Em entrevista ao Os Pingos nos Is, o professor de relações internacionais Gunther Rudzit alerta que os EUA "devem aprovar o uso da força" na guerra entre Israel e Irã. A análise aprofunda o papel de Washington na escalada e as implicações de uma potencial intervenção militar americana para o Oriente Médio.
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00:00Pois é, e a gente segue acompanhando a situação em Israel neste momento, uma da madrugada agora em Israel, mas a gente segue trazendo os especialistas, os nossos convidados, professor de relações internacionais da ESPM, vai conversar com a gente o Gunter Hudzit, já participou várias vezes aqui dos programas e telejornais da Jovem Pan.
00:23Professor, seja muito bem-vindo, ótima noite ao senhor, Irã lançando mais uma nova onda de mísseis em direção às principais cidades israelenses, trouxemos inclusive as imagens há pouco, também o acionamento dos alarmes para a população de algumas cidades de Israel, quinto dia de conflito, já o sexto para eles lá no Oriente Médio, quais são as análises necessárias para esse momento do conflito,
00:51os caminhos possíveis, quais são as considerações para abrir essa entrevista, hein, professor?
00:58Boa noite, Daniel, a todos que nos assistem, obrigado pelo convite, sempre está um prazer aqui com vocês.
01:04Olha, Daniel, o que a gente tem que esperar é ver a decisão do presidente Donald Trump,
01:11que tudo indica, pelas movimentações militares, principalmente o envio de aviões, tanques de reabastecimento aéreo para a região, assim como alguns outros caças,
01:24que deve tomar uma decisão pelo uso da força contra o Irã nas próximas horas, provavelmente.
01:31Então, se efetivamente isso acontecer, a situação iraniana vai se complicar bastante,
01:38porque não só o aumento dos caças, mas principalmente dos agora já tão falados,
01:45B2 com as bombas de BU-57, Bunker Busters,
01:50mas efetivamente a probabilidade da destruição das instalações nucleares de furdo e latância vai ser muito maior.
02:02Mas o que continua chamando mais atenção ainda é a hegemonia aérea israelense.
02:11Eu soube de novo, provavelmente já devo ter falado com vocês outras vezes, mas não custa repetir.
02:19Os aviões israelenses saem e têm que voar 1.500, 1.800 quilômetros até atingir seus alvos no Irã,
02:29passando por cima do espaço aéreo da Jordânia e provavelmente da Arábia Saudita, não do Iraque,
02:36serem reabastecidos no ar, provavelmente ali na região do Golfo, para aí cumprirem as suas missões.
02:44Então, nós já estamos no quinto dia, lá entrando no sexto dia,
02:49e ao que tudo indica, nenhum caça israelense foi abatido.
02:53Há alegações na mídia iraniana de que três teriam sido derrubados,
03:00mas nenhuma prova concreta foi apresentada e nenhum analista independente
03:04viu indicações disso.
03:07Então, isso é importante para a gente entender que a capacidade de estender,
03:12Israel estender essas operações por vários dias é muito grande.
03:18Não à toa que a El Al, a empresa de aviação israelense,
03:23já suspendeu os voos, no mínimo, até o dia 23.
03:28Portanto, até dia 23 é o que o governo está esperando, no mínimo,
03:31continuar agindo militarmente.
03:33Gunter Rudzit, conversando ao vivo com a gente aqui na Jovem Pan News,
03:38os caminhos possíveis para esse conflito no Oriente Médio.
03:42Professor, vou pedir licença, os nossos comentaristas também vão participar dessa conversa.
03:46Roberto Mota vai fazer a pergunta.
03:50Professor, é inevitável que o Irã desenvolva um dia ou adquira uma arma nuclear?
03:57Bom, Mota, boa noite.
04:02Nós chegamos nesse ponto justamente porque o Irã busca uma arma nuclear.
04:08De novo, não custa lembrar, o Irã é signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear,
04:15portanto, já não poderia ter, e Israel não é signatário do tratado.
04:20É por isso que, muitas vezes, as pessoas falam,
04:23ah, mas Israel tem, por que que Irã não pode ter?
04:26Parte desses dois princípios.
04:29Segundo, que após a descoberta desse programa militar, não civil ou militar,
04:37sanções foram impostas ao Irã, aprovadas pelo Conselho de Segurança,
04:41com, portanto, com a aprovação da Rússia, maior aliada por um militar e político do Irã,
04:49e que vem tentando limitar essa capacidade.
04:54E como o governo iraniano vem desenvolvendo aos poucos,
05:02do ponto de vista israelense, não tem como não agir.
05:07O que eu quero dizer com isso?
05:08Se não for agora, vai ser em algum outro momento.
05:11Porque, do ponto de vista de Israel, e aí não estou fazendo julgamento de valores,
05:17estou fazendo simplesmente uma análise estratégica,
05:21o governo israelense, seja ele, Bibi Netanyahu, ou qualquer outro político israelense,
05:28não vai admitir um governo que não reconhece o direito de Israel existir,
05:33ter uma arma atômica.
05:34As pessoas, às vezes, esquecem.
05:37Israel tem o tamanho do estado de Sergipe,
05:40tem 10 milhões de habitantes,
05:4310 ogivas nucleares podem colocar a pura existência de Israel em risco,
05:49e por isso que o governo israelense, qualquer que seja ele,
05:52vai agir militarmente.
05:53Portanto, mesmo que o Irã queira, se não for dessa vez,
06:00mais pra frente, Israel vai voltar a agir.
06:02É isso, nós seguimos acompanhando imagens ao vivo de Tel Aviv durante essa entrevista.
06:08Qualquer novidade a gente atualiza pra nossa audiência,
06:11você que nos acompanha pela TV por assinatura,
06:13emissoras de rádio e plataformas digitais.
06:16Próxima pergunta, Luiz Felipe Dávila.
06:18Com você, Dávila.
06:19Professor, boa noite.
06:23Professor, é inacreditável como o Irã negligenciou todos os sinais
06:29nas negociações nas últimas semanas
06:32de que uma ação militar poderia ocorrer.
06:35Parece que o Irã não acreditou em todos os sinais dados.
06:40Agora, se o conflito escalar, pelo que o senhor bem disse agora,
06:44com o envolvimento dos aviões americanos,
06:47com os bunker bombs e destruir Ford Road,
06:49isso inevitavelmente poderá levar a uma mudança de governo no Irã?
06:55E que governo seria esse?
06:59Bom, Dávila, efetivamente,
07:02a gente não tem muita certeza do que vai ocorrer.
07:08Assim como o governo iraniano não tinha.
07:10Eu acredito que eles...
07:13Agora dá pra entender melhor,
07:15mas sempre dar o palpite e depois é fácil.
07:17Acreditaram que efetivamente o presidente Trump estava negociando
07:22e querendo efetivamente um acordo com o Irã
07:27e com isso seguraria o primeiro-ministro Netanyahu.
07:33Pois é, agora sabe que não deu.
07:36E por isso mesmo houve a capacidade israelense de eliminar boa parte da liderança militar iraniana,
07:50que isso é importante, que eram os assessores mais próximos do Ayatollah Khamenei.
07:54E hoje soubemos, de novo, que o líder, o general que substituiu o general morto na sexta-feira
08:04da Guarda Revolucionária também foi eliminado.
08:08Isso cria um vácuo na capacidade de assessoramento do Khamenei bastante grande
08:13e isso pode gerar uma falta de coerência nas decisões.
08:22Quanto à possibilidade do regime cair, ainda é muito difícil.
08:28É um cenário que sempre foi discutido, mas um cenário bastante improvável.
08:33Hoje se torna um pouco mais provável porque a situação econômica social iraniana
08:42já vinha numa pressão muito grande.
08:44Você tem uma economia em crise que não cresce,
08:48passando por recessões, inflação em torno de 40% ao ano,
08:52desemprego alto e entre os jovens em torno de 50%.
08:57Eu sempre falo isso porque quem vai para as ruas e quem derruba o governo são jovens,
09:02não são as gerações mais velhas.
09:05Então você tem aí sim esse caldo social e econômico que poderia levar a isso.
09:11Mas a gente não pode esquecer que a Guarda Revolucionária,
09:14o seu braço paramilitar dos magis, tem uma capacidade de repressão gigantesca
09:19e não tem o mínimo pudor de matar e suprimir essas revoltas,
09:24como aconteceu em 2019 e 2020.
09:26Agora, diante da situação econômica que o Irã vai sair desse conflito,
09:34essa crise econômica social interna vai crescer.
09:38Então é um cenário que se tornou mais possível, ainda não provável.
09:44Contudo, eu sempre lembro, em junho, julho de 78,
09:51ninguém imaginava que o Shah Raza Parlevi poderia cair.
09:55Em janeiro de 79 ele teve que fugir do Irã.
09:58Então é possível que isso aconteça.
10:02Não é provável ainda.
10:03É possível.
10:05Quem vai assumir é difícil dizer.
10:08Porque, por exemplo, quando o Shah Raza Parlevi caiu,
10:12tinha se formado um governo de coalizão nacional
10:15que não era ligado aos ayatollahs, aos clérigos.
10:21E foi justamente um golpe dentro dessa derrubada do Shah
10:26que levou à formação da República Islâmica.
10:29Então há forças ainda ali dentro que não estão organizadas para isso.
10:34e que no momento em que um governo cai,
10:37qualquer um pode conseguir chegar ao poder.
10:40É isso.
10:41Gunter Rudzit, professor de Relações Internacionais da ESPM,
10:46conversando ao vivo com a gente aqui na Jovem Pan,
10:48os caminhos possíveis e prováveis para esse conflito.
10:53Conversaremos em outras oportunidades, certamente.