Indústria automobilística teme a alta da taxa de juros? Igor Calvet analisa| DIRETO AO PONTO

Jovem Pan News

01/07/2025

A alta da taxa de juros acende um alerta para a indústria automobilística brasileira. No Direto ao Ponto, Igor Calvet, presidente da Anfavea, detalha os impactos econômicos desse cenário, explicando como o aumento no custo do crédito afeta diretamente o poder de compra do consumidor e freia o mercado de veículos.

Assista na íntegra: https://www.youtube.com/live/Nehm72B2mdE

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00:00Essa evolução, principalmente na tecnologia, depende também um pouco do governo também,

00:04em relação a incentivo à pesquisa, a muitos investimentos em quem poderia inventar coisas novas

00:12para modernizar cada vez mais a indústria brasileira.

00:16E em falando no governo, quero também a sua avaliação sobre o que impacta diretamente no mercado do automotivo,

00:24que é a taxa de juros que a gente tem visto agora recentemente, 15%.

00:29Isso num país em que boa parte da população se vale do financiamento para acessar o seu veículo,

00:36principalmente inclusive em relação até às empresas, as frotas de caminhão, enfim.

00:41Como é que você tem visto esse cenário da economia em relação à indústria?

00:47A indústria teme este momento que estamos vivendo?

00:50Sim, nós vemos com bastante apreensão esse movimento de subida consecutiva da taxa básica de juros da economia, a Selic.

01:03Nós, no final do ano passado, 2024, nós projetamos esse crescimento que eu falei de 7% aqui para o nosso mercado.

01:12E esse crescimento foi baseado numa taxa de juros, foi feita em novembro mais ou menos essa previsão,

01:19numa taxa de juros que não estava ainda nos índices que nós temos hoje.

01:24E nós não tínhamos naquele momento ainda uma expectativa de subidas consecutivas.

01:29Por isso que daqui a mais ou menos um mês, um mês e meio, quando nós tivermos analisado os dados aqui do primeiro semestre,

01:36muito possivelmente no início de agosto, nós vamos revisar as nossas projeções do mercado para esse ano.

01:43Quero crer que nós não faremos uma revisão para baixo, mas é possível porque a taxa de juros,

01:50ela afeta muito o nosso segmento, o nosso setor e eu diria que afeta desigualmente.

01:57Nos extremos das gamas de produtos que nós representamos.

02:01No começo ali, o carro de entrada, a pessoa física que compra o seu veículo, o veículo de entrada.

02:07Esse consumidor, ele precisa ter uma taxa de juros atrativa,

02:12porque ele precisa fazer com que a sua compra, que ele se usa geralmente do financiamento,

02:17ele caiba no seu bolso.

02:19E quanto mais alto for a taxa de juros, isso afasta o consumidor que adia essa compra

02:25e, portanto, impacta na distribuição, nas vendas e também na produção dos veículos aqui no Brasil.

02:31E nós temos que encontrar outros mercados para acessar outros mercados.

02:35Mas também atua na outra ponta, que é, por exemplo, das máquinas agrícolas,

02:40das autopropulsadas, que são as de investimentos,

02:43e nos caminhões que precisam, que geralmente são empresas,

02:47portanto, não são CPFs, mas CNPJs fazendo esses investimentos,

02:51e que também dependem da taxa de juros, porque são compras no volume maiores

02:55e que, para se realizar essas compras, geralmente a taxa de juros é um limitador,

03:00restringe essa compra.

03:02E o nosso mercado, novamente, ele é afetado por isso.

03:05Então, o que nós temos, basicamente?

03:08Por exemplo, no mercado de máquinas agrícolas,

03:11que é um mercado também representado pela Anfávia,

03:14nós temos um ano muito bom, a safra muito boa,

03:17alguns falam em super safra, mas nós temos, ao longo do tempo,

03:23um preço de commodities bastante baixo, que tem começado a subir.

03:29Isso faz com que o potencial, na verdade, do PIB,

03:32o preço das commodities lá embaixo, seja menor do que deveria ser.

03:35Mas a gente já vem de anos em que a safra não foi tão boa,

03:38e, portanto, você tem anos em que, muito possivelmente,

03:41o agronegócio, embora não tenha se capitalizado suficientemente,

03:46mas tenha já feito dívidas, então esteja endividado.

03:50Então, nesse ano, que tem super safra, com essa taxa de juros,

03:53não necessariamente a venda de máquinas agrícolas vai crescer.

03:57Então, isso também é um problema conjunção.

04:00Então, esse ano, ele vai ser particularmente desafiador,

04:03porque, de maneira que não projetada no final do ano passado,

04:07eu digo final do ano passado, novembro, outubro, novembro do ano passado,

04:10nós temos uma taxa de juros que sobe consistentemente.

04:13E aí tem a ver com as questões que o governo, sim, pode ajudar,

04:17porque tem a ver com as questões de ajuste fiscal,

04:20para afrouxar a política monetária.

04:24Então, eu acho que nós somos muito sensíveis.

04:27Foi isso, é isso que eu estou tentando demonstrar.

04:29Em toda a nossa gama de produtos,

04:31seja na inicial, com o veículo de passageiros,

04:34até uma máquina agrícola para semear, para colher,

04:38ou uma máquina de construção civil.

04:40Isso nos afeta muito taxa de juros e condições de financiamento,

04:45que são duas características super importantes

04:48para os nossos mercados poderem funcionar muito bem no Brasil.

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