim.
10:57São dados oficiais da Petrobras.
10:58Eu acho extraordinário alguém fazer um diagnóstico de prejuízo daqui a 15, 20 anos, 30 anos.
11:09Acho maravilhoso.
11:11Certo, é bem.
11:12Um cara desses eu não quero...
11:13Imagino que eles podem fazer cálculos, né?
11:14Um cara desses eu não quero para ministro meu nem a peso de ouro.
11:17Tá certo.
11:17Vai fazer prognóstico negativo assim no fim do mundo.
11:20Então, assim, em síntese, o senhor não teve nenhum conhecimento de incremento de custos e atrasos na refinaria Brilhinho?
11:28Não, porque a Petrobras não explica isso.
11:32O presidente da República não participa do dia a dia, da semana a semana, do mês a mês.
11:36Como eu disse ao senhor, o presidente da República, ele participa de raríssimas reuniões.
11:42E eu falei de duas que eu participei.
11:44Uma da definição do projeto estratégico e uma da questão do pré-sal.
11:50E a mais orgulhosa que eu tenho, a minha participação mais orgulhosa que eu tenho foi em dezembro,
11:56quando nós autorizamos a capitalização da Petrobras.
12:01E logo eu que pensava que era socialista, fiz a maior capitalização da história da humanidade.
12:0770 bilhões para capitalizar a Petrobras e transformar ela na segunda empresa petroleira do mundo.
12:13É, a indagação que eu faço ao senhor, porque veja, aqui não é um incremento banal, né?
12:18Mas 2,4 bilhões de dólares é 18 bilhões.
12:22Então, imagino que isso afeta os investimentos.
12:25A Petrobras tem seus valores.
12:26O senhor não teve conhecimento disso, né?
12:28Em 2015, ainda durante a presidência da senhora Dilma Rousseff,
12:34a Petrobras reconheceu no balanço oficial dela, perdas contábeis estimadas com corrupção,
12:39somente o custo da propina de 6,194 bilhões de reais.
12:44O senhor ex-presidente saberia explicar esses custos de 6,194 bilhões de reais em propinas reconhecidas pela Petrobras?
12:51Não.
12:52Teriam ocorrido em parte durante sua presidência?
12:54Não.
12:55A Petrobras soubesse dar propina lá, poderia ter evitado.
13:00A Petrobras sempre se orgulhou da governança dela?
13:03Sempre se orgulhou da grandiosidade?
13:08Sempre se orgulhou da quantidade de empresas multinacionais que faziam contabilidade para ela?
13:13O senhor ex-presidente não tinha mesmo conhecimento nenhum desses fatos?
13:16Não.
13:16Pagamento de propina da ordem de 6 bilhões de reais?
13:20Nem eu e pouca gente.
13:21Talvez só os que vivessem dela.
13:24O senhor ex-presidente não se informava do que ocorria no âmbito da Petrobras ou com os diretores que o senhor indicou?
13:30O senhor acha que as pessoas iam falar de propina?
13:34O senhor acha quando o seu filho...
13:35Só o senhor falar no microfone...
13:36O senhor acha quando o seu filho tem uma nota baixa na escola e ele chega em casa pulando de alegria para contar?
13:40Se ele puder vai tentar esconder até o senhor saber.
13:44O senhor acha que alguém que começou a roubar vai contar para alguém que ele está roubando?
13:49Vai contar?
13:51Mas os meus filhos eu fico sabendo a nota com o tempo.
13:54O senhor não ficou sabendo de nada.
13:55Agora é porque a escola diz até quando...
13:57A escola até comunica.
13:59O senhor quando a molecada falta.
14:00Ah, mas eu chego também, senhor ex-presidente.
14:02No meu tempo era mais difícil.
14:05Mas enfim, o senhor não ficou sabendo de nada disso?
14:07Não, não, doutor.
14:09Tudo que eu sei da Petrobras é pela imprensa, depois da delação do Iussef.
14:17O senhor ex-presidente entende que com esses fatos de milhões de dólares, reais pagos em propina,
14:246 bilhões de reais pagos em propina em contratos da Petrobras, segundo a estimativa da própria Petrobras,
14:30o senhor entende que o senhor não tem nenhuma responsabilidade?
14:33Nenhuma responsabilidade?
14:35Nenhuma responsabilidade?
14:36Nem sequer administrativa?
14:38Nem administrativa, porque o presidente não administra a Petrobras.
14:42A Petrobras é uma responsabilidade da União Federal?
14:44A Petrobras é uma empresa com ações na Bolsa de Valores,
14:49ela é uma empresa privada, uma empresa pública, em que o governo tem minoria nas ações.
14:57O governo efetivamente não participa da administração da Petrobras.
15:02Mas tem o controle, né?
15:03Tem o controle, mas do dia a dia não participa.
15:08O senhor entende que eu não tenho nenhuma responsabilidade.
15:09Excelência, novamente, o senhor já fez a pergunta, aliás, a pergunta foge da acusação feita que está aqui em discussão,
15:19que é de um triplex, certo?
15:21O senhor já repetiu essa pergunta várias vezes.
15:24Onde o senhor quer chegar com a repetição dessas perguntas?
15:28Pela ordem, excelência, o contexto de uma denúncia por lavagem de dinheiro e também envolvendo a corrupção na Petrobras.
15:35A pergunta é do interesse da instrução.
15:38Eu respeito, vossa excelência, mas o artigo 41 do Código Processo Penal diz que deve estar delimitada a acusação.
15:44E aqui a acusação diz respeito a três contratos firmados entre a OAS e a Petrobras e um triplex no Guarujá.
15:51É isso. Tudo mais do que se possa dizer não é objeto dessa ação.
15:55Se vossa excelência quer se miscuir em assuntos de competência hoje do Supremo Tribunal Federal,
16:00isso não é possível.
16:02Isso está sendo discutido em outra...
16:05Doutor Tiago, como o senhor falou, essa denúncia envolve corrupção de contratos da Petrobras.
16:09Três.
16:09Contratos, corrupção de contratos da Petrobras.
16:12E essa denúncia envolve lavagem de dinheiro que envolve crime antecedente.
16:17O crime antecedente é a corrupção na Petrobras, incluindo esses contratos.
16:23Certo, são três contratos.
16:24Então ele já respondeu sobre três contratos e sobre o triplex.
16:27Ele continua respondendo, só que o senhor interrompe.
16:30Certo, vamos prosseguir aqui.
16:32Fica registrada a posição do defensor.
16:35Eu entendo aqui que as perguntas têm pertinência.
16:37É a oportunidade para o senhor ex-presidente esclarecer e se defender.
16:40Não tem aqui nenhuma afirmação de responsabilidade.
16:44Eu quero entender a posição do acusado, da defesa do senhor ex-presidente.
16:50Certo?
16:51Senhor ex-presidente, o senhor afirma que o senhor não tem responsabilidade, não tinha conhecimento.
16:59O senhor entende que teria havido alguma falha?
17:02O que o senhor entende que aconteceu nesse caso?
17:05Tomoro, o senhor se sente responsável da Operação Lava Jato ter destruído a indústria da construção civil nesse país?
17:13O senhor se sente responsável por 600 milhões de pessoas que já perduram emprego no setor de óleo ligado à construção civil?
17:21Eu tenho certeza que não.
17:23O senhor entende que o que prejudicou essas empresas foi a corrupção ou o combate à corrupção?
17:27Não, é o método de combater a corrupção.
17:30O que o senhor se refere?
17:31Não, o que eu fiz é que quando um juiz, me desculpe disso, quando um juiz e os acusadores se submetem à imprensa para poder prender as pessoas,
17:47aí tudo mais é possível, doutor.
17:49De que forma que o juiz teria submetido à imprensa?
17:52Eu vou lhe dizer uma coisa, doutor.
17:53O senhor disse...
17:55O senhor disse num artigo que o senhor escreveu, copiando as mãos limpas da Itália,
18:04de que se a imprensa não ajudar, não tem como prender rico e político.
18:10Então aí vamos degradar a imagem das pessoas na imprensa.
18:14Eu vi o depoimento do Léo.
18:16Eu conheço o Léo antes e conheço o Léo naquele depoimento.
18:19Depois do cidadão condenado a 23 anos de cadeia, ser chamado para a coisa mais importante que ele tem que falar,
18:28é que o Lula sabia?
18:31Depois de condenarem e execrar a imagem de um pai de família, que por mais errado que tem, merece respeito,
18:37como o Duque, há 40 anos de cadeia, e depois prometer a ele liberdade,
18:43se a senha for falar, o Lula sabia...
18:46Quem prometeu liberdade de mim?
18:47Eu vi, eu vi.
18:48Ah, doutor.
18:49Não, não, eu estou vendo isso pela imprensa há tempo, doutor.
18:51Quem prometeu liberdade do senhor Renato Lula?
18:51Eu estou vendo pela imprensa há tempo.
18:53Ele vai fazer delação premiada e na delação, acondicionante, já faz alguns meses que eu vejo pela imprensa,
18:58no caso do Léo, há alguns anos, é citar o nome do Lula.
19:02Cito o nome do Lula.
19:03Cito o nome do Lula.
19:04Cito o nome do Lula.
19:05Se não citar, não vale.
19:06Cito o nome do Lula.
19:08E aí, doutor, me desculpe com todo o respeito que eu tenho pelo seu trabalho.
19:11Esse último mês foi o mês Lula, em que a senha era Lula.
19:16Vamos chamar todo mundo.
19:18Se pudesse ressuscitar o Conde de Monte Cristo, ele viria aqui e falar, foi o Lula o culpado.
19:23Está certo.
19:24Vamos voltar aqui, senhor presidente.
19:25Eu tenho consciência do que eu fiz.
19:29E eu não fiz o que meus adversários pensam que eu fiz.
19:32Senhor presidente, eu acho que quem se baseia em informações muito da imprensa é do senhor.
19:36O senhor acabou de me perguntar coisa da imprensa, doutor Moro?
19:39Não, acabou.
19:39Você sabe que eu fui prestar um depoimento na Polícia Federal?
19:42O cidadão me pegou um jornal de uma cidadezinha pequena do Ceará.
19:45Eu falei, puxa vida.
19:46Conferta, estou evoluindo.
19:48Fora até uma cidadezinha, sabe?
19:50E que talvez um deputado tivesse eleitor lá.
19:53Ele deu a declaração.
19:55Senhor ex-presidente, o senhor não sequer tem aí acordo de colaboração e ninguém prometeu liberdade a ele.
20:00Não, mas eu estou vendo, doutor.
20:02Como é que não prometeu?
20:03Eu estou vendo.
20:04Isso acontece.
20:05Eu estou vendo.
20:06O cidadão passou outro dia na televisão.
20:08Um mora numa praia, não sei aonde.
20:09O outro mora num, não sei aonde, sabe?
20:12Num condomínio que só tem desembargador.
20:15O outro mora num apartamento, não sei da onde, fumando charuto cubano com o dinheiro roubado.
20:20Se as pessoas foram presas...
20:22Foram presas, delataram e saíram para gastar a parte do dinheiro.
20:25E os que estão presos agora, que estão condenados há tantos anos, se sentem no entanto e falam,
20:30bom, se o problema é falar o nome do Lula, se fosse minha filha, vá lá.
20:34Se fosse minha mulher, mas o Lula, ele já nem é presidente, deixa eu citar ele aqui.
20:39Senhor ex-presidente, essas afirmações que o senhor fez...
20:42Eu não estou emocionado, doutor.
20:43Com todo o respeito, elas são equivocadas.
20:44Eu estou, eu estou.
20:45Ninguém dirige essas colaborações com esse intuito específico.
20:49Então, pela ordem, o Ministério Público vai esclarecer que isto se trata de apenas uma fantasia,
21:04porque em nenhum momento o Ministério Público prometeu qualquer benefício
21:09para qualquer pessoa que não tenha acordo vir falar no processo.
21:15Seguimos aqui em frente.
21:17Pela ordem, eu gostaria de fazer um registro.
21:18Não, só fazer um registro, a defesa, eu gostaria de fazer um registro
21:22de que o mesmo jornal Folha de São Paulo, que foi objeto, inclusive, de perguntas
21:28formuladas por vossa excelência, só este jornal Folha de São Paulo
21:32fez duas matérias com a afirmação de que haveria a condicionante
21:38de que o senhor Léo Pinheiro só teria a sua delação aceita
21:41se citasse o nome do ex-presidente Lula.
21:43Essas matérias, inclusive, serviram de base para um pedido de investigação
21:48que foi formalmente protocolado perante a Procuradoria Geral da República.
21:52Então, isto que está sendo dito, está sendo dito com base em matéria, como eu disse,
21:59de um veículo de imprensa que vossa excelência, inclusive, utilizou para formular as suas perguntas.
22:03Certo, mas eu formulei perguntas específicas sobre fatos concretos.
22:06Essas são especulações.
22:07Há especulações porque a investigação nem terminou e sequer o senhor Léo Pinheiro
22:11tem acordo de colaboração.
22:12Mas vamos seguir em frente aqui.
22:14Senhor ex-presidente, eu não sei se entendi a corrupção, então,
22:17favorece a economia, o combate à corrupção prejudica?
22:20Não, não, estou dizendo o jeito que ela faz.
22:23Doutor, o senhor está falando, o senhor está falando com o presidente da República,
22:27o senhor está falando com o presidente da República e com o partido político,
22:31que foi o partido que mais criou instrumentos legais para combater a corrupção neste país.
22:39O senhor participou da ENCLA.
22:41O senhor participava da ENCLA, a convite do ministro Dippe.
22:44E o senhor sabe a seriedade da ENCLA.
22:47O senhor sabe o que acontecia.
22:49O senhor sabe o que nós fizemos pela primeira vez?
22:52A gente não pode esquecer, doutor Moura,
22:53que o Ministério Público, antes da Constituinte de 88,
22:56era uma pente do Ministério da Justiça.
22:58E a bancada do PT,
23:01a bancada do PT,
23:02mais a coordenação do Mairu Cova na Comissão de Sistematização,
23:07a gente conseguiu fazer com que o Ministério Público conquistasse cidadania.
23:12E no meu governo, eu aumentei a cidadania,
23:15escolhendo pela primeira vez um desejo dos procuradores
23:18de que o procurador-geral fosse escolhido pelo próprio Ministério Público.
23:23E foi assim.
23:24Não sei se vai continuar assim.
23:26Mas mais ainda, doutor, mais ainda.
23:28Nós aprimoramos a lei da relação premiada.
23:33Nós criamos todos os mecanismos possíveis de criar.
23:36Então, por favor, não coloque na minha boca
23:40que eu sou contra o combate à corrupção.
23:42Se tem um presidente que fez isso, fui eu.
23:45É que o senhor que fez aquela informação.
23:46Não, não, é que...
23:47Doutor, o doutor é o seguinte.
23:49É que você pode fazer, você pode fazer, sabe,
23:52apuração de corrupção usando inteligência,
23:55e você pode fazer utilizando manchete de jornal.
23:59Sabe?
23:59São duas formas de fazer.
24:01Uma, você investiga, a Polícia Federal se prepara.
24:04Prender os criminosos é...
24:05Porque não é papel do Ministério Público investigar,
24:07é papel da Polícia Federal.
24:08A Polícia Federal investiga corretamente, com inteligência,
24:11passa o inquérito para o Ministério Público,
24:14o Ministério Público vai, então, constrói a sua denúncia,
24:19porque eu não sei se você sabe,
24:20de vez em quando o Ministério Público e a Polícia Federal
24:21têm atrito para saber quem investiga.
24:23Vamos seguir adiante.
24:24Só para concluir, só para concluir, doutor, só para concluir.
24:27Então, eu acho que o combate à corrupção
24:30é uma necessidade no Brasil, na minha cidade e no mundo.
24:34Agora, tem jeito de fazer sem destruir os agentes produtivos desse país.
24:40Não, ninguém destruiu nenhum agente produtivo, senhor presidente.
24:43Mas vamos seguir adiante aqui.
24:45Eu tenho algumas perguntas ao senhor,
24:47relacionadas aqui para entender melhor a sua relação
24:51com os seus subordinados e assessores.
24:54O senhor presidente afirma que jamais compactou com um dos criminosos,
24:57não tinha conhecimento dos crimes praticados no âmbito da Petrobras
25:00ou do seu governo.
25:02Então, eu entendo aqui que perguntas a respeito de suas atitudes
25:04em relação a crimes praticados por subordinados,
25:07assessores ou pessoas que trabalhavam na Petrobras
25:09ou em seu governo tem relevância
25:10para a formação da minha convicção judicial.
25:15Nesse aspecto, senhoras e presidentes,
25:16eu gostaria de fazer algumas perguntas
25:18sobre sua opinião sobre o caso denominado de Mensalão,
25:21que foi julgado pelo STF na ação penal 470.
25:24Excelência, pela ordem.
25:25Esse tema, quer dizer, opinião sobre um julgado do Supremo,
25:31me parece que não seria cabível,
25:35até porque, como eu disse,
25:38a acusação se refere a três contratos firmados entre a OAS e a Petrobras
25:43e um apartamento triplex no Guarujá.
25:47Então, me parece, enfim,
25:49que a vossa excelência está ampliando
25:51em demasia os temas em discussão,
25:55o que foge aquilo que a lei determina.
25:58Então, repetir,
25:59o senhor é presidente e afirma que jamais se compactou
26:01com os criminosos,
26:02a afirmação do senhor não tinha conhecimento dos crimes
26:04no âmbito da Petrobras do governo.
26:06Então, perguntas a respeito de suas atitudes
26:08em relação a crimes praticados por subordinados,
26:10assessores ou pessoas que trabalham na Petrobras
26:12ou em seu governo tem relevância
26:13para a formação da convicção judicial.
26:15É o juízo que vai julgar,
26:16o juízo entende que isso é relevante.
26:18Então, nesse aspecto,
26:19vou fazer algumas perguntas ao senhor,
26:22senhor presidente,
26:22sobre a opinião sobre esse caso.
26:25E vou deixar bem claro
26:26que o senhor, esse presidente,
26:27não foi acusado de envolvimento desses crimes
26:29e nem eu estou afirmando qualquer coisa nesse sentido.
26:33Só apenas aqui são questões
26:35para esclarecer a sua relação com subordinados
26:37ou assessores
26:38que possam também ter relevância para esse caso.
26:40Excelência, opinião sobre um julgado
26:42do Supremo Tribunal Federal,
26:44o senhor está pedindo
26:44para que o ex-presidente opine
26:46sobre um julgado,
26:47ele não é da área jurídica,
26:49ele não tem comentário.
26:50Senhor advogado,
26:51já foi registrada a sua posição,
26:52eu vou seguir adiante.
26:54Se o seu cliente entender
26:55que não deve responder,
26:56não tem condições de responder,
26:57ele não responde.
26:57Não é questão de responder,
26:59mas é que opinião
27:00pode se discutir na academia
27:01o julgado do Supremo Tribunal Federal,
27:03mas não num interrogatório,
27:05o senhor pediu opinião
27:06de um julgamento
27:07a quem não é da área jurídica.
27:09Certo,
27:09fica registrado a sua posição,
27:10eu sigo aqui.
27:11Excelência.
27:12Eu só peço a palavra pela ordem.
27:14Sim.
27:14Sempre com devido respeito.
27:16Excelência,
27:17essa proposição de Vossa Excelência
27:20de colher a opinião do interrogado
27:23acerca de um outro fato
27:25supostamente criminoso,
27:27que já foi objeto de cognição
27:29e julgamento pelo Supremo Tribunal Federal,
27:32seria mais adequado
27:33numa palestra,
27:34numa conferência,
27:35a que se convidasse o ilustre
27:37interrogando para proferir.
27:39Mas no interrogatório,
27:41eminente magistrado,
27:43isto aberra do que está disposto
27:46no artigo 187 do Código de Processo Penal.
27:50E como nós todos devemos
27:52submissão integral à lei,
27:55não é?
27:55Nós somos aqui meros operadores do direito,
27:58ninguém aqui tem poder soberano,
28:01ou é o dono do processo,
28:04ou, digamos assim,
28:05o legislador da hora,
28:07da ocasião.
28:08Então, é importante
28:09que nós sigamos os ditames
28:10do que está prescrito
28:12no exato artigo 187
28:15do Código de Processo Penal.
28:17Indagação ao interrogando
28:19sobre os fatos delimitados
28:21que se encontram
28:23dentro do perímetro
28:24traçado pela denúncia,
28:26Excelência.
28:27Faço esse apelo respeitoso
28:29à Vossa Excelência.
28:30Se você não tiver interesse acadêmico
28:32sobre a opinião
28:33do julgado do Supremo Tribunal Federal
28:35segundo a visão do interrogando,
28:37eu acho que poderia se adequar
28:39a uma outra agenda.
28:40É o que eu deixo poderado
28:42respeitosamente.
28:42Uma questão de ordem, senhor.
28:44Ah, no microfone, por gentileza.
28:47Pode passar o microfone ali.
28:48Eu não tenho interdito a opinião
28:50do meu querido colega,
28:53que é uma opinião, inclusive,
28:55do devido processo legal.
28:57Mas deve o colega
28:59com a experiência que tem saber
29:01que na eventualidade
29:03da condenação do réu,
29:05o juiz deve fazer indagação
29:07sobre a sua personalidade.
29:09E, evidentemente,
29:10a personalidade interessa
29:12com porção nata
29:13e porção adquirida.
29:15Então, a respeito de fato
29:16e não de julgamento,
29:18é que o magistrado perguntou
29:20qual a opinião
29:21sobre aqueles crimes
29:22que houve
29:22e que tiveram julgamento
29:28do Supremo Tribunal Federal.
29:30O julgamento
29:31é uma referência apenas
29:32à pergunta
29:33sobre o fato criminoso.
29:34E tem que saber
29:35não a opinião
29:37do fato criminoso,
29:38a opinião do mensalão.
29:41O que ele acha do mensalão?
29:43Não acha nada.
29:44Não tem que achar nada.
29:45Como não?
29:46Ele tem que dizer.
29:48Mas ele tem que dizer.
29:49Mas ele tem que dizer.
29:51Mas ele tem que dizer.
29:53Ele tem que dizer sim ou não.
29:54Tem que dizer sim ou não.
29:56Com licença,
29:57eu vou interromper a gravação.
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