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  • 21/06/2025
Há quem diga que “BH é do tamanho da sua fome”. Mas, mesmo com infinitas opções gastronômicas, a tendência acaba sendo “beliscar” só em um canto. Enquanto os holofotes continuam apontados para os mesmos endereços de áreas nobres, tem pessoas cozinhando revolução onde a cidade costuma virar as costas. Entre becos e vielas, barrancos e “quebradas” estão borbulhando histórias e sabores que não cabem nas colunas da moda. São botecos improvisados que viram referência e quintais que se tornaram ponto de encontro, desafiando o velho mapa do “comer bem” na capital mineira. É hora de ampliar o cardápio — e o olhar.

⁠Leia a íntegra da reportagem⁠⁠
https://www.em.com.br/degusta/2025/06/7161905-quintais-e-botecos-improvisados-de-bh-oferecem-cardapio-de-qualidade.html

O⁠ ⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠⁠Notícia em áudio⁠⁠⁠⁠⁠⁠ é um podcast do⁠ jornal ⁠Estado de Minas⁠⁠ ⁠⁠⁠⁠que lê, aos sábados e domingos, uma grande reportagem para você ouvir no seu tempo. Sem deixar que a pressa do dia a dia atrapalhe a imersão no tema. Afinal, uma boa história merece ser contada e recontada muitas vezes. E em vários formatos.

Reportagem: Ana Luiza Soares
Locução: Laura Scardua
Arte sobre foto de Arquivo pessoal
Coordenação: Rafael Alves

#boteco #bh #gastronomia

Categoria

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Notícias
Transcrição
00:00Olá, eu sou Laura Escárdoa e este é o Notícia em Áudio, um podcast do jornal Estado de
00:06Minas que lê, aos sábados e domingos, uma grande reportagem para você ouvir no seu
00:11tempo.
00:12O texto de hoje é da Ana Luíza Soares.
00:15Quintais e botecos improvisados de BH oferecem cardápio de qualidade.
00:20Há quem diga que BH é do tamanho da sua fome, mas, mesmo com infinitas opções gastronômicas,
00:26a tendência acaba sendo beliscar só em um canto.
00:30Enquanto os holofotes continuam apontados para os mesmos endereços de áreas nobres,
00:35tem pessoas cozinhando revolução, onde a cidade costuma virar as costas.
00:40Entre becos e vielas, barrancos e quebradas, estão borbulhando histórias e sabores que
00:45não cabem nas colunas da moda.
00:48São botecos improvisados que viram referência e quintais que se tornaram ponto de encontro,
00:53desafiando o velho mapa do comer bem na capital mineira.
00:56É hora de ampliar o cardápio e o olhar.
00:59Em meio às ladeiras do Morro das Pedras, na região oeste de Belo Horizonte,
01:04nasce uma das histórias que ilustram bem a cena gastronômica que emerge das periferias.
01:09O nome do restaurante leva o apelido carinhoso de sua fundadora,
01:13uma mãe solo determinada a garantir o sustento da família.
01:16Foi da emergência que nasceu a cozinha da Ita, na Vila Leonina.
01:21Um espaço que hoje parece restaurante, mas que antes era casa, marmitex,
01:26feijoada de sábado e muito corre para manter uma filha estudando fora.
01:30Sou mãe solo e trabalhava na casa de uma família como cozinheira.
01:35Não tinha como manter minha filha em Viçosa, na zona da mata,
01:38onde ela passou na Universidade Federal.
01:40Tive que arrumar outra fonte de renda, conta a chefe do restaurante, Lenita do Carmo.
01:46A cozinha começou despretensiosa.
01:49Ita Canuto, como é conhecida, iniciou uma venda tímida de feijoada,
01:53no formato marmitex, sempre aos sábados.
01:56Mas bastou o cheiro subir pelas ruas para a clientela começar a chegar.
02:01Depois de um tempo trabalhando com o delivery das refeições,
02:04Ita inaugurou o restaurante em 4 de dezembro de 2017.
02:07Participei do circuito gastronômico de favelas e ganhei com um bolinho de feijoada.
02:13Depois disso, decidi abrir o espaço.
02:16A demanda era muito grande.
02:17Eu mandava marmitex, mas tinham clientes que vinham aqui almoçar.
02:21Então eu deixei de ter casa para fazer restaurante.
02:24O pessoal sempre me fala o quanto é aconchegante.
02:26É como estar em casa mesmo, relata.
02:29No cardápio, a estrela é a feijoada,
02:31mas também vale experimentar o drobalíngua, uma criação de Ita.
02:35O prato é uma mistura de dobradinho com língua, feijão fradinho, bacon e outras delícias.
02:41Sem cerimônia, o garçom à espera.
02:43No barrancos, o ritual começa de forma inusitada.
02:46Você chega, bate palma e lá de cima alguém joga uma chave amarrada em uma cordinha.
02:52É você quem abre o portão, sobe a escada, se acomoda e, então, faz o pedido.
02:58O bar funciona no improviso, no jeito simples que virou marca registrada.
03:01Tudo começou com a compra de um pedaço de terra em um barranco,
03:06daí o nome do negócio, no aglomerado da Serra, região centro-sul.
03:10O casal Valdecir Cardoso e Eloísa Helena estava construindo um lugar para morar,
03:16que logo se tornaria um prédio de seis andares.
03:19Nós montamos um delivery.
03:21Depois os clientes queriam vir conhecer e decidimos abrir para recebê-los.
03:25Tínhamos vários clientes provindo das entregas, então eles começaram a frequentar o bar.
03:30Recorda Valdecir, mais conhecido como NEM.
03:34Foi graças ao barrancos que o casal pôde manter a formação dos filhos,
03:38de Rampierre, perito criminal e barilairino do Grupo Corpo,
03:41e Daisy Lauren Cardoso, estudante de Direito.
03:45O funcionamento e a escolha pelo método da chave na cordinha, segundo o dono,
03:49veio pela facilidade.
03:51No começo, os dois filhos do casal estudavam em casa, durante o horário de trabalho no bar.
03:56Toda vez que chegava alguém, tínhamos que descer para abrir.
03:59Por isso, resolvemos adotar essa forma.
04:01É mais prático, explica NEM.
04:04A praticidade vai desde a entrada até a mesa.
04:07Lá não tem garçom.
04:08Por isso, é o próprio cliente que pega a cerveja, escolhe a música e até fecha a conta.
04:13Os pedidos são feitos pelo WhatsApp do bar.
04:16Depois levamos tudo até os andares de cima, conta ele.
04:19A cozinha, comandada pela esposa Heloísa, oferece opções para todos os gostos.
04:26Costelinha com mandioca, tropeiro, tilápia, feijoada, camarão, filé com fritas, pastel de angu,
04:32bolinho de bacalhau e hambúrgueres são algumas das variações, lista NEM.
04:37Tudo isso, aliado ao ambiente familiar e a uma vista privilegiada, faz do Barrancos um sucesso na região.
04:43Um ambiente para receber entes queridos, tomar uma cerveja e ouvir samba e pagode.
04:48Foi assim que, a partir da segunda sem lei, dia de churrasco na casa de Leonardo Gonçalves dos Reis,
04:55nasceu o quintal do Degas, na Lagoinha, região noroeste de BH.
04:59Com o tempo, os amigos foram trazendo mais amigos.
05:02E assim, a casa se tornou um bar acolhedor, simples e com uma baixa gastronomia que rende elogios.
05:08Como o próprio nome entrega, o bar funciona, há cinco anos, no quintal, localizado aos fundos do número 75,
05:16na esquina entre as ruas 15 de abril e Turvo.
05:20No começo era uma coisa muito tímida, depois eu fui ampliando.
05:24Resolvi fazer da extensão da minha casa um espaço para eu monetizar, diz o proprietário Leonardo Degas.
05:30Quem assina os pratos é a irmã dele, Priscila, que já recebeu elogios de Nenel, do Baixa Gastronomia, pelos preparos impecáveis.
05:39Degas conta que, além do churrasco feito toda segunda-feira, o carro-chefe é o torresmo de rolo,
05:45feito com a melhor parte da barriga do porco, onde há mais carne, além da feijoada servida toda sexta.
05:52Mas o menu de tira-gostos também é amplo e oferece o melhor da comida de boteco, sempre acompanhada de uma cerveja gelada.
05:59No quintal, a atmosfera é de casa.
06:02Ali você pode popitar na playlist, interagir com as mesas do lado e até dar um pulo na piscina.
06:08Sim, é isso mesmo.
06:10Para os dias de calor extremo, o espaço oferece um refresco que vai além dos drinks e da cervejinha gelada, uma piscina com ducha.
06:18Tem bares que servem cerveja e porções.
06:20Já outros buscam servir algum tipo de alívio.
06:23No SOS Pub, localizado no bairro Vista Alegre, próximo à comunidade de Cabana do Pai Tomás, na região oeste,
06:30é isso que sai da cozinha e transborda das caixas de som, o remédio das noites difíceis, o tempero e o aconchego dos encontros.
06:38Aberto há pouco mais de um ano, o bar nasceu da parceria entre mãe e filha, Fernanda e Rebeca Rodrigues,
06:46que juntaram afeto e visão empreendedora para criar um espaço autêntico.
06:50A inspiração veio da cultura dos pubs norte-americanos.
06:54O SOS em inglês significa salve nossas almas.
06:58Em português, utilizamos essa expressão do socorro para pedir salvação.
07:01Pensamos nisso porque, para a pessoa que vai ao nosso lar, oferecemos um socorro.
07:07Seja um lugar para comemorar, onde você vai fugir dos seus problemas,
07:11ou chorar com seus amigos, sorrir, brincar, afirma Rebeca.
07:16Às vezes, o chamado de socorro também pode vir em forma de fritura e bem quentinho.
07:21Aqui entram em cena o pastel de costela e o torresmo de rolo,
07:25especialidades da casa, preparadas por Fernanda, cozinheira de mão cheia,
07:29que, além do pub, também comanda uma confeitaria.
07:33Em outro canto pulsante da região oeste, nasceu um bar que une duas paixões,
07:38cerveja artesanal e identidade.
07:41Em 2016, o sonho de Anderson Real começou a ser fermentado ainda nas aulas de tecnologia cervejeira.
07:48Ele viu no bairro onde morava, também no Vista Alegre,
07:51potencial para consumir um produto de qualidade.
07:55Ao final do curso, a missão estava dada, descentralizar.
07:58O objetivo era conquistar a população local a fim de evitar o deslocamento para a Zona Sul.
08:04As pessoas teriam o mesmo serviço e a mesma qualidade aplicada numa região do subúrbio,
08:09relata o idealizador.
08:11Nascia, sim, a cervejaria Pajé,
08:13um lugar para se ouvir um bom jazz, um blues ou um rock,
08:17enquanto se harmoniza um contrafilé com cerveja artesanal.
08:21Na cervejaria, o compromisso é o sabor e a cultura.
08:24O nome Pajé, por si só, já invoca ancestralidade.
08:28Uma homenagem ao pai de Anderson, que na infância era chamado carinhosamente de Paché,
08:33e que, com um toque de brasilidade, virou símbolo de cura.
08:37De volta ao coração da Lagoinha, também existe um ponto onde cabe o Brasil inteiro.
08:42O barzenho nasceu com a ideia de ser um refúgio para quem já percorreu o país
08:46e sente saudade de alguma esquina, algum prato ou alguma bebida típica.
08:51Nossa proposta é trazer no cardápio, nos drinks e em cada canto decorado da loja
08:56a vasta e rica brasilidade que temos,
08:59seja região sul, centro-oeste, nordeste, norte e sudeste,
09:03diz o sócio-proprietário Lucas Meirelles Duarte.
09:06E foi com esse espírito que o barzenho se instalou na Lagoinha,
09:10barril muitas vezes estigmatizado,
09:12mas que respira história, tradição e resistência cultural.
09:17É um dos bairros mais antigos e boêmios de BH.
09:20Existem casas e comércios que estão ativos há mais de 108 anos.
09:24Queremos trazer a atenção das pessoas para esse bairro que é tão rico em cultura.
09:29Mostrar para quem nunca viu ou não conhece
09:31que a Lagoinha é um bairro de paz e com muita história em cada esquina, afirma Lucas.
09:36A escolha do nome para o estabelecimento é uma homenagem afetiva.
09:41Leopoldina, de 96 anos, e avó de Lucas,
09:44que há sete décadas teve seu próprio boteco.
09:47Toda vez que contava histórias sobre eles,
09:49ela falava barzenho, com som de E no lugar do I.
09:52Decidimos manter o nome assim, explica o sócio.
09:56O barzenho é radical em sua proposta.
09:59Nenhum produto estrangeiro entra ali.
10:01Nem mesmo marcas consagradas como Coca-Cola e Heineken.
10:05Tudo o que vendemos nasceu aqui, garante o sócio.
10:08E o resultado é um cardápio diverso, original e deliciosamente criativo.
10:15A íntegra desta reportagem foi publicada no Jornal Estado de Minas em 2 de junho de 2025.
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10:27E siga a gente no WhatsApp para atualizações urgentes.
10:30Até a próxima notícia em áudio.
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