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Neste episódio de estreia do podcast Degusta, produzido pelo jornal Estado de Minas, a jornalista Celina Aquino conversa com Lora, do tradicional Bar da Lora, um dos pontos mais emblemáticos do Mercado Central de Belo Horizonte.
Lora relembra sua trajetória no universo da gastronomia mineira, compartilha bastidores do bar e prepara ao vivo seu clássico prato de fígado com jiló, símbolo de sabor e identidade local.
Agradecimento especial a Raquel Guerra, da Marble Design, por disponibilizar as peças que compõem a mesa do podcast.
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#Degusta #BarDaLora #EstadoDeMinas #MercadoCentralBH
Lora relembra sua trajetória no universo da gastronomia mineira, compartilha bastidores do bar e prepara ao vivo seu clássico prato de fígado com jiló, símbolo de sabor e identidade local.
Agradecimento especial a Raquel Guerra, da Marble Design, por disponibilizar as peças que compõem a mesa do podcast.
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Categoria
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Estilo de vidaTranscrição
00:00Olá, sejam todos muito bem-vindos a essa mesa. Eu sou a Celina Aquino, eu sou a jornalista
00:07responsável pelo conteúdo de gastronomia do jornal Estado de Minas e esse é o episódio
00:12de estreia do podcast Degusta. Aqui nessa mesa a gente vai ter sempre um convidado para
00:18bater um papo com a gente, a gente vai ter dicas de lugares para você conhecer em Belo
00:23Horizonte e vamos ter comida, claro, porque um podcast de gastronomia sem ter o que comer
00:28não tem como, né? Então vamos ter comida aqui também nessa mesa. Então junte-se a
00:34gente, sente-se aqui com a gente nessa mesa que o episódio já vai começar. E no
00:39cardápio de hoje temos uma mulher que faz história na gastronomia de Belo Horizonte.
00:46Ela é a primeira mulher a ter um bar no Mercado Central. Ela prepara um dos pratos
00:53mais icônicos aqui da cidade, que todo mundo que vem aqui tem que comer. E ela com
00:58todo o seu carisma, sua simpatia, faz com que as pessoas disputem um espacinho em pé
01:04para poder comer e beber lá no mercado. Sabe de quem eu estou falando? Da Loura, a Elisa
01:11Fonseca do Bar da Loura. Seja muito bem-vinda ao nosso programa, Loura.
01:16Prazer é meu, né? Muito obrigada pelo convite. Sou sempre às ordens, né? E assim, eu
01:22fiquei muito odiada de ter sido convidada e estrear o programa, né? Então, estamos aqui
01:29firme e forte.
01:30Que bom, nós que agradecemos. Obrigada mesmo. E pra começar, eu já quero entender então
01:36esse seu apelido Loura. De onde que vem esse apelido? É um apelido de infância ou isso
01:42veio depois do que o bar já existia? Me conta um pouco.
01:46Ó, o bar tem 52 anos, né? Era do meu pai. Meu pai trabalhou lá 30 anos. Tem 22 anos
01:52que eu estou na frente do bar. O bar chamava Lumapa Bar, que era Lucas, Márcio e Paulo.
01:57Meu pai, meu tio e meu primo. Que era Lucas, Márcio e Paulo. Mas todo mundo, eu cheguei lá,
02:05todo mundo, ah, tô no bar do tipo Paulinho, tipo Paulinho, tipo Paulinho. Era meu pai.
02:08Meu pai falou que queria aposentar. Eu falei, então vou trabalhar lá. Você tá doida?
02:12Mulher não trabalha em bar no mercado. Falei, sempre tem a primeira. Cheguei lá, eu não
02:16sabia o que que era homem, assim, de boteco, cerveja, cigarro, porque eu quase não bebo.
02:22Aí eu falei assim, gente, eu não dou conta disso, não. Aí todo mundo chegava, ficava
02:26assim, e essa mulher aí? Eu coloquei o avental, um bonézinho, todo mundo, que mulher é
02:33essa? Que mulher é essa? Aí eu falei, gente, será que eu vou dar conta? E assim, fui
02:37muito boicotada, todo mundo falou que eu não ficaria lá três meses. Todo mundo me
02:43criticava, ria, sabe? Falava assim, nossa, mulher no mercado, atrás de um balcão? Porque
02:48tinha no Casa Cheia, que é um restaurante, a Dona Maria, mas ela, tinha os filhos dela,
02:54mas era um restaurante, não era boteco, tomar em pé, né? Atrás de um balcão. Falei, ah,
02:59vou na fé. E hoje eu não me vejo hoje no mercado mais atrás, não me vejo mais sem um
03:06bar. Tanto que agora eu estou com três, né? Pra mim foi muito gratificante e hoje
03:11eu sei lidar com todos os homens, com todos os níveis, né? Muito turista, de A a Z,
03:19né? Porque eu tenho cliente todo dia, eu tenho cliente todo final de semana, muito turista.
03:24agora mesmo, na hora que eu saí de lá, tinha um cara do Japão, que um amigo dele veio e indicou
03:33ele pra ir no Barra da Loura, com o meu fígado. Ele tava lá agora. Tinha um do Rio Grande do Sul
03:40também hoje lá, que falou comigo, que o primo dele veio e falou com ele, não deixa de ir no
03:44Barra da Loura, porque foi o melhor fígado que eu já comi. E o torresmo também. Olha que bom, né?
03:49É muito gratificante. Sim. Porque a propaganda de boca em boca é a melhor, né? Com certeza,
03:54é o principal. E como é que foi, então, pra você, nesse início, ter ouvido tudo isso,
04:00as pessoas duvidarem de você, inclusive dizerem que Barra não era lugar de mulher, né?
04:06Como é que você lidou com tudo isso e conseguiu superar pra hoje ser essa pessoa que é uma
04:11referência no mercado? Eu achei que eu não iria dar conta também, porque assim, todo mundo
04:16me criticava, me boicotava, riam, sabe? E falava assim, muita gente falava assim,
04:23quanto que tá essa carne branca? Eu falei, não, aqui não vende carne branca. Há vinte e
04:27poucos anos atrás eu até era mais nova, magrinha, bonitinha, né? Falei, não, gente,
04:32não estou à venda, não. Brincava assim, aí o pessoal chegava e falava assim, não há
04:37mulher no balcão? Aí depois as pessoas foram chegando, falava assim, chegava uma senhora,
04:42chegava uma mulher e falava assim, nossa, eu tô tão feliz porque eu não tinha coragem
04:46de vir aqui no mercado, agora eu vendo uma mulher, eu me sinto mais à vontade, eu vou
04:52começar a frequentar e foi começando a chegar mulheres e mulheres assim, porque me
04:57viu atrás de um balcão e assim, uma foi dando força pra outra.
05:01Então, hoje tem muito mais mulheres que frequentam, inclusive, os bares assim?
05:07Hoje tem em geral, né? Mas quando eu cheguei lá, muitas mulheres, principalmente mulheres
05:12mais velhas, né? Assim, chegava e falava assim, ah, eu não acredito que tem uma mulher
05:17aqui agora que eu posso, eu não vou sentir assim, fora, vou sentir bem, né? Tendo uma
05:24mulher atrás de um balcão.
05:26E você, não, as pessoas começaram então se referir a você como a loura por causa do
05:34seu cabelo, né? É, aí todo mundo, ô gente, cadê o tio Paulinho? Ah, meu pai aposentou,
05:39mas todo sábado e domingo ele ia me ajudar, sabe? Porque ele foi me passando as coisas,
05:43me dando força, né? E tudo. Aí, eu falei assim, aí todo mundo, ô gente, a loura ali,
05:49a loura ali, eu nunca tinha me chamado de loura, mas eu sempre fui loura, né?
05:54Aí o pessoal, ô gente, tô aqui no bar da loura. Aí eu escutava um falando, outro falando,
05:59tô aqui no bar da loura, vamos tomar uma loura com a loura. Aí eu cheguei e falei assim,
06:03a gente, esse negócio de loura tá pegando, vamos pôr uma placa aqui em bar da loura?
06:08Aí não é que deu certo, né? Hoje eu sou conhecida até internacionalmente, né?
06:13Sim. Graças a Deus. E acho que talvez poucas pessoas saibam
06:17seu nome verdadeiro, inclusive, né? Não, quando me chamam de Elisa, eu penso assim,
06:21ou é alguém que eu conheço há muito tempo, ou é alguma cobrança, ou é alguma mercadoria
06:26que tá chegando, porque chega e fala assim, Elisa está? Eu já penso assim, não é,
06:31porque ninguém me chama de Elisa. Muita gente, quase ninguém sabe meu nome.
06:36É a loura mesmo.
06:37É a loura. E você, antes de assumir o bar, você já tinha uma ligação com a cozinha?
06:46Você tinha alguma referência de casa, de família, ou foi uma coisa que você teve que construir
06:50estando no bar?
06:51Eu sempre gostei muito de cozinhar. E minha mãe é uma cozinheira de mão cheia.
06:57Minha mãe fazia muita quitanda, muito doce, muita comida. Minha mãe trabalhava na escola,
07:03sabe? E na cantina. Então, assim, a gente foi criada fazendo comida.
07:09Tinha sítio, ia pra roça, ficava no fogão de lenha, e aquele tanto de gente. Então,
07:13eu sempre gostei muito de cozinha. Aí depois eu falei, ah, tem que fazer um curso, né?
07:17Porque eu vou ter que aprender, né? Aí estudei, fiz uma gastronomia, né? E hoje tô aí.
07:25Fiz vários cursos no Senac, na UNA, na Itambé, vários lugares, assim, onde tinha uns cursos
07:32rápidos. Por exemplo, tinha um curso de molho, eu tava interessada, eu ia lá fazer, um curso
07:37de churrasco. E aí eu fui fazendo tudo que deu.
07:41E o que que você tem das memórias mais deliciosas, assim, dessa sua infância de comida?
07:48O que que sua mãe fazia que você gostava muito? Que você lembra até hoje, assim, com carinho?
07:53Ó, eu gostava muito de fazer doce. Hoje eu quase não faço mais. Porque, assim, hoje eu faço mais
07:59petisco mesmo, né? Minha mãe fala assim, você não faz mais doce, você não faz mais quitandas, igual bolo,
08:05biscoito, torta. Minha geladeira era lotada de sexta-feira encher, fazer aquele tanto de doce,
08:11bolo, pão de queijo, rosca, rocambole, sabe? Agora...
08:16Não tem nem tempo mais, né? Não tem, não.
08:18Você fica ainda na cozinha, não é? Você tá, inclusive, atrás do balcão, a gente costuma te ver, sim, né?
08:25Você não é só a estrela do negócio, não. Você trabalha duro, né?
08:31Inclusive, eu tenho o restaurante da Praça Rossoares, né? Que é o que a cozinha de lá, que faz os preparos
08:40pro mercado. Cozinha carne, cozinha mandioca, porque antes eu cozinhava no mercado, só que eu tinha que chegar lá
08:46quatro, cinco horas da manhã, antes do bar abrir, porque não tinha, porque na hora, porque é uma chapa com
08:52uma trempe e uma chapa. Aí tem que fritar a mandioca.
08:55Só isso?
08:56Só isso. Aí em cima não tem nada. A parte de cima tem uma câmara, que cabe 40 caixas de cerveja gelada.
09:02Eu optei por fazer a câmara. Então, eu sempre tive uma cozinha fora.
09:07Aí, depois que a gente comprou o bar lá na esquina da praça, aí eu peguei e cozinha.
09:13Mandioca, torresmo, linguiça, frita, tudo lá. Faz o preparo lá e leva pro bar.
09:20E quem faz o preparo, as receitas, os molhos, sou eu. Inclusive, agora minha funcionária, minha cozinheira
09:30tá de atestado e eu vou ficar 17 dias na cozinha, né? Porque eu tô lá, ó, treinando na minha cozinha.
09:37Mas você gosta? Isso ainda te dá prazer? Estar na cozinha, cozinhar?
09:42Eu gosto. Gosto muito, gosto muito mesmo. Todo dia eu vou na cozinha. Aí, antes de servir, eu vou lá, provo.
09:50Não, isso aqui tá bom, isso aqui tá faltando isso, isso aqui tá faltando isso. Por que você fez assim?
09:55Não é assim que faz, sabe? Dá o meu espetáculo, de tudo.
09:59Tem que dar, é importante, né? Com certeza.
10:00O seu olhar é importante pro negócio, né?
10:03Igual, por exemplo, a gente tem outro na Savassa, eu subo lá na cozinha também,
10:07abro a geladeira, olho tudo, abro a câmara, olho tudo.
10:12Aí, viram e falam assim, Pedro, isso aqui não tá legal, não.
10:15Isso aqui tá bom, isso aqui não tá.
10:17Aí, ele fala assim, vai lá na cozinha e fala.
10:19Aí, eu fui lá, igual muitas coisas, né?
10:21Eu falei com as meninas, como que era feito, quando abriu lá?
10:26Mas eu dou meu espetáculo lá, olho tudo, o que tá acontecendo aí numa cozinha.
10:30E o Pedro é o seu filho?
10:33Não, o Pedro é o seu irmão, que é meu sócio na Savassa.
10:37E o Léo é o meu filho, que é meu sócio na Raul Soares.
10:41Então, a empresa, ela é familiar.
10:43Familiar.
10:43Você trabalha junto com a família, né?
10:46Com certeza.
10:46Você que levou eles pra lá, como é que foi?
10:49O barato do meu pai e eu fui.
10:51Aí, todo mundo falou que não iria.
10:54Minha irmã foi minha gerente durante uns 10 anos.
10:57Aí, depois ela saiu, agora ela é professora.
11:00O meu filho, formado em engenharia, falou que não ia trabalhar em bar.
11:04Hoje, ele é meu sócio.
11:06Inclusive, um amigo nosso chamou ele.
11:08Tô precisando de engenharia lá na Bahia.
11:10Vão, Léo, vou te pagar bem.
11:11Ele falou, nem, não vou largar o certo, não, meu filho.
11:14Ele trabalha pra mim.
11:15Aí, meu irmão trabalhava...
11:17Ele era...
11:19Trabalhou em várias empresas de auditor fiscal, viajava pelo mundo todo.
11:27Trabalhou, foi muito tempo na Camil, na Santa Amália.
11:30Trabalhou em várias empresas, viajando, tudo.
11:34E falou assim, vamos montar um restaurante.
11:35Falei, você é doido?
11:36Você vai largar seu serviço?
11:37Falei, eu cansei.
11:38Eu quero mexer com...
11:40Aí, ele fez gastronomia também.
11:42Ah, legal.
11:43Viajava, aproveitava, fazia muito curso fora do Brasil.
11:46Então, assim...
11:47Ele é um cozinheiro de mão cheia também.
11:51Faz muita coisa gostosa.
11:54E aí, ele me chamou e a gente resolveu abrir o da Savas.
11:56E você era da área de contabilidade financeiro?
12:00Financeiro, é.
12:02E também...
12:03Administração.
12:04Então, assim, o bichinho da cozinha acaba que...
12:07Quando eu falei que eu ia trabalhar no bar, meus colegas falaram...
12:09Eu trabalhava...
12:10Tinha 15 anos numa empresa.
12:12Você tá doida?
12:13Você só anda com esses terninhos aí, de unha feita, cabelo arrumado, e terninho, saltinho.
12:18Você vai trabalhar num bar?
12:20Ih, sua unha vai ficar desse tamanho.
12:22Você vai andar toda feiosa.
12:23Eu falei, uai, por que você trabalhar num bar?
12:25Você acha que eu vou deixar de fazer unha?
12:26Eu vou deixar de arrumar um cabelo?
12:30E você vai andar de quê?
12:31Eu falei, uai, de tênis?
12:32Por que não?
12:34Mas as pessoas veem a gente...
12:35Tem uma imagem, né?
12:37E muita gente chega lá e fala assim...
12:38Eu não acredito que você é a loura dona do bar.
12:43Eu pensei que a loura era uma velha.
12:46Que ficava atrás de um balcão.
12:47Só mexendo na panela, assim, com aqueles vestidos rodados.
12:51Toda feiosa.
12:52Eu falei, uai, gente, por que a dona de bar tem que ser feia?
12:54A gente pode dar uma recalchutada, uma arrumada, né, não?
12:59Claro.
13:00Mas as pessoas têm essa ideia da gente.
13:02Então, ainda mais que você tem 52 anos.
13:04O pessoal acha que, assim, é uma pessoa que não...
13:08Mas meu pai chegou lá e meu pai falava assim...
13:10Engraçado, eu ficava atrás do balcão.
13:12Você chega aqui, adianta tudo cedo.
13:14Vai lá em cima, solta o cabelo, passa um botãozinho, começa a abraçar todo mundo.
13:18E fazer só o social.
13:21Falei, pai, eu vou ganhar meu dinheiro.
13:23É assim.
13:23Porque a pessoa gosta de se ver o dono do bar.
13:26Ele gosta de um aconchego.
13:27Ele gosta que você chega, conversa, bate um papo.
13:32Indica ele alguma coisa.
13:34Às vezes as pessoas falam assim comigo.
13:35Nossa, onde que eu vou comprar um queijo?
13:36Eu falo assim, vamos lá, eu vou ali com você.
13:38Aí eu apresento o queijo do mercado pra ele.
13:41Ai, eu queria comer isso.
13:42Eu falei assim, vamos lá, eu vou com você.
13:44Aí acaba que você faz tanta amizade, eu ganhei tanto presente.
13:48Que legal.
13:48Assim, no meu aniversário, gente, que eu nem imagino.
13:52Chega lá, lembrei do seu aniversário, me trazia uma lembrancinha pra você.
13:55Ano passado eu ganhei 130 presentes.
13:58Que isso.
13:58Então viram amigos os clientes, né?
14:01Com certeza.
14:01O pessoal vem de fora e vai lá no bar, traz presente.
14:06Eu já viajei pra casa de cliente no Rio.
14:08Tem um cliente que mora na Bahia.
14:10Toda vez que ele vem, eu falo assim, que dia que você vai na minha casa?
14:12Meu sonho é que você vai na minha casa, sabe?
14:15Tem uma casa na praia.
14:16E as pessoas, assim, já fui em muita festa.
14:19Já, até convite de casamento.
14:22Convite de casamento de formatura.
14:24Os alunos de engenharia, uma vez, colocou, chegou lá e me entregou um convite.
14:30Falei, ah, convite de sua formatura, que legal.
14:32Ele falou, você não vai ler, não?
14:33A homenagem estava assim, agradeço a Deus, a minha família,
14:37e agradeço a Loura por nos tolerar toda semana.
14:40Falei, eu nunca vi isso num convite de casamento, gente.
14:42Que incrível.
14:43Agradecer a Loura, porque toda semana eles estavam lá.
14:46Aí eu tive que ir na mesa, tive que ir no baile e tive que ir na colação.
14:50Eles me deram o convite, falou que fazia questão.
14:52Mas se o seu homenageou, como que você não vai, né?
14:55Claro, você fez parte da história, né?
14:58E você faz parte da história de muita gente, né?
15:00E eu saí muito casamento lá, sabe?
15:03Se conheceram lá.
15:05Eu já fui em casamento de gente que se conheceu lá.
15:07Que legal.
15:09E como é que é essa relação com os clientes?
15:12Porque você é uma figura que é muito conhecida.
15:16Inclusive, a gente, numa outra oportunidade que a gente conversou,
15:19você me falou uma frase que é ótima, né?
15:21Que tem gente que fala, que vira Belo Horizonte e não conhecer a Loura,
15:26é a mesma coisa que é o Vaticano e não conhecer o Papa.
15:30Com certeza.
15:30Então, como é que é isso, assim?
15:32Se essa pessoa aqui é conhecida, é famosa mesmo, né?
15:37No Brasil todo e até fora, como você já comentou.
15:40E como lidar com isso?
15:42Porque eu imagino que a pessoa que vai,
15:44inclusive a quem vem de fora, que vai ao seu bar,
15:47quer te ver.
15:48Não quer só ir ao bar.
15:49Como é que você administra tudo isso?
15:51Não, tem hora que os meninos ficam assim.
15:53Eu tô em nenhum lugar, assim.
15:55Dá pra você vir aqui?
15:56Porque fulano tá aqui que eu te vejo.
15:57Aí, às vezes, eu olho na câmera, assim, e falo assim,
16:00Ah, fulano tá aí?
16:01Fala com ele que daqui a pouco eu tô aí.
16:03Os meninos, como?
16:04É até bom que o funcionário veja que a gente tá olhando, né?
16:07Sim.
16:07E, assim, é muito gratificante, sabe?
16:09Eu fico muito feliz porque, assim, as pessoas chegam...
16:13Tem hora que eu chego lá, tem umas dez pessoas...
16:15Ah, você que é a Loura, vão tirar uma foto?
16:16Você que é a Loura, vão tirar uma foto?
16:18Sabe?
16:18Eu fico muito feliz.
16:20Igual tem uma menina, a Bruna.
16:23Ela é paraplégica.
16:25Ela já nasceu toda tortinha, toda deficiente.
16:30E ela fala que ela me ama.
16:32Ela custa falar assim...
16:34A voz dela não se fala, mas...
16:38E aí, tinha uma cliente lá, que eu não conhecia, que é a Márcia, mora nos Estados Unidos.
16:45Conheceu a Bruna.
16:47Eu fiquei muito feliz porque ela padrinhou a Bruna.
16:50E ela deu cadeira de roda pra Bruna, ela manda a flauda pra Bruna.
16:55Sabe?
16:55E a mãe dela fica muito feliz por isso.
16:58Por quê?
17:00Ela fala que, graças a mim, ela arrumou uma madrinha, né?
17:05Que ajudou ela muito e ajuda.
17:08Aí, no aniversário da Bruna, ela é cadeirante.
17:11A Márcia me ligou e falou comigo assim...
17:13Eu quero que você compre aqueles balões escritos Bruna e um bolo.
17:17Porque ela vai aí...
17:20Ela vai no mercado pra poder comemorar o aniversário dela.
17:24Aí eu falei...
17:24Não, então o bolo eu vou dar.
17:25Comprei um bolo, comprei um conjunto de moletom.
17:28E a Bruna levou oito cadeirantes.
17:30Eu tive que pedir autorização ao mercado.
17:33Pra ele ficar do lado de fora da corrente pra comemorar o aniversário da Bruna.
17:36Mas na hora que a Bruna viu, eu enfeitei o bar todo de balão.
17:40E tinha aquele balão bonito escrito Bruna.
17:42Mas ela ficou tão emocionada.
17:43Ela chorava tanto.
17:44Ela tremia tanto.
17:46Que legal.
17:47Sabe?
17:48E aí ela falou que agora ela me ama mais ainda.
17:50Porque a Márcia, que deu a sugestão de fazer o aniversário lá.
17:56O irmão da Márcia, que mora aqui, foi na casa da Bruna de cá.
17:59Ela pegou ela e a mãe dela e levou.
18:01E ela, como ela faz tratamento nos hospitais, ela conhece muito o cadeirante.
18:06Convidou os cadeirantes pra ir no aniversário dela.
18:09Então essas histórias fazem o trabalho sempre valer a pena, né?
18:12E assim, eu tenho uma coisa comigo, eu não sei o que é que eu tenho.
18:15Mas eu acho que é coisa de Deus mesmo.
18:17Que todo velho, toda pessoa especial, tem um carinho muito grande.
18:21Tem uma, é chamada a Paula, uma Paulinha.
18:24Ela tem em cima de Down.
18:26Ela chega lá e fala assim.
18:27Você chama a Loura, que eu quero a Loura.
18:30Eu quero a Loura agora.
18:31Aí o pai dela tem que pedir um fígado pros pais e um fígado pra ela.
18:35Ela come sozinha.
18:36Ela já bordou, ela já pintou o pano de prato pra mim.
18:39Ela sempre me dá presente.
18:41Ela ia viajar pra fora do Brasil.
18:43Opa, eu tenho que ir lá contar a Loura que eu vou ficar sumida, porque eu vou viajar.
18:47Sabe?
18:48Aí minha irmã um dia tava lá e falou assim.
18:50A Loura não tá aqui não, você me dá um abraço.
18:52Eu não, eu sou amiga, eu sou amiga da Loura.
18:53Porque são muito sinceros, né?
18:55Sim.
18:56E assim, muita gente, sabe, autista, eu não sei o que que eu tenho.
19:00Porque parece que atrai, eles falam que eu tenho luz, que eu tenho uma...
19:05Eu não sei.
19:06Eu sei que eles todos vêm até a mim e tem aquele carinho especial.
19:10E eu também por eles, sabe?
19:12Sim.
19:13E aí chegou uma senhora de cadeira de roda lá, toda de branquinho.
19:16Aí ela falou comigo assim, nossa, ela era doida pra te conhecer.
19:21Eu falei, ai, que bom que você veio aqui, me conhecei e tal.
19:25Ela falou, senta no meu colo e tira uma foto comigo.
19:28Eu falei assim, não, eu vou sentar, eu sou pesada.
19:30Ela falou assim, mas o seu peso é tão leve, porque sua alma é tão leve que seu peso não vai pesar em mim.
19:36Sabe?
19:37Ela falou comigo, você é uma pessoa tão de luz que o seu peso vai ficar leve no meu colo.
19:41É de emocionar ouvir isso, né?
19:44Sabe, é muito gratificante umas coisas assim.
19:46Sim.
19:47E além, claro, que tá óbvio da sua pessoa o tanto que ela faz diferença pro bar, né?
19:55O que mais que você acha que fez o Bar da Loura ficar tão conhecido, né?
20:00E ser tão...
20:01É praticamente um ponto turístico de Belo Horizonte, né?
20:04Eu acho que todo mundo que vem aqui pra visitar a cidade, eu acho que é uma parada obrigatória, né?
20:10Pra sentir o que é ser belo-horizontino.
20:13Mas o que você acha que...
20:14Eu acho assim, igual eu falo com meus funcionários, a gente não escolhe cliente.
20:18O cliente que nos escolhe.
20:20Uma pessoa um dia falou comigo assim, ai, não quero ir no seu bar não.
20:24No seu bar tem negro, tem gay.
20:26Eu falei assim, o dinheiro dele é igualzinho o seu.
20:2850 reais seu, dele ou dela, do Lula, do Bolsonaro, da Dilma, do jogador, do artista, do mendigo.
20:37Então, eles vão chegar aqui, eles vão pagar o mesmo valor.
20:40Eu não gosto de cobrar nada mais nem nada menos.
20:43Tem que ser justo.
20:44Sim.
20:45Então, eu acho, eu falo com meus funcionários.
20:47Gente, todo dia eu chego aqui e falo, Deus me dá sabedoria e força pra me dar conta de tudo isso.
20:55E põe gente boa no meu caminho.
20:57E eu falo com os funcionários.
20:58Vocês têm que trabalhar com um sorriso no rosto.
21:00Se você tiver com um problema, chega perto de mim, hoje eu não tô dando conta.
21:04Dá uma volta, vai embora.
21:06Mas, se você vem trabalhar, você tá aqui pra trabalhar.
21:09Então, vamos trabalhar com um sorriso no rosto.
21:11Sabe por quê?
21:11Todo mundo fala comigo assim, nossos funcionários são tão simpáticos.
21:16Mas, quando eu vejo que tá com algum problema, eu chamo ele no cantinho.
21:20Chama ele perto do banheiro, chama ele na cozinha, chama ele lá na rua.
21:25Que tá acontecendo alguma coisa, porque hoje você não tá legal.
21:28Então, vão melhorar, dá uma voltinha assim, dá uma reflexão.
21:33Pensa, se você tá com um problema, deixa seu problema em casa.
21:36Porque se eu for olhar meus problemas, eu tenho meu problema, problema da minha família,
21:40problema de todos os funcionários.
21:42E eu não posso levar isso pro cliente.
21:45O cliente vem aqui pra divertir.
21:48Ele vem pra comer, ele sai, ele fala que o bar é uma terapia.
21:52Então, a gente tem que tratar o cliente, deixar o problema da gente,
21:55tratar, escutar o problema do cliente.
21:58Então, eu acho que o atendimento é tudo.
22:01E uma comida boa, né?
22:02Claro.
22:03Uma cerveja gelada, que eu fiz uma câmara lá em cima,
22:05que a cerveja sai vel de noiva.
22:07E você falou que agora não é vel de noiva.
22:08É canela de servente, não é de pedreiro mais.
22:11Porque o pedreiro não põe a mão na massa,
22:13então a canela dele não fica branca.
22:16Isso é os clientes que a gente escuta.
22:18Mas eu acho assim, um bom atendimento, um sorriso no rosto.
22:23Você saber o nome da pessoa, você saber o que a pessoa toma.
22:28Ah, você vai querer aquele fígado, né?
22:31Nossa, vai tomar hoje uma original.
22:33Não, você toma uma Bexa.
22:35Ele fala assim, como que ela gravou?
22:37O que que eu tomo?
22:38Isso aí pra ele é muito importante.
22:40Você chamar a pessoa pelo nome.
22:41Você lembra de mim?
22:42Às vezes eu não lembro, né?
22:43Claro que eu lembro, você sumiu.
22:46Sumi nada, eu vim aqui ontem.
22:47Ah, fulano mandou vir aqui, você lembra de fulano?
22:50Lembro.
22:51Tem hora que eu penso assim, eu nem imagino quem.
22:54Aí eu vou te mostrar a foto que mandou vir aqui.
22:58Ah, eu lembro.
22:59Aí eu vejo a foto, porque a gente não decora o nome de todo mundo, né?
23:02Sim.
23:02É muita gente.
23:04Quantas pessoas você recebe por dia lá no mercado?
23:09Com certeza, por final de semana é mais de mil.
23:12Nossa, é muita gente.
23:13Então, assim, é muitos clientes.
23:14E agora com três, tem hora que eu penso assim, esse cliente é da Savas, esse cliente é da Raul Soares.
23:20Você já foi no meu bar?
23:21Já, eu vou muito no mercado.
23:23Não, eu gosto da Raul.
23:24Não, eu gosto da Savas.
23:26Tem cliente agora que fala, se eu vim fazer uma via sacra, eu abro o mercado, eu almoço na Raul e eu janto na Savas.
23:34Eu tenho muitos clientes que fazem os três num dia só.
23:37E assim, hoje a gente chega, na Savas tem muito hotel, né?
23:41Então, o pessoal vai na Savas, aí meu irmão fala assim, você já foi no mercado?
23:45Ah, domingo a gente não abre na Savas.
23:46Você já foi almoçar na Raul?
23:48Domingo, graças a Deus, na Raul tá dando fila.
23:51Pro almoço.
23:53Que legal.
23:53Almoço e porção.
23:54Então, vamos falar agora especificamente da comida, mas antes, quero só mostrar aqui pra vocês o nosso conteúdo de gastronomia que a gente tem no jornal.
24:04A gente tem dois cadernos, um que sai às sextas-feiras, que é o Degusta, e o outro às segundas, que é o Gastronomia.
24:11E aí a gente tem matérias diversas, essa aqui por exemplo, a gente falou de comida quilombola.
24:15E a gente tem também os nossos colunistas com assuntos diversos.
24:19E também no nosso site, em m.com.br barra degusta, você também tem o nosso conteúdo diário atualizado com tudo sobre o universo da gastronomia.
24:29Vamos falar então sobre comida, porque você não tem só o fígado congeló, você tem muitas outras coisas.
24:38Queria que você me contasse um pouco de como que você chegou nessas receitas, nesses pratos que são sucesso no seu bar.
24:46E me fale de outras coisas, além do fígado congeló, que as pessoas têm que experimentar.
24:51Além dele, porque ele é imperdível, né?
24:54Me fala um pouco.
24:55Quem gosta de fígado, gosta.
24:56Tem gente que fala assim, eu nunca gostei de fígado.
24:59Inclusive, na comida de boteco, eu ganhei quando foi giló.
25:04Aí todo mundo falou assim, você pagou a comida de boteco pra você ganhar?
25:07Porque logo com giló que você foi campeã.
25:09Falei, gente, mas eu gosto de fazer comida.
25:13Eu acho que um prato tem que ser bem servido, né?
25:15Sim.
25:17Saboroso.
25:18E eu brinco.
25:19Eles falam assim, mas por que eu serve mais gostoso?
25:20Eu falo, porque tudo que eu faço, a gente coloca amor.
25:22Quando você coloca amor, fica tudo mais gostoso.
25:25Eu brinco com as meninas e falo assim, ou você colocou amor na comida?
25:28Você colocou amor nessa chapa aí?
25:30Eles falam assim, vem eu ser, né?
25:32Eu falo assim, não, mas se não tiver amor, não tem nada.
25:34Se você tiver amor morado, coloca um amor aí que vai sair tudo gostoso.
25:38Não é verdade?
25:39Com certeza.
25:40Porque só você tem que fazer o negócio com carinho.
25:42Refogar uma coisa.
25:44Não é chegar e jogar o negócio de qualquer jeito.
25:46Tudo que você faz com raiva, tudo que você faz de qualquer jeito, não fica gostoso.
25:53Tem que fazer tudo com carinho e amor.
25:55E assim, eu gosto muito de...
25:58Eu gosto de pratos fartos.
26:00O pessoal fala assim, não, tudo seu é grande.
26:02Eu falo, mas...
26:03Porque aqui quase não vem uma pessoa sozinha.
26:05Sempre tá...
26:06Vem família, vem grupo de amigos, né?
26:09Então, vamos fazer um prato assim, bem saboroso.
26:12Eu gosto...
26:13Você coloca um molho, porque...
26:15Igual o meu torresmo.
26:16Hoje a gente fala assim, mas seu torresmo é tão gostoso.
26:19Eu coloco...
26:20Eu faço um melato de rapadura e um limão capeta.
26:23Limão...
26:24Eles falam...
26:24Muita gente fala...
26:25É limão laranja, limão capeta.
26:27Que é limão rosa, né?
26:29Você joga ele em cima do...
26:32O limão em cima e passa no melato.
26:33Dá um diferencial, gente.
26:35Porque mistura o ácido do limão com o doce do melato.
26:40Então, dá o diferencial.
26:42E que mais que as pessoas não podem deixar de experimentar?
26:46O tropeiro também.
26:48Todo mundo fala que o meu tropeiro é muito bom.
26:50Tanto que eu todo dia tenho ele no cardápio.
26:53Inclusive, o tropeiro tá indo pra China, não é isso?
26:56Você vai representar minas na China com...
26:59Na China com tropeiro.
27:00Conta como é que vai ser isso.
27:01E com galinhada, né?
27:03Porque eles gostam muito de miúdos, de frango e porco.
27:07Aí eu vou levar o tropeiro.
27:09Que tropeiro tem muito porco, né?
27:11Tem bacon, linguiça, carne de porco.
27:14E a galinhada que tem moela, tem frango, tem muita cor.
27:20A galinha, né?
27:22Muitos legumes.
27:24E aí nós vamos fazer lá.
27:25Se Deus quiser, vai ser um sucesso.
27:27Que delícia.
27:27Uma feira de gastronomia mundial.
27:29Então, você vai mostrar o que nós mineiros amamos comer, né?
27:34Vai ser uma mostrinha pra eles.
27:35Pra eles virem aqui, comer aqui, né?
27:38Eu não posso falar...
27:38Eu tenho mania de falar assim, com certeza e com cerveja.
27:41Só que eles que lá não podem beber na rua, assim.
27:44É, então.
27:45É só comer mesmo.
27:47Porque lá o pessoal come muito, mas a bebida é pouca.
27:50Entendi.
27:50Eles não bebem, não tem hábito de beber em bar, beber na rua.
27:57E tem uma diferença entre as três unidades, né?
28:00No mercado, na Raul Soares e na Savassi.
28:03Um vende mais prato, outro vende mais petisco.
28:07Todos vendem muito petisco.
28:09Porque todos têm o fígado, tem o torresmo, tem a carne de panela com mandioca.
28:15Tem...
28:16Esses petiscos que tem no mercado, né?
28:18Tá.
28:18Todos os três têm, mas só que assim...
28:21Aí no mercado não tem almoço, na Raul Soares tem almoço.
28:24Aí na Raul Soares tem fritura, que é um bolinho de queijo, que é muito famoso.
28:29É, bolinho de bacalhau.
28:30Aí tem tilápia.
28:32Tem outras...
28:33Porque o mercado é muito pequeno, não tem condição de ter um leque grande de...
28:38Um cardápio grande, né?
28:40Tá.
28:40E na Savassi, como ela já é maior, então lá tem outros pratos também.
28:44A gente queria ficar só com a comida mineira, mas não teve jeito.
28:46Porque o pessoal da Savassi tem uns que são mais exigentes.
28:50Ah, você tem um cevide, ah, você tem um steak tartan, você tem um filé mignon, você tem uma picanha.
28:57Aí nós tivemos que abrir mão e colocar.
28:58Porque a gente queria fazer só comida mineira, mas só que o cliente que...
29:02Hoje em dia você tem que atender o cliente, né?
29:03Então a gente teve que abrir o leque, né?
29:08Mas só lá na Savassi, então?
29:09Só na Savassi.
29:10Tá.
29:11Tô sentindo um cheirinho bom de fígado congeló.
29:15Eu acho que o cheirinho chegou.
29:17Acabei de preparar, isso tá quentinho pra você.
29:19Ai, que delícia!
29:21Então, aqui temos...
29:21Foi feito com amor, tá?
29:23Tenho certeza.
29:24Aliás, eu queria que você me explicasse melhor isso.
29:28Por quê?
29:29O fígado, eu não tenho cheiro forte, que é uma coisa que pelo menos a mim incomoda bem.
29:34E o giló não é amargo.
29:36Eu já comi, tá gente?
29:38Por isso que eu tô falando, mas nós vamos comer de novo.
29:40Me explica como é que você consegue isso.
29:42O fígado, você tem que comprar um fígado de boa qualidade.
29:44Não pode ser aquele fígado manteiga, aquele amarelo.
29:47Se você jogar aquele fígado manteiga na chapa, ele derrete e dá um cheiro forte.
29:51Você tem que comprar aquele fígado mais vermelhinho.
29:54E o giló e a cebola, você tem que passar ele no fatiador bem fininho.
29:59Lava ele, esteriza ele bem antes, né?
30:01Lava bem, depois fatia ele.
30:03Você pode até deixar ele o dia todo, porque ele não fica amarelo e nem amargo.
30:08Aí você joga no óleo bem quente, tem que ser a panela bem grossa.
30:12Se não tiver a chapa, tem que ser a panela bem grossa, bem quente.
30:15Você joga ele ali e dá só um tapa, que eles falam, né?
30:19Não pode ser muito bem passado também, porque senão ele fica borrachudo.
30:23Então, vamos comer, né gente?
30:24O que a gente tá falando, olhando aqui, ó.
30:27Eu já vou experimentar aqui, ó.
30:29A dupla imbatível.
30:31Loura, você me acompanha, né?
30:34Ó, um pedaço de fígado.
30:36É bom comer junto, né?
30:36É bom, não é, gente?
30:53Você tem que comer o fígado fresquinho, né?
30:55Tem que comer, assim...
30:56Tem gente que fala assim, ah, vou levar.
31:03Mas não fica a mesma coisa, porque ele fica borrachudo.
31:05O geló fica, tem que comer ele bem quentinho, na hora que faz.
31:09Tá delicioso, gente.
31:11Eu queria que vocês estivessem aqui pra comer com a gente.
31:12E já tivemos depoimentos aqui, eu já ouvi também outras pessoas falando.
31:19Tem gente que fala, eu não gosto de fígado, eu não gosto de geló.
31:22Quando come o seu, gosta.
31:24Que mágica é essa?
31:26Ué, porque é bem saboroso, bem gostoso.
31:30Assim, é...
31:31Eu brinco, falo assim, por que você é mais gostoso?
31:34Eu falo assim, porque tem amor.
31:36Aí fica mais gostoso, mais saboroso.
31:38E ele não amarga mesmo.
31:39É o jeito...
31:40Porque se você picar o geló bem grosso, ele fica amargo.
31:44E o fígado também, ele não tem aquele cheiro forte.
31:47Porque eu compro fígado bom.
31:49Agora, eu queria relembrar a história desse prato.
31:53Que tem tudo a ver com Belo Horizonte.
31:57É um prato icônico que a gente tem aqui.
31:59E eu já ouvi dizer, eu quero que você me diga se é verdade ou não.
32:03Que o fígado do Codiló começou lá no Mercado Central.
32:06Com os funcionários, os trabalhadores, no fim do expediente.
32:09Eles se encontravam ali pra poder fazer uma resenha.
32:13E pegavam as coisas que tinham sobrado nos hortifrutos.
32:17Eles falaram...
32:18É um chapista de caminhão.
32:20Porque antes o mercado era uma feira livre, né?
32:22Então, o chapista vinha carregar os caminhões.
32:26E aí, sobrava...
32:28Caiu um geló no chão.
32:30Caia as coisas assim, uma cebola.
32:32Ou eles pegavam dentro da caixa e guardavam.
32:34Aí eles chegavam no açougue e falavam assim...
32:36O que você tem pra me misturar com isso aqui?
32:38Aí eles falavam assim...
32:39Ah, fígado antigamente não tinha valor nenhum.
32:41Era muito baratinho.
32:42Aí o cara pegava e dava ele num pedaço de fígado.
32:45E assim, vai lá.
32:45Aí eles iam no bar e pediam o pessoal dos bares, né?
32:50Pra poder passar a chapa.
32:53Aí um dia o cara provou e falou assim...
32:54Nossa, mas esse negócio é bom demais.
32:56E começou a fazer, comprar o fígado.
32:59Comprar a cebola e o geló.
33:00E fazer...
33:01Porque antes falavam...
33:02Eles falavam que vendia só carne.
33:04Era pernil.
33:05Vendia muito pernil no bar.
33:07Depois que eles inventaram o fígado.
33:09Mas foi desse jeito.
33:10O chá, a pista de caminhão.
33:12E aí foi...
33:13O pessoal começou...
33:14Depois o pessoal que trabalhava no mercado...
33:16Começou a pegar o geló e levar lá...
33:19Pros bares passarem.
33:20Aí começou a vender.
33:22E aí foi um sucesso.
33:25E é o prato que você mais vende disparado?
33:28Eu vendo mais de 200 quilos de fígado por semana.
33:32Nossa, é muita coisa.
33:33É muita coisa.
33:34E já faltou alguma vez?
33:35Já faltou o geló no mercado?
33:36Já faltou o fígado?
33:37Ah, já andei longe pra comprar o geló.
33:40Mas assim...
33:41A gente não deixa acabar, né?
33:43Tem que ficar de olho.
33:45Mas assim...
33:45O geló já andei longe.
33:46Porque tem época que tá muito caro.
33:49Que você quase não acha.
33:50Aí você...
33:51Eu vou muito no Ceasa comprar.
33:53E tem uns...
33:54Pessoal que vende verdura que já traz caixas pra mim.
33:57Igual teve a corrida no mercado, né?
33:59Eu comprei 500...
34:01Meia tonelada.
34:01500 que é de fígado.
34:03Nossa.
34:04E comprei 10 sacos...
34:0612 sacos de geló e dê a 12 sacos de cebola.
34:09E vendeu tudo.
34:10Vendeu.
34:11É impressionante, né?
34:14E...
34:14Vira Belo Horizonte, então, e não comer fígado com geló...
34:17No Bar da Loura, né?
34:18No Bar da Loura.
34:20É a mesma coisa que você ir em Roma e não ver o Papa.
34:23Eles falam, né?
34:24Muita gente já faz comigo.
34:26E...
34:27Aproveitando aqui...
34:28Muita gente fala que é a parada obrigatória no Bar da Loura.
34:31Chega muita gente de mala.
34:32E sai muita gente de mala.
34:34Não, eu vim aqui.
34:35Mas eu tenho que passar aqui ou na hora que eu chego ou na hora que eu saio.
34:38Daqui eu já vou para o aeroporto, daqui eu já vou para o rodoviário.
34:40Mas eu tenho que vir no Bar da Loura.
34:42Muito bom.
34:43E além do Bar da Loura, claro, a gente vai sempre trazer alguma dica aqui de algum lugar
34:48pra conhecer em Belo Horizonte.
34:49E quem vai dar a dica nesse primeiro episódio é o chefe Cristóvão Larussa.
34:54Ele é português.
34:55Ele vive aqui em Minas há 20 anos.
34:59E ele comanda as cozinhas do Caravela, do Mitra, do Capitão Leitão, que reabriu recentemente
35:04no Lourdes.
35:05E ele vai abrir agora o Pastos, em dois endereços aqui em Belo Horizonte.
35:09Cristóvão, conta pra gente em qual lugar que você vai aqui em Belo Horizonte quando
35:14você está no seu tempo livre.
35:15Olá a todos.
35:18Eu sou o Cristóvão Larussa, chefe e proprietário dos restaurantes Caravela, Capitão Leitão,
35:24do Mitra, da Fazenda Cervejeira e, em breve, do Pastos, no Pátio Savassi e no BH Outlet.
35:31E estou aqui hoje com vocês para compartilhar os lugares onde eu gosto de ir com a minha
35:35família e, às vezes, com os amigos.
35:37Então, o primeiro lugar onde nós vamos sempre, que podemos ao fim de semana, é um pouco
35:43longe de Belo Horizonte, mas vale super a ida.
35:46É lá no Pão e Coração, do Fernando Weber, um grande amigo e que tem uma padaria, assim,
35:52incrível e uma das melhores pizzas que eu já comi na vida.
35:56Então, no Alphaville, não deixem de ir ao Fernando.
35:58Mais próximo, em Belo Horizonte, o Ronaldo e com a Raquel, na Dupin, portanto, no Mercado
36:04Central quanto aqui em cima, no Vila da Serra.
36:08Pizzaria, não tem como falar de pizza sem falar também do Rafael da Popular.
36:14Então, sim, uma pizza também napolitana incrível.
36:18Para almoço, no meio da semana, tem dois lugares que eu gosto muito de ir.
36:22A Leia, ali perto do Shopping Del Rey, que tem um bifão milanesa fantástico.
36:28E, do lado do nosso escritório, na Prudente Moraes, no Ponto Prudente, um self-service com
36:32uma comida caseira que é uma delícia.
36:36Italianos, gosto muito de ir no restaurante do Simone Paratela, no Pasta Lab, na Sarvasse.
36:43Fantástico.
36:43E drinks, bar de drinks, uma comida muito boa e uma coquetelaria de alto nível no Cabernet
36:51Botiquim, tá bom? Espero que gostem das dicas.
36:53Até a próxima.
36:55Obrigada, Cristóvão, pela sua dica.
36:57E, aproveitando, Loura, me conta, você, nas suas horas vagas, você gosta de ir a bar?
37:04Você continua frequentando o bar? E qual que você gosta?
37:06Que dica boa que você dá pra gente, lugar pra comer e beber aqui?
37:09Nossa, menina, tem muito bar bom em BH, né?
37:13Tem demais.
37:13Eu fico na dúvida, porque todo mundo vai no meu bar.
37:15Principalmente segunda-feira, muitos donos de bares, né?
37:18Que não abrem, vai no mercado.
37:21Ah, então ali vira um encontro do pessoal que trabalha na...
37:25Segunda-feira é um dos meus melhores dias.
37:28Melhor do que ter essa quarta e quinta.
37:29Só não é melhor do que sexta e sábado e domingo.
37:32Mas segunda é um dos melhores.
37:34Mas se eu falar que eu vou em um, gente, vai dar confusão.
37:36Porque todo mundo vai no meu bar, então é melhor não comentar, não.
37:39Porque eu adoro ir em bar também.
37:41Aí você fala assim, na sua hora que você não está no bar, onde você está?
37:43Eu falo em outro bar.
37:44Mas é melhor não dar dica, não, sabe por quê?
37:47Todo mundo vai no meu.
37:48Se eu falar um, vai dar um ciúme.
37:51Entendi.
37:52Porque eu adoro um boteco, viu?
37:54Eu brinco, quando eu não estou no meu, eu estou em outro.
37:58E o que você gosta de comer no boteco?
38:00Coisa que não tem no meu.
38:01Ah, o que, por exemplo?
38:03Ah, por exemplo...
38:05É...
38:07Eu falo assim, vou num bar que não tem nada que tem no meu, né?
38:11Sim.
38:11Uma rabada, que no meu não vende.
38:15Gosto muito...
38:16Uns petiscos diferentes.
38:18Eu gosto muito de comida japonesa, chinesa.
38:21Olha, que legal.
38:22Porque no meu não tem.
38:24Porque não me mandam comer fígado, carne de sol, linguiça, fritas.
38:30Mas tem muita comida boa.
38:32Mas eu gosto de provar o tempero também de outro bar, né?
38:35Que é diferente.
38:36Sim, sim.
38:37Mas então você não é...
38:38Não sou da Tereza, tem muito bar que eu gosto de ir.
38:42Então você não é aquela que na hora da folga você corre pra casa, não.
38:46Ah, não gosto de ir em casa, não.
38:47Você continua na rua.
38:48Eu gosto.
38:48Adoro um boteco.
38:49Agora eu não estou indo muito, porque à noite eu ia muito em bar.
38:52Mas agora eu vou muito na Savassa, no meu bar também, né?
38:55Mas às vezes eu falo com meus irmãos assim, vão ali comer uma carajé na baiana ali, vão
39:01ali comer uma outra comida diferente.
39:05Às vezes eu estou ali, eu chamo ele pra gente ir comer uma pizza, comer um acarajé, comer
39:09uma comida japonesa, comer uma outra coisa que não tem no meio.
39:12A gente dá uma fugidinha lá e rapidinho.
39:15Qual que é a sua comida preferida?
39:18Se você tivesse que escolher uma.
39:19Uma comida?
39:20Uma pra você comer assim que...
39:23Eu gosto muito de peixe.
39:24Olha, peixe.
39:26Adoro peixe.
39:27E você serve no seu PF, né?
39:29Peixe ou não?
39:29Só tilápia frita.
39:30Ah, tá.
39:31Frita ou grelhada, né?
39:33Porque hoje tem muita gente que é fitness, né?
39:37Que come só salada e peixe ou omelete ou frango grelhado, né?
39:43Então tem que ter.
39:45Mas no bar não tem jeito, né?
39:47No bar a gente gosta de coisa...
39:49Mas...
39:50É...
39:51Mais doente.
39:52Mais fortureta, mais fortureta, mais gordureta.
39:58Então é isso, Loura.
39:59Eu quero te agradecer muito pela sua participação nessa nossa estreia.
40:04Foi muito bom ter você aqui, ouvir sua história, comer seu fígado congeló e teremos outras oportunidades de conversar com certeza.
40:12Com certeza e com cerveja.
40:14Aqui não tem cerveja, mas no bar até, né?
40:17Gente, eu agradeço muito também, né?
40:18Pela sua participação.
40:20Espero que eu abra muitos caminhos, né?
40:22Para todos que vieram aqui e seram um sucesso.
40:24Com certeza.
40:25Muito obrigada.
40:26Você já marcou a nossa história.
40:28Obrigada pelo convite.
40:30Fiquei muito feliz de você ter lembrado de mim.
40:33Que bom.
40:34E eu agradeço você também que acompanhou o nosso papo até agora.
40:38Muito obrigada.
40:39E acompanhe as notícias de gastronomia no nosso site, em.com.br barra degusta, que a gente atualiza diariamente.
40:48E até o próximo episódio.
40:49Tchau.
40:49Tchau.
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