A Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) alerta que o tarifaço imposto pelos Estados Unidos pode causar uma retração de até R$ 175 bilhões no PIB brasileiro e eliminar mais de 1,3 milhão de empregos no país. A entidade estima uma queda de 1,49% na atividade econômica a longo prazo. Alan Ghani analisou. Reportagem: Rodrigo Costa Comentarista: Alan Ghani
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00:008 horas e 51 minutos, vamos seguir falando de tarifás e dos reflexos que ele pode ter para a economia.
00:05Um estudo da FIENG projeta que o PIB brasileiro pode registrar perda de até 175 bilhões de reais
00:12caso a taxação anunciada por Donald Trump entre em vigor a partir de 1º de agosto.
00:18Ao vivo, direto do interior de Minas Gerais, Rodrigo Costa tem as informações para a gente e detalha esse levantamento.
00:25Oi Rodrigo, bom dia para você.
00:26Bom dia Soraya e a todos que acompanham o Jornal da Manhã.
00:31Esse estudo foi divulgado nesta segunda-feira, é bastante completo e mostra que haverá uma retração de 1,49%
00:39na atividade econômica a longo prazo, de 5 a 10 anos, e que a perda estimada é de mais de 1 milhão e 300 mil empregos.
00:47Há também queda prevista de quase 5 bilhões de reais na arrecadação no período.
00:53No curto prazo, de 1 a 2 anos, o impacto é de 47 bilhões de reais, com perda acima de 538 mil postos de trabalho.
01:03Haveria também uma redução de 1 bilhão e 300 milhões de reais na arrecadação federal.
01:09A FIENG mostra também que o impacto poderia ser ainda maior em um cenário hipotético de dupla retaliação,
01:15com tarifas chegando ali a 100% e redução nos investimentos estrangeiros diretos no Brasil.
01:22A FIENG está preocupada também aqui com Minas Gerais.
01:24Nós somos o estado hoje que ocupa a terceira posição entre os estados que mais exportam para os Estados Unidos.
01:31Com 4,62 bilhões de dólares em produtos embarcados em 2024, cerca de 2,3% do PIB estadual, do PIB de Minas Gerais.
01:42Os principais itens da pauta mineira são o café, 33,1% de exportações para os Estados Unidos, o ferro e o aço, máquinas e materiais elétricos também.
01:53Regiões como a Sul, Central e Vale do Aço, aqui no Minas Gerais, concentram a maior parte das exportações,
02:00com destaque para municípios como Guaxupé, Varginha, Sete Lagoas e Belo Horizonte.
02:05A FIENG defende uma solução diplomática para evitar a entrada em vigor da tarifa, Soraya.
02:12Obrigada, Rodrigo Costa, pelas suas informações.
02:16Nosso analista de economia, Alan Gani, já está por aqui para a gente repercutir esses dados da FIENG.
02:22E basicamente, né, Gani, bom dia para você, o que a gente vem falando, né, que essa solução vai muito pela diplomacia, né,
02:29que essa retaliação seria um reflexo, um impacto muito pior para o Brasil, né.
02:34Exatamente, Soraya, bom dia a você, bom dia, Nonato, bom dia a toda a nossa audiência.
02:38Veja que o estudo da FIENG, esse levantamento que fizeram, considera apenas o tarifaço dos Estados Unidos de 50% contra o Brasil.
02:48O impacto de R$ 175 bilhões, que equivale mais ou menos a 1,5% do PIB distribuído ao longo dos anos.
02:57Agora, se o Brasil escalar e não for pela via diplomática, ou seja, também aplicar a tal das tarifas recíprocas,
03:08aí o impacto pode ser muito maior.
03:10À medida que as nossas importações vão se tornar mais caras, e aí tem um problema.
03:17Muitas indústrias aqui no Brasil dependem de insumos, matérias-primas, tecnologia, equipamentos dos Estados Unidos.
03:27Então, para o processo produtivo, ou seja, para a indústria aqui nacional expandir, crescer, vender internamente,
03:34ou vender para outros países, depende de tecnologia norte-americana.
03:40Portanto, a pior escolha seria aplicar a tal das tarifas recíprocas, porque daí o impacto no PIB poderia ser ainda maior.
03:51Agora, Alangane, o presidente Lula chegou a dizer que a gente ainda não está numa guerra comercial com os Estados Unidos,
03:57porque o Brasil ainda não negociou, ainda tem um prazo aí para começar essa conversa.
04:02Ele está se apegando apenas ao prazo, ao 1º de agosto, ou efetivamente a gente já está aí numa guerra comercial com os americanos,
04:11a partir da intenção do Trump?
04:13Olha só, quando a Rússia invadiu a Ucrânia e a Ucrânia não revidou, a gente já falava em guerra, tá certo?
04:20Então, mesmo que tenha ocorrido uma reação unilateral dos Estados Unidos contra o Brasil,
04:27dá para falar, sim, que a gente está numa guerra comercial, a gente não reagiu, ainda bem com tarifas recíprocas.
04:35Mas é claro que isso já traz muita preocupação aqui para o Brasil.
04:41Veja, 1º de agosto é o prazo, as negociações não avançaram, as sinalizações são ruins até agora,
04:49existe todo um problema comercial e isso traz também, Nonato, reflexos quanto aos investimentos,
04:56porque o investidor, principalmente o investidor norte-americano,
05:00quando um país está em atrito com outro, ele fica com receio de colocar o dinheiro aqui no Brasil.
05:05E vamos lembrar que os Estados Unidos são o nosso principal parceiro de investimentos.
05:10é o país que mais coloca dinheiro dentro do Brasil e é o segundo na questão do comércio,
05:16ou seja, o Brasil tem uma relação, primeiro, de exportação com a China e depois com os Estados Unidos.
05:24Portanto, a situação é preocupante e dá para a gente falar, sim, que a gente está numa guerra tarifária, infelizmente.