As apologias de MC Poze e a hipocrisia da esquerda

O Antagonista

A mesma esquerda que condena o “discurso de ódio da direita” nas redes sociais saiu em defesa da “cultura de favela” do MC Poze do Rodo, alvo de mandado de prisão temporária cumprido em 29 de maio, em investigação de envolvimento com o tráfico de drogas e de apologia ao crime.  Felipe Moura Brasil, Duda Teixeira e Ricardo Kertzman comentam:  🎙️ Papo Antagonista é o programa que explica e debate os principais acontecimentos do dia com análises críticas e aprofundadas sobre a política brasileira e seus bastidores.    Apresentado por Felipe Moura Brasil, o programa traz contexto e opinião sobre os temas mais quentes da atualidade. Com foco em jornalismo, eleições e debate, é um espaço essencial para quem busca informação de qualidade.    🕕 Ao vivo de segunda a sexta-feira às 18h.    Não perca nenhum episódio! Inscreva-se no canal e ative o sininho para receber as notificações.    #PapoAntagonista    Apoie o jornalismo Vigilante: 10% de desconto para audiência do Papo Antagonista   https://bit.ly/papoantagonista   Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast.   Siga O Antagonista no X:   https://x.com/o_antagonista    Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.  Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.   https://whatsapp.com/channel/0029Va2SurQHLHQbI5yJN344   Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br

Transcript

00:00Vamos passar agora para um outro assunto que deu o que falar nos últimos dias e sobre o qual escrevi um artigo detalhado no domingo em oantagonista.com.br.

00:10A mesma esquerda que condena o discurso de ódio da direita nas redes sociais saiu em defesa do que chamou de cultura de favela, como a gente já vai ver, de Marlon Brandon Coelho Couto, o MC Pose do Rodo.

00:24Alvo de mandado de prisão temporária, cumprido em 29 de maio, quinta-feira passada, e investigação de envolvimento com o tráfico de drogas e de apologia ao crime.

00:34Esse último tipo penal está previsto no artigo 287 da Lei 2848, de 7 de dezembro de 1940.

00:41Abre o aspas.

00:42Fazer publicamente apologia de fato criminoso ou de autor de crime, pena, detenção de 3 a 6 meses ou multa.

00:48Fecha o aspas.

00:49O próprio MC Pose registrou ter ligação com a facção criminosa Comando Vermelho ao preencher o prontuário da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária,

00:58marcando a opção CV no campo de ideologia declarada, como vocês estão vendo aí no documento original na tela.

01:05E ainda de acordo com a CEAP, ele afirmou não ter problemas em conviver com a facção.

01:10Com a declaração, MC Pose foi levado para a penitenciária Serrano Neves, conhecida como Bangu 3, no complexo de Gericinó, uma das unidades prisionais onde ficam membros do CV,

01:20já que as cadeias do Rio de Janeiro são divididas entre facções para evitar conflitos entre os integrantes de cada uma.

01:26A defesa do funkeiro alegou que, aspas,

01:28A influenciadora Viviane Nogueira, esposa de MC Pose,

01:57também alegou nas redes sociais que, aspas,

01:59Ele é cria de uma comunidade, não tem culpa de o sistema ser dividido.

02:03Vocês, sendo cria de uma comunidade, escolheriam o que?

02:07Fecha o aspas.

02:08As alegações poderiam até fazer sentido para alguém que fosse apenas cria de, ou seja, nascido ou criado em uma comunidade,

02:17dominada pelo CV, como a Vila Kennedy, VK, em Bangu, na Zona Oeste do Rio,

02:22mas não para o autor e cantor de versos de pertencimento e exaltação de uma facção

02:28que, sabidamente, pratica crimes de extorsão, roubo, sequestro, tortura e assassinato.

02:34Eis alguns exemplos.

02:35Abro aspas.

02:36Diversos, repito, do MC Pose em diversas letras.

02:40A defesa de MC Pose do rodo ainda protocolou, em 31 de maio, um pedido de habeas corpus na Justiça do Rio,

03:06alegando, aspas, perseguição à arte periférica.

03:10Fecha o aspas.

03:12Os versos do funkeiro, porém, não se limitam a expressar, descrever, narrar, fantasiar, satirizar,

03:18transformar em crônica ou refletir sobre a realidade em torno.

03:22Eles exaltam não só bandidos adultos e atos criminosos do CV,

03:27mas também menores de idade recrutados pela facção, os menor,

03:30e o arsenal de guerra das tropas do território, ameaçando com tiros de armas de fogo os membros

03:36três, aí é difícil falar aqui um palavrão tão chulo, mas aquela palavra com C,

03:43e alemão, que são as maneiras como eles se referem,

03:46de membros de facções rivais, como Amigos dos Amigos, ADA, e Terceiro Comando Puro, TCP,

03:52além de milicianos, os Meleca e policiais, os KANA.

03:55Uma das letras elogia os menor como soldados bom de guerra,

04:00destaca a precisão de seus disparos e cita modelos de fuzil como a K-62 e G-23

04:06e pistola como o Glock, dizendo expressamente a rivais e a policiais, respectivamente,

04:12que quem entrar no proclamado território do CV leva tiro e, se brotar, a bala vai comer.

04:17Abra o aspas. Olha aí na tela.

04:20Oi, na VK, os menor te acertam, só soldado bom de guerra, que te mira e não te erra,

04:23só a casal na favela, com vários pentão reserva.

04:27Aonde entrar, cês leva.

04:29É bala nos três.

04:31É como fazia um professor lá na minha escola, né?

04:34Nos três.

04:35É bala nos...

04:37Bom, repete.

04:38Outra letra ameaçadora, cita tropas prontas pra guerra em localidade da Cidade de Deus,

05:07chamada de CDD, como Karate, 13 e 15, e o plano de retomar comunidades perdidas pros rivais,

05:13como o Rodo em Santa Cruz e o Batomucho, ou Batou, em Jacarepaguá.

05:17Aspas.

05:19Aí, produção.

05:19Oi que a tropa tá na pista, geral com fuzil na mão, se tentar no Karate vai tomar só rajadão,

05:24se pisar no 15 você vai ficar full, e é só os pitbull de raça, brabo na troca de tiro,

05:30nós tem Glock, tem AK-62 com mira laser, terror dos alemão, é os moleque da 13,

05:34nós vamos voltar pra casa e botar a bala pra comer, retomar o que é nosso e gritar é o CV.

05:39Na CDD só tem bandido faixa preta, tentaram vir pegar o homem e a bala voou,

05:43nós é comando vermelhão de natureza, a meta é voltar pro Rodo e voltar pro Batou.

05:47Fecho aspas.

05:47Outra letra também expressa ódio contra membros das facções AD e TCP,

05:52além de manifestar força bélica com menção a fuzis, inclusive do modelo parafal.

05:57Aspas.

05:58Os TCPU, tá peidando pro bloco dos cria, nós odeia AD e TCP,

06:02desde menor sou comando, nós é relíquia, trem bala dos mano, com os fuzil tudo na pista,

06:06haha, tropa do general com vários parafal, tá dois, tá dois, fecho aspas.

06:11As gírias tá dois, tudo dois e faz o dois são referências no mundo do crime ao CV,

06:16já que a denominação tem somente duas iniciais,

06:19além de o número dois e a letra V serem feitos na mão com o mesmo sinal de dedos,

06:22indicador e médio erguidos.

06:24No palco, como registra um vídeo de show,

06:26MC Pose grita faz o dois, porra,

06:28tem que falar aqui porque,

06:30pra expressar exatamente aquilo que ele disse e a gravidade da fala,

06:37porque ele estava conclamando a multidão presente

06:39a fazer o símbolo do CV em enaltecimento à facção.

06:44Entre os demais vídeos reunidos pela polícia civil,

06:46um deles mostra o funkeiro ostentando o fuzil,

06:48em outro ele aparece atirando pro alto,

06:50em outro ele dança com uma arma na cintura

06:52e em vários outros, tropas de homens do CV dançam com fuzis

06:55empunhados pra cima durante um show de MC Pose na Cidade de Deus.

07:00A gente separou um dos vídeos que mostra o MC Pose andando com homens armados.

07:03Pode soltar a produção.

07:09As postagens da líder da Câmara...

07:38Perdão.

07:39As postagens da líder da bancada do PSOL na Câmara,

07:42deputada federal Talíria Petroni, que é do Rio de Janeiro,

07:45ilustram as diferentes condutas da esquerda

07:48em relação a discursos de ódio da direita e desse funkeiro preso.

07:52Abro aspas.

07:53Precisamos enfrentar com firmeza o discurso de ódio da extrema direita

07:57e regulamentar as plataformas com responsabilização das big techs,

08:01escreveu Talíria em 4 de maio no X relacionando ao direitismo

08:05a ameaça de bomba no show da cantora Lady Gaga em Copacabana

08:08apontada pela Polícia Federal.

08:10No dia 12, Talíria protocolou um projeto de lei para proibir o uso de aeronaves

08:14como plataforma de disparo de armas de fogo,

08:17recurso eventualmente usado em operações policiais.

08:21No dia 19, a socialista começou a coletar assinatura para a criação de uma CPI

08:25que apure a existência de milícias ideológicas,

08:28redes de extermínio com motivações políticas,

08:31articulações de incitação ao ódio em ambientes digitais

08:34e possíveis conexões com agentes públicos e privados

08:37que possam alimentar atividades violentas, antidemocráticas e discriminatórias

08:41em diferentes regiões do país.

08:44No mesmo dia 29, no entanto,

08:46essa suposta desarmamentista, Talíria Petroni, publicou o seguinte no X, aspas.

08:51Prender o MC Pose é mais um capítulo da criminalização da cultura de favela.

08:56O Estado abandona esses territórios, nega direitos e ainda persegue quem canta a realidade.

09:00Ao invés de perseguir fazedores de cultura,

09:02a polícia deveria investigar e responsabilizar quem financia o crime, inclusive a milícia.

09:07Funk não é crime, MC não é bandido, basta de repressão aos nossos artistas.

09:11Fecho aspas.

09:11Tomou uma notinha ali da comunidade no X,

09:14que apontou os motivos reais da prisão do MC Pose.

09:18O Pedro Duarte, que é vereador no Rio pelo Partido Novo,

09:21rebateu no X narrativas de esquerda,

09:23que, como eu falei, buscam camuflar nessas categorias coletivas e genéricas

09:28de favelado, funkeiro e MC,

09:30as quais, obviamente, abrigam milhões de indivíduos não criminosos,

09:35os elementos específicos e comprometedores das condutas individuais do MC Pose.

09:40Abro aspas.

09:41Quando o Pose do Rodo canta

09:43navecar os menores te acertam, etc., e tal,

09:46aonde entrar se esleva,

09:47ele não está cantando sobre a realidade da favela,

09:49muito menos narrando o dia a dia de quem mora lá.

09:52Os moradores de comunidade do Rio de Janeiro

09:53não querem ter um acazão, muito menos pentão reserva.

09:56São reféns desses bandidos,

09:58muitas das vezes protegidos por supostos defensores do Estado Democrático de Direito.

10:02Existe Estado Democrático de Direito na favela,

10:04onde, se entrar, se esleva?

10:07Só soldado preparado,

10:08os menores descontrolados,

10:09se os canos abrotarem,

10:10a bala vai comer.

10:11Não diz respeito às dificuldades que um morador da favela

10:14tem de se locomover pela cidade

10:15ou de ter um emprego formal.

10:17Estamos lidando com propaganda pura e simplesmente.

10:20Não vamos conseguir, enquanto sociedade,

10:22enfrentar grupos armados que controlam a vida de 3 milhões e 700 mil cariocas

10:27se tivermos dificuldade de chamar o que esses artistas fazem pelo nome,

10:31apologia.

10:32Estamos falando de uma máquina de recrutamento para o crime,

10:35de letras enaltecendo assassinos de policiais,

10:37escancarando quais comunidades que eles querem tomar

10:39e glorificando diversas modalidades de crimes.

10:42Funciona como uma verdadeira máquina de propaganda das facções,

10:46conquistando corações e movimentando milhões de reais,

10:48dinheiro esse que tem origem para lá de suspeita.

10:51Um exemplo claro da linha que tem de ser traçada

10:53é o que ocorreu na última segunda-feira, 19 de maio,

10:56na Cidade de Deus.

10:58Mataram o policial da CORE,

10:59que é a Coordenadoria de Recursos Especiais,

11:01Tropas de Elite da Polícia Civil,

11:02José Antônio Lourenço.

11:04Sabe o que MC Pouso tem a dizer sobre isso?

11:06E aí ele cita um verso.

11:08Aspas.

11:08Na CDD, Cidade de Deus,

11:10só tem bandido faixa preta.

11:11Tentaram vir pegar o homem e a bala voou.

11:14É o CV, etc.

11:15É fast-vast.

11:16Isso é arte.

11:16Qual o argumento para dizer que esse trecho é arte?

11:19O primeiro passo para perdermos a guerra,

11:21não nos iludamos quanto a isso, estamos numa guerra,

11:23é normalizar o absurdo

11:24e permitir que nossa sociedade continue sendo envenenada

11:27com essa propaganda vil, assassina

11:29e que pisa em todos os valores da nossa sociedade.

11:32Chega.

11:32Temos de traçar uma linha entre a civilização e a barbárie

11:34nessa luta,

11:35pois escolheu o seu lado.

11:37Fecha o aspas.

11:38E aí eu fiz uma reflexão no antagonista.

11:41O verbo criminalizar,

11:42usado estrategicamente ao longo da última década

11:45para dar a políticos acusados de corrupção

11:47ares de vítima de perseguição política,

11:49também é usado para dar a indivíduos ligados a facções criminosas

11:53ares de vítima de perseguição policial,

11:55preconceito social e racismo,

11:57a despeito de seus elos e condutas individuais.

12:00O objetivo dessa estratégia é comover as autoridades responsáveis pelo caso,

12:05arregimentando apoio nas camadas da população

12:07que se identificam com alguma característica

12:09que tenham em comum com os alvos,

12:11para que se sintam atingidas por tabela

12:13e saiam em sua defesa,

12:15gerando maior pressão sobre aquelas autoridades.

12:18No entanto,

12:19assim como quem criminaliza a política

12:20muitas vezes são políticos que cometem crimes,

12:23como corrupção,

12:24lavagem de dinheiro e peculato,

12:26quem criminaliza a cultura da favela

12:28muitas vezes são indivíduos que,

12:30diferentemente dos moradores cumpridores da lei,

12:33cometem crimes na favela

12:35e ou fazem propaganda criminosa

12:37do cometimento e dos autores de crimes,

12:39criando e entoando hinos e gritos de guerra

12:41que os glorificam

12:42e ajudando assim no recrutamento de menores de idade para a facção.

12:46Facções como o CV dominaram favelas do país

12:48em razão da omissão e da cumplicidade históricas do Estado,

12:51mas nenhuma delas,

12:52enquanto a apologia for um tipo penal,

12:54serve de argumento para eximir de responsabilidade

12:57os fazedores da cultura do crime,

13:00ou mais especificamente da chamada narcocultura,

13:03nem para condenar autoridades do Estado

13:05por correrem atrás do tempo perdido

13:06no combate ao Estado paralelo,

13:08esse que impõe as suas próprias leis antidemocráticas,

13:12impedindo, inclusive, a liberdade de ir e vir.

13:15Então, a ideologia declarada de esquerda

13:18vem corrompendo a moralidade comum

13:20ao colocar todos os moradores de favela

13:23no mesmo balaio de propagandistas de assassinos,

13:26sequestradores, extorsionistas,

13:28torturadores e ladrões,

13:30quando não desses mesmos,

13:32que, em vez de buscar um emprego dentro da lei,

13:34como fazem milhões de pessoas de baixa renda

13:35sob o seu julgo,

13:37escolhem o atalho do mundo do tráfico

13:39para conquistar rapidamente poder armado e dinheiro sujo,

13:42mesmo que reduzam a própria expectativa de vida.

13:44Pela lei, não existe liberdade

13:47de defender publicamente um crime

13:48ou elogiar um criminoso

13:50tratando ações ilegais

13:51como se fossem aceitáveis

13:53ou dignas de admiração.

13:55Apologia da cadeia

13:56e, no mínimo, merece repúdio.

13:58Seja ela a apologia de golpe de Estado,

14:01seja ela de assassinato dos canaã.

14:04Tudo a texteira.

14:05A gente lê essas letras de músicas

14:09e até o pessoal do chat aqui

14:12estava falando, o Machado de Assis revirou no túmulo,

14:15porque mostra uma cultura completamente diferente

14:21e a gente vê claramente

14:22que tem realmente apologia

14:25a várias atitudes criminosas,

14:28de glorificação da violência,

14:32diz ali que as pessoas têm mais

14:33que atacar mesmo as outras gangues,

14:36atacar policial,

14:38tem ali uma questão também de uso de drogas,

14:41são várias coisas, né?

14:42Menores de idade,

14:44é uma lista

14:45que já tem tipificação, né?

14:49Você, a legislação brasileira,

14:51o Estatuto da Criança e do Menor

14:53e do Adolescente,

14:55já trazem essas coisas todas, né?

14:58Falta cumprir a lei.

15:00A gente,

15:02quem não está nesse universo,

15:05de repente pode até achar bacana, né?

15:07Puxa, olha lá,

15:09eu sou meio rebelde mesmo,

15:11gostei da música,

15:12esse som, não sei o que.

15:14Agora, imagina a vida,

15:16o dia a dia de quem está nessas comunidades, né?

15:19Sujeita a esse tipo de cultura.

15:22Como é que é viver dentro de uma favela dessa?

15:26Porque essas músicas são usadas de uma maneira

15:29para recrutar esses menores, né?

15:32Você cria ali uma ideia de que você não vai,

15:35não adianta você estudar,

15:37trabalhar,

15:38ter uma vida ordinária, né?

15:41É muito mais legal você fazer

15:43essas coisas que a gente está promovendo, né?

15:47E aí você entra numa sociedade que está de cabeça para baixo, né?

15:55E aí, imagina você sair de casa numa comunidade dessa, né?

16:01Você está sempre atemorizado, assustado,

16:05não sabe o que vai acontecer.

16:07Então, até um tempo atrás,

16:10falava-se muito de uma lei anti-Oruan, né?

16:13Que era para impedir esse tipo de conteúdo

16:17nas letras das músicas.

16:19Agora, já existe muita coisa na lei que já proíbe isso, né?

16:24O que a lei anti-Oruan estava propondo

16:26era mais você impedir que recursos públicos

16:29fossem usados para shows, desse tipo de coisa.

16:33Agora, como eles estão metidos também com narcotráfico e tal,

16:36dinheiro também não falta para essa gente.

16:39Ricardo Kertzmann, rapidamente,

16:41mas se quiser pode continuar no próximo bloco.

16:45Olha, Felipe, essa indignação seletiva,

16:48esse duplo padrão moral da esquerda, não é novo.

16:50A gente aponta isso com relativa frequência e há muito tempo.

16:54A esquerda, tradicionalmente, Felipe,

16:57sempre gostou de relativizar,

16:58sempre gostou de romantivizar

17:00aqueles chamados crimes de menor potencial ofensivo.

17:06Historicamente, menores infratores, por exemplo,

17:09sempre tiveram, por parte da esquerda, a seguinte mensagem.

17:13Olha, vocês podem cometer crimes porque vocês precisam de acolhimento,

17:18vocês não precisam de punição.

17:20Só que eles esquecem que esses menores infratores,

17:23eles crescem, eles deixam de assaltar as pessoas com um canivete nas mãos

17:27e passam a portar fuzis R-15.

17:30Que já é grave.

17:32Como?

17:33Que já é grave, né?

17:34Assaltar as pessoas com um canivete na mão.

17:36É que parece que é...

17:38Porque a esquerda naturaliza isso, né?

17:40Chama dos inimputáveis.

17:42Sim, sempre romantizou,

17:44sempre disse que esses meninos, entre aspas,

17:47precisavam de acolhimento,

17:48precisavam de proteção da sociedade,

17:51não de punição.

17:52Só que esses menores, Felipe, infratores,

17:56deixaram os canivetinhos de lado e passaram a portar fuzis R-15.

17:59Quando você tem uma parlamentar de esquerda

18:02defendendo a apologia ao crime organizado,

18:07defendendo a apologia ao tráfico de armas,

18:10ao tráfico de drogas,

18:11você está dizendo mais ou menos o seguinte,

18:14olha, vamos condenar mais uma geração

18:16a esse tipo de ambiente.

18:18Porque esse tipo de conteúdo, essas letras,

18:22elas acabam, sim, cativando crianças,

18:25acabam cativando adolescentes

18:26e levando essas pessoas para o crime.

18:29Os aviõezinhos do tráfico, por exemplo.

18:31Esse tipo de apologia, Felipe,

18:33a gente tem que lembrar a todo momento

18:34que a gente está dizendo que eles estão dizendo o seguinte,

18:38olha, é glorioso, é bonito, é heróico

18:42você assassinar pais de família, policiais,

18:45que vão defender as pessoas que moram nas comunidades.

18:49Não tem essa de dizer que a comunidade,

18:51que isso é uma cultura da comunidade.

18:53Não, vocês já falaram muito bem.

18:55A maior parte das comunidades está subjugada

18:58ao crime organizado.

19:00E aí, quando você tem um policial

19:01que vai a uma operação

19:03para poder tentar minimizar um pouco esse problema,

19:07a letra da música diz o seguinte,

19:09pode atirar para matar, isso é bonito.

19:11Ou seja, esse romantismo, mais uma vez,

19:15essa relativização de um crime,

19:17é inaceitável, Felipe.

19:18Agora, o pior é que boa parte desse conteúdo

19:21é distribuído em redes sociais,

19:24é distribuído em plataformas audiovisuais,

19:27e nesse momento, daí vem essa seletividade,

19:30vem essa indignação seletiva,

19:32porque a gente não encontra a esquerda

19:34querendo regular mídias,

19:35querendo regular plataformas

19:37que fazem, que propagam

19:38esse tipo de apologia ao crime.

19:40Pois é, e vamos falar aqui

19:44em versos de qualidade,

19:48porque para descrever isso,

19:49nada melhor do que os versos

19:50do Paulo César Pinheiro,

19:52um grande compositor popular,

19:54na música Nomes de Favela,

19:56que é uma música que brinca,

19:58mas ao mesmo tempo denuncia,

20:01o que aconteceu com as favelas,

20:04brincando com os nomes de cada uma.

20:07Então, fala que o galo já não canta mais

20:08no cantagalo, a água já não corre mais

20:10na cachoeirinha,

20:11menino não pega mais manga na mangueira,

20:14e agora, que cidade grande é a Rocinha.

20:17E aí, o segundo parágrafo termina

20:19com a menção à cidade de Deus,

20:20a segunda estrofe,

20:22ninguém faz mais juras de amor no juramento,

20:24ninguém vai-se embora do morro do adeus,

20:25prazer se acabou lá no morro dos prazeres,

20:28e a vida é um inferno na cidade de Deus.

20:30E o refrão, não vou ler aqui a letra inteira,

20:34é a síntese de tudo que eu estou falando aqui.

20:38Não sou do tempo das armas,

20:39por isso ainda prefiro ouvir o verso de um samba

20:42do que escutar som de tiro.

20:44Essa música é excelente,

20:47gravada e cantada nas rodas de samba do Rio de Janeiro

20:50pelo Moisés Marques,

20:52um sambista ali bem lapiano,

20:53da região da Lapa,

20:55sempre cantando ali nos bares e rodas locais,

20:57e é um lamento, mas uma constatação

21:01desse absurdo que se tornou a vida

21:04em determinadas favelas,

21:06em determinadas comunidades,

21:08controladas por facções criminosas.

21:12E essas favelas e comunidades

21:14muitas vezes são as mesmas,

21:15de onde saíram grandes profissionais,

21:18grandes artistas,

21:20grandes jogadores de futebol,

21:22quer dizer, grandes atletas

21:23em diversas modalidades.

21:25Então, a gente está falando de uma cultura

21:28que já teve cartola da Mangueira,

21:31que compôs As Rosas Não Falam,

21:33O Mundo é um Moinho,

21:34grandes letras que fazem a história

21:37da música popular brasileira.

21:39E hoje está lá,

21:40nós é do comando vermelhão,

21:43da natureza,

21:44tomar o território e gritar,

21:46é o CV.

21:47Então, você tem um momento

21:48do Rio de Janeiro,

21:53principalmente,

21:54desse controle territorial

21:56por facções criminosas,

21:59que é um momento muito grave.

22:00E essas facções estão gerando,

22:03realmente, uma cultura do crime.

22:05Não é a cultura da favela,

22:07ela pode se tornar,

22:08por imponência,

22:11por onipotência,

22:12a cultura da favela,

22:15o que é lamentável,

22:17porque a cultura da favela

22:20já nos deu

22:21grandes alegrias,

22:23grandes artistas,

22:24grandes profissionais,

22:25que jamais legitimaram

22:27ou incentivaram o crime

22:29de determinada maneira.

22:32Ou que se o fizeram,

22:33evidentemente,

22:33foram criticados por isso

22:34na ocasião,

22:35mas não fizeram disso

22:36a sua carreira

22:37na propaganda da criminalidade.

22:39Então, é preciso

22:40chamar a atenção disso.

22:42Já escrevi um monte

22:43de artigos,

22:44já fiz um monte

22:45de vídeos,

22:46programas,

22:46gravações,

22:47podcast aqui,

22:48inclusive,

22:48com o ex-capitão de BOP,

22:50e mostrando

22:51que muito se fala

22:53em defesa da democracia,

22:54como a gente tem apontado aí,

22:57criticando a hipocrisia

22:59de autoridades

23:00do poder executivo,

23:02legislativo

23:03e, principalmente,

23:04da cúpula

23:04do poder judiciário.

23:06Agora,

23:06essa defesa da democracia,

23:08ela nunca é

23:09relacionada

23:10com a defesa

23:11do território brasileiro,

23:13onde os cidadãos

23:14possam ir e vir,

23:15onde as leis

23:17que valem

23:18no restante do país

23:20precisam valer também.

23:22Então,

23:22esse é um dos maiores

23:23problemas do Brasil

23:24e isso tem sido apontado

23:26pelos cidadãos brasileiros

23:27nas pesquisas.

23:28Duda Teixeira,

23:29a gente tem visto

23:29o resultado detalhado

23:30das pesquisas.

23:31A maior preocupação

23:32é criminalidade

23:33e, principalmente,

23:34agora,

23:34com o roubo dos aposentados,

23:35voltou a ser,

23:36e não é que voltou a ser,

23:38voltou a aparecer

23:39lá no alto

23:40a corrupção,

23:41que está ali

23:41sempre latente

23:42como uma preocupação

23:43das pessoas

23:44de estarem sendo roubadas,

23:46para além,

23:46efetivamente,

23:47daquele roubo

23:48cometido com armas,

23:49como a gente vê

23:49nas ruas

23:50e nessas favelas.

23:52E, se a gente olhar

23:52as pesquisas anteriores,

23:53é corrupção

23:54e criminalidade,

23:55sempre os dois

23:56temas principais

23:57do Brasil.

23:58E essas pessoas

23:59que moram

24:00nessas comunidades

24:01não podem ser

24:02deixadas de lado.

24:03Elas precisam

24:04ser socorridas,

24:05precisam ter

24:06um Estado

24:07que cuide

24:07delas

24:08e recupere

24:09esse território.

24:10O Brasil não podia

24:11ficar indiferente

24:12a esse tipo de coisa.

24:13be Sims.

24:17Becomes.

24:18Becomes.

24:18Be ducks.

24:19Becomes.

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