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  • 27/05/2025
No Direto ao Ponto, o ex-secretário-geral da CBF, Walter Feldman, comenta a polêmica saída de Ednaldo Rodrigues (ex-presidente da CBF) e analisa os desafios do novo comando da entidade. Ele discute a influência política no futebol, os bastidores da gestão esportiva e os caminhos para resgatar a credibilidade da CBF diante dos torcedores e da imprensa.

Assista na íntegra: https://youtube.com/live/UYOYKocjXr8

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Transcrição
00:00O senhor falou de esperança com o novo treinador da CBF, da Seleção Brasileira.
00:06Essa esperança, ela acontece também em relação ao novo presidente da CBF,
00:13que é um presidente que foi eleito pelas federações, 26,
00:19e no primeiro ato falou que vai diminuir as datas dos estaduais.
00:23Eu até entendo fazer isso em Roraima,
00:25são oito clubes, tem dez datas no Acre, em Alagoas, no Amapá.
00:33Mas como é que vai fazer isso em São Paulo, no Rio de Janeiro? É possível?
00:41Esperança, esperança.
00:43Primeiro o seguinte, a mudança do presidente da CBF é uma esperança.
00:51Independente, nós conversávamos aqui antes de começar o programa,
00:55independente da consertação que houve, para usar uma palavra bastante elegante.
01:02Mas, realmente, a gestão do ex-presidente Edinaldo deixava muito a desejar em todos os aspectos.
01:09Se não fosse usar uma palavra elegante, que palavra o senhor usaria?
01:12Eu prefiro ficar nela, melhor.
01:15Até por ser um homem elegante.
01:16Não, mas é um desastre, um desastre.
01:19E eu convico o Edinaldo, seis anos, no momento que eu estive lá,
01:24realmente uma pessoa que não tinha nenhuma dimensão para ser o presidente da CBF,
01:29no nível que nós esperamos hoje.
01:31Eu, por exemplo, acho que o futebol é uma atividade de dimensão econômica tão relevante
01:37e tão significativa para a nacionalidade, para o espírito cívico, para aquilo que o Brasil representa,
01:46que deveria ser uma gestão moderna.
01:49Está certo?
01:50Deveriam ser gestores absolutamente treinados para essa função.
01:55Não poderia ser fruto de uma concentração política.
01:59Eu acho isso para a política também, né?
02:03Viver na política há muito tempo, a gente sabe, muitas vezes, o desastre de escolhas absolutamente democráticas.
02:10Mas não reflete o funcionamento das sociedades democráticas modernas,
02:16porque precisam ter novos modelos.
02:19E talvez tenha aí o debate da nova democracia que um dia a gente vai ter que repensar.
02:24Então, eu diria que a eleição do presidente da CBF, ao tirar o Edinaldo, gera uma esperança.
02:34Agora, ele é fruto de uma eleição feita por federações.
02:39Então, é como você imaginar que o presidente do Brasil possa ser eleito pelos governadores de Estado.
02:47Onde que está a representação popular, social?
02:51E no futebol tem um elemento adicional, além da torcida, que são os clubes.
02:56Quais foram os papéis dos clubes na eleição do atual presidente?
03:03E o futebol são clubes, em sua essência.
03:07Seleção é de vez em quando.
03:09Como é que foi a representação?
03:11Então, não dá para negar que essa consertação, ela tem vácuos vazios que são dramáticos
03:20para aquilo que se espera na nossa nova esperança.
03:24Então, é evidente que ele deve representar mais as federações do que os clubes.
03:29Mas esse é o sistema.
03:31Se diz, eu estava lendo alguns filósofos e tal.
03:34Há um debate sobre alguns filósofos importantes que formataram o pensamento ocidental.
03:39Nós temos que trabalhar com a realidade.
03:42O Flávio dizia aqui no começo, mas foi genial a retirada do Edinaldo e foi genial a escolha desse presidente.
03:51Mas não tem nada a ver com a sociedade.
03:53É uma coisa particular.
03:55É uma coisa deles lá.
03:56Deles, está certo?
03:58Vai ser bom?
04:00Bom, nós não vamos influir se vai ser bom ou não.
04:04Eles que vão decidir.
04:05Qual vai ser o papel da imprensa, da sociedade?
04:07Reclamar, criticar, opinar em algum momento, mas sem interferir em absolutamente nada do funcionamento daquele sistema.
04:18São sistemas próprios.
04:20Que, portanto, não refletem a opinião de uma sociedade.
04:24Só antes de passar para o Piperno, ele mencionou também, te questionou sobre o tamanho dos campeonatos.
04:28Como é que o senhor avalia?
04:29Ele falou bem, ou seja, como é que você reduz data aqui no Campeonato Paulista, que é um campeonato de peso.
04:39São 16 datas.
04:40Ele quer um...
04:41Paga bem os clubes.
04:42Então.
04:43E que paga bem.
04:44E que tem uma representação social relevante.
04:47Ou seja, o torcedor quer muito ganhar o Campeonato Paulista.
04:52Está certo?
04:52O Campeonato Carioca, o Campeonato Mineiro, alguns outros campeonatos, o Campeonato Gaúcho, talvez os outros têm enorme dificuldade de sobreviver.
05:03E times que, de certa forma, representam torcedores nacionais, mesmo havendo os campeonatos estaduais.
05:08Exatamente.
05:09Embora a pessoa torça para o clube local, mesmo assim ele pode ser corintiano, palmeirense, são paulino, flamirista.
05:15Então, eu acho, ele anunciou, e ele anunciou porque ele quis fazer uma sinalização, particularmente para aqueles que ele representa na maior parte dos estados brasileiros, né?
05:31O Nordeste, o Norte, que tem um espaço de atuação nos campeonatos estaduais que permite uma redução desse tipo.
05:41Em campeonatos mais pressivos vai ser muito difícil, vai ser uma luta política importante.
05:48Talvez, com essa quebra do papel da Federação Paulista nessa eleição, talvez ganhe mais força por causa disso, porque houve um alijamento da Federação Paulista.
06:00Ou um conflito, exatamente um alijamento.
06:03Mas é o problema maior, é São Paulo, que tem o seu campeonato mais pressivo.
06:08Mas não dá para negar também que uma parte do atual comando da CBF tem origem na formatação das ligas, né?
06:19Então, significa um fortalecimento dos campeonatos nacionais.
06:25Então, tem alguns elementos aí que a gente vai ter que esperar um pouco.
06:29Está muito recente a eleição do atual presidente, mas está muito concreto que haverá um conflito que terá que ser administrado.
06:37Eu não tenho clareza se essa atual administração da CBF terá a capacidade política de gerenciar os conflitos que já estão sendo anunciados.
06:48Vai lá, Piperno.
06:50Faldemar, então você termina falando em capacidade política.
06:53Vamos lá.
06:54Você exerceu vários mandatos parlamentares, você também foi executivo de governos.
06:59Aí você vem para o esporte, para uma CBF.
07:03E uma CBF que, se a gente pensar nos últimos cinco presidentes,
07:10Ricardo Teixeira foi banido do futebol, Zé Maria Marim foi em cana, preso pelo FBI.
07:16Depois o Marco Polo não pode usar passaporte.
07:19E os últimos dois tiveram problemas policiais.
07:21Estão aí respondendo até hoje, enfim, a processa especialmente agora o Edinaldo.
07:27Muito bem.
07:28O Edinaldo, o novo presidente, o Schaud, ele chega também muito bem conectado com caciques políticos importantes.
07:40A família Sarney, o dono do MDB, enfim, de Roraima, o Jader, o...
07:48Mário Jucá.
07:49Exatamente, o Jucá, que já foi líder de governo.
07:53Tem conexões com a justiça e cria, então, a sua base de sustentação em cima disso.
08:03Eu queria te perguntar o seguinte.
08:04É possível, por que que hoje um dirigente da CBF precisa de tanto suporte na justiça e na política?
08:15Bela pergunta, hein?
08:19Você sabe que ir para a CBF não foi fácil.
08:24Eu tinha uma carreira política grande aí, mais de 30 anos, e quando eu fui para a CBF eu apanhei de todo mundo.
08:33Eu falei, o que que você vai fazer naquele lugar, naquele antro?
08:38Eu vou contar uma história aqui que eu nunca contei.
08:41Eu tive um almoço com o Jucá Gifuri, que até então era muito meu amigo, e aí...
08:50É a primeira vez que eu falo essa história, Flávio.
08:53Aí nós fomos no almoço, ele falou, volta, o que que você vai fazer lá?
08:56Falei, olha, eu vou fazer algo que nós aprendemos na política, que é aproveitar uma oportunidade para você, por dentro, poder fazer alguma mudança.
09:07Falei, inclusive, essa sempre foi uma tática do Partido Comunista Brasileiro, no qual o Jucá tinha a sua simpatia.
09:15Falei, olha, os comunistas fizeram muito isso no Exército, nas instituições, nos sindicatos.
09:21Falei, eu vou fazer isso, eu vou, com o meu passado político, felizmente eu saí da política sem nenhuma, sem nenhum lava-jato.
09:31Falei, eu acho que eu posso dar a minha contribuição, eu tinha sido secretário de esportes,
09:36tinha meditado muito aí na questão do futebol em São Paulo, junto à Federação Paulista.
09:41Sai do restaurante, o Jucá falou, olha, a partir de hoje eu vou te chamar de ladrão.
09:45Para mim, não estou entendendo, o almoço foi tão bom, eu tentei te explicar, não, entrou na CBF a ladrão.
09:58É assim que eu vou tratar a tua participação lá.
10:02E realmente, seis anos, apanhei demais.
10:06Chinelada.
10:07Chinelada.
10:08E olha, eu vou dizer, eu acho que nós fizemos mudanças importantes.
10:12Nós contratamos a Ernst Young, que é uma consultora inquestionável do ponto de vista da sua qualificação.
10:20O nível de gestão da CBF naquele período era 2%, interpretado pela Ernst Young.
10:27Nós tínhamos um conselho de patrocinadores que nos cobrava, disseram,
10:31Vocês não vão conseguir atingir 10%.
10:34Nós atingimos 96% de modelo de gestão, de governança, de compliance, de gestão de risco,
10:42de auditoria, de criação de comissão de ética.
10:46Isso não mudou a imagem da CBF.
10:49Mas por que eles precisam de tanto suporte, então, político e de juiz?
10:55Porque é o seguinte, o Edinaldo, ao entrar lá,
11:00A entrada do Edinaldo, com a saída do Caboclo, foi uma entrada, eu diria, oportunista.
11:06Não havia opção, né, em relação àqueles que naquele momento tinham um papel e uma presença
11:14e um comando indireto da CBF, e consideravam que o Edinaldo seria a figura mais dócil.
11:21Então, vamos botar ele aí...
11:23Vale e pulável.
11:24Para ir levando e tal.
11:27E o Edinaldo mostrou uma personalidade muito complexa.
11:30Uma visão muito centralizadora, uma visão de domínio absoluto do sistema,
11:39de relação única e exclusivamente com as federações,
11:43e um sentimento que eu chamaria, assim, na minha formação, pouco paranoide,
11:50com muito medo de que houvesse uma invasão do seu domínio e tal.
11:56Então, foi uma gestão muito fechada e com perda enorme da representatividade internacional.
12:02Ou seja, o Fernando Sarney, com quem eu convivi muito,
12:07é alguém que tinha um prestígio na FIFA extraordinário.
12:12A movimentação dele era uma coisa que me impressionava nos congressos que eu participava.
12:17Na Comebol, da mesma forma.
12:18O Edinaldo retira essa representação internacional e centraliza para ele,
12:24sem nenhuma capacidade de se relacionar internacionalmente.
12:29Então, hoje, nós não temos representação na FIFA.
12:32Nem lá foi o Edinaldo, foi para a Argentina.
12:35Jamais o Brasil perderia esse espaço e esse papel.
12:40Bom, então, o que aconteceu com o Edinaldo, na minha avaliação,
12:46que dá essa mudança dos tempos de hoje,
12:49e que vai ter uma grande influência sobre o Samir?
12:55Que é o que a gente chama de judicialização do futebol
12:59e de politização do futebol.
13:02Ou seja, para se manter no poder, o Edinaldo teve que se relacionar no plano da política e do poder judiciário,
13:13para poder se manter.
13:14Isso, evidentemente, contamina o sistema.
13:18Tira a independência e a autonomia exigida pela FIFA.
13:22Vocês sabem que não pode haver interferência.
13:27E a FIFA intervém quando isso acontece.
13:29Só que não é tão explícito.
13:32Mas o Edinaldo, na minha avaliação, foi a grande causa disso que você falou
13:36e que permitiu que ele ficasse um período relativamente longo
13:41por esse histórico que você mesmo disse.
13:44Normalmente, quando você tem fraqueza, o sistema encontra caminhos para retirar.
13:51Demorou muito para retirar o Edinaldo,
13:53mas não dá para negar que houve uma contaminação da política e da justiça
13:58no comando do futebol brasileiro.

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