No Direto ao Ponto, Igor Calvet, presidente da Anfavea, aborda a mudança na relação dos jovens com o carro, priorizando conectividade, tecnologia e sustentabilidade.
Ele discute a demanda por veículos com mais telas e menos poluentes, além de revelar o retorno do Salão do Automóvel. Calvet também analisa o futuro dos automóveis a combustão no Brasil, em um debate essencial sobre as tendências do mercado automotivo.
Assista na íntegra: https://www.youtube.com/live/Nehm72B2mdE
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00:02José, muito boa noite, Cobaiache, boa noite, colegas que estão aqui na bancada.
00:07Presidente Igor, eu tenho a impressão que o carro vai sobreviver, vai continuar passando gerações com algumas mudanças, né?
00:16Os senhores têm estudos sobre a aceitação do carro pelo jovem?
00:20A impressão que tem é que o jovem não está mais tão interessado assim em ter um carro, mas ter acesso ao carro.
00:26Os senhores têm algum estudo sobre isso?
00:28É, nós tínhamos um estudo de seis, sete anos atrás que dava conta, e eu não vou me recordar agora exatamente do percentual,
00:38mas que um dos interesses primários do nosso jovem, e aí jovem compreendido dos 18 aos 25 anos, era de ter possuído um carro.
00:48E uma das coisas que eu falei aqui, Zé, logo no início, era de que uma das tendências do setor automotivo era a questão da propriedade veicular.
00:56E eu tenho, nós vamos rever esse estudo agora, já estamos em tratativas para isso, porque é importante conhecer esse novo público que interage com o setor automotivo.
01:06Eu tenho visto que o jovem cada vez muda a sua relação com o automóvel, né?
01:11Era o desejo de muitos, agora é um instrumento de produtividade e de trabalho.
01:16Então, essa pequena mudança, que aparentemente é pequena, muda muito a conformação do tipo de produto que nós temos que servir.
01:23E é exatamente por isso que nós estamos refazendo esse serviço.
01:26Mas uma coisa muito interessante, Zé, que você nos pergunta, desde 2018, desde 2018, nós não temos no Brasil o salão do automóvel.
01:36E esse ano, nós vamos retomar o salão do automóvel.
01:40Portanto, pré-pandemia, né, foi o último salão que nós tivemos, agora nós teremos em 2025 o salão renovado.
01:48E vocês não têm ideia, né, o público que nós temos, vai ser em São Paulo, isso no final de novembro, né,
01:54a expectativa que nós temos recebido, o sucesso que tem sido até agora a organização do evento.
02:00Nós estamos esperando entre 500 e 700 mil pessoas no salão do automóvel, Zé.
02:05Então, sim, muito provavelmente, há uma mudança aqui de padrões do consumo.
02:09Mas essa mudança de padrões do consumo, Zé, ela se dá em todas as searas, né,
02:15mas o interesse pelo setor automotivo com o produto automóvel ainda é muito grande
02:21e uma das coisas que eu trago para evidenciar isso é o retorno do salão automóvel.
02:25Agora, alguns aspectos em relação ao produto têm alterado.
02:29Hoje em dia, né, os jovens, né, não é que eles não queiram mais o carro per si,
02:33querem usar como instrumento de trabalho, mas também querem o carro com uma conectividade maior.
02:39É nesse sentido que eu falo que o produto em si, né, a gente vinha discutindo um pouco
02:44tipo antes, né, disso, nós temos há um século, mais de um século do automóvel,
02:48continua sendo utilizado, continua sendo desejado,
02:52mas algumas características vão mudando ao longo do tempo.
02:55A conectividade hoje é isso, né.
02:57O consumidor quer muitas vezes, né, telas, telas grandes, né, que simulam até mesmo, né,
03:03alguns celulares. Por quê?
03:04Porque esse é o novo consumidor chegando.
03:07Então o produto em si está precisando ser alterado, até por questões também ambientais, né.
03:12As novas formas de propulsão, você tem que poluir menos,
03:16por isso que o caso do etanol brasileiro, do motor híbrido é um sucesso.
03:20Agora os veículos elétricos chegando.
03:22São todas formas novas, né, de interagir com esse público, porque é novo.
03:26Seja na questão da tecnologia, seja na questão ambiental, né, de sustentabilidade.
03:32Pergunta agora do Alan Gani.
03:34Presidente, boa noite.
03:35Pegando um gancho no que o senhor falou,
03:37como é que o senhor vê esse mercado de motor a combustão?
03:42Quer dizer, nas próximas décadas, o senhor acredita que vai diminuir ou não,
03:48até por essa mudança de preferência do jovem.
03:52Presidente, se me permite acrescentar, como é que fica também a questão do hidrogênio que vem sendo estudado?
03:58Tem alguma projeção para o veículo também que se move por essa fonte de energia?
04:05Hoje nós temos basicamente o motor a combustão interna.
04:12No Brasil, é preciso dizer que o nosso motor a combustão interna tem um diferencial,
04:17que do ponto de vista ambiental é um sucesso.
04:22Nós temos hoje mais de 80% da frota brasileira, né, de veículos flex,
04:27flex, portanto, usam na sua composição não só a gasolina, mas também o etanol.
04:33Isso faz uma diferença gigantesca em níveis de emissões,
04:37e um veículo, portanto, em relação à frota e ao mundial, é muito mais limpa.
04:42Esse é o primeiro ponto de sucesso que eu queria dizer.
04:45Nós temos na Anfave uma expectativa de que essas tecnologias, gente,
04:49elas vão crescer muito ao longo dos próximos anos, né?
04:52Um estudo nosso dá conta de que lá em 2040, portanto, daqui a 15 anos,
05:01nós teremos aproximadamente 80% dos veículos emplacados no Brasil em 2040
05:08terão algum nível de eletrificação.
05:10E eu digo algum nível de eletrificação porque o que a gente está esperando
05:14é que os veículos que tenham uma eletrificação leve,
05:18os veículos que sejam plug-in, os veículos que tenham uma bateria pura,
05:22eles estão todos nesse bolo aqui da eletrificação.
05:24Não é só o veículo elétrico per si, mas os veículos com algum nível de eletrificação
05:30vão atingir 80% dos emplacamentos.
05:33E ao atingir, eu já digo logo a resposta.
05:35Então, esse mercado vai crescer.
05:38Hoje, dados de 2025, no último mês, inclusive, em maio,
05:4310,4% dos emplacamentos foram dessas novas tecnologias.
05:47Ou seja, de 225 mil emplacamentos, 21 mil, 22 mil emplacamentos foram dessas novas tecnologias.
05:5610% grandes números.
05:58Então, essas novas tecnologias são 10%.
05:59Lá em 2040, mais de 80% terá algum tipo de eletrificação.
06:06Isso significa que em 2040 nós não teremos veículo a combustão no Brasil?
06:11Não. Por quê?
06:12Porque nós vamos vender lá em 2040 esses veículos com novas tecnologias,
06:16mas a nossa frota de veículos, que hoje já é grande, parte dela vai continuar existindo lá em 2040.
06:22Então, a nossa frota, que hoje é de 45 milhões de veículos,
06:26lá em 2040 será de 70 milhões de veículos.
06:29Então, nós temos o estoque, que é a nossa frota.
06:32Então, esse estoque, grande parte dele vai ser a combustão ainda.
06:36Mas eu repito, é a combustão, havendo etanol, veículos, então, flexíveis, flex.
06:41Então, a gente vai ter uma frota bastante limpa.
06:45Agora, hidrogênio, né?
06:46A gente tem vários usos, várias tecnologias.
06:48A gente tem não só a frota de veículos e automóveis leves de passeio,
06:52como também de caminhões e ônibus.
06:55Em caminhões, a gente tem um processo dessas novas tecnologias
07:00que a adoção dele é muito mais lenta.
07:02Por quê?
07:03Porque o caminhão, ele não é como um veículo de passageiro,
07:06é um outro mercado.
07:07Ele é um instrumento de trabalho, de produtividade,
07:10de escoamento de produção.
07:12E ali, por exemplo, a bateria, o veículo elétrico ali,
07:18por exemplo, a propulsão elétrica,
07:20ela tem, na verdade, que tem muitos aprimoramentos
07:22para você conseguir ainda utilizá-la numa escala comercial.
07:26Por quê?
07:26Porque bateria é peso.
07:28Peso num caminhão é custo,
07:30que pode, entre aspas, roubar o peso da carga que você levaria.
07:35Portanto, trazendo menos eficiência na conta ali
07:38de fazer o escoamento de qualquer produção que seja.
07:42Então, tem que fazer longas distâncias.
07:43Às vezes, você não está preparado, do ponto de vista tecnológico,
07:46para essas longas distâncias que exigem a bateria.
07:49A autonomia ainda não é grande o suficiente.
07:50No Brasil, longas distâncias são realmente longas distâncias,
07:53800, mil quilômetros.
07:54E nós temos testes na Europa, que são 500 quilômetros, 600 quilômetros.
07:58Então, você tem uma diferença do mercado.
08:00No mercado de caminhões, só para complementar a minha resposta,
08:04aí a gente vê também um aumento gradativo de hidrogênio,
08:07mas não só de hidrogênio, do próprio biodiesel, do HVO.
08:11Então, são tecnologias surgindo com potencial,
08:15mas que precisam de equações econômicas para fazê-las viáveis comercialmente.
08:21Isso está acontecendo agora.
08:23Lembrando sempre, como eu tinha falado anteriormente,
08:27nós temos um mercado no Brasil que é um mercado que não é de renda alta.
08:33E, portanto, o nosso ritmo de adoção de novas tecnologias,
08:38ele é um ritmo menor do que os mercados de renda alta, naturalmente,
08:42porque você tem menos subsídios ao produtor e ao consumidor,
08:45porque você tem menos condições de infraestrutura.
08:48Então, todos esses fatores ponderados fazem com que o nosso ritmo
08:53de avançar nessas novas tecnologias de produção sejam menores.
08:57Mas isso está acontecendo necessariamente.
08:59Agora, o mercado é globalizado,
09:01o mercado do ponto de vista de produto tende a uma unicidade.
09:04Agora, os tempos, eles são diferentes nas adoções,