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No novo episódio do Podcast Uai Turismo, o arquiteto e professor Ulisses Morato afirma que a Praça Sete simboliza a alma de Belo Horizonte. Ele analisa sua evolução urbana e convida o público a descobrir segredos escondidos no coração da capital mineira.
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ViagensTranscrição
00:00:00A arquitetura de Belo Horizonte muitas vezes pode passar desapercebida pelo morador
00:00:07e impressiona muito quem vem de fora.
00:00:10Mas nem sempre dá para entender todos os estilos arquitetônicos.
00:00:14É por isso que hoje o nosso podcast vai falar com especialistas sobre esse tema.
00:00:17Bem-vindos e bem-vindas ao iTurismo.
00:00:19Nosso convidado de hoje é doutor em arquitetura pela Universidade de Lisboa,
00:00:34especialista em construção civil pela UFMG e arquiteto pelo Centro Universitário Metodista Isabela Hendricks.
00:00:41Ele atuou na diretoria do Instituto Arquitetos do Brasil
00:00:44e no Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte.
00:00:48É professor de pós-graduação na PUC Minas,
00:00:51editor da página Arquitetos de Belo Horizonte,
00:00:55colunista do portal BHZ de Notícias e gestor da cultura arquitetônica,
00:01:00dedicado a serviços e eventos na área do patrimônio edificado UFAR.
00:01:04Bem-vindo, Ulisses Morato. É um prazer te receber aqui.
00:01:09Boa tarde, Isabela.
00:01:11Eu agradeço o convite para poder estar conversando aqui com você e com o seu público.
00:01:18Eu acho que é uma oportunidade incrível de podermos discutir esse tema que é tão caro para a nossa sociedade,
00:01:27para a nossa sociedade, que é exatamente o tema da arquitetura, do urbanismo, da cidade, enfim.
00:01:35Então, acho que isso é uma iniciativa muito interessante da parte do podcast.
00:01:42Bom, Ulisses, a gente estava conversando aqui um pouquinho antes e você falou que você é mineiro de Belo Horizonte.
00:01:48Os belo-horizontinos falam que quase ninguém é de Belo Horizonte mesmo.
00:01:52E aí nasceu esse projeto Arquitetos de BH.
00:01:55O que é? É um projeto? É um evento? O que é?
00:01:58Sim, na verdade, esse projeto surge no meio digital, no primeiro momento.
00:02:10E isso remete a um pouco da minha trajetória acadêmica,
00:02:15que começa a partir da minha vivência em Portugal,
00:02:24quando eu fiz o doutorado em arquitetura na Universidade de Lisboa.
00:02:29E ali eu pude perceber o quão aquela sociedade valoriza os seus arquitetos, as suas obras,
00:02:36através de inúmeros eventos, publicações, debates, etc.
00:02:43Então, a partir dessa experiência, eu retornei para Belo Horizonte
00:02:48muito impressionado com essa visão especificamente portuguesa sobre a cultura arquitetônica local
00:02:57e vim com esse desejo de também trabalhar essa nossa rica cultura arquitetônica de Belo Horizonte.
00:03:06E o primeiro ponto foi o lançamento de um perfil no Instagram,
00:03:13Arquitetos de Belo Horizonte, exatamente para poder resgatar esses personagens,
00:03:18esses arquitetos, essas obras que compõem a paisagem da nossa cidade,
00:03:25que compõem, no final das contas, a nossa história,
00:03:28a nossa história urbana, a nossa história artística.
00:03:30A arquitetura conta a história, é fato.
00:03:31É interessante esse ponto que você tocou, porque a cidade é o maior artefato cultural
00:03:44que uma sociedade produz.
00:03:49E, como tal, ela é um repositório gigante de registros materiais
00:03:57da atuação desse povo, dessa sociedade no território.
00:04:03Registro de como nós nos relacionamos com as artes, com a política, com a religião,
00:04:10com a cultura, de modo geral, os modos de morar.
00:04:15E a arquitetura entra nesse âmbito para, digamos, contar os detalhes dessa história,
00:04:23dessa sociedade.
00:04:24Se a gente comparar, e a gente pode comparar, a cidade como um grande livro de história,
00:04:35a gente pode pensar que a arquitetura desse livro vão ser as palavras,
00:04:43os quarteirões vão ser ali os parágrafos e os bairros vão ser os capítulos desse livro.
00:04:51E aí a arquitetura vem para detalhar isso, os edifícios detalhando,
00:04:56através dos templos, dos palacetes, das habitações, do traçado urbano, das praças, enfim.
00:05:07E isso é muito interessante.
00:05:09E nisso tudo a gente tem a população, as pessoas,
00:05:14os cidadãos, que são naturalmente os leitores dessa obra.
00:05:22No entanto, tem um aspecto interessante, curioso,
00:05:25porque a leitura desse livro não é uma leitura fácil.
00:05:32Por quê?
00:05:33Porque a arquitetura é um dado tão naturalizado para a gente,
00:05:37ela está tão imiscuída na nossa vida,
00:05:39desde o nascimento até a morte,
00:05:42que a gente, muitas vezes,
00:05:45tudo isso, todas essas informações passam despercebidas.
00:05:49Principalmente quando a gente não tem os conjuntos arquitetônicos muito óbvios,
00:05:53eu imagino.
00:05:55É, e não é assim.
00:05:57Na verdade, o que caracteriza a nossa identidade urbana e arquitetônica,
00:06:01diferente de outras cidades,
00:06:04e que, para mim, não é um problema...
00:06:06Isso aí você vai falar do caso de Belo Horizonte.
00:06:08É, o caso de Belo Horizonte,
00:06:09e que, para mim, não é um problema,
00:06:11é a pluralidade,
00:06:13é a diversidade.
00:06:17A gente tem, no território,
00:06:20a expressão de diversos estilos arquitetônicos,
00:06:22de diversas formas de pensar a construção
00:06:26e de articular a linguagem arquitetônica.
00:06:30Lembrando que a arquitetura é uma expressão artística também.
00:06:34Importante esse fato.
00:06:35E esses estilos foram acontecendo em Belo Horizonte em uma linha do tempo?
00:06:41Vamos passear por essa linha do tempo.
00:06:43O que estava acontecendo que esse estilo ficou tão diverso?
00:06:48Igual você falou.
00:06:49Bom, a gente tem que lembrar que a cidade,
00:06:53a nossa capital, a capital de Minas Gerais,
00:06:56ela, basicamente, nasceu e se desenvolveu praticamente no século XX.
00:07:02E o século XX, se a gente for pensar ao longo da história,
00:07:06é o século de intensas, abruptas e gigantescas transformações em todos os setores.
00:07:14E num espaço de tempo muito pequeno.
00:07:17Se a gente for considerar toda a história da humanidade,
00:07:20a gente está na ponta de uma agulha, a nossa capital.
00:07:26E a cidade acaba sendo um retrato disso.
00:07:31Se a gente pensar que o telefone, o cinema, o avião, o disco sonoro,
00:07:38tudo surgiu lá no inicinho junto com a cidade praticamente.
00:07:42E desembocando no final do século, e agora nesse século XXI,
00:07:46nessa revolução tecnológica, é muita coisa para uma cidade vivenciar.
00:07:58É diferente das outras cidades, até brasileiras, como São Paulo, Rio,
00:08:02Ouro Preto aqui perto, que sedimentaram os seus conjuntos urbanos
00:08:08de forma mais definitiva, digamos.
00:08:13Apesar de ter sofrido muito também.
00:08:14Então, Belo Horizonte é um pouco desse retrato do século XX.
00:08:19Então, quando a gente pensa que Belo Horizonte,
00:08:20a gente está falando só de modernismo, é um ledo em gama, não é?
00:08:23De jeito nenhum.
00:08:24Embora esse capítulo da arquitetura de Belo Horizonte seja importantíssimo.
00:08:30A gente pode pensar que...
00:08:31E ele é mais volumoso ou não?
00:08:33É.
00:08:34É o estilo, digamos, mais longevo na capital durante o século XX.
00:08:38E por isso mais volumoso, mas não necessariamente todo ele de extrema qualidade.
00:08:46Mas a gente tem muita coisa de qualidade, a ponto de ser o primeiro grande...
00:08:52Eu penso que foi o primeiro grande momento de internacionalização da nossa cidade.
00:08:57Porque, no início dos anos 1940, a gente já tinha, já teve as imagens da Pampulha estampadas
00:09:05numa exposição no Museu, no MoMA de Nova York, o Museu de Arte Moderna de Nova York,
00:09:12com as obras da Pampulha recém-inauguradas, projetadas pelo Oscar Neymar, dentro do estilo moderno.
00:09:20E aquilo foi um ponto de conexão da cidade para o mundo inteiro.
00:09:27De muita sensibilidade, de orgulho das pessoas.
00:09:30Sim, é.
00:09:30E aquilo virou um catálogo, livro, que o Brasil Builds, que circulou o mundo inteiro.
00:09:37Em Portugal, as pessoas cultuavam esse livro.
00:09:40Lá influenciou a arquitetura portuguesa, inclusive, moderna.
00:09:44O seu doutorado em Portugal foi quando?
00:09:45Eu concluí, eu fui entre 2015 e 2020.
00:09:51Depois eu defendi um pouco depois, em 2021.
00:09:55Então, foi nesse período aí.
00:09:58Então, isso é só para dizer da importância da arquitetura moderna na cidade.
00:10:05A gente vai lembrar da figura do Sheldon Kubitschek, que vai chamar o Oscar Neymar.
00:10:09E o Oscar Neymar, inclusive, ele vai dizer que a arquitetura dele praticamente nasce aqui em Belo Horizonte.
00:10:15As obras da Pampulha são modernas.
00:10:18Elas são um ponto de viragem na arquitetura internacional.
00:10:22Sobretudo com aquele tratamento que o Oscar Neymar vai dar da curva livre, da forma orgânica,
00:10:29daquele traço bem plástico, usando concreto armado ali nas suas construções.
00:10:35E assim, a gente tem que lembrar que agora, no outro segundo momento de internacionalização da cidade,
00:10:46foi também, através da arquitetura moderna, quando a Unesco reconhece esse mesmo conjunto,
00:10:52agora, no século 2015, como um patrimônio da humanidade.
00:10:58Isso não é pouca coisa.
00:10:59Bom, dito isso em relação à arquitetura moderna, aí a gente vai retomar os primórdios da cidade.
00:11:07A cidade nasce com a decisão da mudança da capital de Minas,
00:11:15que vem muito dentro do contexto da proclamação da República.
00:11:18Há todo um processo político e técnico, etc., que desemboca na decisão da mudança da capital
00:11:30para essa região que a gente vive, que antes era denominada como Curral do Rei.
00:11:37E, posteriormente, como Arraial de Belo Horizonte, já antes mesmo da cidade ser a capital.
00:11:44Então, esse nome, Belo Horizonte, vem antes da própria capital.
00:11:46Então, a gente tem o primeiro momento de cultura arquitetônica e urbana
00:11:55nesse Arraial que tinha essa feição colonial.
00:11:59Se a gente pegar as imagens antigas da cidade, do Arraial,
00:12:04é como se a gente estivesse olhando hoje uma cidade histórica mineira, típica, com a igreja...
00:12:10Com aquela réplica de Portugal.
00:12:12Exatamente, dentro dessa cultura urbana e arquitetônica luso-brasileira,
00:12:17do traçado orgânico das ruas, das casinhas com os telhados, a matriz ali no centro da cidade.
00:12:24Então, era isso.
00:12:26E, infelizmente, nesse processo de mudança da capital, esse Arraial foi extinto.
00:12:30Eu acho que foi uma...
00:12:33Mas, enfim, a mentalidade da época era outra e, hoje, a gente só tem um exemplar dessa arquitetura,
00:12:37que é o atual Museu Histórico Abílio Barreto, que é o exemplar dessa arquitetura, digamos...
00:12:42Que fica na Prudente Moraes.
00:12:44É, na cidade de Jardim e Colonial.
00:12:46Bom, com essa decisão da capital se instalar aqui,
00:12:51a gente monta uma comissão construtora da nova capital e aí tem um fato interessante,
00:12:59que eu considero que é o primeiro momento onde se junta um grupo de arquitetos
00:13:07para poder pensar uma cidade aqui no Brasil.
00:13:13Por isso que se fala que aqui é a primeira cidade planejada?
00:13:16É a primeira cidade planejada da época republicana.
00:13:20A gente tem outros registros de planejamento, embora em menor escala,
00:13:24até Salvador, o núcleo inicial de Salvador foi pensado de forma planejada,
00:13:32Recife, enfim, outros exemplos aí.
00:13:35Mas, na era republicana, sim, a primeira cidade a ser planejada e nessa escala,
00:13:43uma escala de uma cidade, de uma capital.
00:13:44E a gente tem, então, essa...
00:13:51Isso que, para mim, é um fato importante do ponto de vista da nossa cultura arquitetônica.
00:13:55Já se monta uma comissão construtora, acho que um fato inédito na história da urbanização
00:14:01e da arquitetura brasileira, para pensar uma cidade, pensar o seu traçado,
00:14:04para pensar as suas ruas, os seus monumentos, os seus palácios, enfim,
00:14:09montar uma cidade para que ela funcione.
00:14:11As alternativas, que se teria de acordo com o nosso relevo, com o estudo.
00:14:15Exatamente.
00:14:16E aí eu queria fazer um parêntese.
00:14:19E ainda pensando em como a cidade valoriza a cultura arquitetônica,
00:14:26é que isso tudo gerou uma documentação grande.
00:14:30Existe um acervo, que é o acervo da Comissão Construtora da Nova Capital,
00:14:34que é guardado em três museus, o Abílio Barreto, o Arquivo Público Ineiro e o Arquivo da Cidade.
00:14:41São fotos e, sobretudo, muitos projetos, muitas plantas.
00:14:48E esse acervo, pouca gente sabe disso, em 2015, a Unesco declarou como centro patrimônio mundial
00:14:58na categoria Memória do Mundo.
00:15:00O acervo.
00:15:01O acervo da comissão.
00:15:02Não só as plantas, mas toda a documentação.
00:15:07Então, mas dentro desse acervo, esses projetos arquitetônicos são muito importantes.
00:15:12Há uma enormidade de informações ali para pesquisa e para contar a nossa história.
00:15:18Então, isso é muito interessante.
00:15:20Isso atesta como a gente tem essa cultura arquitetônica.
00:15:24Bom, então, naquele momento, esses arquitetos, aí a gente vai ter arquiteto italiano,
00:15:34a gente vai ter arquiteto português.
00:15:36Nessa comissão para montar.
00:15:38E aí, por isso, esse tanto de influência, será?
00:15:41Na verdade, na princípio, a gente vai ter o predomínio da arquitetura eclética,
00:15:46que é essa arquitetura que, vamos exemplificar, seria do Palácio da Liberdade
00:15:52e das secretarias mais antigas ali da Praça da Liberdade.
00:15:56Aquele formato ali é o formato da arquitetura eclética,
00:16:00que é a arquitetura de fundação da cidade,
00:16:03muito considerado, naquela época, o estilo arquitetônico de ponta,
00:16:08mais moderno, difundido mundialmente pela célebre Ecole des Beaux-Arts de Paris.
00:16:17Por isso que Belo Horizonte já teve até esse apelido, digamos,
00:16:21da Paris Tropical, nos seus primórdios,
00:16:24por esse acervo eclético, que tem aquela feição.
00:16:30Então, é o que dá a cara inicial da nossa cidade.
00:16:32Infelizmente, muita coisa ficou preservada, está tombada pelo patrimônio municipal ou estadual.
00:16:43Bom, então, na sequência, a gente tem aí, como eu disse, o século XX é muito dinâmico.
00:16:51A gente tem uma eclosão em sequência de pensamento cultural,
00:16:58de pensamento, inclusive, pensamento arquitetônico.
00:17:01Sim, o que passa pelas artes.
00:17:03Exato.
00:17:03E aí, depois, nós vamos ver...
00:17:07Isso aí, essa arquitetura eclética vai até, basicamente, que é os anos 30.
00:17:11Depois entra o Art Deco.
00:17:15Paralelamente ao que a gente denomina como protomodernismo,
00:17:18que já é um anúncio para o modernismo.
00:17:20E por quê?
00:17:21O que estava acontecendo na história do mundo e por isso?
00:17:26Assim, a gente vai ter um reflexo da cena internacional.
00:17:28O Art Deco, esse ano, completa 100 anos, por exemplo.
00:17:31Belo Horizonte tem 90 e alguma coisa de Art Deco aqui na cidade.
00:17:37Então, está muito junto da cena internacional.
00:17:39Entendi.
00:17:40Então, é isso.
00:17:44É muito reflexo do que se pensa.
00:17:46E aí, essa conexão da cidade com o pensamento internacional,
00:17:50que acaba marcando essa produção.
00:17:53Depois, eu mencionei o Art Deco, eu mencionei o protomodernismo.
00:17:58Depois, a gente tem o próprio modernismo, que é o que a gente discutiu aqui,
00:18:02que é muito importante.
00:18:03O modernismo vai girar em torno do fim dos anos 30 até os anos 70, digamos.
00:18:11Claro que isso são classificações,
00:18:13mas uns estilos acabam se sobrepondo aos outros.
00:18:16Mas eu estou dizendo de modo, digamos, didático.
00:18:20Mas, nos anos 80, eclode, então, o chamado pós-modernismo,
00:18:26que Belo Horizonte vai ser pioneira nisso aqui no Brasil.
00:18:29Porque aí são aquelas cores mais escuras, a madeira mais pesada,
00:18:32é essa a sensação?
00:18:33Não, não, pelo contrário.
00:18:35Quando eu falo de pós-modernismo, a gente tem que lembrar, por exemplo,
00:18:38da chamada Rainha da Sucata ali na Praça da Liberdade, que é...
00:18:43Eu estou pensando na arquitetura das casas, não, né?
00:18:45Não, não.
00:18:46É uma arquitetura bem lúdica, bem colorida,
00:18:49que vai prezar pela liberdade do desenho, das cores,
00:18:55vai buscar reinterpretar alguns elementos do passado,
00:19:01como colunas, frontões, cúpulas.
00:19:04A Rainha da Sucata seria o nosso paradigma.
00:19:06O melhor exemplo.
00:19:07Para o pós-modernismo.
00:19:09Para o que eu estou falando do pós-modernismo, né?
00:19:11Hoje a gente vive algum movimento, Lê?
00:19:13E a gente...
00:19:14Aí, assim, após os anos...
00:19:19Na década de 1990, a gente pode, entrando no século XXI,
00:19:24a gente pode dizer que a gente vive, de um modo geral,
00:19:27o que a gente chama de arquitetura contemporânea.
00:19:29E aí há uma explosão de expressões arquitetônicas, né?
00:19:34Muito em função da conectividade internacional,
00:19:38promovida pela internet,
00:19:40muito em função dos avanços de materiais,
00:19:45de tecnologias, as mais variadas, né?
00:19:48Então, e como jamais visto na história, né?
00:19:53A arquitetura, você tem desde ligas metálicas,
00:19:56muito sofisticadas, a vidros inteligentes,
00:19:58isso tudo vai influenciando o modo de pensar a arquitetura, né?
00:20:01Esse aspecto, digamos, tectônico,
00:20:03que é essa parte construtiva, né?
00:20:06Então, a arquitetura contemporânea,
00:20:10ela vai abrigar uma pluralidade de expressões,
00:20:14de formas de pensar, né?
00:20:15E a gente também vive isso aqui, né?
00:20:21A arquitetura, ali na Praça da Liberdade,
00:20:23você tem exemplo, por exemplo,
00:20:26ali do Espaço do Conhecimento,
00:20:30da UFMG, projeto, inclusive, da Jô Vasconcelos,
00:20:34que fez parte do movimento pós-moderno também, né?
00:20:38Uma arquiteta muito importante,
00:20:40que vem acompanhando essas transformações de linguagem, né?
00:20:44Ela, inclusive, também fez depois,
00:20:47dentro dessa linguagem contemporânea,
00:20:51um dos mais icônicos edifícios aqui da cidade,
00:20:55que é o edifício que abriga a Fila Harmônica,
00:20:59a Rádio Confidência e a TV Minas, né?
00:21:04No Barro Preto.
00:21:05É, um edifício belíssimo, né?
00:21:07Com essa linguagem contemporânea.
00:21:09Aí a gente tem também uma expansão do território
00:21:15dessa arquitetura que é produzida em Belo Horizonte
00:21:18para os condomínios.
00:21:19Aí a gente vai passando para a região metropolitana,
00:21:22mas por arquitetos que estão sediados no capital, né?
00:21:25E de grande repercussão internacional, inclusive.
00:21:29Se você pegar um Arc Daily, por exemplo,
00:21:32que é o mais popular dos sites de arquitetura do mundo,
00:21:36você vai ver uma enormidade de arquitetura contemporânea
00:21:40de Belo Horizonte presente ali.
00:21:43É mesmo?
00:21:44E muito dessa produção ligada também
00:21:47à habitação unifamiliar, né?
00:21:50Dentro dessa, digamos, desse êxito, né?
00:21:56Da população, de parte, dos setores da população
00:21:59para esses condomínios em busca de outro estilo de vida,
00:22:02de qualidade de meio ambiente, etc.
00:22:06De sair do centro da área central, né?
00:22:08Então, e aí esses condomínios serviram de laboratório importantíssimo
00:22:14para essas novas gerações de arquitetos,
00:22:17para expressar essa arquitetura contemporânea,
00:22:20arquitetura muito premiada, muito divulgada mundialmente, né?
00:22:24Em livros, em sites importantes, né?
00:22:29Então, a gente tem uma geração de arquitetura contemporânea
00:22:31importantíssima aqui na cidade.
00:22:32Que coisa boa de saber, que orgulho para a gente, né?
00:22:35Eu pensei sobre os passeios do arquiteto por BH.
00:22:38Você pegou essa história toda, essa influência.
00:22:42Em Portugal, você via os moradores interagindo com a arquitetura
00:22:46de uma maneira diferente da gente,
00:22:48e por isso você resolveu trazer, a ideia foi essa, né?
00:22:52E aí, como que funcionam esses passeios?
00:22:54É, eu posso dizer que essa ideia do passeio,
00:22:59ela, sim, tem a ver com essa experiência portuguesa
00:23:03e de outras cidades europeias,
00:23:06onde esse conceito de visita guiada ao patrimônio arquitetônico
00:23:14é bem frequente.
00:23:15Bem difundido, é comum, né?
00:23:16E faz muito, ecoa muito junto à população,
00:23:20porque é aquilo que eu falei.
00:23:25Normalmente, a arquitetura é tão natural
00:23:27que as pessoas esquecem de falar da arquitetura.
00:23:29E a gente normaliza, né?
00:23:30Porque faz tão parte do nosso dia a dia
00:23:32que, às vezes, a gente não olha para cima, né?
00:23:33Exatamente.
00:23:36Então, quando você chama atenção para isso, né?
00:23:40Acaba que isso tem um impacto, um interesse grande, né?
00:23:47Mas, assim, aí, como eu mencionei,
00:23:50quando eu voltei para BH,
00:23:51o primeiro momento foi, digamos,
00:23:53criar uma plataforma de comunicação digital
00:23:56sobre a nossa cultura arquitetônica,
00:23:57e, depois, um desdobramento disso
00:24:01veio a ser, então, esse evento que eu criei
00:24:06que é o Passeio Arquitetônico.
00:24:09Porque nada melhor, nada mais adequado,
00:24:13nada mais oportuno de falar sobre arquitetura
00:24:15na rua, nas praças, nas avenidas, né?
00:24:19Onde a gente tem o contato direto com esses exemplos,
00:24:22com essas obras.
00:24:24Com as dimensões que tem que ser,
00:24:25com as texturas que tem que ter.
00:24:27Exato, então, essa questão
00:24:29da experiência ali,
00:24:34sensorial mesmo, como você mencionou, né?
00:24:38Então, foi o desdobramento natural,
00:24:42digamos, do mundo digital para o mundo real, né?
00:24:46Ainda mais depois de uma pandemia e tudo mais,
00:24:49acho que as pessoas estavam bem...
00:24:50Desesperadas para ir para a rua, né?
00:24:53Querendo um pouco disso aí.
00:24:57E aí, sim, aí surgiu a ideia de criar...
00:25:03O primeiro roteiro foi o roteiro da Praça da Liberdade, né?
00:25:06Que, por incrível que pareça ali,
00:25:10a Praça da Liberdade,
00:25:12ela tem edificações que foram construídas em três séculos.
00:25:17Ali é uma boa amostra de Belo Horizonte.
00:25:19Eu falo que é um livro a céu aberto
00:25:21sobre a história da arquitetura de Belo Horizonte,
00:25:24onde você vai encontrar tudo o que foi,
00:25:26todos os estilos arquitetônicos que foram produzidos aqui na cidade, né?
00:25:29Então, você tem edificações do final do século XIX,
00:25:33edificações do século XX e, como eu até mencionei,
00:25:36algumas edificações também do século XXI, né?
00:25:40Abrangendo todos os estilos arquitetônicos que nós produzimos, né?
00:25:46A gente vai ter, então, toda essa sequência.
00:25:49Então, o primeiro roteiro que eu fiz foi ali.
00:25:50E aí tem um trabalho de pesquisa,
00:25:54porque a gente tem que fazer uma datação.
00:25:57Ali é até um pouco mais tranquilo,
00:25:59porque é bem documentado.
00:26:01Mas existem outros roteiros que você tem que ter uma pesquisa árdua
00:26:04para produzir a autoria de projeto,
00:26:07produzir informações um pouco mais detalhadas
00:26:10sobre a linguagem arquitetônica,
00:26:11que é trabalhada naqueles edifícios, né?
00:26:15As datas, datas de construção,
00:26:17datas de projeto, né?
00:26:19Então, o roteiro é montado em cima disso.
00:26:25A ideia é fazer um percurso, né?
00:26:27Que dura em torno de duas horas,
00:26:30pegando as edificações...
00:26:32Sempre a pé, né?
00:26:33É, sempre a pé.
00:26:35A partir da, digamos,
00:26:38da observação no espaço público.
00:26:42A gente não adentra as obras,
00:26:44porque aí seria uma logística mais complicada.
00:26:47Fica mais cansativo também.
00:26:48Mas é o que a gente também está no dia a dia, né?
00:26:51A gente está no corre-corre do dia a dia e sem olhar.
00:26:53Então, a ideia do passeio é percorrer um percurso representativo
00:26:58de forma calma, pensando, olhando, sentindo aquilo
00:27:01e recebendo essas informações, né?
00:27:05Que, no caso, eu produzo e passo para as pessoas.
00:27:07E aí eu falo dessa sequência estilística,
00:27:11falo das principais características arquitetônicas de cada estilo.
00:27:16Então, a pessoa sai desse passeio adquirindo um novo olhar, né?
00:27:22Com novos instrumentos para poder avaliar aquilo que ela, no dia a dia,
00:27:26percebe dentro daquela lógica da desatenção, digamos, né?
00:27:29E o público que você sempre focou não era o público técnico, né?
00:27:32Não, não.
00:27:33Embora tenha muito arquiteto frequentando...
00:27:38Porque o arquiteto, por natureza, é curioso, né?
00:27:40Eu já percebi isso.
00:27:42É muito diversificado o público, aposentados, jovens, soldados de turismo.
00:27:51Porque a linguagem que você utiliza é uma linguagem não técnica, né?
00:27:55Não técnica.
00:27:56Apesar de trabalhar termos técnicos, eu procuro adequar isso
00:28:00de forma que as pessoas, que o público geral possa entender, né?
00:28:03E a ideia é essa, né?
00:28:05Não é fazer isso direcionado para o público de arquiteto, né?
00:28:08Porque eu acho importante a gente, digamos, popularizar a temática da arquitetura.
00:28:18Ela é muito importante para o nosso...
00:28:19Ela conta história, né, Ulisses?
00:28:20Então não faz sentido, né?
00:28:21É.
00:28:22A arquitetura é muito importante para o nosso cotidiano, né?
00:28:25Assim, no trabalho, na sua habitação, na sua escola, no hospital,
00:28:33numa repartição pública, ela está o tempo todo, para o bem ou para o mal,
00:28:37te condicionando.
00:28:39Então, se você forma, de certa maneira, uma massa crítica em relação à arquitetura,
00:28:45isso é importante até para o cotidiano de cada um, né?
00:28:49E para o olhar daqui para frente também, né?
00:28:51E para o olhar, porque existe essa questão da estética, né?
00:29:00A arquitetura é um fenômeno estético importantíssimo, talvez o mais democrático de todos,
00:29:06porque, pelo menos na sua feição pública, ele está disponível para todo mundo usufruir,
00:29:13pensar e sentir, né?
00:29:15Então, e na medida que você obtém mais informação sobre esse fenômeno,
00:29:21a sua relação, às vezes uma frase que você escuta a respeito de uma edificação
00:29:27muda completamente a sua visão em relação a esse edifício.
00:29:31A Rainha da Sucata mesmo, que foi muito polêmico, eu explicando o contexto histórico,
00:29:36por que surgiu, por que se desenvolveu, as características, as pessoas chegam a comentar,
00:29:40poxa, não sabia disso, agora vou olhar para esse edifício de uma outra maneira.
00:29:47Então, isso é importante, né?
00:29:49É, ela quebra esses preconceitos, às vezes, que a gente tem.
00:29:52E, além disso, desperta essa, digamos, responsabilidade no sentido da preservação também, né?
00:30:03Sim, porque é comunitário, né?
00:30:04Então, assim, é de todos os prédios públicos, eles fazem parte da nossa história e são de todos, né?
00:30:10Exatamente.
00:30:11E aí a gente tem o passeio da Praça da Liberdade, que foi o primeiro,
00:30:15e aí você tomou gosto e vieram vários passeios.
00:30:19Pois é, aí eu fiz cerca de cinco passeios na Praça da Liberdade
00:30:24e aí, naturalmente, eu fui criando roteiros,
00:30:29roteiros que me propiciam essa leitura histórica,
00:30:36então todos eles, coisa que não é muito difícil em Belo Horizonte, né?
00:30:39Porque todas as áreas da cidade, ou avenidas, ou praças, elas contam,
00:30:45elas são bem diversificadas do ponto de vista, né?
00:30:48Aliás, é o que nos caracteriza, né?
00:30:51O que nos caracteriza, enquanto cidade, é exatamente a pluralidade.
00:30:56Então, a ideia é montar esses roteiros de forma que eles tenham a capacidade de varrer,
00:31:03se não toda a história, mas boa parte, né?
00:31:06Então, aí depois eu fiz na Afonso Pena,
00:31:09um roteiro da Afonso Pena, saindo da Praça Sete
00:31:15e indo até o Palácio das Artes.
00:31:18São roteiros que giram em torno de mil metros, mil e duzentos, mil e quinhentos,
00:31:23coisa pra percorrer em duas horas a pé, de forma bem tranquila, né?
00:31:28Depois a gente fez um outro roteiro da Praça da Boa Viagem,
00:31:31Avenida João Piero, Rua da Bahia,
00:31:33partindo um pouco mais pra baixo ali da Praça da Liberdade.
00:31:38A gente tem um roteiro mais central, digamos, ali, Praça da Estação,
00:31:42Rudos, Caetés e Rua São Paulo.
00:31:45Aí, hipercentro mesmo, né?
00:31:47E é impressionante como a gente deixou de percorrer esses caminhos, né?
00:31:51O centro já teve uma presença muito grande pra maioria da população.
00:31:56E aí, depois, com a história dos shoppings, da pulverização do serviço, etc.
00:32:01E até, muitas vezes, por questão de alguma segurança, né?
00:32:05Embora eu nunca tenha tido o menor problema...
00:32:07Eu já tive, mas nunca deixei de ir por causa disso.
00:32:10Pra mim, felizmente...
00:32:11Mas essa geração, não.
00:32:12Assim, eu levei meu filho, né?
00:32:14Assim, eu fazendo meia culpa.
00:32:15Eu levei meu filho, foi no centro da cidade com sete anos de idade, assim,
00:32:19o centro mesmo, ir na Galeria do Vidoro, andar ali, sabe?
00:32:23E por necessidade, eu fiquei com vergonha, sabe?
00:32:26Falei, gente, por que quando trouxe meu filho aqui?
00:32:27E é riquíssimo, né?
00:32:29Com muita coisa.
00:32:29É lindo, assim.
00:32:30Eu digo que você percorre ali, Praça da Estação, Rua dos Caetés e Rua São Paulo,
00:32:37900 metros, você vê coisas belíssimas e estão relativamente bem preservados até, né?
00:32:43É importante, assim, essa visão.
00:32:46E no centro, ali, no hipercentro, o que a gente tem de...
00:32:48Tem uma arquitetura que prevalece ali?
00:32:51O que a gente vê?
00:32:51É bem misturado, Isabel.
00:32:53Por exemplo, se a gente pegar um...
00:32:57A gente tem esquinas que contam a história, né?
00:33:00Se você pegar a praça...
00:33:02A esquina, o cruzamento do Amazonas com Afonso Pena,
00:33:05que vai formar a Praça 7,
00:33:09você tem ali edifícios ecléticos dos primórdios da fundação,
00:33:15por exemplo, ali o Uai da Praça 7, né?
00:33:18Você tem ícone, um ícone do Art Deco, que é o Cine Brasil.
00:33:22Que lindo, maravilhoso.
00:33:23Você tem um belíssimo proto-moderno, né?
00:33:27Que é o Brasil Palace Hotel, que abriga o Café Nice, super tradicional também.
00:33:33Uma edificação muito representativa.
00:33:36Do modernismo, você tem vários.
00:33:39Tem o atual P7, né?
00:33:42Criativo, que foi a sede de um banco importante aqui de Minas Gerais.
00:33:46Obra, inclusive, do Oscar Niemeyer, modernista, né?
00:33:50Você tem o Helena Passigui, que é de um outro arquiteto aqui de Belo Horizonte, muito importante.
00:33:56O Rafael Arde Filho.
00:33:58O edifício Joaquim de Paula, também modernista.
00:34:00Então, ali o próprio Pirulito, também, que é dos primórdios, né?
00:34:04De 1922, junto com o Uai da Praça 7.
00:34:09Então, ali você consegue, só ali naquele recinto, digamos, urbano, você consegue falar de praticamente todo o arco histórico da cidade.
00:34:18E quantificações belíssimas, né?
00:34:21E agora, eu estou querendo colocar mais uma outra história ali na Praça 7, que é transformar aquele pedaço ali em Times Square, né?
00:34:29Pois é.
00:34:30Que são aquis altidões.
00:34:31Porque é lamentável, é como se quiséssemos borrar, de certa forma, essa história ou colocar obstáculos para que essa história arquitetônica e da nossa memória edificada seja visualizada e usufruída de forma plena, né?
00:34:53Então, eu acho essa ideia lamentável, pouco discutida, sobretudo, por exemplo, com especialistas, com os arquitetos, com os historiadores, né?
00:35:07Com quem entende do tema mesmo, para saber fazer até uma relação custo-benefício, né?
00:35:12Até o setor do turismo, né?
00:35:14E, inclusive, é uma ação que entra, ela choca, né?
00:35:22Ela se choca com as leis de tombamento, né?
00:35:25Porque, se eu pensar nos primeiros artigos lá da lei de tombamento, que é de 1937, né?
00:35:32Por ocasião da...
00:35:34De criação mesmo desses instrumentos de tombamento no país,
00:35:38Uma das questões que se coloca é que os bens tombados, eles são tombados porque eles têm importância histórica, estética, arquitetônica, cultural, né?
00:35:50Uma das questões que se coloca é que eles não recebam engenhos de publicidade, não sejam anexados engenhos de publicidade nesses monumentos, né?
00:36:00Exatamente para que eles possam ser usufruídos pela população, bem público.
00:36:04Sim. Você chegou a ver o projeto? Existe já um projeto ou existe a aprovação de uma ideia?
00:36:09Não, existe uma lei, ela já foi regulamentada, inclusive, né?
00:36:15E a ideia é que se tenha painéis de, digamos, painéis de publicidade de 3 a 40 metros de altura, né?
00:36:26Ou seja, e o que é um complicador para quem está dentro desse edifício?
00:36:30Imagina uma pessoa que está dentro de uma sala, de um condomínio daquele, receber um painel gigantesco na sua frente, você não tem mais a vista da cidade, não tem mais...
00:36:39Iluminação natural.
00:36:40Iluminação natural, nem ventilação, fora o calor que eu imagino que isso vai gerar.
00:36:45Empréstios que são antigos, né?
00:36:46É um complicador grande para quem está dentro dos edifícios, dos condomínios, eu imagino.
00:36:52Mas, então, e essas intervenções, aí que entra uma questão, essas intervenções, elas, como a Praça 7, praticamente, todas aquelas edificações são tombadas ou em processo de tombamento,
00:37:05Essas intervenções têm que passar pelos conselhos, né?
00:37:09Conselho Municipal, Estadual de Patrimônio.
00:37:12E, assim, como eu disse, existe esse critério de não se afixar esses engenhos de publicidade e também de se preservar a ambiência urbana.
00:37:26Ali, a Praça 7, ela está inserida no conjunto urbano protegido, que é o conjunto urbano da Avenida Afonso Pena e Adjacências.
00:37:35Então...
00:37:36Não é só o prédio, é o contexto inteiro, né?
00:37:38É o contexto todo.
00:37:39Então, tudo isso tem que passar pelo aval dessas instâncias de patrimônio, que eu confio e espero que...
00:37:47Dificilmente passar.
00:37:48Não, não, digamos, aprovem esse tipo de negação da nossa história, de negação...
00:37:56Você acha que é um complexo de vira-lata nosso, Ulisses?
00:37:59Eu acho.
00:38:00Você contou, talvez, a gente está indo justamente na mão contrária, né?
00:38:05Que era de dar luz e contar mais a história desse edifício, a gente vai tampar.
00:38:09É, tudo isso que a gente está discutindo aqui é no sentido de iluminar, num bom sentido, né?
00:38:14De jogar luz para essa nossa história, que, como eu disse, é muito rica.
00:38:19Sim.
00:38:19A própria Praça 7 é riquíssima.
00:38:21Edifícios...
00:38:22E tudo muito recente, né?
00:38:23Porque, assim, no Brasil, se a gente for olhar para a história, ele ficou muito tempo abandonado até esse restauro.
00:38:28O próprio prédio do P7, né?
00:38:31O do ar, ele ainda foi mais preservado, né?
00:38:33Assim, ao longo dos anos.
00:38:35Pelo menos olhando de fora, assim, a sensação que eu tenho.
00:38:37Pois é, a cidade é cidade, assim, a gente tem cerca de 1.200 imóveis tombados, mais cerca de 1.000 em processo de tombamento,
00:38:49que, na prática, é como se fosse tombado, então, até que se defina, não se pode descaracterizar, demolir, nem nada, né?
00:38:58Ou seja, cerca de 2.000 imóveis e outros tantos que poderiam ou deveriam ser tombados,
00:39:04só que a gente já tem uma estrutura estatal de poder público que não dá conta, assim, da demanda, né?
00:39:15Que eu acho que deveria ser muito maior, né?
00:39:17E você acha que a questão é só fazer o tombamento?
00:39:20Porque, assim, enquanto você conversa com o proprietário de um imóvel tombado,
00:39:25é um custo muito alto, né?
00:39:27Que o proprietário, às vezes, é uma pessoa, uma família que herdou um prédio,
00:39:34que ele não consegue manter de acordo com a regra do tombamento.
00:39:39E aí é o que eu tenho a sensação de fora, assim, de leiga mesmo,
00:39:43de que gera um incômodo em quem tem um imóvel tombado.
00:39:46Sabe que a lei vai lá, faz, tomba e depois não dá suporte nenhum
00:39:49para aquele proprietário da conta, né?
00:39:54De uma chancela dessas, porque é uma chancela, né?
00:39:57É, acaba que existe muito essa percepção, mas isso não é...
00:40:03Isso, digamos, existem instrumentos compensatórios
00:40:10para que aquele imóvel seja, digamos, congelado ali, preservado.
00:40:16Não congelado, porque você pode fazer reforma interna,
00:40:18você pode fazer muita coisa, isso não ingesta o imóvel, né?
00:40:22Inclusive, transformar aquele imóvel num excelente ponto comercial.
00:40:27Existem várias possibilidades.
00:40:28Mas, pensando nisso, a nossa história de preservação
00:40:32criou vários instrumentos.
00:40:34Você tem, por exemplo, a transferência do direito de construir,
00:40:39um imóvel que está num determinado zoneamento,
00:40:41que poderia ter dez andares.
00:40:44O proprietário tem a possibilidade de vender esse poder de construção
00:40:48para que ele seja efetivado em outro local,
00:40:50isso gera verba, gera recurso.
00:40:54Existe isenção de impostos, como o IPTU.
00:40:57Dependendo do imóvel, é muito...
00:40:59Se você imaginar a isenção de IPTU para um conjunto JK,
00:41:04é uma enormidade, é muito recurso.
00:41:07Existe coisas, por exemplo...
00:41:09Às vezes é falta de conhecimento mesmo, né?
00:41:11Eu acho que campanhas de esclarecimento, de divulgação desses benefícios, né?
00:41:16Faltam um pouco.
00:41:18Elas poderiam ser mais intensas
00:41:20para quebrar um pouco desse receio da população, né?
00:41:25E até, por exemplo,
00:41:27se você quiser iluminar a sua fachada,
00:41:30criar um projeto de iluminação que valorize a fachada, né?
00:41:33Que isso à noite fique bonito, interessante.
00:41:35A taxa de iluminação para esse fim, ela é isenta.
00:41:41Você não paga por isso.
00:41:42Existe um decreto que diz sobre isso.
00:41:44Pouca gente sabe, né?
00:41:47E você pode entrar com a busca de recursos
00:41:55pelas leis municipal, estadual e federal de incentivo à cultura
00:41:59para captar, para preservação.
00:42:01Então, existem vários mecanismos que o proprietário pode dispor
00:42:08para poder ajudar nessa tarefa, né?
00:42:14Nessa manutenção, né?
00:42:15Nessa tarefa, que eu acho que é uma tarefa honrosa, né?
00:42:21Então, eu acho que falta a campanha mesmo,
00:42:23mas, ao mesmo tempo, existem os recursos, né?
00:42:26Os mecanismos para quebrar um pouco disso.
00:42:29E fora, assim, um aspecto que...
00:42:36Um bem tombado, ele pode ganhar uma visibilidade enorme, né?
00:42:41Ele é valorizado, ele é reconhecido pela sociedade como um exemplar, né?
00:42:48Um exemplar de arquitetura, de história, de cultura, de arte, né?
00:42:52Então, ele...
00:42:54Isso pode...
00:42:55Isso acaba agregando valor também, né?
00:42:59Um valor a esse bem.
00:43:00Eu acho que por isso que comunicar e levar o conhecimento, né?
00:43:03Para além do tombamento, seja um mecanismo importante para as pessoas, né?
00:43:09Certamente.
00:43:09E, Olis, com relação aos passeios,
00:43:11você falou que tem alguns fatos que são interessantes aí,
00:43:14que você apresenta durante os roteiros.
00:43:18O que a gente tem de história interessante aí que aparece?
00:43:22Ah, tem muita história.
00:43:22Você pesquisou muito, né?
00:43:23Você estudou muito, né?
00:43:24É, esses roteiros, eles demandam muita pesquisa, né?
00:43:27Sobre a ocupação dos imóveis,
00:43:29sobre a história da construção, né?
00:43:35Pausa, assim.
00:43:36Então, há todo um processo de pesquisa, né?
00:43:43Envolvido.
00:43:45Vou citar um exemplo, né?
00:43:46A gente falou da Praça da Liberdade.
00:43:54A Praça da Liberdade, dentro daquela diversidade,
00:43:57ela talvez seja a única, se não a única praça do país,
00:44:01a ter obras daqueles que são os dois mais renomados,
00:44:06mais, digamos, ilustres arquitetos brasileiros,
00:44:11construídas ali, né?
00:44:13Que é o Oscar Neymar.
00:44:16Ele tem até dois edifícios ali, né?
00:44:18O edifício Neymar é a Biblioteca Pública, Estadual, né?
00:44:21E o Paulo Mendes da Rocha,
00:44:23que tem o projeto do anexo ali ao Museu das Minas e do Metal,
00:44:29uma obra até contemporânea.
00:44:33E esses dois arquitetos,
00:44:34eles são os únicos arquitetos brasileiros
00:44:37que ganharam o que a gente chama
00:44:39do Prêmio Nobel da Arquitetura,
00:44:43que é o Prêmio Pritzker de Arquitetura.
00:44:45Os únicos brasileiros que conquistaram
00:44:47essa honraria de grande repercussão internacional.
00:44:50E a gente tem obras dos dois ali, né?
00:44:52Uma coisa muito interessante, né?
00:44:55E que passa desapercebido.
00:44:57É, de um modo geral.
00:44:57Assim, Neymar não passa tanto, né?
00:44:59Mas o peso disso tudo, né?
00:45:07E essa capacidade de trechos,
00:45:11de praças ou lugares,
00:45:13de contar a história quase que completa essa...
00:45:15Eu estou lembrando aqui de outro...
00:45:18Ali na Afonso Pena,
00:45:19num dos percursos que eu faço, né?
00:45:21Na esquina da Espírito Santo com...
00:45:23Aquilo é a convergência, né?
00:45:25Espírito Santo, Afonso Pena...
00:45:28Tamóios.
00:45:29Tamóios, né?
00:45:30Perto da Igreja São José.
00:45:31Ali você tem uma esquina que conta praticamente toda a história também.
00:45:34Você tem o Acaiaca,
00:45:36do Art Deco,
00:45:37você tem a Igreja São José,
00:45:39um ecletismo mais inspirado ali
00:45:42numa arquitetura gótica, né?
00:45:45Você tem o Castelinho da Afonso Pena,
00:45:48chamado Castelinho da Afonso Pena,
00:45:50que tem essa arquitetura eclética.
00:45:52Você tem também ali o Etício Guanabara,
00:45:56que é, inclusive, tombado,
00:45:58representando a arquitetura moderna, né?
00:46:00Então, num simples cruzamento,
00:46:01você vai falando de tudo, né?
00:46:03De muita coisa.
00:46:04E dessa convivência entre esses...
00:46:06Entre esses personagens, né?
00:46:11Da nossa...
00:46:11Arquitetura e pessoas da arquitetura,
00:46:14que contam a nossa história.
00:46:15É.
00:46:15E esses dias eu publiquei,
00:46:19por exemplo,
00:46:19na página, né?
00:46:22Arquitetos de Belo Horizonte,
00:46:24uma imagem da casa,
00:46:27da casa onde a gente sempre liga,
00:46:30liga o...
00:46:31Juscelino Kubitschek é a questão da vanguarda,
00:46:33da modernidade, né?
00:46:35Mas uma casa que ele residiu,
00:46:37acho que a primeira casa que ele morou
00:46:39após o casamento,
00:46:41ali no Barro Preto,
00:46:43na Ouro Preto,
00:46:43na esquina de Ouro Preto,
00:46:46com uma outra rua que eu não estou recordando.
00:46:48Mas é uma casa bem...
00:46:50De aspecto bem romântico,
00:46:52dentro do que a gente chama de estilo normando, né?
00:46:54Que imita...
00:46:55Que se inspira, né?
00:46:57Na arquitetura daquela região da França.
00:47:00Uh-huh.
00:47:01E, assim, é impressionante essa...
00:47:05E não tem ali, por exemplo,
00:47:06não tem uma placa dizendo, né?
00:47:08Uma informação dizendo...
00:47:11Aqui morou o ex-presidente da República,
00:47:13Juscelino Kubitschek,
00:47:14ex-prefeito, ex-governador, né?
00:47:16E a casa, felizmente,
00:47:17é tombada, está preservada, está lá, né?
00:47:20Mas ninguém sabe.
00:47:21E, por exemplo, ligado a ele mesmo,
00:47:22a gente tem outros...
00:47:23Aí já iniciativas bem...
00:47:25Arrojadas, né?
00:47:27Ele teve consultório
00:47:29no primeiro Arranha-Céu de Belo Horizonte,
00:47:31que é o edifício Ibaté.
00:47:32Isso está dentro dos nossos passeios também.
00:47:35O edifício Ibaté,
00:47:36que fica ali na...
00:47:37Praticamente São Paulo com...
00:47:39Afonso Pena, né?
00:47:39Uh-huh.
00:47:40É considerado o nosso primeiro Arranha-Céu,
00:47:43o Juscelino está lá com o seu consultório, né?
00:47:47E aí, em frente,
00:47:48você tem o edifício Mariana,
00:47:49que abrigou a primeira exposição de arte coletiva,
00:47:52arte moderna coletiva,
00:47:53promovida pelo próprio Juscelino Kubitschek.
00:47:56É só para ficar na esfera aqui do JK, né?
00:47:59A quantidade de histórias e de possibilidades.
00:48:02Cada setor, cada roteiro desse,
00:48:05a gente traz muita informação também,
00:48:07não só da arquitetura,
00:48:08mas também da, digamos,
00:48:11da vida social,
00:48:12da vida familiar,
00:48:13que aquelas edificações
00:48:14abrigaram, né?
00:48:17Assim, contando também
00:48:18histórias muito importantes
00:48:22da nossa cidade, né?
00:48:24Do desenvolvimento da nossa cidade.
00:48:26E o seu público hoje que faz os passeios?
00:48:28Ele é mais o Belo Horizontino?
00:48:30É mais o turista?
00:48:31É meio a meio?
00:48:32Quem que é o clube de origem?
00:48:34Na verdade,
00:48:35é essencialmente Belo Horizontino, né?
00:48:37Essa tarefa de levar,
00:48:39receber turista,
00:48:40ela é exclusiva,
00:48:42inclusive, dos guias turísticos, né?
00:48:44Eu nem posso me miscuir nessa,
00:48:47digamos,
00:48:49até de forma legal,
00:48:50não posso trabalhar
00:48:52recebendo turista.
00:48:54É, mas você conta o passeio
00:48:55pela sua perspectiva profissional, né?
00:48:57É, do ponto de vista da arquitetura.
00:48:58O público...
00:49:00Mas o meu passeio é...
00:49:01O objetivo inicial é...
00:49:03E até hoje é esse,
00:49:05é trabalhar o turismo,
00:49:07digamos, interno, né?
00:49:09Levar esses passeios
00:49:10para quem mora na cidade, né?
00:49:12Então, é isso.
00:49:15São pessoas da cidade mesmo
00:49:17que estão muito ávidas por isso, né?
00:49:19A gente tem uma movimentação
00:49:20muito interessante na cidade
00:49:22nos últimos décadas,
00:49:23duas, talvez,
00:49:24que desse explorar a cidade...
00:49:29A gente tem vários eventos,
00:49:30a gente vai lembrar
00:49:31do circuito urbano de arte,
00:49:34da noite dos museus, né?
00:49:36Da festa da luz,
00:49:38do festival internacional de teatro,
00:49:41rua e palco, né?
00:49:42E, além disso,
00:49:45a gente teve iniciativas mais pontuais
00:49:48de outros passeios temáticos
00:49:51que vão tratar de outras manifestações,
00:49:55como a literatura,
00:49:56como a gastronomia,
00:49:57como a...
00:49:59até o futebol,
00:50:03a música, né?
00:50:04É, isso vai gerando
00:50:05um orgulho no Belo Horizonte,
00:50:07e eu sempre falo
00:50:07que cidade boa para visitar
00:50:09é a cidade primeira
00:50:09boa para morar, né?
00:50:11Exato.
00:50:12E eu acho que
00:50:12é muito importante,
00:50:15eu acho que as redes sociais
00:50:16ajudaram muito nisso também, né?
00:50:17É verdade.
00:50:18Na divulgação,
00:50:19em arregimentar esse público, né?
00:50:22Existem trabalhos
00:50:23muito interessantes
00:50:24nesse sentido
00:50:25da gente...
00:50:28que eu digo
00:50:29que é de cidadania mesmo,
00:50:31nesse sentido
00:50:31de pertencer,
00:50:32de pertencimento, né?
00:50:33De conhecimento
00:50:34da sua cidade.
00:50:36Hoje, por exemplo,
00:50:36você tem,
00:50:37se você quiser conhecer
00:50:38a história da arte
00:50:39e da sociedade
00:50:42de Belo Horizonte
00:50:44e dos seus personagens,
00:50:46você tem um passeio
00:50:49através dos túmulos, né?
00:50:53Do Bonfim, né?
00:50:53Do Bonfim, sim.
00:50:54De certa forma,
00:50:56uma coisa
00:50:56que foi muito
00:50:57tabu, né?
00:50:59Mas que a gente pode
00:51:00fazer esse passeio,
00:51:01acho que é uma promoção
00:51:02até da Belo Tour.
00:51:03São todos,
00:51:04eles não são
00:51:05regulares, né?
00:51:07Mas são passeios
00:51:08agendados, assim,
00:51:09que eu acho que contam
00:51:10muito da nossa história mesmo.
00:51:12Exato.
00:51:12É, assim como
00:51:13esses passeios
00:51:15que eu faço arquitetônicos, né?
00:51:16Eu faço de um
00:51:17a dois passeios
00:51:18por mês, né?
00:51:19Então, eu procuro
00:51:20manter essa regularidade.
00:51:22Eles acontecem,
00:51:23geralmente,
00:51:23no final de semana?
00:51:24Como que funcionam os passeios
00:51:26e quem quiser fazer o passeio,
00:51:27como que se candidata?
00:51:30Bom, normalmente,
00:51:31eu promovo
00:51:32aos sábados pela manhã,
00:51:34de nove às onze,
00:51:35por conta do clima,
00:51:36né?
00:51:36E da disponibilidade
00:51:40das pessoas, né?
00:51:41No final de semana.
00:51:43Ainda pega um pouco
00:51:43da Cidade Viva, né?
00:51:45Porque ela está funcionando, né?
00:51:46Isso, eu pego
00:51:46a movimentação
00:51:47no centro,
00:51:48na Praça da Liga,
00:51:48enfim.
00:51:50Então,
00:51:51eu sempre divulgo
00:51:54esses passeios
00:51:55nas minhas redes sociais,
00:51:58no site,
00:51:59no Instagram,
00:52:00no Facebook.
00:52:02E aí fica aberto, né?
00:52:04As inscrições,
00:52:05as pessoas se inscrevem.
00:52:06E aí a gente,
00:52:09eu, né?
00:52:10Tem um grupo,
00:52:10tem um número
00:52:11de pessoas
00:52:12que podem participar
00:52:13por passeio?
00:52:13É, normalmente,
00:52:13eu ofereço 20,
00:52:17de 20 a 25 vagas,
00:52:19porque,
00:52:19pela dinâmica...
00:52:21Imagino.
00:52:21E pela...
00:52:23Pela qualidade
00:52:23do passeio mesmo, né?
00:52:25É.
00:52:25E,
00:52:26porque é falado, né?
00:52:28Eu falo,
00:52:29então,
00:52:29apesar de que eu uso
00:52:30um amplificador de voz,
00:52:33se o grupo for muito grande,
00:52:35não dá pra...
00:52:37Quem tá em determinado ponto
00:52:38não ouve, né?
00:52:39Então,
00:52:39tem essa limitação
00:52:40em torno disso, né?
00:52:43De 25 pessoas.
00:52:45E são nessas manhãs de sábado,
00:52:47normalmente.
00:52:49E eu digo que é bem agradável,
00:52:51as pessoas acabam curtindo muito, né?
00:52:55Aquele frescor da manhã,
00:52:57né?
00:52:57Você poder olhar a cidade com calma, né?
00:53:02Porque, assim,
00:53:03a gente sempre tem essa relação
00:53:04com a cidade na pressa, né?
00:53:07No corre-corre do dia-a-dia.
00:53:09E a proposta do passeio é outra.
00:53:11Vamos desacelerar, né?
00:53:13E olhar com calma.
00:53:14E vamos olhar pra arquitetura,
00:53:16tirando aquele aspecto da desatenção, né?
00:53:19O Instagram é o arroba arquitetos.d.bh?
00:53:25Exatamente.
00:53:26E no Instagram as pessoas conseguem
00:53:28encontrar todas as informações
00:53:29sobre esses passeios.
00:53:31É, sempre eu divulgo,
00:53:33sempre a programação tá exposta lá, né?
00:53:37É importante que as pessoas acompanhem,
00:53:39então, pra saber quando vão ser os passeios
00:53:40e onde que ele vai acontecer, né?
00:53:42E, além do passeio,
00:53:45eu promovo,
00:53:46que é dentro dessa ideia, né?
00:53:49De atingir um público maior
00:53:51e mais diversificado,
00:53:53de popularizar o tema da arquitetura,
00:53:55eu faço,
00:53:57eu promovo cursos livres, né?
00:53:59Sobre a arquitetura de Belo Horizonte.
00:54:02Na verdade,
00:54:03o tema é tratado
00:54:04do ponto de vista da evolução
00:54:06da arquitetura de Belo Horizonte.
00:54:08Aberto a qualquer pessoa?
00:54:09Aí sim, é aberto.
00:54:11Eu até trabalho pra...
00:54:12Não precisa ser arquiteto, não.
00:54:13Não, não,
00:54:14porque no início do curso
00:54:16eu até coloco,
00:54:19faço uma introdução
00:54:20que eu chamo de
00:54:21fundamentos da arquitetura,
00:54:23onde eu vou trabalhar
00:54:23alguns termos técnicos,
00:54:25alguns conceitos,
00:54:26aquilo que vai dar um, digamos,
00:54:27Nivelar todo mundo.
00:54:29É, de nivelamento
00:54:31pra que quem não for da área
00:54:33possa acompanhar o curso
00:54:35e pra quem já é da área,
00:54:38relembrar aqueles conceitos, né?
00:54:40que normalmente estão lá
00:54:41atrás na faculdade, enfim, né?
00:54:44Mas, então,
00:54:45eu tenho essa preocupação
00:54:46de criar essa terminologia,
00:54:50digamos, básica
00:54:51pra que
00:54:53qualquer área
00:54:55possa
00:54:56transitar
00:54:57e acompanhar o curso
00:54:59com tranquilidade
00:54:59e isso acontece.
00:55:00e a gente tem...
00:55:02Eu já tive...
00:55:03Os cursos são bem variados,
00:55:04como eu disse,
00:55:05do ponto de vista...
00:55:07A única coisa que eu coloco
00:55:08é que tenha pelo menos
00:55:09o segundo grau,
00:55:09porque já estudou um pouco
00:55:10da história da arte.
00:55:11Já tem uma ideia.
00:55:12História do Brasil,
00:55:14de Minas, enfim.
00:55:17Mas, no mais,
00:55:18é bem diversificado
00:55:19e bem...
00:55:20A gente vai deixar no site,
00:55:22esse podcast,
00:55:23como vocês já sabem,
00:55:24ele sempre vai acompanhando
00:55:25uma matéria
00:55:26no iTurismo.
00:55:28E aí, Ulisse,
00:55:28eu vou te pedir
00:55:29todos os links
00:55:30que a gente coloca
00:55:31que as pessoas podem
00:55:32acompanhar com mais tranquilidade.
00:55:34Aí é o curso
00:55:35e o passeio, né?
00:55:37Eu promovo os cursos
00:55:38e os passeios.
00:55:42E outra forma
00:55:42que eu considero
00:55:44como de popularizar
00:55:46a arquitetura
00:55:46é escrevendo
00:55:48sobre a arquitetura
00:55:49no veículo
00:55:50de comunicação de massa.
00:55:51Eu tenho uma coluna...
00:55:52No BHZ, né?
00:55:53No portal BHZ
00:55:55que chama
00:55:55Memória Arquitetônica
00:55:56Ela é semanal.
00:55:57De BH,
00:55:58ela é semanal,
00:55:59que agora mesmo
00:56:00eu estou contando
00:56:01essa história.
00:56:01Estou no capítulo...
00:56:02Ontem eu publiquei
00:56:03o capítulo
00:56:05sobre o protomodernismo,
00:56:07que é, de certa forma,
00:56:08até um pouco desconhecido
00:56:10do público geral
00:56:11e, muitas vezes,
00:56:12até dos arquitetos.
00:56:13É uma temática nova,
00:56:13mas que já está sedimentada
00:56:15na literatura,
00:56:16inclusive no nosso guia
00:56:18de bens tombados,
00:56:21por exemplo,
00:56:21de Belo Horizonte.
00:56:22Então,
00:56:23são artigos
00:56:26semanais,
00:56:29educativos, né?
00:56:30Exato,
00:56:30que tratam um pouco
00:56:32dessa questão
00:56:33da educação patrimonial,
00:56:35por que não dizer,
00:56:37que eu acho que é importantíssimo
00:56:39para a gente.
00:56:40E aí,
00:56:40para a gente já ir finalizando,
00:56:42Ulisses,
00:56:43você falou que ia dar uma notícia
00:56:44para a gente
00:56:44em primeira mão aqui,
00:56:45que você está planejando
00:56:47um guia.
00:56:48dentro desse contexto todo
00:56:51que a gente discutiu,
00:56:53eu estou planejando,
00:56:56como eu disse,
00:56:57esse ano,
00:56:58mundialmente,
00:56:58é comemorado
00:56:59100 anos
00:56:59do fenômeno
00:57:02da arquitetura
00:57:02art deco,
00:57:05a partir de uma feira
00:57:07que ocorreu em Paris,
00:57:08em 1925,
00:57:10então,
00:57:10é uma data
00:57:11que é marcada,
00:57:11então,
00:57:12nós estamos em 2025,
00:57:13100 anos,
00:57:13e percebendo
00:57:16essa necessidade
00:57:17também
00:57:18de levar
00:57:21as informações,
00:57:23digamos,
00:57:23mais técnicas
00:57:25e mais históricas,
00:57:27enfim,
00:57:29sobre a arquitetura
00:57:30de Belo Horizonte,
00:57:31eu vou lançar
00:57:32uma coleção
00:57:33denominada
00:57:35Guia de Arquitetura
00:57:36de Belo Horizonte,
00:57:38e aí,
00:57:38aproveitando
00:57:38esses 100 anos
00:57:40do art deco,
00:57:42eu vou lançar
00:57:42ainda esse ano,
00:57:44pretendo,
00:57:44a gente já está planejando,
00:57:46trabalhando nesse projeto
00:57:48editorial,
00:57:49o Guia de Arquitetura
00:57:51Art Deco
00:57:51de Belo Horizonte,
00:57:52então,
00:57:53aguardem que vem
00:57:54novidade aí em breve,
00:57:56e a ideia
00:57:56é percorrer
00:57:57todos os
00:58:00períodos
00:58:01arquitetônicos
00:58:01da cidade,
00:58:02aí eu volto
00:58:03no ecletismo,
00:58:04depois retomo
00:58:06o modernismo,
00:58:08o pós-modernismo,
00:58:10o proto-modernismo,
00:58:12arquitetura
00:58:12pós-moderna
00:58:14e contemporânea,
00:58:14então,
00:58:15a ideia é trabalhar
00:58:16vários volumes,
00:58:17cada um volume
00:58:18cuidando
00:58:19dessa linguagem,
00:58:23e isso é bom,
00:58:23isso é bom
00:58:24para que as pessoas
00:58:25possam
00:58:26até
00:58:26ter aquilo ali
00:58:28a tirar colo
00:58:29para poder...
00:58:30Além do passeio guiado,
00:58:31ela pode fazer
00:58:32o auto-guiado,
00:58:33ela mesma se organiza ali,
00:58:34vai conhecer um pouco
00:58:35da cidade.
00:58:36De certa forma,
00:58:37a gente pode entender
00:58:38que é também
00:58:39um desdobramento
00:58:39do passeio arquitetônico,
00:58:41porque tem essa ideia
00:58:43de levar esse...
00:58:45Porque o guia
00:58:46não é só dizer
00:58:47aqui é tal prédio,
00:58:48tal estilo arquitetônico,
00:58:49é fazer uma...
00:58:51Não é um inventário,
00:58:52é uma história
00:58:53que se conta.
00:58:53contar a história
00:58:54do estilo,
00:58:55porque,
00:58:56como é que ele se manifesta,
00:58:57quais são as suas
00:58:58características gerais,
00:59:00fazer uma contextualização
00:59:02histórica,
00:59:04então,
00:59:05não é simplesmente
00:59:07dar o endereço
00:59:09da edificação,
00:59:09a data de construção,
00:59:12o arquiteto,
00:59:12o autor,
00:59:13não.
00:59:14Ele é mais abrangente,
00:59:16inclusive,
00:59:17também com um,
00:59:19digamos,
00:59:20um capítulo dedicado
00:59:21às biografias
00:59:22desses arquitetos,
00:59:23que é importante
00:59:23a gente resgatar.
00:59:26Que aí traz
00:59:26o contexto inteiro.
00:59:28A ideia é pegar
00:59:29todas essas informações
00:59:31que você
00:59:32vai ter um mergulho,
00:59:35digamos,
00:59:36completo
00:59:36no fenômeno arquitetônico
00:59:39ligado a um estilo
00:59:42arquitetônico.
00:59:43Excelente, Ulisses.
00:59:44Quero te agradecer muito
00:59:46e quero finalizar
00:59:46te perguntando,
00:59:47quando você viaja,
00:59:49o que você gosta
00:59:50de fazer?
00:59:50Pois é.
00:59:52Bom, obrigado.
00:59:53Eu imagino,
00:59:54mas vamos lá.
00:59:55Obrigado pelo convite,
00:59:57mais uma vez,
00:59:58oportunidade sensacional
01:00:00de a gente poder discutir
01:00:01esses temas,
01:00:01como eu disse,
01:00:02né?
01:00:03Bom,
01:00:03eu ajo como estudante
01:00:07de arquitetura.
01:00:08Um eterno, né?
01:00:09A gente,
01:00:10quando começa
01:00:10a estudar arquitetura,
01:00:12começa a olhar
01:00:13para cima sempre
01:00:14e aquela coisa
01:00:15de ficar muito ligado.
01:00:17E o que eu faço
01:00:18é isso,
01:00:18eu busco
01:00:20percorrer
01:00:22essas ruas,
01:00:25essas praças,
01:00:26esses lugares
01:00:27que são consagrados
01:00:29ali naquela...
01:00:30E às vezes não,
01:00:31é bom você pegar
01:00:32os percursos alternativos
01:00:33também,
01:00:34mas eu gosto muito
01:00:35de andar,
01:00:36às vezes até
01:00:37sem orientação mesmo,
01:00:39dentro daquela ideia
01:00:39do flaner,
01:00:40de andar a pé mesmo
01:00:45e explorar a cidade
01:00:47com algum planejamento
01:00:49ou às vezes
01:00:50sem um planejamento,
01:00:52que acaba contando
01:00:54com o efeito surpresa também,
01:00:56que muitas coisas
01:00:56aparecem
01:00:57nessas caminhadas
01:00:58magníficas.
01:00:59mas o meu foco
01:01:02acaba sendo...
01:01:03O histórico cultural,
01:01:05eu imagino.
01:01:05Sendo a questão
01:01:06da arquitetura,
01:01:08que como eu disse,
01:01:09acho que é o nosso
01:01:10grande artefato,
01:01:12a arquitetura
01:01:12e a cidade,
01:01:14o grande artefato
01:01:15que as sociedades
01:01:17acabam produzindo.
01:01:19É o ponto de partida
01:01:20para te contar o resto.
01:01:21E aí depois
01:01:22disso vem
01:01:22a gastronomia,
01:01:25que está acoplado também.
01:01:27Sempre.
01:01:27As artes, os museus...
01:01:29Não são caixas, né?
01:01:30É.
01:01:31As coisas são...
01:01:31Exatamente.
01:01:33Mas eu acabo sendo,
01:01:34nas minhas viagens,
01:01:35eu acabo sendo
01:01:36arquiteto também.
01:01:38Não é?
01:01:39Não tem jeito
01:01:40de separar, né, Ulisses?
01:01:41É.
01:01:42Obrigada.
01:01:43Então,
01:01:44eu vou convidar as pessoas
01:01:45mais uma vez
01:01:46a seguirem
01:01:46o arroba arquitetos.d.d.bh
01:01:49.bh
01:01:51Muito obrigada.
01:01:54Essa matéria
01:01:55você confere também
01:01:56no turismo.ai.com.br
01:02:00A gente tem notícias
01:02:01e matérias diárias lá.
01:02:03E não deixe de seguir
01:02:03também o nosso Instagram
01:02:05arroba portal
01:02:06o Aiturismo.
01:02:07Eu te vejo
01:02:07na próxima semana
01:02:08e muito obrigada.
01:02:09e não deixe de seguir.
01:02:11E aí
01:02:14e aí
01:02:16e aí
01:02:22e aí