- 13/06/2025
Em entrevista exclusiva ao Os Pingos nos Is, o professor de relações internacionais do IBMEC-RJ, José Niemeyer, analisa a crescente tensão entre Israel e Irã, classificando o cenário como uma "situação de guerra".
Assista na íntegra: https://youtube.com/live/WOTJPmzTG1k
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NotíciasTranscrição
00:00Pois é, muitos aspectos, né, pra gente discutir, analisar, é importante ter vocês que nos acompanham pela rádio, pela TV por assinatura, pelas plataformas digitais,
00:09inclusive um convidado especial, professor de Relações Internacionais, que sempre colabora com a gente aqui na Jovem Pan News, José Niemeyer.
00:18Aqui eu agradeço demais pela participação. Professor, seja muito bem-vindo, ótima noite a você.
00:23Seguimos com as imagens ao vivo dessa transmissão, inclusive as agências de notícia acabam fornecendo essas imagens e a gente compartilha com as pessoas que nos acompanham.
00:37Mas, professor, ontem ataque de Israel, a justificativa de que seria uma ação preventiva pra brecar essas investidas nucleares do Irã,
00:45e a resposta de Teherã, horas depois, inclusive com explosões registradas em várias cidades de Israel, principalmente Tel Aviv e Jerusalém,
00:54que precisamos considerar, queria te ouvir, sempre gentilmente atendendo a Jovem Pan News,
01:01e o Beraldo há pouco fez uma ponderação importante sobre reflexões do mercado, né,
01:05que a leitura é que não parece que uma declaração de guerra do Irã, mas sim uma retaliação, algo pontual aos ataques israelenses de ontem.
01:16O senhor concorda?
01:18Daniel, um abraço a você, assinante da Jovem Pan, aos comentaristas amigos e muito competentes aí da Jovem Pan,
01:26como sempre a Jovem Pan se adiantando e estando à frente da notícia.
01:30Olha, com o ataque de ontem, um ataque de um país soberano contra outro país soberano, que é o Irã,
01:38independente da motivação, é uma situação de guerra, né, que a gente chama, não é mais uma hipótese de guerra, guerra real.
01:46Agora, é claro que o Beraldo colocou bem, e eu acho que o Dávila também,
01:50você pode ficar com esse tipo de dinâmica de mísseis terra-terra de ambas as partes, né,
01:58e não partir para algo muito invasivo, por exemplo, Israel, quando há poucos meses invadiu o sul do Líbano,
02:05foi uma ação mais invasiva, ou quando também respondeu ao grupo terrorista Hamas em Gaza.
02:11Isso não vai ocorrer com relação ao Irã, primeiro porque o Irã é um país grande, né,
02:16é o 17º país em tamanho no mundo, não é pouca coisa, né.
02:20Depois é um país de quase meio trilhão de PIB, né, 400 bilhões de dólares também,
02:27é algo para se considerar, não é um país frágil do ponto de vista econômico.
02:32É um país que tem um centralismo, uma política muito centralizada de produção industrial,
02:38tanto para meio civil como para meio militar.
02:41Produz seus próprios tanques de guerra, produz meios, inclusive, que têm alcance aéreo,
02:47quer dizer, é o sétimo maior produtor de petróleo, vocês estavam falando nisso,
02:51tem um milhão de soldados, metade disso da ativa e o resto, a outra metade,
02:56um pouco mais da metade de reservistas, né.
03:00É um país difícil de invadir, porque as cidades, o ecúmero estatal está bem localizado,
03:05a capital está bem localizada e cercada por outras cidades importantes,
03:08então não vamos pensar, é muito difícil um cenário de que Israel quer invadir o Irã, né.
03:13Por mais que Israel hoje tenha algo que favoreça por uma ação militar contra o Irã,
03:19que é a situação na Síria, uma situação um pouco mais estável,
03:22com o HTS no poder, e o HTS está mais preocupado em reconstruir a Síria,
03:27com muita dificuldade, que também vive uma certa instabilidade dentro da Síria,
03:31e aí isso impede que o Irã se aproveite do espaço aéreo sírio,
03:37e mesmo do espaço territorial, a Síria poderia ser uma aliada do Irã,
03:40para atacar Israel. Então Israel, eu acho que está preparado até para uma ação,
03:45teria que contar, uma ação mais invasiva, né,
03:47teria que contar com o apoio direto dos Estados Unidos.
03:50Mas os Estados Unidos hoje, Daniel e colegas comentaristas,
03:53é uma variável à parte, né, no sistema internacional.
03:57Parece que o governo Trump olha o sistema internacional
04:00como se os Estados Unidos da América estivessem fora do sistema internacional,
04:03tanto do ponto de vista econômico, como do ponto de vista civilizatório,
04:07como do ponto de vista estratégico-militar.
04:11Um exemplo disso é o distanciamento, claro,
04:14que não ocorreu nos últimos 80 anos entre União Europeia e Estados Unidos,
04:18eram aliados preferenciais.
04:19Então tudo isso faz com que este conflito, esta guerra,
04:23ou algo que pode escalonar para uma guerra mais grave,
04:27faça o cenário ficar muito, muito grave.
04:30Hoje eu acredito que nós temos as relações internacionais muito divididas,
04:34eu tenho, vejo três países com função imperial,
04:38não é uma função negativa, mas uma função imperial nas relações internacionais,
04:42que é Estados Unidos, Rússia e China, Rússia também.
04:44A União Europeia é um pouco perdida,
04:47tentando ter uma postura mais institucional a partir dos países que ela representa,
04:51principalmente França e Alemanha.
04:53Então está tudo muito dividido.
04:54E num cenário como esse, eu acho que até o Brasil deve pensar
04:58mais nas suas questões de soberania com muito cuidado.
05:01os caminhos possíveis para esse conflito entre Israel e Irã.
05:05Intervista especial, professor de Relações Internacionais do IBMEC,
05:09José Niemeyer, ao vivo aqui na Jovem Pan.
05:12Vamos girar com os nossos comentaristas,
05:14farão perguntas também para o professor.
05:16Você, Roberto Mota.
05:19Professor, boa noite.
05:21Qual é o melhor cenário para se lidar com o Irã?
05:25Qual é o melhor resultado possível?
05:27O senhor acha que existe alguma possibilidade do regime iraniano
05:32um dia mudar de forma orgânica?
05:35Ou será preciso mesmo uma guerra, uma intervenção externa
05:39para acabar com essa ameaça que o Irã representa para o mundo?
05:44Boa noite, Mota.
05:45Excelente questão.
05:46O valor da democracia, o valor da república,
05:50esses valores que são muito caros ou muito ocidental,
05:53são muito pouco difundidos no Oriente Médio, junto aos países árabes, por exemplo.
05:58Você tentou com a Primavera Árabe trazer alguns desses valores
06:02para a rotina do cidadão árabe ou do cidadão islâmico,
06:05mas é muito difícil, porque a política nesses países
06:09é interpretada de uma maneira muito ligada à religião,
06:13de maneira radical por alguns grupos,
06:15e também, infelizmente, ligada à violência.
06:17Então, política nesses países parte, às vezes,
06:20de um caldo de violência e radicalismo religioso,
06:24que atrapalha muito você conseguir criar um tecido mínimo
06:28de representação política, de alternância no poder,
06:31de participação popular, como nós temos ainda no mundo ocidental,
06:37e temos que sempre prezar e manter essas nossas estruturas.
06:40Então, acho muito difícil, muito difícil.
06:42Mas também é muito difícil, Mota, você conhece tão bem quanto eu,
06:45tanto a região como o assunto, é muito difícil também você impor
06:48uma nova ordem política ao Irã.
06:50Como eu falei, não é um país qualquer,
06:52é um país relevante no Oriente Médio,
06:54é um país que incomoda muito o sistema econômico internacional,
06:58por aquilo que vocês falaram, ele define preços de petróleo,
07:01o preço de petróleo é algo fundamental para definir inflação,
07:04para definir questões macroeconômicas,
07:06então, ele sempre será respeitado por outros países.
07:09E ele é um aliado importante da Rússia, por exemplo.
07:12Importante, aliado, da Rússia, inclusive, é o Irã que está fornecendo
07:16parte dos drones que a Rússia está usando contra a Ucrânia.
07:20Daqui a pouco receberemos também um morador de Israel,
07:23que vai trazer as informações de momento sobre como está o país
07:28depois desse ataque do Irã.
07:30E há pouco trouxemos também a confirmação,
07:3241 pessoas feridas em Israel após os ataques realizados pelo regime iraniano.
07:3841 pessoas, pelo menos esse foi o último número contabilizado.
07:43A quantidade pode ser maior.
07:45Agora você, Luiz Felipe Dávila,
07:47entrevista com o professor José Niemeyer Dávila.
07:52Professor José Niemeyer, boa noite.
07:54Professor, a minha pergunta é, por que a diplomacia fracassou?
08:00Por que a diplomacia não foi capaz de conter esse programa nuclear do Irã?
08:05Parece que nós tínhamos uma chance relativamente boa de reverter esse programa
08:10entre 2020, quando teve um famoso plano lá de ação conjunto, né?
08:16Mas naquele momento, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos,
08:19acabou retirando os Estados Unidos unilateralmente.
08:23E aqui ele parecia um acordo que o Irã se comprometia a reduzir 98% o enriquecimento de urânio,
08:30limitaria o número de centrífugas, aceitaria as regras de compliance da Agência Internacional de Energia Atômica,
08:36tá parecendo com um bom caminho.
08:37Mas os Estados Unidos acabou saindo desse acordo unilateralmente.
08:42Isso foi a gota d'água pro fracasso da diplomacia,
08:46ou foi apenas mais um dos eventos diplomáticos que acabaram não dando em nada?
08:52Excelente pergunta, Dávila, muito obrigado.
08:56Foi um dos eventos, era o G mais 5, né?
08:59União Europeia, não, França, na verdade, Estados Unidos, Rússia,
09:03o Irã também era parte, claro.
09:06Agora não me lembro de todos os países.
09:07Eram cinco países mais o Irã, o G mais 5 era o nome do grupo.
09:11E eles iam trocar o fim da diminuição da capacidade de investimento na capacidade nuclear iraniana
09:18pra que o Irã voltasse ao cenário internacional.
09:21Seria o ideal, né?
09:22Porque você como liberal, né?
09:23Um liberal que nós conhecemos e uma cepa liberal muito bem constituída, a sua vertente,
09:30nós sabemos que quando você faz comércio, quando você incentiva a economia privada,
09:35quando você...
09:36Ou mesmo o público estatal, quando você tem boas parcerias entre o público e o privado no campo econômico,
09:42isso repercute no cenário externo, em comércio exterior, em cooperação econômica,
09:46e aí todos ganham, né?
09:47Um ganha-ganha.
09:48Então, essa visão mais idealista das relações internacionais, que todos nós tentamos ter
09:53e que está baseada no fundamento liberal da economia, ela seria a mais interessante
09:58e o G mais 5 seria um acordo que caminharia pra isso.
10:02A questão é que não é assim.
10:03A questão é que, me parece, Dávila, que nós...
10:06Aquele ditado, onde não tem pão, ninguém tem razão.
10:09Por que eu uso esse ditado popular?
10:12Porque a desigualdade no sistema internacional é muito grande, né?
10:15Se a gente pegar desde o fim da Guerra Fria, em 1991, essa desigualdade só aumentou.
10:22Desigualdade em todos os aspectos, né, Dávila?
10:25Desigualdade com relação a controle de espaço.
10:29O controle de espaço voltou a ser algo fundamental, que a gente achou que no século XXI seria, né?
10:34Muitos países têm muito espaço e outros têm pouco espaço.
10:38Acesso à tecnologia, muito restrito ainda, né?
10:41E muito desigual o acesso.
10:43Acesso à manutenção das suas capacidades na área de biodiversidade.
10:48E aí o Brasil tem um papel fundamental.
10:50Desigualdade com relação a recursos naturais.
10:53O Brasil também tem muitos, mas outros países também têm muitos.
10:55Então, há muita desigualdade estrutural no sistema.
10:58E aí, quando você tem líderes, geralmente líderes com mais, assim...
11:03Não vou dizer só autoritários, mas líderes mais populistas, né?
11:06Que é algo que também a doutrina liberal critica muito, você acaba...
11:10Esses líderes acabam se transformando nos países centrais, ou em senhores da guerra, ou apoiam os senhores da guerra,
11:17porque eles usam alguns espaços, né?
11:19Como laboratórios de poder, né?
11:21Então, é muito triste dizer isso, mas é isso.
11:24Fora a desigualdade econômica, que só cresce em alguns quadrantes do sistema internacional.
11:28Me parece que a desigualdade é o principal ponto.
11:31Em todos, em relação a todos os fatores da nossa existência, né, Davi?
11:36Os muitos aspectos que envolvem esse conflito no Oriente Médio.
11:40O professor José Niemeyer, de Relações Internacionais do IBMEC, conversando ao vivo com a gente.
11:45Deixa eu só trazer uma informação, porque o Irã afirmou que 78 pessoas foram mortas
11:50e 320 ficaram feridas nos ataques israelenses.
11:55Essas declarações foram dadas na reunião do Conselho de Segurança da ONU, pelo embaixador iraniano.
12:02Daqui a pouco, inclusive, a gente vai tratar disso com o professor.
12:05Mas eu passo a palavra para o Cristiano Beraldo, que fará a próxima pergunta ao professor.
12:09Com você, Beraldo.
12:13Professor, prazer em falar com o senhor.
12:16O senhor comentou dessa dificuldade, dessa guerra desembocar numa disputa terrestre.
12:24E também da importância da relação hoje do Irã com a Rússia, em razão do fornecimento dos drones
12:31que são utilizados pela Rússia na guerra contra a Ucrânia.
12:35Tendo em vista o cenário que temos na região,
12:40o senhor acredita em alguma mudança significativa de postura de Rússia, Turquia,
12:47e outros parceiros, Líbano e outros parceiros do Irã, em relação a Israel e aos Estados Unidos.
12:55E, por fim, como o senhor acha que grupos como o Resbola, que estão ali do lado de Israel,
13:03vão reagir a partir deste ataque?
13:06Muda alguma coisa a prática no dia a dia?
13:09Podemos esperar alguma coisa nesse sentido?
13:10Muito obrigado, Beraldo.
13:15Muda muito, porque quando você tem uma ação como essa de muita autonomia do Irã,
13:20e também de muita autonomia de Israel, ou alguma autonomia relativa,
13:24aí você tem problemas com relação à autonomia dos outros países.
13:28A Rússia vai se sentir mais autônoma,
13:29para, por exemplo, sair uma informação no Serviço Secreto Alemão,
13:35não sei se vocês chegaram a ter essa informação,
13:37que há uma projeção, no médio prazo, de projeção de poder da Rússia
13:42contra países como a Letônia, países mais ao norte.
13:47Continuaria uma agenda de espaço vital russo.
13:50Então, eu acho que está aumentando muito a autonomia dos senhores da guerra.
13:54Com ações como essa, os outros países vão se sentir também.
13:57Por exemplo, a Turquia agora está muito mais preocupada
14:00em combater questões referentes aos curtos do que estaria antes.
14:05Agora ela se sente com mais autonomia.
14:06Então, é muito complicado.
14:08Um cenário, Beraldo, que tende mais ao conflito que a cooperação,
14:12com potências centrais, potências médias,
14:14e grandes potências com muita...
14:17ou, pelo menos, que acham que tem muita autonomia.
14:19E tem, porque o cenário está muito dividido.
14:21Agora, professor, falamos há pouco, inclusive, com os nossos repórteres,
14:29que destacaram as muitas repercussões internacionais
14:32a respeito desse conflito, também algumas manifestações.
14:37Por exemplo, Rússia e China, obviamente, condenaram o ataque ao Irã.
14:42França e Estados Unidos, apoiando, dando todo o respaldo à ação de Israel.
14:47Também, muitas reuniões acontecem neste momento
14:50e a gente precisa também olhar para a reunião do Conselho de Segurança da ONU.
14:54Reunião, inclusive, de emergência,
14:57para tratar das questões que envolvem a escalada desse conflito.
15:00Queria, professor, para as pessoas que nos acompanham,
15:03que o senhor, de maneira didática, explicasse exatamente
15:06quais são os poderes do Conselho de Segurança da ONU,
15:09quais são os caminhos possíveis a depender da decisão desse Conselho.
15:14Mas é preciso também olhar para o poder de alguns países,
15:19que podem, inclusive, vetar resoluções.
15:24Queria que o senhor explicasse de maneira breve para o nosso público,
15:27mas também trouxesse a sua percepção a respeito dessas articulações
15:30que acontecem, principalmente na ONU.
15:36Infelizmente, Daniel, excelente questão.
15:38Infelizmente, no Conselho de Segurança das Nações Unidas,
15:41formado por alguns países, mas cinco são permanentes e têm poder de veto,
15:46nada vai andar.
15:48Qualquer moção que for colocada, por exemplo, pelos Estados Unidos,
15:51será vetada por China e Rússia.
15:53Qualquer moção colocada por Rússia e China
15:57será vetada pelos Estados Unidos da América.
15:59Então, nada vai acontecer no Conselho de Segurança,
16:02enquanto o Conselho de Segurança tiver este desenho.
16:06Está na hora, eu acho que o Motto, o Davi, o Beraldo concordam comigo,
16:09está na hora de você rever o Conselho de Segurança,
16:11por mais que a instituição Nações Unidas esteja muito desacreditada
16:15do ponto de vista burocrático,
16:17do ponto de vista dos resultados práticos que ela traz
16:19para as relações internacionais.
16:21Está na hora de você ter um representante da América do Sul,
16:24que deveria ser o Brasil, a Argentina veta.
16:26Está na hora da Alemanha entrar no Conselho,
16:29é vetada pelo seu histórico Segunda Guerra.
16:32Está na hora do Japão entrar no Conselho,
16:33a China veta imediatamente.
16:35Está na hora da Nigéria entrar no Conselho,
16:37é um país importante na África,
16:39inclusive muito rico em recursos naturais.
16:41A África do Sul veta e também não é convidada pelo passado de Apartheid.
16:45Está na hora, talvez, do México pensar a sua entrada no Conselho.
16:49Os Estados Unidos não vão querer,
16:50o Brasil também não vai.
16:51Está na hora da Indonésia entrar no Conselho,
16:53será vetada também pela Austrália.
16:55Então, é muito difícil você reformular o Conselho de Segurança.
16:59O ideal é que ele tivesse 12 membros,
17:02em torno de 12 membros e todos permanentes.
17:05Esses que eu falei, mais os cinco que existem.
17:08China, Estados Unidos, França, Inglaterra e Rússia.
17:12E você acabar com o poder de veto.
17:16Você teria as moções aprovadas ou não por maioria.
17:20Talvez o ideal fosse ser 11.
17:21Aí você aprovaria, por maioria, 6 contra 5, por exemplo.
17:24Seria o ideal.
17:25Seria muito mais fácil de você impor algumas sanções
17:30que são fundamentais em momentos de guerra,
17:32de crise internacional.
17:34É isso.
17:35Professor José Anier Maier,
17:36de Relações Internacionais, do IBMEC,
17:39sempre colaborando com a gente aqui na Jovem Pan News.
17:41Momento delicado, guerra no Oriente Médio.
17:44Netanyahu, Benjamin Netanyahu,
17:45anunciando, inclusive, novos ataques contra o Irã.
17:49disse que civis estão sendo alvos do regime.
17:53Chamar o Roberto Mota.
17:54Mais uma questão para o professor Niemeyer.
17:56Você, Mota.
17:58Professor, agora vem uma pergunta difícil.
18:01Na sua opinião, quais são os próximos movimentos de Donald Trump?
18:09Mota, Trump, a administração Trump,
18:11ele tem três agendas sobrepostas.
18:13Ela tem uma agenda muito radical contra a imigração.
18:17Eu até entendo a questão da imigração, você tem que controlar,
18:21mas ele trata isso com um caráter civilizatório
18:24e acaba sendo muito agressivo em alguns momentos.
18:27A gente sabe disso.
18:28Tem uma agenda macroeconômica e econômica que você conhece bem,
18:32de tentar transformar os Estados Unidos em uma autarquia,
18:34produzir tudo aquilo que precisa de bens e serviços.
18:37Não vai conseguir, vai gerar inflação, aumentar a dívida.
18:40E tem a agenda de segurança internacional.
18:41Por incrível que pareça, a agenda de segurança internacional
18:43é a que ele menos está se movimentando porque ele perde votos.
18:48Porque os Estados Unidos também, desde o fim da Segunda Guerra,
18:51vem passando, se intrometendo ou querendo se intrometer em todo tipo de conflito,
18:57qualquer guerra em qualquer lugar do mundo.
18:59Isso começa a incomodar a classe média norte-americana já há algum tempo.
19:02E 11 de setembro de 2001 foi o clima.
19:05A partir de ali, você teve que mudar a sua doutrina de segurança,
19:09ter os ataques preventivos, isso aumentou muito o gasto público.
19:12E a sociedade norte-americana se conhece, sabe,
19:15que é difícil você se manter como polícia do sistema internacional.
19:19Mas os Estados Unidos são importantes.
19:21Eles não vão poder sair do sistema internacional
19:25do ponto de vista das suas ações de segurança.
19:27Agora, a China cada vez mais forte.
19:29A Rússia retomando o poder.
19:30Talvez Donald Trump esteja fazendo,
19:33olhando o sistema internacional e criando desenhos de segurança
19:37onde os Estados Unidos talvez não se exponham a tanto.
19:40Por exemplo, a questão da guerra russa e Ucrânia.
19:42Deixar isso mais para a União Europeia.
19:44Acho até que a União Europeia deve participar mais das questões de segurança,
19:48inclusive ativar a sua política externa de segurança comum,
19:51que não está ativada.
19:52Com farda europeia e meios militares europeus.
19:55Mas isso tem que ser aos poucos.
19:56Agora, Donald Trump mudar isso em plena guerra da Ucrânia,
20:00acho grave.
20:00Acho grave também, ele não está participando, de alguma maneira,
20:05pelo menos com a sua chancela ou não,
20:07com relação a essa ação do Irã,
20:09já que sempre foi um aliado importante de Israel.
20:13Ele tem que se mostrar ainda aliado de Israel.
20:16Isso é fundamental, porque senão Netanyahu,
20:18e a gente conhece bem o governo Netanyahu,
20:20vai se sentir muito autônomo e vai atrapalhar,
20:22inclusive, os Estados Unidos da América.
20:24Em resumo, para os Estados Unidos da América,
20:26é melhor um mundo mais fundamentado em cooperação,
20:29para todos nós, inclusive para voltar a crescer do ponto de vista econômico,
20:33que é o principal objetivo do governo Trump,
20:36retomar um protagonismo econômico.
20:38Mas, ao mesmo tempo, a falta de ação norte-americano,
20:42que a gente viu nas últimas semanas,
20:43e essa postura errática do presidente Trump,
20:45de ir e voltar com relação a alguns temas,
20:47principalmente essas três agendas,
20:49faz com que o cenário fique muito fluido.
20:51Eu tenho a impressão, por exemplo,
20:54se Trump hoje, Mota, dissesse,
20:57para uma conversa secreta,
20:59Netanyahu, vamos invadir o Irã.
21:02Os Estados Unidos vão apoiar uma invasão do Irã,
21:04inclusive por terra.
21:06Eu tenho a impressão, eu tenho a impressão,
21:08não é que faltaria o recurso.
21:09Recursos não faltariam, é a principal potência bélica do planeta.
21:13Mas não teria apoio político interno para fazer isso,
21:17e isso atrapalharia muito a agenda econômica dele,
21:20de reestruturação econômica dos Estados Unidos da América.
21:22Por mais também que a gente possa dizer o seguinte,
21:24é um governo que cada vez mais aproxima
21:27as grandes empresas de tecnologia ao complexo industrial militar.
21:31Então, pode ser que no médio prazo,
21:33no médio prazo, os Estados Unidos voltem a ter uma postura
21:36mais decisiva nos temas de segurança,
21:38a partir desse binômio.
21:41Empresas, as big tech, junto com um sistema,
21:45uma infraestrutura muito forte,
21:47que é o complexo industrial militar norte-americano.
21:50E aí eles terem uma posição mais dura no médio prazo.
21:53O problema é que o médio prazo está muito longe, né, Mota?
21:56A gente tem que saber o que vai acontecer nas próximas semanas.
21:59E aí você tem razão.
22:00Eu mesmo não sei o que o presidente Trump pretende fazer.
22:02Mas ele não vai tomar nenhuma atitude agora,
22:05chancelando muito diretamente a ação israelense.
22:09E nem, nós não tivemos notícia de nenhum avião norte-americano
22:13e nenhuma base de artilharia anti-míssel norte-americana
22:18atuando contra esses mísseis iranianos que foram lançados hoje.
22:24Pelo menos eu não tive nenhuma notícia
22:25se meios norte-americanos participaram do evento,
22:28do evento militar.
22:29Não sei se vocês têm.
22:30Então é tudo muito ainda incerto,
22:33principalmente com Donald Trump, né?
22:35Cobertura especial aqui na Jovem Pan News.
22:38Estamos trazendo os últimos detalhes do conflito no Oriente Médio.
22:42Ataques realizados entre Israel e Irã.
22:45Ontem à noite, Israel iniciou um ataque contra alvos iranianos,
22:50explosões registradas em algumas cidades,
22:53como, por exemplo, principalmente a capital Teirã.
22:57E aí, no dia de hoje, a resposta, né?
23:00A resposta do Irã, inclusive, vários alvos atingidos
23:05nas principais cidades de Israel.
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