No Dia Nacional do Chefe de Cozinha, comemorado neste 13 de maio, a chef paraense Narinha Tabosa reflete sobre os caminhos da gastronomia no Pará e fala sobre como a COP 30 pode fortalecer ainda mais a culinária de origem amazônica.
REPORTAGEM: Gabriel da Mota IMAGENS: Igor Mota EDIÇÃO: Bia Rodrigues (supervisão: Tarso Sarraf)
00:00O profissional da cozinha já nasce com o dom de cozinhar, né?
00:04Então eu sempre cozinhei em casa, sempre gostei de cozinhar.
00:07Eu tenho uma outra profissão antes dessa.
00:10E depois de um tempo eu decidi realmente colocar a cozinha como vida,
00:14como vida profissional e pessoal.
00:17Eu sou formada pela Unama, em gastronomia.
00:20Fiz muitos cursos também de complementação.
00:23Hoje eu faço um curso de especialização em confeitaria.
00:26E sou especialista em cozinha amazônica pela ESMAC.
00:31E eu sempre ousei em criar novos pratos com a gastronomia paraense.
00:37Então eu acho que o chefe tem muitos caminhos a seguir, mas ele precisa escolher um só.
00:43E aí eu escolhi a gastronomia paraense e eu estou trilhando a minha profissão na gastronomia paraense.
00:49Tu tens acompanhado os chefes paraenses se destacando no cenário nacional, internacional?
00:54Tenho.
00:54A que tu atribuís isso?
00:55Eu acho que foi a descoberta dos nossos ingredientes.
00:59A mídia colocou muito isso em evidência e os chefes foram sendo aproveitados de alguma forma.
01:07Mas eu acho que mais os chefes homens, as mulheres, nós ainda estamos buscando um caminho da gastronomia paraense no campo feminino.
01:18Então eu e outras mulheres, a gente está tentando trilhar o caminho junto com os chefes masculinos para que a gente faça um caminho só da gastronomia paraense em conjunto.
01:29Eu gosto muito na confeitaria da Samia Kossum, que ela é muito boa.
01:33Eu gosto muito na gastronomia, inclusive, a Vanja Rodrigues, na panificação Aldete Macedo.
01:40Gosto no Antepastos, nas entradinhas da Tainada Maceno.
01:47Temos muitas, muitas chefes aí que estão ainda buscando lugar ao sol, mas que são muito boas.
01:57Que elas vão ser descobertas mais cedo ou mais tarde.
01:59A gente está no melhor momento da gastronomia paraense.
02:02Então esse é o momento de a gente aproveitar para a gente mostrar o que a gente tem de melhor.
02:08As oportunidades é que a gente tem os melhores insumos, os melhores ingredientes ao alcance da mão.
02:14E a dificuldade, às vezes, é no mercado, a competição de mercado.
02:19A gente está vendo que com a COP, a gente está tendo um boom de outros profissionais,
02:24de outros lugares que estão descobrindo também, estão descobrindo junto com a gente,
02:29novas oportunidades de trabalhar os nossos ingredientes.
02:32Então a gente precisa cuidar nesse momento para que a gente se aproprie definitivamente do que é nosso
02:38e que a gente não perca o fio da meada nos ingredientes que são paraenses.
02:45Então os profissionais da cozinha precisam cuidar disso.
02:48Eu acho que as pessoas vão buscar a comida raiz.
02:52Elas vão buscar o simples, elas vão buscar o que a gente come no dia a dia.
02:57As pessoas que vêm para cá, elas não vão buscar a comida paraense sofisticada.
03:02Porque o sofisticado, eles comem em qualquer lugar do país, em qualquer lugar do mundo.
03:07Aqui eles vão buscar o peixe frito, não com a farinha banco,
03:12não aquele peixe frito com a farinha mesmo regional, com a farinha de bragança.
03:16Aquela comidinha sequinha, aquele ingrediente fresco, aquele açaí da maneira cultural que a gente consome.
03:25Eu acho que eles vêm buscar a nossa comida de origem.