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No Papo Antagonista desta sexta-feira, 25, Felipe Moura Brasil, Duda Teixeira e Ricardo Kertzman entrevistaram o presidente da ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), José Velloso, que falou a respeito dos efeitos práticos do tarifaço de Donald Trump sobre produtos brasileiros.

Felipe Moura Brasil, Duda Teixeira e Ricardo Kertzman comentam:

🎙️ Papo Antagonista é o programa que explica e debate os principais acontecimentos do dia com análises críticas e aprofundadas sobre a política brasileira e seus bastidores.

Apresentado por Felipe Moura Brasil, o programa traz contexto e opinião sobre os temas mais quentes da atualidade. Com foco em jornalismo, eleições e debate, é um espaço essencial para quem busca informação de qualidade.

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Transcrição
00:00A gente tem analisado aqui as discussões políticas a respeito do tarifácio dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros,
00:06mas é importante abordar também os efeitos práticos dessa medida prevista para entrar em vigor em 1º de agosto.
00:13E é sobre isso que a gente conversa agora com o presidente da ABIMAC,
00:16Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, José Veloso.
00:20É um prazer enorme recebê-lo aqui virtualmente no Papo Antagonista.
00:24Boa noite e obrigado por nos atender.
00:25Olha, o prazer é meu, é uma alegria ser convidado por vocês.
00:32Estou aqui à disposição para tratar disso.
00:35Veloso, como é que o senhor avalia esse tarifácio?
00:39O que ele trouxe de efeito prático, de consequência, nas últimas semanas,
00:43enquanto ainda não tinha entrado em vigor?
00:45E o que pode mudar a partir de 1º de agosto, quando, ao que tudo indica,
00:50entrará em vigor a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros?
00:54Primeiro bem, o Brasil, ele vende produtos, uma gama grande de produtos para os Estados Unidos.
01:03Então, quando a gente fala nas consequências, quando a gente pega um produto do agro,
01:08é um tipo de consequência.
01:09Quando você pega um produto industrial, é diferente.
01:12Então, vamos falar da indústria, que é a minha área, máquinas, equipamentos, nós estamos na indústria.
01:19Um produto industrial que o Brasil vende para os Estados Unidos, ele dificilmente é substituído,
01:25tanto por quem compra, como por quem vende.
01:29Quando a gente coloca uma tarifa de 50%, eu tenho dito que isso é um embargo
01:33e que nós não vai ter comércio a médio prazo para os Estados Unidos com uma tarifa como essa.
01:40Mas quando a gente vai olhar negócio a negócio, na microeconomia,
01:45por exemplo, a Tupi aqui no Brasil, ela vende um bloco fundido para fazer um motor nos Estados Unidos
01:53que vai para um automóvel nos Estados Unidos.
01:55A Tupi, ela não vai ser substituída em um curto prazo,
01:59porque o fabricante do motor lá, ele vai ter que desenvolver novo fornecedor.
02:04Isso demora tempo.
02:06Então, ele vai ser substituído com uma tarifa desse tamanho.
02:10No entanto, isso não é da noite por dia.
02:13Então, a mesma coisa na indústria de máquinas e equipamentos.
02:16Nós vendemos lá, principalmente máquinas para construção civil, máquinas rodoviárias,
02:21geração de energia e componentes de máquinas.
02:23Então, no médio e longo prazo, eu vou perder esse mercado norte-americano com 50%,
02:29mas no curto prazo, eu ainda continuo vendendo.
02:34Aí você vai me perguntar, mas e os 50% quem absorve?
02:37Aí, essa é a grande dúvida.
02:40Quer dizer, depende da força de quem vende e a força de quem compra.
02:44E também a dependência.
02:49Então, por exemplo, se eu não tenho outro fornecedor, eu vou ter que pagar o aumento de preço.
02:53No curto prazo, na indústria, as consequências ainda não são tão graves como a gente tem visto na carne, no café, nos produtos agrícolas.
03:03Mas elas serão muito mais graves no médio e longo prazo, porque com uma tarifa de 50% não tem comércio e nós vamos ser substituídos.
03:12Caso a gente não tenha sucesso na negociação.
03:16Maravilha.
03:17Duda Teixeira tem uma pergunta para o senhor também.
03:18Duda.
03:19José Veloso, boa noite.
03:20O Brasil conseguiria escoar essas máquinas para o mercado interno ou para outros mercados?
03:26Não, então, esse é um problema, né?
03:30Por exemplo, faltou eu dar para vocês o tamanho do problema, né?
03:34Então, nós exportamos para os Estados Unidos, de máquinas e equipamentos de componentes para máquinas, 3.6 bilhões de dólares.
03:42Varia entre 8% e 10% do que o Brasil vende nos Estados Unidos, dependendo do volume total e do volume de máquinas.
03:51Mas varia entre 8% e 10%.
03:52É um valor bastante importante na pauta de exportação nos Estados Unidos e muito importante para nós,
03:58porque é 26% do que a gente exporta e dá mais ou menos 7% do nosso faturamento total.
04:04Agora, para as empresas, olhando a microeconomia, aquela empresa que exporta para os Estados Unidos,
04:10em alguns casos, é caso até de fechar a empresa.
04:14Então, respondendo agora a sua pergunta, não, não tem como desviar o produto para outro mercado,
04:23porque muitas vezes o produto é feito em uma norma técnica, em uma especificação de quem compra.
04:30Então, quer dizer, eu não posso pegar um produto que é feito para a norma americana e vender para a Europa.
04:38Vou fazer uma brincadeira aqui.
04:39A mesma coisa que você pegar, você fabrica uma tomada de 3 pinos e querer vender uma tomada de 3 pinos para os Estados Unidos,
04:46que estão dois quadradinhos.
04:47Não vai entrar na tomada.
04:49É um ótimo exemplo.
04:50Não é fácil eu pegar e mudar.
04:53Agora, o que eu posso é, deixando de vender nos Estados Unidos e abrindo um espaço da minha manufatura,
05:00ocupar esse espaço da manufatura, vendendo um outro produto para um outro mercado.
05:06Isso demora muito tempo, mas é possível.
05:09Maravilha.
05:09Ricardo Kertzmann também tem uma pergunta para o José Veloso.
05:12Diga, Ricardo.
05:13Boa noite, presidente.
05:15Prazer em falar com o senhor.
05:16Obrigado pela presença.
05:18Olha, eu tenho uma curiosidade e um certo receio.
05:21Eu gostaria da sua opinião a respeito do impacto desse tarifácio,
05:26porque já há algumas décadas o Brasil experimenta, se não um processo de desindustrialização,
05:32mas de um crescimento industrial muito pequeno.
05:34Com esse tarifácio, o Brasil ficando menos competitivo no mercado americano,
05:40eu imagino que isso tende a se aprofundar.
05:43Esse impacto que eu estou me referindo, ele é suficiente para aumentar ainda mais
05:47essa desindustrialização ou esse crescimento industrial pequeno?
05:52Não, eu explico por quê.
05:55Quando a gente olha a macroeconomia, o PIB do Brasil,
05:59o comércio do Brasil com os Estados Unidos são 40 bilhões de dólares que vai para lá
06:03e 40 bilhões de dólares que vem para cá.
06:05Nós temos um déficit de 300 milhões, é 40,3 contra 40.
06:09Então, não são 40 bilhões de dólares que vai desindustrializar o Brasil.
06:14Vai prejudicar? Vai.
06:15Mas, por exemplo, a questão da taxa de juros, a questão da tributação,
06:20a questão do ambiente de negócio.
06:22Existem outras coisas no custo Brasil e outras coisas que tem aqui no país
06:27que são mais importantes para levar o Brasil a desindustrialização e que é um processo
06:33que está em curso nas últimas quatro décadas.
06:36A desindustrialização não é um fenômeno que começou agora.
06:40A indústria já foi perto de 50% da economia brasileira, hoje é 20%.
06:47Mas, quando a gente olha a indústria de transformação, a gente era 20% da economia,
06:53hoje nós somos 11% da economia.
06:55Então, quer dizer, o Brasil está num processo de desindustrialização.
06:59Então, na macroeconomia, o problema não é tão grande.
07:03Mas, quando a gente olha a microeconomia, é um problema gravíssimo de geração de empregos,
07:08de desemprego, no caso.
07:09E uma coisa que a gente precisa olhar também é o seguinte,
07:14o Brasil é um país fechado, que faz pouco comércio,
07:18e o Brasil está muito acostumado com os números da agricultura.
07:21Então, quando a gente olha a agricultura, a mineração, a exportação de minérios,
07:25a exportação de petróleo, agora que é o item que o Brasil mais exporta,
07:29são produtos primários, eles geram pouca riqueza para o Brasil,
07:33gera pouco valor agregado e são direcionados para os países asiáticos,
07:39principalmente a China.
07:40Quando a gente olha para os Estados Unidos,
07:43os Estados Unidos tem um outro efeito na economia brasileira,
07:47que é o seguinte, o americano, ele quando faz comércio com alguém,
07:51ele investe naquele país.
07:54Então, o Brasil tem 4 mil empresas americanas
07:59que investiram no Brasil
08:00e investiram pensando nesse comércio entre o Brasil,
08:04essa relação de 200 anos entre o Brasil e os Estados Unidos.
08:07Quando eu pego as minhas multinacionais americanas,
08:10são várias aqui no setor de máquinas,
08:13todas elas têm uma plataforma de produção no Brasil,
08:17uma plataforma de exportação,
08:19investem, fazem ciência e tecnologia aqui, inovação aqui,
08:23ou seja, eles enxergam o Brasil como um parceiro.
08:27Quando eu olho para os países asiáticos, principalmente a China,
08:30a China não investe no Brasil.
08:33Ela investe muito pouco no Brasil,
08:34e ela está olhando o mercado.
08:36Então, ela produz lá para vender aqui e ganhar dinheiro lá.
08:41O americano não.
08:42O americano, ele vem e investe.
08:44Então, se você pegar nos últimas décadas,
08:47o país que tem o maior investimento externo direto no Brasil
08:52sempre foi os Estados Unidos.
08:54Então, a gente perde esse investimento.
08:56Então, eu vou pegar o meu setor.
08:56Eu perderia mais ou menos, se eu zerasse o comércio com os Estados Unidos
09:02por causa da tarifa,
09:04a gente vai perder o faturamento de mais ou menos de R$ 20 bilhões,
09:06de R$ 23 bilhões por ano.
09:10É um valor alto, mas não vai destruir a economia do Brasil.
09:14Mas é um valor muito alto, R$ 23 bilhões.
09:16Mas eu tenho um outro efeito, que é o indireto,
09:22que é o seguinte, quem compra a máquina, investimento está fazendo.
09:26Então, o setor de petróleo que exporta para os Estados Unidos,
09:30o setor da laranja que exporta para os Estados Unidos,
09:33o café, o aço,
09:35todos aqueles que exportam para os Estados Unidos, eles investem.
09:37E quando eles investem, eles compram o quê?
09:40Máquinas.
09:40Então, quando você pega o total do investimento na economia brasileira,
09:4515% são máquinas.
09:47De todo o investimento brasileiro, 15% são máquinas.
09:50Então, aí é o efeito indireto.
09:53É a perda dos investimentos daqueles setores
09:56que também vão deixar de exportar para os Estados Unidos.
10:00Esse efeito é mais ou menos R$ 5 bilhões por ano.
10:06Então, eu perco direto R$ 23 bilhões,
10:09e indireto R$ 5 bilhões.
10:11Então, só no setor de máquinas e equipamentos
10:13seria uma perda de R$ 28 a R$ 30 bilhões por ano.
10:19Presidente, a gente que cobre a política
10:21estava acostumado muitas vezes a ver
10:23o discurso mais à esquerda,
10:26falando contra os super-ricos,
10:28contra as elites.
10:29Agora, no campo bolsonarista,
10:31também tem um discurso de que
10:33o tarifácio só atingiria a elite financeira, etc.
10:37Não estou entrando aqui na questão política da polarização,
10:41mas essa alegação de que a consequência
10:44dessa tarifa de 50% sobre produtos brasileiros,
10:48ela é sentida apenas por grandes empresários,
10:52pelo pessoal da indústria,
10:54sem que haja efeito sobre o cidadão comum,
10:56sobre a população,
10:57ela é uma narrativa falseada?
11:00Quer dizer, qual é a cadeia de acontecimentos?
11:01O senhor tocou aí de leve em alguns pontos,
11:04com perda de investimentos,
11:06isso gera perda de empregos,
11:07quer dizer, qual é a consequência
11:08para a população dentro do Brasil?
11:12Olha, a consequência são os empregos diretos e indiretos
11:15das cadeias produtivas que vão deixar de faturar.
11:20Então, por exemplo, o meu setor
11:21é um setor intensivo em mão de obra.
11:24Então, por exemplo, nós vamos perder,
11:26nós vamos ter desemprego em vários setores
11:29que vão deixar de vender.
11:32Esse é o efeito para a população brasileira,
11:35eu diria que esse é o principal.
11:38Agora, esse problema todo do tarifaço,
11:42ele foi originário
11:43de uma carta do presidente Trump,
11:48que você olha a carta e você vê lá dentro
11:51motivos políticos dentro da carta.
11:53Agora, o que eu entendo é o seguinte,
11:57os Estados Unidos, ele quer ser
11:58um líder da América Latina.
12:00Sem o Brasil, não vai ser líder da América Latina.
12:03Os Estados Unidos querem ter superávit comercial
12:06com todos os países que ele tem relação.
12:09O déficit comercial dos Estados Unidos
12:11hoje é de 920 bilhões de dólares,
12:14quase um trilhão.
12:16São poucos que ele tem superávit.
12:18O Brasil é um deles,
12:20são dois grandes que ele tem superávit,
12:22um deles é o Brasil.
12:24Terceiro ponto,
12:26tudo é originário
12:27numa guerra comercial
12:29entre Estados Unidos e China,
12:32que o presidente Trump já começou lá em 2017.
12:35Então, se nós rompermos de uma vez
12:38com os Estados Unidos,
12:39está jogando o Brasil no colo da China.
12:42Então, nós temos aqui vários,
12:44outra coisa é o prejuízo
12:45de empresas americanas.
12:46São quatro e mil empresas americanas
12:48que têm investimento no Brasil de capital
12:50para fazer comércio com os Estados Unidos.
12:53E tem o prejuízo daquelas empresas dos Estados Unidos
12:56que precisam dos nossos produtos.
12:58E também pode tirar uma certa inflação
13:00dos Estados Unidos originada da carne,
13:02do suco de laranja e etc.
13:04Então, você tem aqui um monte de motivos
13:08para que os países cheguem em um acordo.
13:12Então, na minha opinião,
13:13a questão política que originou o problema
13:16lá na carta do Trump,
13:18na verdade foi uma fagulha,
13:20ele acendeu o estupim
13:22para entrar numa negociação com o Brasil
13:27em posição de vantagem.
13:28Vocês viram que na questão do Canadá
13:32ele falou em anexação,
13:34ele fez ameaças,
13:35questão de droga com o México,
13:39ele fez uma ameaça lá na Groenlândia
13:41porque ele quer minerais críticos.
13:43Então, é uma tática de negociação,
13:47é você jogar uma bomba forte no colo
13:50do seu opositor
13:51ou do seu interlocutor na negociação
13:53para entrar em posição de vantagem.
13:55Então, eu diria que a questão política
13:59foi a fagulha,
14:01mas para um objetivo,
14:03que é um objetivo comercial
14:05e de ter vantagem na negociação.
14:07Veja que o presidente Trump,
14:09ele já fechou vários acordos,
14:10tem mais ou menos uns 12 ou 14 acordos
14:14a última vez que eu me atualizei.
14:15A maioria dos acordos tem tarifa de 20%
14:19e alguns tem tarifa de 15%.
14:22Veio lá o Japão,
14:23está com uma tarifa de 15%
14:24e comemorando uma tarifa de 15%.
14:27Tailândia, comemorando uma tarifa de 20%.
14:31Então, você veja que
14:32países que tinham perto de zero
14:35estão comemorando 15% e 20%.
14:38Então, quer dizer,
14:39essa tática de negociação,
14:42ela aparentemente tem tido resultado.
14:44Só que aí a gente pode aprofundar
14:46e dizer que isso não é um bom resultado
14:48nos Estados Unidos,
14:49porque isso vai gerar inflação
14:50nos Estados Unidos,
14:51isso vai gerar desconfiança,
14:52isso vai gerar a busca
14:55de não dependência dos Estados Unidos
14:57no futuro.
14:58Então, tem outras formas de olhar.
15:01Mas do ponto de vista do presidente Trump,
15:04das negociações e das tarifas,
15:06ele tem tido sucesso
15:08colocando essa truculência
15:10no início das negociações
15:13para sair forte logo de cara.
15:16Exatamente, é um velho método dele,
15:18nós apontamos isso desde a corrida eleitoral
15:20de 2016,
15:21ele chega com a truculência
15:23e depois ele vai cobrando as concessões.
15:25Então, ele tenta começar a negociação
15:26por cima.
15:27Duda Teixeira.
15:28Veloso, o Trump,
15:29quando ameaça essas tarifas,
15:31ele fala ali da tentativa,
15:34da iniciativa dos BRICS
15:35de substituir o dólar.
15:38Há uma demanda no setor exportador brasileiro
15:41de fazer transações comerciais
15:43em outras moedas que não o dólar?
15:46Bom, eu vou responder de duas formas.
15:49Primeiro, é curioso esse negócio do BRICS,
15:52realmente ele foi dito por assessores dele
15:55e depois foi verbalizado.
15:59No entanto, aquela carta,
16:01que é uma carta muito forte,
16:02falando do STF,
16:04falando de inverdades em questão
16:05do déficit comercial e tal,
16:08é uma carta que cabia tudo,
16:09do jeito que ela terminou,
16:11cabia tudo lá dentro.
16:12E não entrou o BRICS na carta.
16:15Então, é uma coisa curiosa.
16:16Por que ele não colocou o BRICS na carta
16:18se o BRICS era o principal motivo
16:20da tarifa de 50%?
16:22Eu não tenho a resposta.
16:23Mas eu tenho...
16:24Eu questiono isso.
16:27Porque estão dizendo que o principal motivo
16:29é o BRICS.
16:29Mas não está na carta.
16:31E na carta ele colocou coisas lá
16:32muito mais fortes em relação ao STF.
16:35Enfim.
16:36Então, eu coloco aí um ponto de interrogação.
16:39A outra pergunta sua foi sobre o...
16:41Desculpa, agora...
16:42Se há uma demanda do setor exportador
16:44de fazer trocas com outras moedas.
16:47Ah, isso não existe.
16:49Isso não existe.
16:50E esse problema,
16:51eu reputo que é mais uma daquelas discussões
16:54que não vai levar a lugar nenhum de WhatsApp.
16:57Porque quem escolhe a moeda
16:59é quem vende e quem compra.
17:01Se eu vou vender minha máquina,
17:03eu só vendo para você
17:04se você vender para mim
17:05na moeda que eu quero.
17:07Não adianta.
17:08Em nenhum país do mundo,
17:09o governo vai chegar e vai falar
17:11a partir de agora
17:12a máquina vai ser transacionada
17:16em...
17:17Em livre esterlina.
17:19Não.
17:19Quem vai escolher a moeda sou eu.
17:21Então, por exemplo, vamos lá.
17:23Se eu sou uma empresa
17:24que eu importo muito da China.
17:26Eu sou importador da China
17:27e eu exporto qualquer coisa para a China.
17:29Eu até aceitaria receber o Yuan
17:32porque eu compro da China.
17:34Agora, quem que vai querer receber o Yuan
17:37se não usa o Yuan?
17:39Porque é uma moeda
17:40controlada pelo governo
17:41que tem câmbio artificial
17:44que gera um monte de insegurança.
17:48O exportador, ele não vai aceitar essa moeda.
17:52Então, e a moeda do Brics nem existe.
17:55Então, isso para mim
17:56é uma discussão que está aí acalorada
17:59mas que não existe na prática.
18:00Eu queria chamar o Ricardo Kertzmann
18:04para fazer a nossa penúltima pergunta
18:06para já liberar que certamente
18:08o presidente da ABMAC tem muito trabalho.
18:10Diga, Ricardo.
18:12Presidente, o senhor já citou
18:13alguns gargalos daqui do Brasil
18:15que acabam impactando na competitividade.
18:18O senhor falou de infraestrutura
18:20o senhor falou de logística também
18:22a gente tem problemas de ordem de juros
18:24de insegurança jurídica e tudo mais.
18:26se de fato essas tarifas
18:28vierem a ser implementadas
18:30contra o Brasil
18:31essa competitividade vai ficar ainda pior.
18:34O senhor acha que a partir disso
18:36meio que na base da marra
18:37talvez surja pela necessidade
18:40um movimento interno
18:42para a gente poder tentar resolver
18:43algum desses gargalos?
18:45Porque já que a gente não vai conseguir
18:46diplomaticamente negociar tarifas menores
18:49quem sabe a gente não se torna mais competitivo
18:51a partir do aumento de produtividade interna.
18:54O senhor vê espaço político
18:55para poder conseguir melhorar esse ambiente?
18:59Toda vez que tem uma crise grande
19:01suscita você resolver outros problemas
19:05sair da crise melhor do que entrou.
19:08Então quando tem uma crise grande
19:09aparece tudo, as pedras
19:11ou a água desce
19:13aparecem as pedras.
19:14Então eu concordo com você
19:17que uma crise dessa
19:18nos coloca a pensar
19:20por que o Brasil não exporta
19:22mais manufaturados para outros lugares.
19:24já que 50% do que o Brasil exporta
19:28de alta e alta tecnologia
19:30é só para os Estados Unidos.
19:33Então é verdade
19:34nós temos que discutir isso
19:35por que a gente não vem de outros lugares.
19:37Agora
19:38o combate à falta de produtividade
19:40ela está muito no discurso
19:42de muita gente
19:43mas na prática
19:45a gente não tem visto
19:46por exemplo
19:47o grande gargalo do Brasil
19:49é o custo de capital.
19:50porque se vale mais a pena
19:52eu comprar um título público
19:53do que
19:54eu vou comprar uma máquina nova
19:55para a minha fábrica
19:56eu vou acabar comprando
19:57um título público.
19:58Então
19:58é custo de capital
20:00a reforma tributária
20:01foi bem endereçada
20:03mas a gente tem aí
20:04segurança jurídica
20:05questão de trabalhista
20:07que é um grande risco
20:08da emprego no Brasil
20:09enfim
20:10nós temos um cabedal
20:12de temas do custo Brasil
20:13que vem sendo discutido.
20:15e eu concordo com você
20:17que uma crise como essa
20:19vai nos levar
20:20a discutir
20:23mais aprofundadamente
20:24e tentar descobrir
20:25por que que o Brasil
20:26concentra tanto
20:27exportação
20:28num único destino
20:30que é os Estados Unidos.
20:32Presidente
20:32última pergunta
20:33o senhor tem se posicionado
20:35contra retaliações
20:36por parte do Brasil
20:37com base na lei
20:38da reciprocidade econômica
20:40e eu pergunto ao senhor
20:41se o senhor chegou a ter
20:42algum tipo de reunião
20:42a participar
20:43de reunião com o governo Lula
20:45e o que que o senhor
20:46tem apresentado aí
20:48de propostas
20:49ou de análise
20:51diagnóstico
20:52dessa situação
20:53de modo a contribuir
20:55com a diplomacia.
20:57Sim, nós tivemos sim
20:59reunião
20:59nós fomos incluídos
21:00nesse grupo de crise
21:01que o ministro Alckmin
21:04reuniu durante a semana passada
21:06e na outra
21:07nós tivemos
21:08inclusive na primeira reunião
21:09lá do grupo de crise
21:10nós estávamos presentes
21:11e a gente
21:12levou essa opinião
21:14
21:14primeiro
21:15eu acredito que
21:16o vice-presidente Alckmin
21:19é uma pessoa
21:19muito gabaritada
21:20para essa negociação
21:22e o nosso Itamaraty
21:24é muito bem
21:25gabaritado também
21:26e o ministro
21:27Mauro Vieira
21:28agora
21:29a questão da retaliação
21:31eu sou
21:32eu levei a minha
21:33opinião para
21:34o vice-presidente Alckmin
21:35e para sete ministros
21:36que estavam naquela reunião
21:37de que o Brasil
21:38não deve retaliar
21:40por quê?
21:40porque a gente já viu
21:41em outras ocasiões
21:42principalmente com a China
21:44que começa a retaliar
21:45que os Estados Unidos
21:46sobe, sobe, sobe, sobe lá
21:47para depois descer de novo
21:49tudo bem
21:50mas o nosso problema
21:51não é só o resultado final
21:52nosso problema também
21:53é a insegurança
21:54durante essa
21:55essa
21:57essa
21:57essa batalha
21:59quer dizer
21:59a gente precisa
22:00chegar no
22:01resultado final
22:02rápido
22:02porque as empresas
22:03não sabem o que fazer
22:04se eu demito
22:05se eu cancelo pedidos
22:07enfim
22:08a gente precisa ter
22:10visibilidade
22:11então
22:12e eu acho que
22:14a retaliação
22:15não é um bom caminho
22:16outro motivo
22:17de não retaliar
22:17é que a retaliação
22:19se eu estou dizendo
22:20que é ruim
22:20para os Estados Unidos
22:21tarifar
22:22porque vai aumentar
22:23a inflação lá
22:24e quem vai pagar a conta
22:25é o americano
22:26eu também não posso
22:27querer o mesmo aqui
22:28porque vai penalizar
22:30as empresas
22:30que precisam importar
22:31e vai penalizar
22:33o consumidor final
22:34então
22:35o que eu acredito
22:36é que nós não devemos
22:37penalizar
22:37mesmo se chegar
22:38no dia 1º de agosto
22:40e eu acho que chega
22:41no 1º de agosto
22:41sem a negociação
22:43acho também
22:44que existe uma pequena
22:45não assim
22:46uma certa possibilidade
22:48de adiamento
22:48não por pedido brasileiro
22:50mas por uma decisão
22:51norte-americana
22:52enfim
22:52mas é tudo
22:53especulação
22:54agora
22:55se o Brasil
22:56for
22:57retaliar
22:58porque não chegamos
22:59a bom termo
23:00até 1º de agosto
23:01eu lançaria a mão
23:02de outras formas
23:04de retaliar
23:04que não sejam
23:05pelas tarifas
23:06por exemplo
23:07questão de patente
23:08questão de direito
23:09de propriedade
23:10questão de
23:11bitributação
23:12enfim
23:12existem outras formas
23:14de o Brasil
23:15colocar sanções
23:16nos Estados Unidos
23:17que não seja
23:18através de tarifas
23:19porque se for
23:20através de tarifas
23:21vai prejudicar
23:22a nós brasileiros
23:23José Veloso
23:24presidente da Abimac
23:25muitíssimo obrigado
23:26pela sua participação
23:27por esses esclarecimentos
23:28enriquecedores
23:29aqui no Papo Antagonista
23:31boa noite
23:31bom trabalho
23:32obrigado pelo convite
23:34estou aqui à disposição
23:34de vocês
23:35abençoa
23:36e até o próximo
23:37oi
23:37oi
23:38oi
23:38oi
23:39oi
23:39oi
23:39oi
23:40oi
23:40oi
23:40oi
23:41oi
23:41E aí

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