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O Festival Internacional de Cinema de Veneza 2025 enfrenta críticas pela ausência de filmes latino-americanos na seleção oficial. O diretor do evento, Alberto Barbera, atribuiu a exclusão à destruição de políticas culturais promovida por Jair Bolsonaro e Javier Milei, que, segundo ele, enfraqueceram o cinema autoral no Brasil e na Argentina. Nenhum longa dos dois países foi selecionado para a 82ª edição, que contará com nomes como Noah Baumbach, Kathryn Bigelow e Guillermo Del Toro. Josias Teófilo comentou o assunto.
Apresentador: André Marinho
Entrevistado: Josias Teófilo

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Transcrição
00:00...dar o start nesse próximo bloco aqui, repercutindo a nova polêmica do mundo audiovisual, hein?
00:06E a declaração de Alberto Barbera, ele que é diretor do Festival de Veneza, pessoal,
00:11um dos mais importantes do calendário cinematográfico, tá?
00:14O Barbera, ao qual a gente se refere aqui, culpou o ex-presidente Jair Bolsonaro, sempre eu aqui,
00:20e o atual líder argentino El Peluca, Javier Milley,
00:24pela baixa quantidade de filmes latinos na edição desse ano do festival.
00:27Então, vamos receber aqui o cineasta, tinha que ser ele, obrigado por estar aqui,
00:32o cineasta, comentarista oficial de todos os temas culturais, audiovisuais, por que não?
00:38Josias Teófilo, meu amigo Josias Teófilo se juntando a nós para falar sobre essa declaração, no mínimo, curiosa, né, Josias?
00:45Eu quero, antes da gente dar sequência aqui, é importante a gente trazer essa contextualização também,
00:52agora sim, pontualmente, para todos os ouvidos atentos, de todo mundo sintonizado na rede Jovem Pan de Rádio,
00:56também, tema da vez, é que o diretor, né, do Festival de Veneza, pessoal,
01:01atribuindo a ausência de produções latinas a ninguém mais, ninguém menos que Bolsonaro e Milley.
01:06Vai que a sua, Josias Teófilo, que com a gente, Josias Teófilo,
01:09será que, na verdade, é uma xenofobia travestida de político,
01:13é a intolerância dos autoproclamados tolerantes? Vai que a sua.
01:18Pois é, olá pessoal, olá André, eu achei uma declaração completamente absurda, pelo seguinte,
01:28na verdade, o sistema brasileiro está passando por um grande momento em festivais internacionais, né,
01:33então, o Brasil ganhou o Leão, o Urso de Prata, no Festival de Berlim,
01:39ganhou o Oscar pela primeira vez, né, com o filme Eu ainda estou aqui, de Walter Salles,
01:47depois ganhou vários prêmios com o Agente Secreto, de Cleber Mendonça Filho,
01:52inclusive, Wagner Moura também ganhou o prêmio, então, na verdade, se a gente for ver,
01:58eu acho que o governo Bolsonaro fez bem para o cinema brasileiro, viu,
02:01e eu digo pelo seguinte, é, claro, ele tinha uma retórica totalmente contra o cinema,
02:07contra o audiovisual, contra a cultura de uma forma geral, contra as leis de incentivo,
02:11o que foi um problema seríssimo, porque ele fez uma gestão perfeitamente nula na cultura,
02:17quem geriu a cultura, na verdade, foi a esquerda através do Congresso Nacional, né,
02:22com a lei Paulo Gustavo e a lei Aldir Blanc, mas a lei Rouanet e a lei do audiovisual,
02:28que são usadas para fazer filmes, elas continuaram funcionando, e funcionaram bem,
02:34porque, é, acho, muito, ela chegou ao ápice de captação, né,
02:41então, essa fala de que Bolsonaro atrapalhou a produção audiovisual não é verdadeira,
02:46e eu acho que foi exatamente o contrário, porque Bolsonaro começou a questionar
02:51a produção e financiamento de cultura, né, como ninguém tinha feito antes, né,
02:56se você for ver todos os outros presidentes, até o Michel Temer,
02:59tinham tido uma retórica, assim, bem a favor das leis de incentivo,
03:02isso nunca havia sido questionado, e isso parece que deu um impulso ao cinema brasileiro,
03:08e começou a ganhar prêmio, e começou a fazer sucesso no mundo,
03:11e ganhou seu primeiro Oscar, então, eu acho que mesmo tendo sido feito contra Bolsonaro,
03:16isso foi um incentivo, e, aliás, vale uma reflexão, viu,
03:20uma ditadurazinha ajuda muito a criação artística, viu,
03:24eu estava lembrando da fala do Murilo Couto aqui,
03:28que como a produção da MPB foi fértil na época da ditadura,
03:34os melhores filmes brasileiros foram feitos na época dos governos militares,
03:39com a Embrafilme, entendeu, então, parece que a pressão do governo,
03:45os artistas dão uma melhorada aí na produção,
03:49eu, uma vez, eu vi de um gênio chamado Emílio Surita,
03:53ele me disse assim, olha, artista só cria quando está por baixo,
03:57quando está mal, aí ele vai lá e cria e faz um monte de coisa boa,
04:01porque se tiver muito favorável à situação, ele não cria, não,
04:05então, eu achei muito interessante isso,
04:08agora, por outro lado, a seleção do festival de Veneza desse ano está muito interessante,
04:15apesar de não ter filmes brasileiros, nem argentinos,
04:19e da declaração imbecil do seu diretor, Alberto Barbera,
04:23a seleção está muito boa, tem filmes de François Alzon,
04:27que é um excelente cineasta, fez alguns dos mais importantes filmes recentes do cinema francês,
04:33inclusive France, que é um filme de 1916,
04:36que é um dos melhores filmes da Segunda Guerra,
04:39tem filme de Guilherme Del Toro, Jim Jarmusch,
04:42olha, está um espetáculo, viu,
04:45É, pelo visto, o tapete vermelho de Veneza virando palanque vermelho de Veneza,
04:51né, de qualquer forma, mostrou realmente, sinceramente, infantil,
04:54tentar atrelar uma coisa à outra, né, Josias, pelo amor de Deus,
04:57até porque, até onde me consta, o Bolsonaro já está fora do poder, o quê?
05:00Há três anos, então, vamos aqui com o Mano Ferreira para a próxima pergunta, fica à vontade.
05:04Polêmico, Josias, hoje, né?
05:06Polêmico, Josias, cuidado com o corte, Josias, eu entendi o que você falou,
05:09até porque até me identifiquei, quando o cara está arriado ali,
05:12aquela coisa da superação, o cara fica mais criativo, talvez,
05:15pelo esse senso de urgência, né, mas, enfim, vamos seguindo adiante aqui.
05:19Eu queria entender, o argumento do Josias é que uma dosezinha de autoritarismo
05:24geraria um aumento da produção cultural.
05:28Nessa leitura, problemas de liberdade de expressão,
05:33como muita gente entende que o Brasil está vivendo hoje,
05:38está impulsionando a cultura brasileira, na tua visão?
05:41Então, o pessoal da cultura tem que agradecer
05:46as pessoas que são acusadas de censores?
05:51É, olha, é o seguinte, é claro que a gente não vai defender ditadura
05:54para ver umas obras de arte interessantes,
05:57mas eu acho que tem, sim, alguma coisa a ver.
05:59Eu vou dar um exemplo.
06:00Na União Soviética, a censura, até referências a Deus,
06:06era comum no meio artístico,
06:09porque o ambiente era totalmente estatizado, né?
06:12Então, os religiosos foram perseguidos durante muito tempo, né,
06:17e artistas não podiam fazer obras religiosas,
06:20que iam ser consideradas burguesas e relacionadas à época do Império, etc.
06:26Então, foi nesse contexto que foi criada a obra mais religiosa
06:31da história do cinema, que é a obra de Andrei Tarkovsky.
06:35E observe que Tarkovsky nasceu na época de Stalin,
06:37viveu na época do degelo e morreu ainda antes do fim da União Soviética.
06:42Então, ele produziu uma obra profundamente religiosa
06:46num ambiente totalmente arreligioso.
06:49Então, eu acho que existe, sim, uma relação entre ditadura e criatividade.
06:55Agora, eu não vou defender ditadura por causa disso.
06:57Evidentemente, isso não faz o menor sentido, né?
07:00Para ver umas obras de arte interessantes, não, não é possível.
07:04Mas eu acho que dá para agradecer, sim,
07:07porque a gente está vivendo um momento também, por outro lado,
07:10um momento criativo no Brasil.
07:12Só que essa criatividade, eu tenho conhecido muita gente que escreve muito bem,
07:16que tem composto, que tem feito livros excelentes,
07:20só que isso ainda não chegou nos canais oficiais.
07:23Então, eu acho que esse momento confuso que a gente está vivendo
07:27é também um momento criativo nesse sentido que eu estou falando.
07:31É isso aí, feita aí essas observações.
07:34Doutora Luciana Nepomisseno, quer fazer a pergunta? Fica à vontade.
07:37Na verdade, eu queria fazer só uma colocação, Josias, para você.
07:40O momento criativo, para mim, não decorre de reflexos de épocas ditatoriais
07:50ou de crises políticas, e sim de um investimento na cultura do nosso país.
07:57O que aconteceu no Festival de Veneza, na minha análise,
08:01foi mistura da cultura com uma justificativa política
08:06que nem se faz presente mais, porque o governo já mudou
08:09e nós mudamos, inclusive, o espectro político.
08:12Agora, essa associação de que a cultura se desenvolve
08:16a partir de um influxo, de uma crise,
08:19ou seja, fazer essa vinculação,
08:22eu entendo ser um tanto quanto perigosa,
08:25porque, ainda que seja um startar reflexivo,
08:28você depende de investimentos públicos e privados
08:32para que isso aconteça.
08:33Tal como nós vimos, e você mesmo citou,
08:36vários filmes que foram premiados,
08:40o Oscar que nós recebemos,
08:42em decorrência dessa atividade que está sendo desenvolvida
08:46e também está sendo incentivada pelo nosso governo.
08:51Josias, a vontade.
08:52O Oscar...
08:53Opa, só um detalhe.
08:55O Oscar foi o...
08:56Ainda estou aqui.
08:57É um filme que foi feito todo com investimento privado.
08:59Então, só esse detalhe, porque, na verdade,
09:03muitos dos filmes brasileiros que fazem sucesso,
09:07eles, infelizmente, não tiveram financiamento público
09:11ou tiveram uma parcela pequena de financiamento público,
09:14como Cidade de Deus, como Tropa de Elite.
09:17Então, o cinema depende, sim, do Estado.
09:21É verdade.
09:23Mas o Estado tem produzido uma falta de criatividade,
09:29uma certa estatização excessiva
09:31que limita, realmente, a criatividade da produção artística.
09:36E o resultado é que alguns dos principais filmes
09:39que foram feitos, que fizeram sucesso no exterior,
09:42foram feitos sem recursos públicos,
09:45o que compromete um pouco essa visão
09:47de que é o Estado que deve apenas financiar.
09:50Agora, existe um projeto de lei
09:53que obriga os streamings a reinvestir parte
09:58do que eles lucram no Brasil na produção local.
10:02Eu acho que isso faz muito sentido
10:04em uma forma um pouco mais descentralizada
10:07de produção artística,
10:09e, principalmente, cinematográfica,
10:11que é uma coisa muito cara.
10:14Séries e filmes...
10:15Como eu já falei aqui,
10:17eu acho que o grande gargalo do cinema brasileiro
10:19são séries de ficção.
10:20Porque a gente tem muitas séries de documentários boas
10:24que fizeram sucesso no mundo,
10:25mas não séries de ficção, infelizmente.
10:28José Esteófilo, somos seus fãs.
10:30Obrigado pela presença aqui,
10:31sempre agregando e muito.
10:33Obrigado.
10:34É isso aí, meus amigos e minhas amigas.
10:36Seguimos...

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