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  • 15/05/2025
O governo federal e o governo do Estado de São Paulo firmaram um acordo sobre a situação da Favela do Moinho, em São Paulo. O ministro das Cidades, Jader Filho, anunciou uma série de medidas para ajudar as famílias que deverão deixar o local. Esta quinta-feira (15) marca o quarto dia de protestos dos moradores da região, que são contra a demolição das casas desocupadas na comunidade. A área pertence à União, que, em ofício enviado à Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do governo estadual, garantiu a legalidade das demolições.

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00:00Vítor, uma notícia aqui pra você comentar.
00:03O governo federal e o governo do estado de São Paulo
00:08entraram num acordo sobre a situação da favela do Moinho, em São Paulo.
00:13Ontem, nós entrevistamos aqui o secretário de Desenvolvimento Urbano,
00:16Marcelo Branco.
00:17Foi um furo que demos aqui.
00:19O ministro das Cidades, que é o Jader Filho,
00:22anunciou uma série de medidas pra ajudar as famílias
00:25que deverão sair do local.
00:27Vamos acompanhar um trecho da entrevista.
00:30E saímos hoje com um acordo entre o governo federal
00:36e o governo de São Paulo,
00:38que eu passo agora a passar pra vocês
00:42o que nós decidimos conjuntamente.
00:45Nós vamos trabalhar conjuntamente
00:48pra solução da favela,
00:51da questão da favela do Moinho.
00:53Nós, primeiro, nós vamos...
00:56O governo federal vai entrar com subsídio
00:58para as famílias,
01:01da ordem de 180 mil reais.
01:05E o governo de São Paulo vai entrar com
01:08o recurso da ordem de 70 mil reais,
01:11totalizando 250 mil reais.
01:14É o limite, né?
01:15É o teto das moradias que serão adquiridas.
01:19Nós vamos estabelecer nessa aquisição
01:22um modelo novo que foi, inclusive,
01:26criado pra resolver a situação das moradias
01:28do Rio Grande do Sul,
01:30que é o compra assistida,
01:32que nós podemos comprar no Minha Casa Minha Vida, né?
01:35Que é da onde os recursos vão sair
01:37por parte do governo federal.
01:39Dentro do Minha Casa Minha Vida,
01:41nós vamos adquirir esses imóveis prontos
01:43ou aqueles imóveis que estão em finalização.
01:46As famílias vão ter oportunidade de...
01:50As famílias vão ter oportunidade de procurar
01:54as suas habitações
01:57pra que a gente possa, ao final,
01:59as famílias todas terem a questão habitacional,
02:03vamos dizer assim, resolvida, né?
02:05Bom, isso aí porque nós já estamos no quarto dia
02:09de protestos dos moradores da região.
02:12Moradores.
02:13Que são contra a demolição das casas
02:16desocupadas da comunidade.
02:18Essa é uma área da União
02:20que, num ofício enviado à Secretaria
02:22de Desenvolvimento Urbano e Habitação
02:24do governo de São Paulo,
02:26garantiu a legalidade das demolições.
02:30O Vítor Miciato, ontem...
02:32Anteontem, nós estávamos debatendo essa questão.
02:35Ontem foi o programa sobre INSS.
02:37Então, anteontem, o secretário
02:39de Desenvolvimento Urbano e Habitação,
02:41que é o Marcelo Branco, cardinale,
02:43deu uma entrevista aqui.
02:44Ele falou o seguinte.
02:46As casas que estão sendo demolidas estão vazias.
02:4990% dos moradores já entraram em acordo com o governo,
02:53já deixaram suas casas
02:55e as casas que estão sendo demolidas não tem ninguém.
02:58Nesse protesto, há uma suspeita
03:01de que ele esteja sendo insuflado
03:04por organizações criminosas.
03:06Vamos falar o português, claro?
03:07Pelo PCC.
03:09E aí eu pergunto a você.
03:12A polícia diz que há uma relação direta
03:15entre a desarticulação da favela do Moinho,
03:17onde o PCC atuava livremente,
03:19faturando milhões no tráfico de drogas,
03:22e a queda do movimento da Cracolândia.
03:24Ou seja, a favela do Moinho
03:26alimentava diretamente a Cracolândia.
03:29Como você vê esta possibilidade?
03:31E o seu comentário a respeito do depoimento
03:35aqui, ao vivo, para o Linha de Frente,
03:37o secretário de Desenvolvimento Urbano, dizendo
03:39que isso tudo aqui é uma armação
03:42de pessoas que estão sendo insufladas
03:44e utilizadas pelo crime organizado
03:47para impedir uma desocupação,
03:49que é pacífica e já foi negociada.
03:51Queria te ouvir.
03:52Eu vou puxar um gancho com tudo que vocês falaram
03:54tanto na reportagem anterior quanto agora.
03:57O Estado de São Paulo enfrenta há alguns anos
04:00uma luta severa para não se transformar
04:04em um narco-estado.
04:06A gente vê isso acontecer em outras regiões.
04:09A gente vê isso acontecer com os nossos vizinhos
04:12aqui fora do Estado de São Paulo.
04:14E a gente percebe cada vez mais,
04:16quando a gente fala da atuação da GCM,
04:18da Polícia Civil, da Polícia Militar
04:20aqui em São Paulo, a gente não pode esquecer
04:22da questão da Polícia Federal.
04:24Como é que essas drogas chegam aqui?
04:26Como é que o PCC vai se criando cada vez mais força?
04:30Então, tudo isso está amarrado dentro
04:32de uma concepção que o exemplo que nós podemos ter
04:35é também de um país vizinho ao nosso,
04:37que é o Equador.
04:38Há um pouco tempo atrás, o Equador vivia
04:40de forma pacífica, comparado ao que vive hoje.
04:43E hoje, inclusive, seus políticos estão sendo mortos
04:46justamente pelo narcotráfico.
04:48Então, São Paulo já faz algum tempo
04:50que vem enfrentando essa luta.
04:52Os eleitores têm consciência disso
04:54e optam racionalmente pelo seu voto
04:56para evitar esse tipo de combate.
04:58A luta está muito clara.
05:00No entanto, o que a gente percebe é o seguinte.
05:03Tanto em Moinhos quanto em outros lugares,
05:05se o Estado não tiver uma atuação firme,
05:08presente, que consiga, de fato,
05:11cortar a artéria dessa corrupção,
05:14que não está ligado só aos agentes diretos do PCC,
05:17mas também ao que eu falei,
05:18a um narcoestado que está fora das fronteiras
05:20também do Estado de São Paulo.
05:22Basta ver por que não há um investimento sólido,
05:25uma integração também junto à Polícia Federal.
05:28Quais são os interesses que estão por trás disso?
05:30Por que entra tanta droga aqui no Brasil
05:33e não é de hoje?
05:34Por que a Polícia Federal alega tantas vezes
05:36que não tem recursos e a gente vê
05:38esses recursos indo para outros lugares?
05:40Então, se alinha tudo isso que a gente está falando
05:42aqui nesse programa de hoje.
05:44Começa lá na questão do INSS
05:46e termina aqui na Cracolândia.
05:48Há uma clara ideia de que o dinheiro
05:51que deveria ir para algum lugar vai para outro
05:53e o resultado, mais uma vez,
05:55é esse que nós estamos assistindo.
05:57Victor, sem entrar na problemática em si
06:00da sua narrativa, que eu concordo,
06:02quando a gente estrangeira a polícia,
06:04as polícias judiciárias, no caso, a Polícia Federal,
06:06só para explicar para a nossa população,
06:08ela não tem, assim como nenhuma polícia do Estado,
06:10autonomia institucional que detém, por exemplo,
06:13a magistratura, o Ministério Público.
06:15Os orçamentos são discricionários
06:18enviados a critério de conveniência
06:20e oportunidade do chefe do executivo.
06:23Então, sim, muitas vezes,
06:25para você sufocar investigações
06:27de uma forma indireta,
06:29você retira recursos e deixa
06:31aquela instituição inoperante
06:33ou você não contrata policiais suficientes
06:36para que você possa saturar o crime.
06:38No sentido, exatamente nessa sua fala,
06:41eu só vou falar em relação
06:43à autonomia institucional que não existe
06:45para as polícias judiciárias.
06:47Então, é só essa discordância.
06:49Eu concordo, exatamente isso.
06:51Não há o envio de recursos para a Polícia Federal
06:53para combater a fronteira, exatamente isso.
06:55Não há e já faz muito tempo que não há.
06:58Muitas vezes, policiais federais
07:00chegam a dar entrevistas ou delegados,
07:03policiais que se aposentaram,
07:05e que eles têm mais liberdade para falar,
07:07e você vê cada coisa que eles falam.
07:08Você fala assim, meu Deus do céu,
07:10era tão fácil combater aqui investindo, contratando,
07:12e como você vem a colocar,
07:13foi parte do poder executivo, não há.
07:15Vamos voltar aqui para a favela do Moinho,
07:17que é esse que é o assunto.
07:18Ô, João Bellucci, eu queria saber,
07:22eu estou vendo nas imagens aqui,
07:24o pessoal bem vestido, com o celularzinho,
07:26filmando, eu queria saber,
07:29por que que a polícia,
07:31depois o doutor Raquel Galinatti
07:32pode completar, por gentileza,
07:34porque eu queria perguntar para o doutor Arthur de Jean,
07:36para o coronel Cassio também,
07:38para o secretário de Hitch,
07:39por que que a polícia,
07:41no momento que o sujeito está impedindo
07:43o exercício legal de uma profissão,
07:46no momento que ele está impedindo
07:47o exercício da função pública
07:49de garantir a segurança dos agentes do CDHO,
07:52ele está praticando um crime,
07:54leve ou não, não importa.
07:56Eu não entendo por que a polícia
07:57não pega essas pessoas,
07:59leva para o distrito policial
08:01para identificar, para saber se são moradores,
08:04estão lá a mando de quem,
08:05qual que é o interesse dessas pessoas,
08:07qual a ligação que elas têm
08:09com a favela do Moinho
08:10ou com alguma organização que atue lá dentro.
08:12Não está parecendo?
08:14A polícia às vezes quer dispersar a massa,
08:17mas esquece de fazer a identificação
08:20da impressão que são heróis
08:23lutando contra as injustiças sociais.
08:25Aí, de repente, eu queria ouvir você
08:27com o comentário da nossa delegada de polícia,
08:30solerte, atenta e temida,
08:33Raquel Galinatti.
08:34Por favor.
08:35Muito bem a sua observação, Capês.
08:37Até porque a gente observa
08:38que também há muitos interessados,
08:40os chamados stakeholders, enfim,
08:42nessa proteção,
08:44nessa criação dessa narrativa
08:46de que haveriam vítimas ali
08:48e o Estado opressor foi lá expulsá-las.
08:51Quando já há uma ilegalidade
08:52ali na própria invasão,
08:53no próprio terreno
08:54e ainda como envolve a questão federal,
08:56aí há uma preocupação
08:57de todos os envolvidos
08:58com a narrativa para quem vai sobrar
08:59eventual culpa de se alguma coisa der errado.
09:02Mas muito se denuncia isso
09:04a histórico no Brasil
09:05que todas essas manifestações
09:07em áreas de comunidade,
09:08de favelas, como prefiram,
09:10tem sempre um dedo ali
09:11de quem tem interesse.
09:12Não há uma espontaneidade.
09:15Isso sempre é bastante questionado.
09:16E também está sendo apontado
09:17que a favela seria usada
09:18como entreposto, enfim,
09:20como depósito de drogas, de armamento.
09:22Então, tem sempre essa dificuldade
09:24em fazer essa leitura.
09:25E como você colocou na notícia,
09:27mais de 90% das pessoas
09:29já aderiram ao plano que foi proposto.
09:30Aquelas pessoas, em sua grande maioria,
09:32são honestas, trabalhadoras,
09:33demandam e almejam
09:35uma moradia digna.
09:37Então, grande parte aderiu,
09:39causa esse estranhamento
09:40e aí a população passa até em parte
09:42que apesar de estar a favor da polícia,
09:44exatamente como tem que ser,
09:45apesar de muitas notícias,
09:48enfim, de parte da mídia
09:49querendo sempre descredibilizar
09:51o trabalho da polícia
09:52que também fica ali de mãos atadas.
09:53E como você colocou,
09:54está filmada de fácil identificação
09:56essas pessoas ainda mais.
09:57Um monte de intruso aí
09:58que não tem nada a ver com a história.
10:00Com o nosso glorioso Smart Sampa,
10:02que não está sendo usado para isso,
10:03então poderia ser usado perfeitamente.
10:05Pois é. Agora, Raquel Galinates,
10:06não é função do choque,
10:08segundo o Baterão de Choque, fazer isso.
10:10O Manual de Controle de Distúrbios
10:12da Polícia Militar
10:13determina que se faça dispersão da turba.
10:16Não é função dispersar e deter.
10:18Mas eu acho que deveria ser
10:20uma ação conjunta da Polícia Civil
10:22com a Polícia Militar,
10:24a Polícia Civil para deter
10:25e identificar estas pessoas
10:28que estão aí fazendo baderna.
10:30Porque, segundo o secretário disse,
10:32os moradores já entraram em acordo.
10:34Tem alguns que ainda não entraram em acordo,
10:36não estão sendo desalojados,
10:37estão caminhando numa negociação.
10:39Parece que tem muita gente entrando aí
10:41e a gente não sabe quem é.
10:42Não seria o caso de identificar?
10:44Professora e doutora Raquel Galinates.
10:46Perfeito.
10:47Nós estamos numa guerra assimétrica.
10:49Quando a gente fala o combate ao crime,
10:51forças policiais que integram a segurança pública
10:53e os marginais e os criminosos.
10:55E sabendo disso, justamente,
10:57pela desigualdade de forças,
11:01de armas legislativas.
11:03Nós não detemos prerrogativas suficientes
11:06para que a gente possa, então,
11:08com autoridade e contundência,
11:10combater o crime.
11:11Num grande evento,
11:12numa situação de tumulto,
11:13grandes tumultos e multidões,
11:15os criminosos já sabem essa situação.
11:17Ali, quando a gente fala
11:19em uso progressivo da força,
11:21porque, claro, é uma multidão.
11:23As armas menos letais,
11:24muitas vezes, se tornam inócuas.
11:26Se tornam inócuas
11:27perante um ataque de uma arma letal
11:30daquele criminoso.
11:31E um erro é fatal
11:33para aquele que integra a segurança pública.
11:35Então, essas situações são extremamente delicadas,
11:37inclusive, para contenção e identificação.
11:40Se nós tivéssemos leis
11:43que, quando nascem e descem,
11:45respaldo legal para a atuação
11:48daquele que integra a segurança pública,
11:50o nosso cenário seria completamente diferente.
11:52Agora, é lembrar,
11:54você é uma jornalista muito experiente,
11:56carimbada e premiada.
11:58Por que a imprensa,
12:00quando tem um evento como esse,
12:02normalmente se seduz muito mais para pegar...
12:05Se tem alguém que, eventualmente,
12:07entrou em conflito,
12:08se algum policial passou alguma coisa
12:10da sua linha de atuação,
12:12por que não se prepara
12:15para fazer uma matéria dizendo
12:17que a ocupação foi feita com sucesso
12:19numa ótima negociação
12:21e uma atuação competente da polícia?
12:23Parece que estão ali que nem abutre
12:25esperando algum erro para noticiar.
12:27É aquele negócio?
12:28É gostoso noticiar o dono que mordeu o cachorro?
12:31Não.
12:32Entendo isso, Helen.
12:33Não, é gostoso.
12:34E é bom a gente poder falar sobre isso,
12:35porque, senão, fica com essa coisa de
12:36a imprensa é ruim e quer atacar a polícia.
12:38E, na verdade, é assim.
12:40A imprensa é um dos pilares da democracia
12:43e ela está aqui,
12:44assim como o Ministério Público,
12:46assim como outros órgãos que a gente tem
12:48para fiscalizar
12:50que a sociedade funcione da maneira
12:52que ela precisa funcionar.
12:54E aí tem sempre essa coisa assim.
12:55Não, mas a empresa então quer atacar a polícia.
12:57Por que não ataca ali o morador
12:59que está fazendo o crime?
13:00O que se espera da polícia?
13:02Eu espero que a polícia seja eficiente.
13:05Eu espero que a polícia atue corretamente.
13:08Se ela o faz, isso não é notícia.
13:11A gente tinha uma brincadeira
13:12na faculdade de jornalismo que dizia assim.
13:14Se o cachorro morde a pessoa,
13:17não é informação.
13:18Agora, se uma pessoa morde um cachorro,
13:20isso é informação.
13:21Eu espero que a polícia seja eficiente.
13:23Eu confio...
13:24Eu, inclusive, só vivo em sociedade
13:27porque eu fiz um contrato confiando
13:29que o executivo vai estar olhando por mim,
13:31que o legislativo está zelando
13:34pelos meus interesses
13:35e que eu tenha uma polícia,
13:37que é o braço armado do Estado,
13:39para me proteger.
13:40Se a polícia assim não o faz,
13:42é informação.
13:43É isso que eu faço, eu fiscalizo.
13:45Então, eu consigo entender completamente
13:47a revolta quando você diz.
13:48Mas a empresa só quer dizer,
13:50falar mal de policial.
13:51Não, é porque o que se espera
13:53é que atue bem.
13:54Se não o fizer,
13:55nós estamos aqui na fiscalização.
13:58O jornalismo é a fiscalização.
14:01Por que a notícia
14:03é coisas que às vezes você diz
14:05que isso é notícia e a outra não é?
14:07O critério de noticiabilidade
14:08é o quão próximo aquilo é da gente,
14:10o quanto aquilo nos desperta interesse
14:12e o quão justas ou injustas as coisas são.
14:16É por isso que existe a imprensa
14:17e é por isso que ela atua dessa forma
14:19que muitas vezes parece...
14:20Eu entendo.
14:21Por exemplo, a Raquel Galinari
14:22deve muitas vezes dizer,
14:23o que é isso?
14:24Estão atacando a minha instituição.
14:25E eu entendo o seu sentimento.
14:27Agora, se você faz o seu papel...
14:29Você é mãe, Raquel?
14:30Não sei se você é mãe.
14:31Desculpa, não.
14:32Mas uma mãe que faz um papel...
14:33Tia, que faz um papel bem feito,
14:35ninguém vai lá dizer,
14:36parabéns, mãe,
14:37como você é uma boa mãe.
14:38Ninguém espera isso.
14:39Você faz, só faz.
14:41Não se espera esse aplauso.
14:43Pois é.
14:44Nós temos aqui...
14:45Por isso que o Wilinha de frente
14:47é bastante enriquecedor
14:49e o Wilinha assiste.
14:50São várias visões
14:51e todos profissionais consagrados
14:53e experientes nas suas áreas.
14:56Mas, João Belote,
14:57quando a imprensa faz isso,
14:59ela acaba não...
15:01Ao exercer essa fiscalização,
15:03ela não desestimula o bom policial
15:06porque aí ela,
15:07focada no negativo,
15:09que é o dono mordendo o cachorro,
15:11ela acaba nivelando todos.
15:13Quando você vai na política,
15:14você tem a ideia de que todo deputado
15:17é mal intencionado,
15:18todo senador também,
15:20porque aqueles maus exemplos
15:21é que acabam destoando.
15:23Não é uma atividade de fiscalização
15:25também trazer boas notícias?
15:27Ou será que nem sempre vêm boas notícias
15:30só quando tem algum estímulo?
15:32É bem mencionado, Capês.
15:33Você colocou de forma correta
15:35a Ellen também.
15:36Há esse interesse
15:37por quando há uma disruptura
15:38na ordem natural das coisas.
15:40Então, também,
15:41a grande parte do público
15:42também acaba se interessando
15:44por esses temas.
15:45Agora, o que eu vejo também
15:46é que há o ato de noticiar em si,
15:48muitas vezes com a aplicação
15:50de um filtro ideológico
15:51por parte de quem o noticia
15:53que aí está dentro
15:54de um cenário maior,
15:56de uma cultura anti-polícia,
16:00anti-establishment,
16:02colocando de alguma forma assim,
16:03sendo que esses grandes incentivadores
16:05acabam sendo, na verdade,
16:06parte do próprio estamento.
16:09A polícia enfrenta
16:10até um déficit de quadro, não é, Capês?
16:11Aqui em São Paulo
16:12vem diminuindo o interesse
16:13a um grande cerco
16:15em volta da polícia
16:16e ela acaba sofrendo,
16:17muitas vezes,
16:18consequências de atos
16:19de quem está lá em cima
16:20na alta burocracia
16:21e esse funcionário da ponta
16:22que lida ali com o dia-a-dia
16:23de fato tem que tomar decisão
16:25em raros segundos
16:26ou milésimos de segundos
16:27e acaba sofrendo
16:28todas as consequências.
16:29Agora, tem que usar câmera mesmo,
16:31sendo uma das polícias
16:32mais efetivas do Brasil,
16:33senão a mais,
16:34acaba ficando sob o holofote
16:37até porque interessa muito isso.
16:39Então, acho que ter esse conceito também
16:41de que se noticiaram
16:42muitos esses temas
16:43por conta da opinião pública
16:44e o conceito de opinião pública
16:46não é a opinião do público,
16:47é a opinião de quem detém
16:48os meios de comunicação,
16:49de quem divulga a notícia.
16:51Então, nem sempre o público
16:52quer ver aquilo,
16:53mas é o que interessa
16:54os formadores de opinião
16:55que não necessariamente
16:56se coadunam com a opinião
16:57da própria população em si.
16:58Então, Raquel Galinati,
17:00eu vi que você estava incomodada
17:01porque você é delegada de polícia
17:03mas o que a Helen Brown fez
17:05foi traçar um diagnóstico perfeito
17:07como é o ofício da imprensa
17:12e isso se aprende
17:13desde os tempos dos bancos de faculdade
17:15de jornalismo, não é?
17:16A imprensa está lá para observar,
17:19verificar alguma coisa
17:20que acontece de anormal
17:22e reportar isso que acontece.
17:25Agora, também não é anormal
17:27o crime organizado
17:29estar manipulando pessoas
17:30para impedir uma desocupação pacífica
17:33com a qual a população está de acordo?
17:36Depois eu quero ouvir o Victor
17:37e aí volta para a Helen.
17:39Não também seria uma função
17:40do jornalismo investigativo
17:41buscar isso aí?
17:43Exatamente.
17:44Por isso que existe
17:46uma ausência de simetria
17:49quando a gente fala
17:51crime e polícia e forças de segurança.
17:54Aliás, eu tenho maior respeito
17:57pela imprensa.
17:58A imprensa, ela colabora, sim,
18:00para o pilar da democracia,
18:02para que o sustentáculo
18:03da democracia continue em pé.
18:05Porém, quando se critica
18:08ou se fiscaliza,
18:09não pode ser apenas
18:11pela superfície.
18:13Tem que ser aprofundada
18:14essa pesquisa.
18:15Tem que ser aprofundada
18:17essa investigação
18:18para passar para a população
18:21o que realmente acontece.
18:22Eu, quando presidente
18:23do Sindicato dos Delegados
18:24de Polícia do Estado de São Paulo
18:25por dois mandatos
18:26e como vice-presidente
18:27da Federação Nacional,
18:28claro, esse foi o papel
18:30conjunto com a imprensa.
18:32A imprensa, ela tende
18:34a ir para o imediatismo,
18:36a polícia ineficiente.
18:37Mas vamos lá,
18:38vamos fazer um trabalho.
18:39Por que essa polícia ineficiente?
18:41A polícia, ela tem autonomia
18:43para autogestão?
18:44A polícia, ela pode
18:45contratar policiais?
18:46A polícia, ela pode
18:47contratar equipamentos?
18:49Ela pode suprir o déficit
18:51ali das demandas
18:52que chega até a população
18:54como um péssimo serviço público?
18:56Não.
18:57Então, a partir do momento
18:58que a imprensa bate naquele
19:00que não tem o menor poder
19:02de alterar aquela realidade...
19:03Aliás, o policial, ele gostaria
19:05de trabalhar na sua excelência.
19:07Mas, muitas vezes, o policial,
19:08ele coloca dinheiro
19:09do próprio bolso
19:10para poder prestar
19:11um serviço de excelência
19:12para a população
19:13dentro da sua própria qualidade.
19:16Sem contar a ausência
19:18de respaldo legal,
19:20de legislação
19:21para dar esse amparo
19:22ao policial.
19:23Aquele policial que, muitas vezes,
19:25exaspera as 12 horas do plantão,
19:2720, 30 horas,
19:30e não tem ninguém
19:31olhando este policial.
19:33Então, é nesse sentido
19:34que a imprensa, muito parceira
19:35na minha atuação
19:37como representante
19:38dos delegados de polícia do Estado,
19:39automaticamente,
19:40como representante
19:41da polícia,
19:42sabendo que o policial,
19:43ele não pode manifestar,
19:44e aqui o doutor está certíssimo,
19:45o policial, ele não pode.
19:47Quando, integrando
19:48a instituição policial
19:49de segurança,
19:50ele não pode manifestar nada
19:52sobre uma opinião
19:54que denigra a imagem
19:56de uma instituição
19:57sob pena de demissão.
19:58Isso aí está nas leis orgânicas,
20:00tanto no âmbito estadual
20:01como nacional.
20:02Então, é uma problemática
20:03que, muitas vezes,
20:04eu sei que o jornalismo sério
20:06sabe disso.
20:08Quem que é essa turminha
20:09que está passando aí?
20:10O cara bem vestidinho,
20:11ali mostrando,
20:12xingando, um tom...
20:13Ativistas.
20:14Um tom desafiando o policial.
20:15Ele não mora lá na favela, não.
20:16Ativistas.
20:17Olha ele, olha lá.
20:18Aqueles que exploram
20:19a miserabilidade.
20:20Olha o Victor, olha lá.
20:21Está falando, fazendo discurso.
20:23Que interesse que ele tem aí?
20:24Precisa identificar quem é.
20:25Sim.
20:26Eu quero te ouvir.
20:27Eu sou professor de história,
20:28formado em universidade pública
20:30e eu acompanhei
20:31durante meus quatro anos,
20:32junto com vários
20:33dos meus colegas,
20:34a delegada que é ao meu lado
20:37falou muito bem da imprensa
20:39como sustentáculo da democracia.
20:41Mas a polícia também tem que ser vista
20:43como um sustentáculo
20:44da democracia e do bem-estar.
20:46E muitas vezes,
20:47conceitualmente,
20:48ela já não é ensinada,
20:49ela já não é passada
20:51para o cidadão,
20:52através de nós, professores,
20:54como um sustentáculo da democracia.
20:56A polícia é sempre vista
20:57como algo autoritário,
20:59como algo ligado
21:00apenas à repressão.
21:01Então, isso já vem lá na base,
21:03na educação.
21:04Portanto, é um trabalho
21:05que ultrapassa
21:06até mesmo o papel da imprensa
21:08e o próprio papel
21:09de autotransformação da polícia
21:12ou de autopromoção da polícia.
21:14A imprensa faz o seu papel,
21:16a polícia faz o seu papel,
21:17mas o que a gente
21:18tem que ver também
21:19é a nossa base.
21:20Qual que é o pensamento
21:21que o cidadão brasileiro
21:22tem em relação à sua polícia?
21:23Como você bem muito
21:24colocou ali na câmera.
21:25O tempo todo,
21:26alguém passando,
21:27chamando de autoritário,
21:28xingando,
21:29o policial está fazendo seu trabalho.
21:30Se eu chego na sala de aula,
21:31alguém chega com o celular,
21:32oh, você está dando
21:33a aula errada aqui.
21:34Como é que eu vou me sentir?
21:35Como é que eu vou reagir?
21:36Não.
21:37Então, até isso tem que ser punido,
21:38passível de punição.
21:39Porque como é que o policial
21:40vai reagir
21:41tendo que já,
21:42num ambiente de pressão,
21:44como é que ele vai reagir
21:45com alguma pessoa no celular
21:46na cara dele falando
21:47várias coisas
21:48que ele não tem nada a ver com isso?
21:49Mas, oh, Vítor,
21:50não foi o policial
21:51que deu a ordem de desocupação.
21:53Não foi o policial
21:54que fez acordo
21:55nem pela União
21:56nem pelo Estado.
21:57Não é o policial
21:58que está lá executando
21:59a ordem de desocupação
22:00dos funcionários da CDHU.
22:01O policial está lá
22:02só para garantir
22:03que as pessoas não se machuquem,
22:04não se agridam.
22:05E está o sujeito lá,
22:06agora com essa moda
22:07de celularzinho,
22:08como se intimidasse
22:09alguma coisa.
22:10Estou te filmando, hein?
22:11Agora, minha querida
22:12Ellen Brown,
22:13aqui é linha de frente.
22:15Você foi confrontada.
22:17Você tem a palavra.
22:18Vamos lá.
22:19Então, eu quero colocar,
22:21porque é importante isso.
22:23E veja bem,
22:24no jornalismo,
22:25assim como na medicina,
22:26assim como no direito,
22:27assim como na polícia,
22:28você tem bons e maus profissionais.
22:29Quando o Bellucci disse,
22:30ah, mas tem o interesse...
22:31Eu brincava
22:32em falar de ela o seguinte,
22:33meu querido,
22:34você sempre vai servir
22:35algum senhor,
22:36se você trabalhar na Record,
22:37vai ser diretamente a ele,
22:38mas sempre vai servir
22:39algum senhor, né?
22:40Porque, assim,
22:41existe uma questão editorial.
22:43Nós trabalhamos em empresas
22:45que precisam sobreviver,
22:46a não ser que você vai viver
22:47em ONG, é outra história.
22:48Mas, assim,
22:49uma empresa precisa sobreviver
22:50e existem questões editoriais,
22:51claro.
22:52O jornalismo,
22:53a reportagem,
22:55ela precisa funcionar
22:56a par disso.
22:57E para funcionar
22:58a par disso,
22:59a melhor coisa
23:00que você pode fazer
23:01é pelo menos tentar ouvir
23:02todos os lados
23:03de uma situação
23:04e reportar todos os lados.
23:06Se o editorialista,
23:08se o analista,
23:09se o opinativo
23:10vai ter lá a opinião do jornal,
23:12isso antigamente
23:13era bem separado.
23:14Hoje em dia, infelizmente,
23:15não é.
23:16É outra história.
23:17Mas o jornalismo
23:18precisa estar neste lugar.
23:21Aí você me perguntou,
23:22mas então não tem que ir lá
23:23perguntar quem são essas pessoas
23:24filmando na comunidade?
23:26Esse é um dos papéis.
23:28Nós também investigamos,
23:29embora não somos policiais,
23:30nós não temos poder de polícia,
23:32nada disso.
23:33Então é um dos papéis
23:34também é investigar.
23:36Aliás, como é que vocês
23:37ficaram sabendo de Mensalão,
23:38de Petrolão?
23:39Como que vocês foram
23:40informados sobre isso?
23:41Foi a mesma imprensa
23:42que uma hora é acusada
23:44de vermelhinha,
23:45de outra de não sei o quê,
23:46de fascista.
23:47A mesma imprensa
23:48que um dia é pig
23:50e no outro
23:51a imprensa comunista.
23:53São os mesmos jornalistas.
23:55Então assim,
23:56porque a gente
23:57faz esse tipo de investigação.
23:59Tem que ser feito.
24:00Agora, é fácil?
24:01Não é fácil.
24:02Como que você vai lá
24:03e dizer assim, olha,
24:04isso aqui está sendo...
24:05Você é um repórter
24:06que está lá no meio.
24:07Entre o choque e os moradores.
24:08Porque é assim que a gente fica.
24:09Todas as vezes
24:10que eu fiz manifestação
24:11e fiz muitas,
24:12inclusive nesse lugar,
24:13você fica entre o choque
24:14e entre a população.
24:15E nenhum dos lados
24:16gosta de você.
24:17E nenhum dos dois lados
24:18está querendo falar contigo.
24:19Como é que você
24:20vai bancar isso?
24:21Você vai ter que investigar.
24:22Isso requer tempo,
24:23requer dinheiro.
24:24Nem a polícia consegue
24:25investigar a fundo
24:26e bancar essa história.
24:27Como é que você banca?
24:28Você, jornalista,
24:29que não tem esse poder.
24:30Mas é assim.
24:31É um dos nossos papéis.
24:32É um dos nossos desafios.
24:34Você pode fazer, por exemplo,
24:36os colegas lá
24:37da Gazeta do Povo,
24:38uma vez foram expor
24:39o salário de juiz
24:40e ganhavam acima do teto.
24:41Ganharam de presente
24:4240 ações idênticas
24:44tendo que se dividir
24:45pelo Estado
24:46para ir para a comarca
24:47representar.
24:48Até onde o STF dizer
24:49não, acabou isso aqui.
24:50Mas o que é isso?
24:51O que é esse tipo de coisa?
24:53A gente também está exposto,
24:54Raquel,
24:55como vocês,
24:56a uma série de pressões
24:57e críticas.
24:59Pois é.
25:00Agora, João Belucci,
25:01mais ou menos
25:039%,
25:048.1,
25:058.2%
25:06da população brasileira
25:08mora em favelas.
25:09São 16 milhões
25:12e 400 mil pessoas
25:14que são obrigadas
25:16a morar em sub-habitações,
25:19muitas vezes sem acesso
25:21a esgoto,
25:23água encanada,
25:24água potável
25:25e reféns de organizações
25:27criminosas.
25:30E a gente vê
25:31muitas favelas ilegais,
25:33irregulares
25:34sendo erguidas
25:35a todo momento.
25:36Se você vier
25:37para São Paulo
25:38pela Castelo Branco
25:39pegar Marginal Pinheiros,
25:40vai passar em frente
25:41a um conjunto da CDHO
25:42que foi totalmente
25:43descaracterizado
25:44com construções
25:45da PCC,
25:46Empreendimentos Imobiliários.
25:49O governo,
25:50governo,
25:51quando eu digo governo
25:52é o Estado,
25:53o município,
25:54a União,
25:55que já foram
25:56ocupados
25:57por vários dirigentes
25:58de todas as ideologias,
25:59mas é uma constante
26:01omissão,
26:02a falta de ação
26:04para combater
26:05essas ocupações ilegais
26:07a tempo.
26:08Você está aqui no Grajão
26:09ou tem áreas
26:10de preservação permanente
26:12ocupadas por mais
26:13de 300 mil pessoas
26:14na periferia sul
26:16de São Paulo.
26:17Como você vê
26:18essa questão
26:19de administradores públicos
26:22que vão empurrando
26:23com a barriga o problema
26:24em vez de tentar
26:25resolver como está
26:26se resolvendo agora
26:27dentro da Cracolândia?
26:28Exatamente, Capitão.
26:29Ainda mais quando é
26:30um problema desse tamanho
26:31de multifacetado
26:33que o gestor público
26:34em tese,
26:35principalmente aquele
26:36que disputa eleições
26:37tem dificuldade,
26:38não tem interesse
26:39em mexer porque ele
26:40ultrapassa gestões.
26:41Então é aquele problema
26:42que você já pega,
26:43aquele vespeiro
26:44que você herda
26:45dos anteriores
26:46e tem que resolver.
26:47Agora a gente observa,
26:48existem muitas,
26:49a gente tem aqui em São Paulo
26:50a chamada Zona do Rodízio.
26:51E o São Paulo
26:52da Zona do Rodízio
26:53é como se fosse qualquer capital
26:54europeia.
26:55E você tem as favelas
26:56dentro dela também.
26:57Então e nos anexos
26:58assim,
26:59nos bairros mais periféricos
27:00que acabam sustentando
27:01todo esse sistema
27:03e como você colocou,
27:04você vai expulsar as pessoas.
27:06Você já tem,
27:07normalmente a Secretaria
27:08Municipal que lida
27:09com esse tema,
27:10ela já tem alguém
27:11mais simpático,
27:12não a polícia,
27:13ao outro lado
27:14dos moradores.
27:15Que também depende
27:16de fazer política
27:17sobre aquele assunto
27:18que acaba emergindo
27:19pra ele um capital político
27:20ali pra colher também,
27:21aparecer,
27:22hoje em dia fazer
27:23os seus recordes,
27:24falar, eu lutei
27:25pelos moradores,
27:26isso também tem
27:27um capital político
27:28a se colher.
27:29Então fica essa situação,
27:30todo mundo contra a polícia,
27:31o cidadão no geral
27:32a favor da polícia,
27:33mas nem sempre tendo
27:34essa representatividade
27:35em termos
27:36de mídia.
27:37E você observa
27:38essa construção,
27:39o Estado,
27:40que ele se aplica
27:41a uma porcentagem
27:42da população,
27:43o Rio de São Paulo,
27:44Rio de Janeiro,
27:45nem se fala então
27:46esse Estado formal.
27:47E tem uma outra parte
27:48que não se aplica o Estado
27:49e que a gente vai tocando
27:50como se tivesse tudo bem
27:51e vai seguindo a vida.
27:52Quem é do Estado paralelo
27:53de vez em quando
27:54tem esse encontro
27:55entre o Estado legal
27:56e o ilegal
27:57e no Rio de Janeiro
27:58ele é muito pior
27:59e fica muito mais evidente
28:00essa radiografia
28:01do que aqui em São Paulo,
28:02capiço.
28:03Ô Vitor,
28:04você é
28:05um historiador formado.
28:06Nós vivemos
28:07numa sociedade
28:08não só polarizada,
28:09mas completamente
28:10heterogênea,
28:11multifacetada.
28:12Qualquer providência
28:13que um administrador
28:14vai tomar
28:15aparece
28:16500 pessoas
28:17que não são
28:18do Estado,
28:19que não são
28:20do Rio de Janeiro,
28:21aparece
28:22500 posições
28:23antagônicas
28:24de todos os lados
28:25todo mundo querendo
28:26pegar carona
28:27e ser o palpiteiro
28:28da vez.
28:29Então,
28:30as pessoas
28:31estão se drogando,
28:32morrendo na Cracolândia,
28:33mulheres engravidando
28:34ali
28:35para
28:36dar a luz
28:37a vidas
28:38que já nascem praticamente
28:39sem qualquer condição
28:40digna de existência
28:41e a luz do dia,
28:42verdadeiros zumbis.
28:43Aí você vai criar
28:44clínicas
28:45para o atendimento,
28:46para a internação
28:47obrigatória,
28:48para depois
28:49a reciclagem,
28:50aí vem,
28:51não, não, não pode,
28:52eles têm o direito
28:53constitucional
28:54de permanecer
28:55se drogando
28:56em praça pública.
28:58Já vem gente
28:59que cria órgãos
29:00de controle.
29:01Aí você tem
29:02um empreendimento enorme
29:03que vai ser feito,
29:04mas não pode
29:05porque teve um vício
29:06na tramitação
29:07originária do projeto
29:08que autoriza,
29:09que virou lei
29:10na Câmara Municipal
29:11para também.
29:12Então,
29:13como é que você vê
29:14o funcionamento
29:15nas democracias
29:16modernas
29:17de uma,
29:18de um certo
29:19abuso no direito
29:20de manifestação
29:21de todo mundo
29:22falando sobre tudo
29:23ao mesmo tempo
29:24e quem seria
29:25o destinatário
29:26da ação
29:27do poder público
29:29acaba sendo o principal
29:30prejudicado
29:31porque nesse confronto
29:32de ideias,
29:33todo mundo debate,
29:34debate e o país
29:35não sai do lugar.
29:36É por isso
29:37que o Brasil
29:38vive hoje
29:39o que eu costumo dizer
29:40às vezes em aulas
29:41que nós somos
29:42um verdadeiro Frankenstein
29:43porque nós temos
29:44uma Constituição
29:45que tem a sua
29:46valorização,
29:47que tem a sua inspiração,
29:49num estado
29:50de bem-estar social
29:51que se está falido ou não
29:52é uma outra questão.
29:53Por outro lado,
29:54nós vivemos
29:55numa vida cada vez mais
29:56americanizada
29:57dos nossos costumes
29:58e sociedade.
29:59A solução para isso, Capês,
30:00eu diria que é,
30:01de fato,
30:02repensar
30:03o nosso federalismo
30:04no Brasil.
30:05Qual é a nossa
30:06perspectiva
30:07de poder,
30:08de projeção
30:09para que o nosso país
30:10tenha, sim,
30:11capacidade de cada Estado
30:12resolver a sua maneira?
30:13Então,
30:14com isso,
30:15partindo desse princípio
30:16de uma ideia federalista
30:17de fato,
30:18que saia do papel
30:19e que, de fato,
30:20seja implementado.
30:21Porque se nós,
30:22enquanto sociedade,
30:23cada vez mais
30:24caminhamos
30:25para uma americanização
30:26dos nossos costumes
30:27e o que é fato
30:28que vem acontecendo?
30:29Eu posso ir na religião,
30:30eu posso ir na imprensa,
30:31eu posso ir na comunicação.
30:32Eu tenho vários exemplos
30:33para dar de como nós
30:34estamos cada vez mais
30:35nos americanizando
30:36enquanto sociedade.
30:37Por que, então,
30:38não, de fato,
30:39fazer um país
30:40populoso e grande
30:41uma dimensão
30:42de fato federalista?
30:43Porque a partir do momento
30:44em que a federalização ocorre,
30:45as responsabilidades
30:46também passam
30:47a ser cada vez
30:48mais definidas.
30:49Seja no âmbito local,
30:50seja no âmbito regional.
30:51E, com isso,
30:52a gente percebe
30:53claramente
30:54que a gente
30:55vai desamarrar
30:56alguns retalhos
30:57que ainda
30:58nos afetam.
30:59Então,
31:00como eu dei o exemplo
31:01da última vez,
31:02as nossas polícias.
31:03Por que não há
31:04uma integração?
31:05Porque, de fato,
31:06a nossa federalização
31:07não ocorre.
31:08Pois é.
31:09A base de tudo
31:10está na educação.
31:11Enquanto nós
31:12não priorizarmos
31:13a matemática,
31:14a física,
31:15a química,
31:16as ciências exatas,
31:17a gramática,
31:18a lógica,
31:19a redação,
31:20nós vamos continuar
31:21debatendo
31:22que banheiro
31:23que as pessoas
31:24podem usar
31:25e não o que é melhor
31:26para o progresso
31:27e desenvolvimento do país.

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