- 18/05/2025
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00:00Um 747 voando rumo a África do Sul fica cheio de fumaça.
00:10Há um incêndio no compartimento de carga, mas o avião não pode aterrissar.
00:15Ele está muito distante sobre o Oceano Índico.
00:20Acho que o primeiro pensamento para muitos sul-africanos era o que havia naquele avião.
00:25Os passageiros estão se sufocando devido à fumaça tóxica.
00:29Solicitando uma emergência total, por favor.
00:32Afirmativo, Charlie, Charlie.
00:34Há apenas uma maneira de se livrar da fumaça.
00:37A tripulação precisa tentar uma manobra raramente usada e arriscada.
00:41Abram as portas.
00:43Abrir as portas durante o voo.
00:49Springbok 295, please.
00:51É uma corrida contra o tempo enquanto o avião é tomado pelo fogo.
00:55Ele precisa alcançar terra para evitar que caia no mar.
00:58Springbok 295, please answer.
01:14Neidei. Desastres aéreos.
01:17Esta é uma história real baseada em relatórios oficiais, relatos de testemunhas e depoimentos de especialistas.
01:25Avião em chamas.
01:28Em 27 de novembro de 1987, um 747 da South African Airways voa de Taiwan de volta à África do Sul.
01:40Tudo em ordem?
01:41Tudo, comandante. Pronto para assumir?
01:43Sim, obrigado.
01:46Depois de nove horas de voo sobre o Oceano Índico,
01:49a tripulação principal volta a seus assentos, deixando que a tripulação de apoio descanse.
01:57A tripulação se prepara para uma parada programada nas ilhas Maurício.
02:03Valerie Lothering aproveitava sua primeira viagem ao exterior,
02:07acompanhando seu marido Corey, que viajava a negócios.
02:12Meu pai estava em uma viagem a negócios e minha mãe havia ido com ele de férias.
02:17Na verdade, meu pai havia ido para o Oriente para obter tecnologia de telefonia celular,
02:23que estava apenas começando a aparecer na África do Sul na época.
02:28O avião é um 747 modificado, conhecido como Kombi, abreviatura de combinação.
02:35Um avião de passageiros e de carga em um só.
02:38Ele foi projetado para acomodar quantidades flexíveis de passageiros e carga.
02:42O Kombi tem um grande compartimento de carga abaixo, como um 747 comum.
02:47O Kombi tem também um grande compartimento de carga logo atrás da última fileira dos assentos da classe econômica.
02:54A cabine do piloto está a um nível acima da cabine de passageiros.
02:58Não era possível carregar de 6 a 12 estrados para carga no deck principal,
03:04ajustando o anteparo para o número de passageiros que se quisesse levar.
03:08E isso acabou sendo uma ferramenta muito útil e importante.
03:14O voo 295 está levando 159 pessoas, assim como 6 grandes estrados de carga.
03:23Conhecido como Heidelberg, o Kombi 747 é uma parte crucial da frota da South African Airways.
03:30Ele é especialmente útil para viagens longas.
03:33Durante a época do Apartheid, um avião como o Kombi ajudava a South African Airways,
03:40uma vez que eles tinham que voar sobre a parte protuberante da África Sobre-Atlântico.
03:44Para protestar contra o regime racista branco da África do Sul,
03:48a grande maioria de estados africanos negros se recusa a permitir que a South African Airlines
03:53sobrevoe seu espaço aéreo, levando-os a percorrer rotas mais longas.
03:58Havia sanções, sanções pesadas contra a África do Sul em frentes políticas, econômicas e culturais.
04:05A África do Sul não era bem-vinda em nenhum lugar com credibilidade no mundo.
04:10No voo 295, menos de uma hora antes de sua parada nas Maurício,
04:14o alarme de fumaça quebra o silêncio na cabine.
04:18Ele vem do compartimento de carga no deck principal, logo atrás dos passageiros.
04:24Quando a tripulação chega até lá, o fogo está se propagando.
04:32A situação está péssima.
04:33Leva o outro cilindro até lá?
04:35Sim, rápido.
04:38Lista de verificação de incêndios.
04:40Em emergência com incêndio, a tripulação segue uma lista de verificação padrão para extinguir o fogo.
04:46O disjuntor também estourou.
04:47O quê?
04:48Vamos verificar o painel do disjuntor também.
04:51O fogo está atingindo a apiação do avião, provocando curto-circuito.
04:58Venham o mais pra frente possível.
05:00Mas há um problema mais imediato.
05:02Os passageiros estão tendo dificuldade em respirar.
05:08Interruptores de válvulas de isolamento de duto aberta.
05:11Conjunto de interruptores das válvulas, todos abertos.
05:14Interruptores de ventilação de recirculação, desligados.
05:19A lista de verificação de incêndio orienta o piloto para que aterrisse no aeroporto mais próximo.
05:25Entretanto, o mais próximo é nas Ilhas Maurício, ainda a mais de 300 quilômetros de distância.
05:31Não há muito o que o Comandante Ace possa fazer.
05:33Ele pede ao membro da tripulação que ajude no combate ao fogo no compartimento de carga.
05:44Traga outro cilindro.
05:48O Comandante Ace começa uma descida de emergência.
05:53Ele contacta o aeroporto nas Ilhas Maurício, que está em bons termos com a África do Sul.
06:00Pouco antes das quatro da manhã, o controle de tráfego aéreo das Maurício recebe o chamado.
06:05Maurício, Maurício, Springbok 295.
06:08Springbok 295, Maurício. Bom dia, prossiga.
06:12Bom dia. Temos um problema com fumaça.
06:14Estamos fazendo uma descida de emergência para o nível 150-140.
06:19Confirme sua decisão de descer ao nível 140.
06:22Sim, já começamos devido a um problema com fumaça no avião.
06:26Você solicita a emergência total, por favor?
06:30Afirmativo. Charlie, Charlie.
06:35O Comandante Ace parece calmo, mas ele precisa descobrir como se livrar da fumaça em seu avião.
06:42Seja lá o que esteja queimando no compartimento de carga, está produzindo fumaça espessa e nociva,
06:47que toma conta da cabine e poderia ser fatal para os passageiros.
06:51Qual sua posição precisa, por favor?
06:53Pode repetir?
06:54Qual sua posição?
06:55O Comandante Ace está perdendo energia em muitos de seus instrumentos.
06:59Perdemos muitos equipamentos elétricos. Não temos nada na aeronave agora.
07:04Ele não tem certeza de onde está.
07:06O aeroporto se prepara para uma aterrissagem de emergência,
07:09enquanto a tripulação do Heidelberg segue as instruções de uma outra lista de verificação para se livrar da fumaça.
07:17Interruptor adicional da ventilação desligado.
07:21Interruptores da ventilação de recirculação ligados.
07:27Situação da fumaça?
07:28Espere, vou verificar lá embaixo.
07:31A tripulação recebe mais notícias ruins da cabine.
07:34A fumaça está ficando mais espessa.
07:39Está pior. Não conseguimos respirar aqui embaixo.
07:44Com o avião chegando a uma altitude de 4.500 metros,
07:47a lista de verificação aconselha o Comandante a executar uma manobra de emergência que poucos pilotos já executaram.
07:55Precisamos abrir as portas. Repito, abrir as portas.
07:59Abrir as portas do avião em pleno ar é a única esperança para tornar menos espessa uma nuvem de fumaça
08:05que poderia matar os passageiros antes que o avião em dificuldades possa aterrissar.
08:10O Comandante inicia sua descida de emergência para 4.500 metros,
08:15para que as portas possam ser abertas.
08:18A 4.500 metros, os passageiros podem respirar o ar do lado de fora.
08:23A essa altitude, a diferença de pressão entre o ar do lado de dentro e de fora da cabine
08:28é suficiente para forçar o ar da cabine para fora rapidamente, mas não de forma perigosa.
08:33Agora, o Comandante precisa reduzir drasticamente sua velocidade aerodinâmica para 370 km por hora, 200 nós.
08:40Se for mais rápido, a tripulação não conseguirá abrir as portas.
08:44Aqui é o Comandante Ace falando. Estamos abrindo duas portas de entrada para que a fumaça da cabine possa sair.
08:49Não entrem em pânico. Vocês se sentirão confortáveis quando concluirmos esse procedimento.
08:54Basta começar a abrir a porta. Isso já provoca uma quantidade tremenda de fluxo de ar.
09:08Pleasant Springbok 295, abrimos as portas para ver se conseguimos. Devemos ficar bem.
09:13Olhe ali!
09:16Feche a maldita porta!
09:20Joe, interruptor para cima, rápido, e feche o buraco do seu lado.
09:24A fumaça está agora aumentando na cabine do piloto, mas não a porta que dê para fora para ser aberta.
09:31A temperatura é de 22,22 e o QNH é de 101,8 hectopascals, 1018 câmbio.
09:40O controlador de tráfego aéreo se concentra agora em dar ao Comandante as informações que ele precisa para uma aterrissagem de emergência.
09:48Entendido, 1018.
09:50Afirmativo, e as duas pistas estão disponíveis se desejar. E 259, solicito intenção do piloto.
09:57Gostaríamos de utilizar a 13.
10:00Confirmando, pista 13.
10:03Charlie, Charlie.
10:05Afirmativo, liberado diretamente para Foxtrot, Foxtrot. Relate aproximação 5-0.
10:10Ok.
10:12O Comandante Ace tem uma esperança. Ele precisa conseguir chegar às Ilhas Maurício a 265 quilômetros de distância.
10:19O Helderberg continua sua viagem desesperada.
10:27295, Plaisance.
10:29Entretanto, às 4 horas e 8 minutos da manhã, uma chamada do controlador de tráfego aéreo não é respondida.
10:48Sem resposta do voo 295 durante 36 minutos, o controle de tráfego aéreo das Maurício declara formalmente uma emergência.
10:57Um alerta é emitido para equipes de busca e resgate.
11:01Vários aviões decolam das Maurício e buscam nas escuras águas pelo avião desaparecido, sem nada encontrar.
11:08Na tarde do dia seguinte, um avião de resgate ha visto os primeiros sinais de destroços de avião sobre a água.
11:14Rene Vanzeil, diretor do Conselho de Segurança da Aviação da África do Sul, é designado para o caso do Helderberg.
11:22Normalmente um investigador irá lidar com um grande acidente cerca de uma vez em 20 anos em sua carreira.
11:30Por isso era um grande chamado.
11:33Oito cadáveres são encontrados na água, todos tendo sofrido trauma intenso.
11:38Foi por volta das duas horas que fomos avisados sobre os destroços e uma mancha de óleo que haviam sido localizados.
11:46O avião de resgate, que estava em direção ao aeroporto de Maurício, foi desligado.
11:51O avião de resgate, que estava em direção ao aeroporto de Maurício, foi desligado.
11:56Foi por volta das duas horas que fomos avisados sobre os destroços e uma mancha de óleo que haviam sido localizados.
12:04E foi então que o avião foi considerado perdido.
12:10A África do Sul logo torna-se obcecada acerca do que teria provocado o acidente.
12:17Nos primeiros dias, há muito pouco que examinar, somente pequenas partes do avião que flutuam na superfície da água.
12:27Entre aqueles destroços, a equipe de Henni Van Zeeuw descobre três relógios de pulso.
12:34Os relógios fornecem a eles uma provável hora para o impacto.
12:40Esses relógios de pulso eram na verdade parte da bagagem.
12:45E quando examinados, pudemos descobrir que um deles havia parado e os outros dois ainda estavam funcionando.
12:51Os dois que estavam funcionando marcavam a hora exata taiwanesa.
12:56O que estava parado nos dava a indicação exata do que poderíamos estabelecer como o momento do impacto do avião.
13:04O momento do impacto é somente três minutos após a última comunicação com o avião.
13:10O desaparecimento do Heidelberg foi súbito e dramático.
13:14Para a imprensa e a opinião pública, isso reforça a ideia de que alguma coisa sinistra teria provocado a queda do avião.
13:21Nos anos que antecederam o acidente, escritórios da South African Airways em todo o mundo haviam sido alvo de protestos.
13:28A South African Airways, naquele momento em especial, era um órgão governamental.
13:35Era de propriedade do governo.
13:37Ela era empresa aérea nacional, mas também bastante considerada como sendo uma parte do governo da África do Sul.
13:42Por isso, um outro aspecto desse acidente aéreo e uma outra teoria era de que poderia ter havido uma bomba no compartimento de carga, que na verdade éramos um alvo.
13:53A África do Sul, ou esse avião da SAA, era um alvo de terroristas, que almejavam o pior para esse país.
13:59Especialistas examinam os pequenos pedaços dos destroços que tem à disposição, buscando por sinais de uma explosão,
14:06cavidades provocadas pelo impacto, buracos na superfície ou buracos causados por respingos.
14:12Buracos por respingos são provocados por fragmentos quentes e brancos de um dispositivo altamente explosivo,
14:18atingindo e derretendo as leves ligas da estrutura do avião.
14:21Mas os especialistas não encontram quaisquer sinais de uma explosão.
14:25E quando as gravações do controle de tráfego aéreo são examinadas,
14:28vãzeio ouve que a tripulação parecia estar lidando com a emergência.
14:31Laserspringbok295, abrimos as portas para ver se conseguimos. Devemos ficar bem.
14:37Com apenas pequenos pedaços do avião para serem examinados, os investigadores estão perplexos.
14:42Eles não sabem o que provocou o fogo ou que papel ele teve na destruição do avião.
14:47O óbvio a ser feito era tentar recuperar o gravador de voz da cabine,
14:52o gravador de registro de voo e tantos destroços quanto fosse possível para estabelecer o que de fato havia ocorrido.
15:00O problema é que vãzeio nem ao menos sabe onde encontrar os destroços sob a água.
15:05Eles poderiam estar longe dos destroços flutuantes. Ninguém sabe ao certo onde o avião caiu.
15:12Em busca de ajuda, ele se volta aos Estados Unidos.
15:16Uma empresa de salvamento americana é contratada para encontrar os destroços e as caixas pretas.
15:22Mas o tempo está se esgotando. As caixas possuem dispositivos de localização chamados Pingers,
15:27que funcionam com baterias e que acabarão deixando de funcionar.
15:31O que os levava a isso era o fato dos Pingers nos gravadores de dados de vozes estarem transmitindo
15:38e terem uma garantia de validade de apenas 30 dias.
15:44Se não conseguíssemos chegar lá em 30 dias, havia a possibilidade de não os localizarmos.
15:51Quando se consegue montar o equipamento adequado no Oceano Índico,
15:56restam apenas sete dias para que as baterias nos Pingers deixem de funcionar.
16:02Enquanto isso estão sendo realizados, os exames de sangue nos restos dos cadáveres encontrados
16:08dentre os destroços. Todos eles têm sinais de fuligem em suas traqueias.
16:12Chega-se a conclusão de que pelo menos dois dos passageiros morreram no avião.
16:17Chega-se a conclusão de que pelo menos dois dos passageiros morreram devido à inalação de fumaça.
16:22Os investigadores estão diante de um fato perturbador.
16:26Mesmo enquanto a tripulação lutava para aterrissar seu avião, alguns dos passageiros já estavam mortos.
16:35Enquanto procuram pelas caixas pretas, os investigadores continuam a examinar os destroços flutuantes.
16:41Entre as centenas de itens recuperados, uma raquete de grafite parcialmente derretida oferece uma pista sobre o fogo.
16:50O grafite somente queima a temperaturas superiores a 600 graus Celsius.
16:56Agora os investigadores sabem que o fogo no Heidelberg era extremamente quente.
17:02Essa descoberta pode explicar por que um extintor de incêndio totalmente carregado
17:07da parte da frente do avião é recuperado com outros destroços.
17:12Os investigadores percebem que há um pedaço de rede derretida do compartimento de carga do lado de fora do extintor.
17:18Eles concluem que o extintor é da cabine dos passageiros, sugerindo que durante o incêndio
17:23um membro da tripulação pegar o extintor e o trouxera para o compartimento de carga.
17:29Um extintor de incêndio totalmente carregado e um avião que caiu devido a um incêndio
17:34mostram que por algum motivo ele não foi usado,
17:38pois o membro da tripulação não conseguiu chegar até a área devido ao calor.
17:43O fato de haver metal derretido no extintor é mais uma prova da intensidade do fogo.
17:47Antes desse acidente, nos 20 anos de história do Kombi 747,
17:52ninguém havia morrido devido a incêndio ou fumaça.
17:56Quando soubemos sobre o incêndio no Heidelberg, aquela era a primeira vez que isso ocorria com um avião grande,
18:02aquilo foi notícia, e por ser algo tão novo, o que se pensava é que algo como aquilo não poderia acontecer.
18:11O que poderia ter provocado o incêndio de tal intensidade no Heidelberg?
18:16Teria sido o problema na fiação do avião ou a própria carga teria de alguma forma iniciado o incêndio?
18:23Inicialmente, claro, a investigação se concentrou no conteúdo da carga.
18:27O incêndio havia certamente começado no deck principal do compartimento de carga,
18:32e assim o procedimento lógico era verificar a relação de carga que o avião carregava.
18:38Os investigadores descobrem que havia seis estrados de carga a bordo do voo 295.
18:44Usando listas de carga mestre, a equipe de Wannseeu consegue determinar
18:49que 47 mil quilos de bagagem em carga estavam oficialmente a bordo.
18:54Os investigadores descobrem que antes da decolagem, um funcionário taiwanês da alfândega
18:59fizeram uma inspeção aleatória em parte da carga e não encontraram nada suspeito.
19:10Mais do que nunca, os investigadores precisam encontrar o restante do avião
19:15e localizar as caixas pretas do Heidelberg.
19:19Entretanto, 30 dias depois do acidente, a equipe de Wannseeu recebe notícias bastante ruins.
19:24Ainda não se detectou qualquer sinal das caixas pretas,
19:28e ainda não se sabe ao certo onde exatamente está a maior parte dos destroços.
19:33Até agora, a busca já custou 1,5 milhão de dólares americanos,
19:38e a equipe ainda não conseguiu localizar provas vitais.
19:41O acidente do Heidelberg está rapidamente se transformando em um teste
19:45para a capacidade de Wannseeu e sua solução para o caso.
19:48A investigação chega a um impasse.
19:50Wannseeu não havia conseguido descobrir a causa do incêndio
19:53ou mesmo encontrar os destroços do avião.
19:55Se ele continuar procurando, isso irá custar mais milhões de dólares,
19:59e as probabilidades de sucesso estão ficando cada vez mais remotas.
20:04Não era apenas um avião, mas um Boeing 747, o maior avião daquele tipo.
20:09E esse era um 747 da Empresa Nacional da África do Sul.
20:13Centenas de milhares de pessoas que voavam em um 747 todos os dias naquela época
20:18contavam com uma resposta satisfatória quanto ao avião ser seguro ou não.
20:23E se teria havido alguma falha estrutural ou de projeto,
20:26por isso havia muito em jogo para nós.
20:29E muitíssimo em jogo para o Sr. Wannseeu,
20:32na posição de chefe das investigações da África do Sul.
20:40Nas profundezas, sob as ondas acinzentadas do Oceano Índico,
20:45os destroços do Heidelberg continuam ocultos.
20:49Agora, um homem, Rene Wannseeu,
20:52deve decidir se gasta o dinheiro necessário para a recuperação dos destroços do avião.
20:57Mas quase dois meses depois da queda do Heidelberg no Oceano Índico,
21:02ninguém nem mesmo sabe o local preciso dos destroços principais.
21:06Wannseeu resolve que precisa tentar recuperar o que puder.
21:11Sem os destroços, nunca saberemos a verdade.
21:14Eles gastaram em uma investigação o que gastamos em seis meses
21:18conduzindo as nossas investigações nos Estados Unidos.
21:22Antes que os investigadores possam recuperar o Heidelberg,
21:26eles precisam encontrá-lo.
21:28Os destroços estão em algum lugar nas profundezas do oceano.
21:32Sessenta e um dias depois do acidente do Heidelberg,
21:35Wannseeu recebe de sua equipe notícias surpreendentes.
21:37Sofisticados equipamentos de sonar detectaram um objeto grande
21:41a 4.400 metros debaixo da água sobre um platô.
21:44Poderia ser o Heidelberg.
21:47E eles me mostraram um pedaço de papel com muitos pontos negros de vários tamanhos
21:53e disseram, esses são seus destroços.
21:56E o que perguntei a eles foi, como saber que são os destroços do 747?
22:02Talvez seja um submarino da Segunda Grande Guerra ou coisa assim.
22:05E a resposta foi simplesmente, Reni, são eles, porque estamos dizendo que são.
22:11Mas ninguém nunca havia ido tão fundo para salvar o que quer que fosse,
22:16inclusive o Titanic.
22:18Wannseeu não tem escolha.
22:20Para descobrir se as imagens de radar são de fato dos destroços,
22:24ele precisa seguir para a parte mais cara da investigação.
22:27A operação Resolução.
22:30Um submarino guiado por controle remoto chamado Gemini
22:33será enviado ao fundo do oceano para gravar em videotape o que encontrar.
22:37Se for o Heidelberg, o Gemini irá buscar itens-chave, incluindo as caixas pretas.
22:42O problema é que o mini-submarino tem de ser ligado ao navio-mãe
22:46por meio de um cabo flexível de fibra óptica, com quase 7 quilômetros de comprimento.
22:51Cabo algum com esse comprimento já foi fabricado antes.
22:55Precisávamos de um cabo de mais de 6 quilômetros.
22:58Não existia tal cabo e por isso tivemos de ir a um fabricante.
23:01de cabos para que o cabo assim fosse projetado e fabricado.
23:05Mas antes que o cabo de fibra óptica seja montado,
23:08Wannseeu inicia uma investigação separada
23:11relativa às capacidades do Heidelberg de enfrentar um incêndio.
23:15Ele descobriria que o próprio projeto do Kombi
23:18poderia ter selado seu destino.
23:22Os investigadores querem saber se o Kombi
23:25fora projetado de forma adequada para proteger os passageiros do voo 297.
23:28da South African Airways no caso de incêndio.
23:31A fumaça não deveria ter penetrado na cabine.
23:34O líder da equipe americana da investigação Barry Strauch
23:37vai até a sede da Boeing em Seattle
23:40para descobrir como o Kombi for atestado
23:43para conseguir certificação relativa à prevenção de incêndio.
23:46A equipe de Strauch fica sabendo que para cumprir as normas federais,
23:50os testes contra incêndio da Boeing haviam sido produzidos
23:53atendo-se fogo a um fardo de folhas de fogo.
23:55Quando um técnico entra no compartimento de carga
23:58para combater o fogo durante o teste,
24:01fumaça alguma penetra na cabine dos passageiros.
24:04A fumaça permanece localizada.
24:07O fogo é rapidamente extinto.
24:10Aquilo ocorreu em uma situação de teste
24:13que a Boeing fizera para que o avião fosse certificado.
24:16Mas na realidade, como vimos nesse acidente,
24:19a coisa não ocorreu dessa forma,
24:22porque não se tinha um fogo controlado contra o incêndio.
24:25No compartimento com ventiladores soprando a fumaça para o teto
24:28havia estrados de carga, um incêndio que teria crescido consideravelmente
24:31antes que houvesse fumaça, e havia embalagens plásticas
24:34que teriam fornecido combustível para o fogo,
24:37além de todo papel cartão e embalagens de material nos próprios estrados.
24:41O Kombi é projetado para impedir que a fumaça entre na cabine dos passageiros.
24:45O ar ali dentro é mantido a uma pressão ligeiramente mais elevada
24:48do que no compartimento de carga.
24:51Quando a porta entre os dois é aberta,
24:53o ar deve fluir para o compartimento de carga,
24:56mantendo os passageiros em segurança.
25:02Então, os investigadores fazem seu próprio teste.
25:05Eles ateiam fogo a um estrado repleto de carga,
25:08reproduzindo a situação no Heidelberg.
25:11O fogo é mais intenso e a temperatura é mais elevada.
25:14Os investigadores descobrem que esse fogo muito mais quente
25:17tem um impacto radical sobre o ar do compartimento de carga.
25:20Quando a porta do compartimento de carga
25:23é aberta, a fumaça agora flui para a cabine dos passageiros.
25:27Então, os investigadores descobrem algo potencialmente mais letal.
25:31Enquanto a cabine dos passageiros era tomada pela fumaça,
25:34uma lista de verificação instruía a tripulação
25:37a ligar os ventiladores de recirculação na cabine.
25:40O objetivo desse item na lista de verificação
25:43é dissipar a fumaça na cabine dos passageiros,
25:46depois que o fogo tenha sido extinto.
25:49Interruptor adicional da ventilação desligado.
25:52Mas nesse caso, ligar os ventiladores pode ter sido fatal.
25:57Os ventiladores puxam o ar da parte superior do teto
26:00e do compartimento de carga,
26:03antes de fazê-lo circular novamente para os passageiros.
26:06Os níveis de monóxido de carbono
26:09eram extremamente altos e fatalmente elevados.
26:12Na verdade, em um dos cadáveres,
26:15e temos de enfatizar que se tratava de um passageiro
26:17logo abaixo da área do ventilador de recirculação,
26:20o nível era o mais alto.
26:23Creio que estamos falando de algo em torno de 66%.
26:30Não é um nível com o qual se possa sobreviver.
26:34Ao seguir sua lista de verificação,
26:37a tripulação pode ter trazido gás tóxico
26:40para a cabine dos passageiros.
26:43E é bem possível que a maior parte dos passageiros
26:45tivesse se asfixiado antes do impacto.
26:48Nenhuma lista de verificação para um Kombi 747
26:51havia previsto os problemas simultâneos do Heldelberg.
26:54Um problema de incêndio no compartimento de carga
26:57e um problema de fumaça na cabine.
27:00A lista de verificação para a remoção de fumaça
27:03baseia-se no fato de que o fogo tenha sido extinto.
27:06Nesse caso, descer para 14.000 pés
27:09e abrir as portas da cabine teria sido a coisa correta a ser feita.
27:12Isso teria levado a fumaça para a cabine.
27:15Isso teria levado a fumaça para fora do avião
27:18e permitindo que as pessoas respirassem.
27:21Se o fogo não tivesse sido extinto,
27:24aquilo na verdade teria aumentado o fluxo de ar para o fogo,
27:27aumentando assim o suprimento de oxigênio para o fogo.
27:30Acreditamos que foi isso o que ocorreu nesse caso.
27:33O fogo não for extinto, na verdade,
27:36as tentativas da tripulação de melhorar a situação
27:39podem ter na verdade piorado tudo.
27:42Os investigadores começam a perceber que combater
27:45o fogo era mais difícil do que se imaginava.
27:50Se havia fogo em um desses estrados de carga,
27:53é bem provável que já fosse tarde demais
27:56quando a tripulação foi alertada a respeito.
27:59E então a cabine foi tomada pela fumaça.
28:02Mas Vanzeio ainda não sabe o que provocou um incêndio tão violento,
28:05como o fogo havia começado
28:08e de que forma isso havia levado o avião a cair.
28:11As respostas continuam nas profundezas do oceano.
28:13São necessários meses para a fabricação
28:16do cabo de fibra ótica longo o suficiente
28:19para que o Gemini chegue até o fundo do oceano
28:22e para a modificação do submarino para essa missão.
28:25Nós tivemos que tirar o ROV existente
28:28projetado para dois quilômetros
28:31e modificá-lo para que chegasse a seis quilômetros.
28:35A equipe de Roy Truman
28:38teve de deixar as paredes do submarino mais espessas
28:40a fim de suportar a enorme pressão que encontraria
28:43e modificar suas câmeras para tamanha profundidade.
28:46Em 23 de setembro de 1988
28:49o Gemini começa sua jornada recorde.
28:52Estávamos hesitantes em dizer que tudo funcionaria
28:55pois nem ao menos tínhamos tido tempo de fazer testes no mar
28:58com todo esse novo equipamento.
29:01O cabo permite que os técnicos na superfície
29:04manipulem o Gemini a 4.400 metros.
29:07Ele também envia sinais de vídeo daquela incrível profundidade.
29:11É a primeira vez que são registradas
29:14imagens do Oceano Índico a essa profundidade.
29:17Biólogos marinhos estão fascinados
29:20com a descoberta de espécies novas e singulares.
29:26Algumas das coisas que nós vimos
29:29no fundo do mar eram bem impressionantes.
29:32E então, faltando um dia
29:35para completar um ano de seu desaparecimento
29:37o Heidelberg é encontrado.
29:40De uma profundidade de 4.400 metros
29:43o submarino envia imagens que somente poderiam ser dos destroços
29:46do voo 295 da South African Airways.
29:49Havia muita bagagem simplesmente espalhada
29:52por todo o leito do mar.
29:55Enormes estruturas, as asas, cauda
29:58partes imensas da cabine
30:01completamente separadas
30:04e podia-se ver todas as armações e fiações
30:07a parte hidráulica.
30:10Era incrível ver tudo o que havia
30:13em uma máquina espalhada por uma área
30:16de cerca de 8, 10 quilômetros quadrados.
30:19Era incrível.
30:22A dispendiosa aposta de Van Zeeuw
30:25está começando a dar resultados.
30:28Descer até os destroços do Heidelberg
30:31é um triunfo para ele e sua equipe.
30:34Mas simplesmente encontrar os destroços não é o bastante.
30:37É impossível recuperar o gravador de voz
30:40da cabine do piloto.
30:43Um dos nossos principais objetivos com a operação
30:46era recuperar o gravador de voz da cabine.
30:49Queríamos realmente saber se a tripulação
30:52havia relatado ao comandante
30:55a existência de uma explosão
30:58ou o que estava ocorrendo na parte de trás.
31:01Centenas de horas de videotape são gravadas.
31:04É um trabalho exaustivo.
31:07Você está em um campo de futebol
31:10com uma lanterna que ilumina
31:13apenas uns 30 centímetros quadrados do campo de futebol
31:16e você está ali procurando um brinco
31:19que um dos jogadores perdeu durante o jogo tarde da noite.
31:22É algo parecido com isso que se faz
31:25quando se está no leito do mar.
31:28Então um dia, às 9 da manhã,
31:31alguma coisa chama a atenção de um dos técnicos.
31:34Volte, volte um segundo.
31:37Finalmente a caixa preta é descoberta.
31:41Ali.
31:44É ela, bem ali.
31:47Veja só. Encontramos.
31:50Encontramos.
31:53Aquele foi um momento de enorme gratificação
31:56em nossa busca.
31:59Achar aquilo que estávamos procurando.
32:02O Gemini leva 5 horas para trazer a caixa preta
32:04para o fundo do mar.
32:12A mídia sul-africana transforma a descoberta
32:15em notícia de primeira página.
32:18Agora o ano é 1989
32:21e o governo do Apartheid ainda governa o país com punhos de aço.
32:24Van Zeeuw toma uma decisão incomum
32:27de levar a caixa preta lacrada para Washington
32:30e abri-la lá.
32:32Caso contrário, eu teria sido acusado
32:35de ter encoberto alguma coisa ou omitido alguma coisa.
32:38E...
32:41Assim, o pessoal da FAA, do NTSB,
32:44todos ouvimos essa fita ao mesmo tempo pela primeira vez.
32:47A tensão na sala é muito grande.
32:50O gravador de voz da cabine deveria ser uma gravação
32:53dos últimos 30 minutos de voo,
32:56quando a tripulação combatia o fogo.
32:59Mas a fita acaba se revelando uma grande frustração.
33:02Ao olhar para o fundo do oceano,
33:05é difícil entender alguma coisa.
33:18Foi o pior momento da minha vida,
33:21sentado ali na sala de playback,
33:24nas instalações do NTSB,
33:27vendo o tempo passar
33:29e não encontrar absolutamente problema algum.
33:32Eu olhava para o relógio
33:35e, após 25 minutos de gravação,
33:38eu estava ficando cada vez mais ansioso.
33:46Durante 28 minutos,
33:49a gravação não revela nada em comum.
33:52Então, tudo muda.
33:55No minuto seguinte, claro, ouve-se o alarme disparar na fita
33:57e tivemos cerca de...
34:00cerca de um minuto de gravação relevante
34:03antes que a fita acabasse parando.
34:06Em geral, a caixa preta registra os momentos finais de um voo,
34:09mas não dessa vez.
34:12Em vez disso, os investigadores conseguem ouvir o início do acidente,
34:15antes que a gravação parasse misteriosamente.
34:18Não é o que Van Zeeuw esperava,
34:21mas isso dá a ele um insight novo e crucial sobre o incêndio.
34:24Lista de verificação de incêndios.
34:2714 segundos depois de soar o alarme de incêndio,
34:30os disjuntores do avião começam a estourar.
34:33O disjuntor também estourou. O quê?
34:36Vamos verificar o painel do disjuntor também. Sim.
34:39Os investigadores calculam que até 80 disjuntores ficaram inutilizados.
34:42A viação para o gravador de voz da cabine
34:45é destruída apenas 81 segundos depois do alarme soar pela primeira vez.
34:51Van Zeeuw não consegue a prova-chave que ele esperava,
34:54mas o fogo se revela mais violento do que se imaginava.
34:57A gravação deixa muitas perguntas sem respostas,
35:00mas realmente ajuda Van Zeeuw a chegar a uma opinião pessoal
35:03quanto ao porquê do avião ter caído.
35:06Muitas coisas estavam acontecendo na cabine,
35:09e acreditamos que o fato dele se ver diante de 80 disjuntores
35:12estourando na cabine naquele momento
35:15pode ter tornado extremamente difícil controlar o avião.
35:18E então...
35:21o avião caiu.
35:23A possibilidade de o avião descer gradualmente em direção ao mar,
35:26se era um voo controlável, é...
35:29eu tenho minhas dúvidas.
35:32Eu me coloquei na cabine dessa coisa e disse
35:35que eu teria ficado apavorado.
35:38Quer dizer, apenas imaginamos agora o que fazemos.
35:41Será que seguiram a lista corretamente?
35:44Nunca saberemos.
35:47Mas Van Zeeuw e seus companheiros
35:49ainda não sabem o que provocou o incêndio no Heldelberg.
35:52Agora, o mistério só pode ser resolvido
35:55recuperando-se partes do avião acidentado.
35:58Nós percebemos que simplesmente tínhamos
36:01de continuar recuperando tantos destroços do fundo do mar
36:04quanto fosse possível.
36:07Van Zeeuw se concentra em determinadas partes vitais
36:10da área do compartimento de carga do comando.
36:13O comando de Van Zeeuw
36:15se concentra em determinadas partes vitais
36:18da área do compartimento de carga do comando.
36:21Elas são trazidas para um hangar e remontadas
36:24como um gigantesco quebra-cabeças.
36:27O plano dele é reconstruir a parte da área de carga
36:30onde é mais provável que o fogo tenha começado.
36:33Van Zeeuw descobre que o piso do compartimento de carga
36:36não foi atingido pelo fogo.
36:39Agora sabemos que o fogo nunca chegou
36:42mais baixo do que um metro do piso do compartimento de carga.
36:45As redes e o teto da parte da frente do compartimento de carga
36:48revelam sérios danos causados pelo fogo.
36:51Van Zeeuw descobre algo importante.
36:54O início do fogo se deu no estrado do lado direito
36:57da parte da frente do compartimento de carga.
37:00Portanto, nós tínhamos o fogo bem localizado em um estrado.
37:03No estrado da frente e à direita
37:06estavam basicamente computadores
37:09protegidos com embalagens de poliestireno.
37:12Investigadores suspeitam que um incêndio no estrado
37:15causou embalagens de poliestireno
37:18produzindo gases que se acumularam próximo ao teto.
37:21Quando os gases ficaram quentes o bastante
37:24deram origem a um fogo súbito que se espalhou
37:27por todo o compartimento de carga.
37:30Quando a fumaça penetrou nas folhas de poliestireno
37:33aquele fogo teria sido muito quente.
37:36Mas mesmo se as embalagens de poliestireno tivessem ajudado
37:39a propagar o fogo, Van Zeeuw ainda não sabe por que o fogo teve início.
37:42Depois de milhões de dólares e mais de um ano e meio de trabalho
37:45eu teria me sentido muito melhor
37:48se estivéssemos em uma posição de
37:51fornecer informações mais concretas
37:54a serem consideradas pelo Conselho.
37:57Mas não era esse o caso
38:00e nós jamais iríamos fabricá-las.
38:03Mas o interesse no acidente do Heidelberg não desaparece.
38:06Circulam rumores sombrios sobre uma possível causa do incêndio.
38:09Ele tinha como pano de fundo
38:12esse governo do Apartheid bastante repressor.
38:15Naquela época em especial, creio
38:18que a primeira coisa que passou pela cabeça de muitos sul-africanos
38:21foi o que havia naquele avião.
38:24Teria havido alguma coisa naquele compartimento de carga
38:27que poderia ter provocado aquele terrível incêndio
38:30porque aviões não pegam fogo assim em pleno ar e caem.
38:33Então, o químico do governo sul-africano faz uma descoberta surpreendente
38:36que leva a uma teoria nova e controversa.
38:39Uma partícula microscópica de ferro
38:42na rede de nylon ao lado do estrado
38:45tem uma característica singular.
38:48Os padrões de fluxo de ar no ferro
38:51sugerem que ele viajou a uma velocidade bastante alta
38:54enquanto estava derretido.
38:57A descoberta poderia significar que o fogo no Heidelberg
39:00não teria sido um fogo súbito causado pelo material das embalagens.
39:03Era um tipo diferente de fogo.
39:06Era um fogo que tinha o seu próprio oxigênio.
39:09Tente imaginar algo como um fogo de artifício
39:12que tem combustível
39:15e seu próprio oxigênio.
39:18Foi um tipo de material semelhante a isso
39:21que, acreditamos, tinha sido a causa do incêndio.
39:24Um analista britânico de explosões e incêndio
39:27examina o revestimento externo do avião acima do estrado
39:30e traz uma outra evidência para sustentar a nova teoria.
39:33O revestimento do lado de fora do avião
39:36chegou a temperaturas de 300 graus centígrados.
39:41É preciso lembrar que é muito difícil
39:43fazer o fogo passar através do revestimento do avião em voo
39:46devido ao tremendo resfriamento do ar do lado de fora.
39:49O doutor David Klatzel é um dentre inúmeros especialistas
39:53que questionam o que teria provocado o incêndio.
39:56Que teria envolvido substâncias
39:59que normalmente não são levadas a bordo de um avião,
40:02principalmente um avião de passageiros.
40:05Ou seja, não poderia ser uma embalagem normal,
40:08madeira, papel, cartão, plástico, fogo.
40:10Não se carrega esse tipo de coisa
40:13que leva seu próprio oxigênio,
40:16que pode provocar um incêndio acelerado
40:19por uma série de razões.
40:22Uma das razões é que são materiais em geral instáveis.
40:25A segunda é que métodos normais para extensão de incêndio
40:28não conseguem debelá-lo nesse caso.
40:31O que poderia provocar tão incêndio?
40:34As únicas mercadorias perigosas relacionadas na lista de carga
40:37são baterias de computador.
40:40Mas isso não estava relacionado.
40:43Na época, a África do Sul estava sob um embargo internacional de armas.
40:46O país também travava uma guerra com Angola.
40:49A África do Sul não tinha condições de fazer tudo sozinha.
40:52E havia ocasiões em que tinha de comprar de outros países.
40:56A SAA era vista como uma transportadora de carga alternativa
41:00que podia, de certa forma,
41:03através de sua empresa aérea comercial,
41:06também trazer bens para o governo da África do Sul
41:08secretamente, sob proteção e sem problemas.
41:13Não era fácil assim usar uma empresa aérea quase militar
41:18e voar para diferentes países trazendo contrabando militar.
41:22Deve-se lembrar que trabalhávamos sob embargo de armas na época.
41:26A imprensa faz aumentar as suspeitas
41:29de que o governo estava usando jantos de passageiros
41:32para importar armas secretamente.
41:35Armscore é a empresa responsável
41:38pelo fornecimento de munição às forças sul-africanas.
41:42Na época, havia uma necessidade
41:45de se produzir um sistema de foguetes melhor,
41:48um sistema de foguetes mais eficaz para lidar com ameaça aérea em Angola.
41:52E os sistemas de balística de foguetes usados
41:55para aqueles propósitos tinham como principal propulsor
41:59o peclorato de amônia.
42:01E é isso que eu acredito que estivesse sendo transportado
42:04a bordo do Heidelberg.
42:07Mas esse não é o tipo de substância que se quer a bordo de uma aeronave
42:11quando se está voando nesse avião, porque ele é instável.
42:14É suscetível a auto-ignição
42:17por qualquer tipo de vibração e movimento brusco.
42:21A investigação oficial sobre o acidente
42:24não chega à conclusão de que o Heidelberg estivesse carregando armas ilegais.
42:28Mas os boatos não param.
42:32E mais de dez anos após o acidente,
42:35as teorias sombrias forçam um governo sul-africano
42:38bastante diferente a fazer uma nova investigação.
42:46O acidente do Heidelberg revelou que o Kombi 747
42:51era vulnerável no caso de fogo a bordo.
42:54A South African Airways imediatamente para de usar o Kombi 747.
43:01Funcionários americanos se dão conta disso.
43:07E a FAA tomou providências e elaborou algumas novas normas.
43:11Mas o peso e tudo mais que teria que ser acrescentado
43:14tornou o avião economicamente inviável.
43:17E por isso, basicamente, depois do acidente do Heidelberg,
43:20os Kombi 747 não foram mais utilizados.
43:23Há homenagens e memoriais para 159 vítimas.
43:27Mas as famílias não conseguem facilmente deixar isso para trás.
43:32Eu precisava de uma resposta para eu ter ficado órgão aos 14 anos de idade.
43:37Eu sinto que, como eu já disse, há boatos,
43:42mas há muitas evidências que realmente apontam para o fato
43:46de que o Heidelberg não foi mais utilizado.
43:48Eu sinto que, como eu já disse, há boatos,
43:51mas há muitas evidências que realmente apontam para o fato
43:54de que alguma coisa estranha estava naquele avião
43:57e que o voo levava alguma coisa ilícita.
44:00Dez anos depois do acidente do Heidelberg,
44:03o novo governo sul-africano cria uma comissão para reexaminar o acidente.
44:11O objetivo da Comissão da Verdade era, basicamente,
44:14revelar a verdade sobre as atrocidades do Apartheid
44:16Uma das áreas a serem verificadas pela comissão
44:19era o papel da SAA em sanções durante os anos 80
44:22e se o Heidelberg teria sido um acidente anormal ou não.
44:27Em 1998, a Comissão da Verdade e da Reconciliação
44:31chega a uma conclusão controversa.
44:34Nada relacionado na lista de carga poderia ter provocado o acidente.
44:40E a Comissão da Verdade sugeria haver alguma coisa incomum
44:43sobre o que havia acontecido ao Heidelberg.
44:46A Comissão da Verdade e da Reconciliação expunha
44:50as improbabilidades da versão do governo quanto ao ocorrido.
44:55Se nada na lista de carga causar o acidente,
44:59o que o teria causado? E como estaria a bordo?
45:04Infelizmente, a verdade é que, a menos que alguém apareça
45:09hoje e diga, sim, eu fiz isso, ou sim, nós fomos os responsáveis por isso,
45:14e você possa provar que eles não estão envolvidos em uma farsa,
45:20talvez só desta forma possamos realmente saber o que foi que aconteceu
45:26e também o que foi que provocou o fogo.
45:30Em seu relatório final, a Comissão sugere que o escritório
45:34do Procurador-Geral continue a investigação do acidente.
45:38Mas, surpreendentemente, isso nunca aconteceu.
45:41O governo não fez isso, e é claro que temos que nos perguntar por quê.
45:46E creio que a resposta seja a que muitas pessoas acreditam ser,
45:51que simplesmente seria dispendioso demais.
45:55Eles não querem abrir o caso porque seria desastroso financeiramente
45:59para a empresa aérea.
46:01Renny Wanzel dedicou anos de sua vida para a solução do mistério do Heidelberg.
46:05Sua incapacidade de provar definitivamente a causa do incêndio
46:09não o impede de ver os benefícios de sua investigação.
46:14Creio que nós como equipe fizemos o melhor que pudemos
46:18sob condições e circunstâncias extremamente desafiadoras.
46:24O que fizemos nunca fora feito antes, foi um trabalho pioneiro.
46:29A frustração é não termos conseguido estabelecer a origem do fogo
46:35e talvez nunca possamos fazer isso.
46:40Creio que as pessoas que sabem exatamente o que aconteceu com aquele avião
46:44ainda estão aí.
46:46Sei que o que se pensava naquela época era
46:49nosso país ainda está em guerra.
46:52E eles estavam cumprindo o seu dever para com o país.
46:55Mas acho apenas que eles deveriam ter compaixão pelas famílias
46:59e tornar públicas aquelas informações.
47:09Legendas pela comunidade Amara.org
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