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No Papo Antagonista desta quarta-feira, 20, Felipe Moura Brasil e Duda Teixeira conversaram com Josias Teófilo sobre cinema nacional, incluindo o novo filme de Walter Salles, "Ainda estou aqui".

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Transcrição
00:00Como hoje é feriado, não é só de guerra que a gente vai falar, a gente vai falar também de cinema.
00:06E eu tenho o prazer de receber aqui no estúdio do Papo Antagonista em São Paulo, pode colocar geral,
00:11Josias Teófilo, cineasta e colunista da revista Cruzoé, que é uma publicação semanal do portal O Antagonista.
00:18Ele está lá sempre escrevendo a respeito dessa interseção da cultura com a política, as artes de uma maneira geral.
00:26Seja bem-vindo, Josias.
00:27Obrigado, muito obrigado pelo convite.
00:30E olha, a gente tem um pretexto para conversar com o Josias aqui, que é o filme lançado pelo diretor Walter Salles,
00:36o Ainda Estou Aqui, que está aí, pré-candidato ao Oscar, passando por todas essas etapas.
00:42Aliás, o diretor Walter Salles se disse chocado com o sucesso de filme, porque está tendo público.
00:47Você mesmo chegou aqui falando que foi numa quarta-feira à tarde e estava cheia a sessão.
00:52É porque o filme é bom? Pode falar.
00:55Ah, não, é um lindo filme.
00:57Eu acho que é por isso, sim.
00:59Foi o seguinte, eu ia escrever para a coluna da quarta-feira da Cruzoé, que eu tenho que mandar na quarta.
01:07Se não, o Duda briga.
01:08É, exatamente. E aí eu pensei, não, vou para a sessão de duas horas da tarde.
01:12Estava lotada no Cine Belas Artes e dava para ver as pessoas se emocionando sinceramente.
01:18Foi uma coisa muito bonita.
01:19Agora, é uma história que se passa na época da ditadura militar.
01:25Evidentemente, uma família, a família Rubens Paiva, que foi atingida pela opressão, pela dureza do regime.
01:34A gente já viu muitos filmes a respeito disso.
01:37Outro dia, inclusive, a gente estava comentando aqui o filme Pássaro Branco, que é sobre o Holocausto,
01:41e o Duda falou, a gente já viu muitos filmes sobre o Holocausto, etc.
01:46No entanto, esse filme, o Pássaro Branco, tem uma abordagem diferente, que é o ponto de vista de uma criança
01:51que é ajudada ali por um colega de escola, eles não tinham uma relação tão próxima antes de os nazistas chegarem, etc.
01:59E aquela história, até nesse momento, com os conflitos no Oriente Médio, ela é importante.
02:06Ela é contada de uma maneira nova, envolvente para as novas gerações, etc.
02:10O que tem de novo nessa abordagem do Ainda Estou Aqui, diante de tantos filmes que a gente já viu sobre a época do regime militar?
02:18Bom, eu acho que o Novo é uma adaptação literária de um livro que ainda não tinha virado filme,
02:25que é o livro do Marcelo Rubens Paiva.
02:28Agora, eu queimei um pouco a língua com esse filme, porque eu lembro que quando saiu a notícia,
02:33eu comentei, lá vai mais um filme sobre a ditadura.
02:36Porque, infelizmente, a gente tem essa impressão, mas eu queimei muito a minha língua,
02:40porque eu acho que esse é o melhor filme sobre a ditadura.
02:42Então, porque ele conseguiu pegar uma história humana real, um drama verdadeiro.
02:48Então, o que eu escrevi na Cruz Ué é o seguinte, esse filme é sobre a realidade interrompida.
02:55Então, um fato que vai acontecer e que vai mudar a sua vida para sempre
03:00e que nunca mais ela vai voltar a ser o que era.
03:02Então, eu acho que esse é o verdadeiro tema do filme, para além do contexto histórico.
03:08Então, um filme assim é muito...
03:10O que eu acho, só um parênteses, é que eu considero isso muito importante,
03:13porque às vezes, e inclusive essa é uma crítica que volta e meia eu faço a filmes brasileiros,
03:18não todos, evidentemente, é que na arte, de uma maneira geral, o que me agrada é o ponto de vista humano,
03:25é a história individual ou daquela família, etc., a riqueza do personagem,
03:31as situações que aqueles acontecimentos provocam no comportamento daquelas pessoas, nos sentimentos, etc.
03:39Quando... e muitas vezes você tem cenários políticos que são justamente cenários,
03:44são panos de fundo daquela história, mas o enfoque é a experiência humana naquele momento.
03:51E o que acontece com alguns filmes, dos quais eu acabo não gostando, é quando há uma inversão de papel.
03:57Você já tem uma tese ideológica, toda uma narrativa, etc., que se quer provar,
04:03e fica uma história humana quase como que anexo daquela narrativa.
04:08Esse filme, ele consegue, pela experiência humana, expor o que era viver aquela época.
04:16Pois é, exatamente. E também é um filme assim, é muito...
04:19Eu não assisti, só para deixar claro, estou tentando traduzir.
04:22É, mas é simplesmente... eu acho que a grande questão ali do filme é como ele conseguiu construir a memória,
04:30ou seja, o apego da própria família, a família... a rotina que eles tinham,
04:35então eles moravam ali, quase à beira do mar, no litoral do Rio, Copacabana, Ipanema.
04:42E eles tinham uma vida, assim, muito... uma vida quase idílica, né?
04:46E o interessante é que, desde o começo, a gente vê eles tentando registrar aquele momento.
04:54Então, as filhas filmam, tiram fotos, é como se eles pressentissem que alguma coisa muito grave vai acontecer, né?
05:02E a gente sente esse momento como espectador, a gente fica esperando sempre alguma coisa muito grave vai acontecer.
05:08E uma hora acontece e é como se eles tentassem sempre voltar atrás, não deixar essa memória passar, né?
05:15Então, é uma coisa... realmente é um momento muito grave da história brasileira
05:19e também um momento de muita criatividade.
05:22Então, a gente está vendo ali as músicas sendo compostas naquele período, a fotografia...
05:28E outra coisa interessante também é como vai chegando, aos poucos, essa gravidade da história, né?
05:35Então, está lá, eles estão vivendo, tomando banho de praia, indo com as crianças para a praia, etc.
05:40De repente, aparece um helicóptero militar.
05:42De repente, uma blitz com militares tentando achar prisioneiros.
05:48Então, vai, aos poucos, vai chegando essa gravidade e, de repente, se impõe.
05:52Então, outra coisa interessante do filme é a própria espacialidade que ele constrói, né?
05:58Walter Salles é um diretor muito experiente, profissional, que faz um trabalho de excelência.
06:04E a espacialidade que ele faz da própria casa, eles devem ter remontado em cenário, em estúdio,
06:10aquilo como ele fez em Central do Brasil.
06:13Então, é admirável como a gente faz, porque, veja bem, a emoção no filme é toda uma construção formal,
06:19que termina gerando emoção, né?
06:22Então, uma das coisas mais importantes é a questão da decupagem,
06:26ou seja, como você transforma a cena em partes menores, em planos, etc.
06:32Então, isso produz muita emoção, isso produz um efeito estético muito grande,
06:37e ainda mais porque foi um filme filmado em película, 35mm, que é muito mais caro,
06:42mas, imageticamente, fica muito bonito, muito forte a imagem, com cores muito densas, né?
06:50Então, assim, ele te envolve de uma forma muito impressionante,
06:55não é à toa que eu disse que é, para mim, o melhor filme sobre a ditadura.
06:58E, curiosamente, tem dois atores que participaram do que, para mim, é o segundo melhor filme sobre a ditadura,
07:04que é O Que É Isso, Companheiro, baseado no Fernando Gabeira, que tem também a Fernanda Torres,
07:13que é um espetáculo, é uma atriz excepcional.
07:16Ela faz dois filmes.
07:17É, é uma atriz excepcional e tem também o Celton Mello, então...
07:22E também 35mm, um filme muito bom do Bruno Barreto, né?
07:26Então, felizmente, a gente teve a sorte de pegar agora o momento em que a gente pode reviver essa memória
07:34de modo, assim, cinematográfico, né?
07:37Celton Mello, de Walter do Compareci, tantos outros filmes também, os melhores atores brasileiros.
07:42Duda Teixeira tem uma pergunta para o Josias. Vai lá, Duda.
07:44Tem. Josias, você falou do melhor filme brasileiro sobre a ditadura militar e do segundo melhor.
07:49A pergunta é, por que a gente tem tanto filme sobre ditadura, sendo que o Brasil já tem mais de três décadas de democracia?
07:55Pois é, eu achei interessante que eu fui ver.
07:58Tem um filme chamado Jardim de Guerra, que é de 1968,
08:00que é um filme sobre a ditadura, que foi feito na ditadura.
08:04Inclusive, antes das cinco.
08:06Então, é interessante isso.
08:07É porque tem temas que são muito reproduzidos, como vocês falaram aqui.
08:12A questão do holocausto tem tantos filmes.
08:15E aí, de repente, surge um filme ou que detalha alguma coisa,
08:19ou que consegue fazer um trabalho de excelência.
08:23Então, uma coisa que eu sinto muito falta no Brasil é de adaptações literárias.
08:28Então, os cineastas têm uma tendência de querer pensar a coisa autoral, de criar a história da cabeça.
08:37E isso é um problema sério, porque, evidentemente, que um cineasta não tem a imaginação superior a de um escritor.
08:43Ou de um fato real que foi bem documentado.
08:48Então, a adaptação literária é a chave dos grandes filmes, da história do cinema.
08:53Então, nesse caso, foi uma boa adaptação de um livro que tem uma história bastante relevante,
09:00que cria uma empatia muito grande.
09:02Porque é uma história real e é uma história sobre a memória.
09:04Então, a questão da memória está ali sobreposta em vários elementos.
09:08Então, por exemplo, eles registram a memória, tem a questão de tentar descobrir o que aconteceu com ele,
09:14que também é a memória.
09:16E tem também...
09:17Agora, o livro é do Marcelo Rubens Paiva, que era criança naquela época.
09:20A história no filme foca mais no pai dele, é isso?
09:23É, a história principalmente do desaparecimento do pai dele,
09:26mas também um pouco sobre a mãe dele, que é a heroína da história.
09:30Porque a mãe dele conseguiu vencer os processos,
09:34ela se comunicou na época, falava com a imprensa,
09:37que era uma pessoa que tinha uma cultura muito grande,
09:41então, teve a capacidade de escrever sobre isso também.
09:44Então, ele conta isso tudo.
09:46Mas o mais interessante é que, no final,
09:49ela já estava com Alzheimer no final do filme, né?
09:52Então, aí está passando na televisão, assim,
09:56e, de repente, aparece uma reportagem sobre a ditadura
09:59e aparece o Rubens Paiva e ela se lembra, né?
10:01Que já a Fernanda Montenegro interpretando o papel da...
10:05Fernanda Torres, da personagem da Fernanda Torres mais velha.
10:08Mais velha, né? Pois é.
10:09Então, a questão da memória perpassa o filme inteiro
10:12e tem também uma autorreferência de Walter Salles.
10:15Tem uma frase lá que está em Central do Brasil,
10:17que para mim é um grande filme, um dos maiores filmes brasileiros,
10:20que é...
10:20Eu tenho saudade de tudo.
10:21Essa frase é dita na carta que a personagem da Fernanda Montenegro
10:25manda para o menino, né?
10:27Deixa para o menino.
10:28Então, ela diz assim, eu tenho saudade de tudo.
10:31Tenho saudade de você, tenho saudade do meu pai, tenho saudade de tudo.
10:34Então, a questão da memória é importantíssima nesse filme.
10:37Então, esse é um tema que eu aprecio muito.
10:40Então, tem várias camadas, assim.
10:44Então, o filme, ele tem uma unidade muito grande nesse sentido.
10:47Certo. Agora, não tem um elemento...
10:49A gente aqui, obviamente, gosta de cinema, gosta de ver um bom filme,
10:53gosta de música, gosta de ouvir uma boa música,
10:55independentemente da corrente ideológica da qual participa,
11:00ou do grupo político, do autor, do compositor, etc.
11:03A gente consegue distinguir as coisas, distinguir a qualidade com independência.
11:09Agora, analisando culturalmente, não tem um fator
11:11de que boa parte dos cineastas, das pessoas envolvidas com o cinema do Brasil,
11:16tendem a ser mais de esquerda?
11:19E a ditadura militar, como ficou associada à direita,
11:23é um momento em que a esquerda estaria lutando por um bem, por uma democracia,
11:29mesmo tendo havido, o que muitos ocultam,
11:33a luta armada para impor uma ditadura do proletariado,
11:36que não era uma luta pela democracia.
11:39A luta pela democracia foi feita ali por congressistas,
11:42pela turma ali de Ulisses Guimarães, etc.
11:44Mas tinha muita gente cometendo barbaridades,
11:46e isso foi admitido, inclusive, por pessoas à esquerda.
11:49Como o próprio Fernando Gabeira, que emergiu dessa luta,
11:52como o Eduardo Jorge.
11:55Eu já mostrei vários desses depoimentos.
11:57Então, não tem esse elemento, uma necessidade de sempre voltar
12:00àquele momento em que a esquerda pode posar de heroína.
12:04Não estou dizendo que isso acontece nesse filme, tá?
12:05Mas você, como alguém que está acostumado a conviver com as pessoas do mundo do cinema,
12:12esse elemento não pesa, de alguma maneira?
12:14Claro, demais.
12:15Infelizmente, existe um exagero disso, principalmente no cinema documentário.
12:18Então, tem alguns clichês do cinema documentário brasileiro
12:21que foram tão explorados que começou a simplesmente ser desagradável.
12:28Então, por exemplo, essa questão da ditadura,
12:33e também, você vê, é uma certa forçação de barra,
12:37de querer, por exemplo, todo o contexto político,
12:40de todo o movimento cultural relacionar com o contexto político.
12:45Então, por exemplo, você vê filmes sobre a Tropicália,
12:47é o básico de falar sobre a ditadura,
12:49e de modo, assim, bastante raso,
12:52bastante só mostra um lado.
12:53Agora, o melhor filme que eu acho que mostra os dois lados
12:58é o que é isso, companheiro.
13:00Porque Gabeira fez essa revisão crítica,
13:04e no filme isso está muito bem colocado por Bruno Barreto,
13:07que é você ver que aquelas pessoas se tornaram brutalizadas.
13:11Então, elas deixaram de pensar no outro,
13:15e aí tem um momento em que eles começam a enxergar o embaixador
13:18como um ser humano, e é por isso que é o que é isso, companheiro.
13:20Tem um momento em que o personagem do rapaz,
13:27com o personagem da Fernanda Torres,
13:29ele tenta beijá-lo, e o que é isso, companheiro?
13:31De repente, eles têm um momento de humanidade
13:34naquele momento de brutalidade política.
13:37Então, existe um exagero muito grande desse tema
13:40para fins políticos.
13:41Então, infelizmente, tem muita gente no Brasil
13:44que vê a arte como um instrumento de mobilização política.
13:47Então, isso é lamentável.
13:49Mas, felizmente, o Walter Salles não fez isso.
13:52Agora, como tanta gente fez,
13:54o tema ficou um pouco saturado, né?
13:57Agora, há dúvidas se o Walter Salles fez isso.
13:59Há dúvidas aqui, eu estou sendo até, talvez, generoso
14:01na visão de muitos críticos.
14:03Se o Walter Salles não fez isso com o Diário da Motocicleta,
14:06em que se humaniza demais a figura do Che Guevara
14:09como alguém super idealista,
14:11que queria o bem da humanidade.
14:13Você tem uma análise sobre isso?
14:14Ah, olha, esse filme especificamente eu não vi.
14:18Mas eu, a verdade é que...
14:20Então, não precisa tirar conclusão.
14:22Não, mas tem uma coisa que dá para a gente tirar disso.
14:24Mas é sobre a juventude dele, foi antes, né?
14:27Não, mas sabe o que é?
14:28Mas é que a gente fica, quando a gente, sei lá,
14:33está falando disso para pessoas que não são do meio político,
14:35que não estão acostumadas com a história,
14:37dá vontade de você fazer um prefácio e um pós-fácio.
14:39Olha, você vai ver aquilo ali, no entanto, essa figura,
14:42você precisa ver também esses documentários aqui,
14:44como Anatomia, de não sei o que.
14:46É, mas olha...
14:47Porque os colegas dele mostravam a brutalidade do Che Guevara,
14:50inclusive para mandar a gente para o paredão.
14:52É, mas é porque é o seguinte,
14:53a especialidade da obra de arte é humanizar bandido.
14:56Entendeu?
14:57Então, você vê o poderoso...
14:59Tem gente na direita que fica reclamando,
15:01diz, ah, tem muitos filmes sobre bandidos no cinema brasileiro.
15:03Aí você pergunta, beleza, e qual o seu melhor filme?
15:07Ele diz, o poderoso chefão.
15:09Então, você vê Breaking Bad, é uma série inteira que mostra...
15:14A gente termina torcendo pelo bandido.
15:16Então, a gente vê uma visão...
15:19A gente vê uma visão tão próxima das ações dele, né?
15:23Que você começa...
15:24Agora, claro, volta a sábio,
15:27provavelmente não via como bandido o Che Guevara, né?
15:30Mas aí está nós aqui para julgar a obra, né?
15:34Julgar a obra e o contexto histórico.
15:36Também, as obras, a gente tem o direito de olhar e comentar
15:40o que está ao redor do filme, né?
15:42Doutor Teixeira.
15:43Josias, você, vendo a produção cinematográfica brasileira,
15:47você vê que tem alguma fixação por alguns temas específicos,
15:51além dessa questão de levar sempre para o político?
15:53Sim, tem vários temas que são repetidos demais.
15:55Por exemplo, a Tropicália.
15:57A Tropicália é um tema que virou tantos documentários, né?
16:01Você vê o Brasil, para mim,
16:02é um dos maiores produtores de música clássica do mundo.
16:06Nós temos Marlos Nove, Vila Lobo, Janete Nazaré, Carlos Gomes,
16:10e, entretanto, isso não está representado no cinema brasileiro.
16:13Agora, cada um daquelas figuras que estiveram na Tropicália,
16:17seja design, gente que compõe posta, poeta,
16:20entre aspas, que estava lá metido,
16:22todos viraram documentários, e muitos documentários.
16:24E assim, virou um clichê que é muito reproduzido pelo Festival
16:28É Tudo Verdade, do Amir Laback,
16:30que ele está sempre refazendo, todo ano tem isso, tem filme.
16:34É quase um subgênero do documentário brasileiro,
16:37é filme sobre Tropicália.
16:38E também a questão do impeachment da Dilma.
16:40Então, isso aí virou tantos documentários sobre isso,
16:43que saturou.
16:45E também a questão da criminalidade.
16:48Agora, tudo isso poderia ser bem feito, né?
16:52Então, o que a gente vê é que, infelizmente,
16:55tem muitos filmes ruins sobre temas que já são saturados.
16:59Então, as pessoas começam a ficar de saco cheio do cinema brasileiro.
17:03Não querem ver os filmes.
17:04Então, o cinema brasileiro, foi retomada a cota agora do cinema brasileiro
17:10de 10% das salas do cinema no Brasil estão reservadas para os filmes brasileiros.
17:16Só que o que acontece é, mesmo que a sala esteja reservada,
17:20as pessoas não vão ver os filmes.
17:22Então, o cinema brasileiro está vendendo 5% dos ingressos,
17:26apesar de ter reservado 10% das salas.
17:29Então, isso é um reflexo disso, de uma excessiva politização.
17:32Isso que a gente está conversando aqui.
17:33Uma politização excessiva do cinema brasileiro.
17:37Eu conheço muita gente, pessoas do meio social no Rio de Janeiro, por exemplo,
17:41que são pessoas da praia, das festas, que têm a sua profissão
17:46e gostam de sair com os amigos, etc.
17:48Não são pessoas politizadas.
17:50Não são pessoas Lula, Bolsonaro, esquerda, direita, etc.
17:52E elas têm...
17:54Elas, às vezes, chamam de preconceito mesmo.
17:58Não sei se é a palavra devida.
18:00Mas não gosto de filme brasileiro.
18:02Ah, é filme brasileiro, não quero ver.
18:04Porque ficaram com uma imagem de um cinema muito politizado demais.
18:09De um cinema mais ideológico, que quer provar uma causa,
18:12o que quer parecer bonito, em vez de contar uma história.
18:15E eu entendo essa crítica, entendo essa repulsa.
18:19Claro que eu busco me policiar para não ficar assim,
18:22para ver o que está acontecendo de bom e tal.
18:24Estou ouvindo você, fiquei com vontade de ver o filme.
18:26Mas, assim, eu tenho uma impressão muito melhor, em termos recentes, do cinema argentino.
18:31Para mim, você tem roteiros extraordinários, brilhantes, inteligentes,
18:35de histórias amorosas, de ação, etc., que não são ideológicas, que não são politizadas,
18:41que são da perspectiva humana.
18:44Você entende que haja um repúdio das pessoas que gostam do cinema pela experiência humana
18:50ou pela cultura pop e não encontram ali.
18:53É isso, assim, correspondente.
18:55Sim, sem dúvida.
18:55O que acontece é o seguinte.
18:57Houve uma politização tão grande desde toda a cadeia produtiva do audiovisual.
19:03Então, desde a escolha do roteiro, da produção do filme, no edital,
19:06quando você vai tentar financiar o filme,
19:08os editais, tanto no âmbito municipal, estadual, federal,
19:12eles tendem a ser muito politizados.
19:16E o pessoal critica muito a Lei Rouanet, mas os editais, que dão dinheiro direto,
19:20eles são muito mais politizados do que a Lei Rouanet.
19:24É como se eles cobrassem uma causa.
19:26Já esperam uma causa, é.
19:28Porque é o seguinte, o edital...
19:29E você tem que provar, olha, o filme defende isso, etc., isso é importante por causa disso.
19:33Porque é o seguinte, no edital, você já tem que justificar a função social do projeto.
19:38Então, já começa por aí.
19:39Qual é a função social de uma obra de arte?
19:42A verdade é que não tem função social necessariamente.
19:46Às vezes tem obra de arte que produzem até mal para a sociedade.
19:50Vou dar um exemplo.
19:51Tem gente que viu o assassino do John Lennon,
19:55leu o apoiador do campo de centeio, enlouqueceu e foi lá matá-lo.
19:59Então, a obra de arte não necessariamente faz bem no sentido assim,
20:02faz bem no sentido de produzir uma catarse,
20:05uma capacidade de ver a realidade de uma visão um pouco mais ampla.
20:10Mas não é...
20:10É muito perturbada.
20:11É óbvio que é um livro extraordinário,
20:14que marcou a época, que praticamente inventou a figura do adolescente,
20:18de J.D. Selen,
20:19é um livro importantíssimo na vida de um monte de gente,
20:22por exemplo, na minha.
20:23Sem que ninguém tenha matado ninguém por causa disso.
20:25Mas ele...
20:26Pois é, então.
20:26Aí o que acontece é,
20:27desde a produção do roteiro,
20:29da concepção do projeto,
20:31no financiamento do projeto,
20:32já existe uma politização,
20:34ou seja,
20:34uma necessidade de explicitar uma causa social,
20:38uma função social de uma obra de arte,
20:40que não necessariamente tem a obra de arte,
20:42tem função social.
20:43Então, o que acontece é,
20:45aí quando chega na exibição,
20:48já na estreia do filme,
20:49vem o diretor, os atores e tudo vem,
20:51fora Temer,
20:53aí muda sempre,
20:54tá sempre mudando, né?
20:56Agora, aí vem com as causas do momento,
20:58então, ou pela Amazônia,
21:00ou pela...
21:01Antibolsonar.
21:02Antibolsonar.
21:03Então, aí, o que acontece é,
21:05as pessoas...
21:06Se você tentar ir no Festival Brasileiro hoje,
21:09se uma pessoa normal,
21:10você pega uma pessoa normal,
21:11se ela é minha tia, minha mãe,
21:12e tenta levar para o Festival Brasileiro,
21:14a pessoa não consegue nem assistir os filmes.
21:17Porque, assim,
21:17é tabelinha de tema politizado.
21:21É assim,
21:22tema sobre LGBT,
21:24tema sobre racismo,
21:25sobre os índios,
21:26é assim,
21:27é um filme depois do outro.
21:28E se não for essas coisas,
21:30eles não aprovam,
21:31não deixam passar.
21:31Josias,
21:33você faz parte agora
21:34de um movimento anti-woke.
21:36A gente tem falado muito
21:37da cultura woke
21:38e de como
21:39isso gerou até um desgaste
21:41ultimamente para a esquerda,
21:44haja visto que Donald Trump,
21:45por exemplo,
21:46voltou a vencer
21:47a eleição presidencial americana
21:49e muitos analistas,
21:50inclusive,
21:50a gente colocou,
21:52colocaram
21:52que as pautas identitárias,
21:55isso de
21:56você chamar quem pensa diferente
21:58de racista,
21:59de homofóbico,
22:00de xenófobo,
22:00sem que esses rótulos
22:03estejam exatamente
22:04correspondentes
22:04com a prática.
22:06Tudo isso
22:07acabou gerando
22:08um desgaste
22:08no campo da esquerda.
22:10Mas ainda
22:10persiste muito forte,
22:12até pelos exemplos
22:13que você estava dando
22:14no final do último bloco,
22:16essa cultura
22:17no meio
22:18cinematográfico brasileiro.
22:20Como é que isso aparece?
22:21Contra o que
22:22exatamente você se volta?
22:24Olha só,
22:25Felipe,
22:25eu acho que
22:26essa moda
22:28woke
22:29ela pegou
22:29especialmente
22:30no Brasil,
22:31mais do que
22:32em qualquer lugar
22:32do mundo.
22:33Então,
22:34o Brasil,
22:35ele já tem
22:36uma cultura
22:36muito estatizada
22:37pelo sistema
22:38dos editais,
22:39do Ministério da Cultura,
22:40etc.
22:41Isso pegou muito,
22:42porque isso foi imposto.
22:43Então,
22:44por exemplo,
22:44na lei Paulo Gustavo,
22:46que destinou
22:46uma grande quantidade
22:47de recursos,
22:48assim,
22:48bilhões para a cultura,
22:50tinha cota
22:50para LGBT,
22:51cota para índio,
22:52cota para negro,
22:53cotas que,
22:54inclusive,
22:54não foram debatidas
22:55com a sociedade,
22:56elas foram impostas,
22:57né?
22:57Porque,
22:57por exemplo,
22:58como é que você vai
22:58definir que uma pessoa
23:00é um homossexual ou não?
23:01Primeiro que isso é uma
23:02questão privada
23:03do ser humano,
23:03né?
23:04Segundo,
23:04se você disser que é,
23:05quem vai dizer que não é?
23:06Quem vai provar que não é?
23:08Na questão da raça,
23:09você tem,
23:10tiveram que criar uma coisa
23:11terrível,
23:12que é um tribunal racial.
23:13Então,
23:14isso aconteceu,
23:14um tribunal racial,
23:15estava acontecendo
23:16tribunais raciais
23:17dentro das universidades
23:18brasileiras.
23:19Você tem dois lados,
23:20que é o lado da
23:20autodeclaração
23:21e você tem o lado
23:23da fiscalização.
23:24Pois é,
23:25então,
23:25no edital da lei
23:27Paulo Gustavo,
23:28tinha edital para LGBT,
23:29tinha as cotas para LGBT.
23:32Então,
23:32tem gente que colocou
23:33que era LGBT
23:34e quem diz que não é?
23:36Aí,
23:36aí tinha,
23:37assim,
23:37um edital,
23:38no de Pernambuco,
23:39especificamente,
23:40tinha uma questão
23:41que era,
23:42depois,
23:42se você colocasse
23:43que era da cota,
23:43descreva a sua vida
23:44como homossexual
23:45ou como integrante
23:46da comunidade LGBT.
23:49Como é que se descreve isso?
23:51Ou seja,
23:52essa pauta woke,
23:53ela impregnou
23:54na cultura brasileira,
23:55mas de uma forma,
23:57que isso nem em Hollywood
23:58aconteceu.
23:59E isso não está
24:00em decadência.
24:01Tem gente dizendo,
24:02ah,
24:02está acabando,
24:03pode estar acabando
24:04em Hollywood,
24:05pode estar um começo
24:06disso em Hollywood,
24:07mas no Brasil não.
24:09No Brasil,
24:09os editais,
24:10eles estão plenamente
24:12usando a ideologia woke.
24:15Então,
24:15o que aconteceu foi...
24:16Acabou direcionando
24:16o conteúdo.
24:18Direcionando,
24:18é tanto os temas
24:19do que é produzido,
24:20como o conteúdo,
24:22como o enfoque
24:23do que é produzido,
24:24ou seja,
24:25tentar demonstrar,
24:28por exemplo,
24:28uma pessoa transgênera
24:30de modo positivo,
24:31etc.
24:32tem até isso,
24:33e também
24:34na integrante
24:35da equipe
24:36tem que ter...
24:37Só para deixar claro,
24:38para não ter aqui
24:38qualquer tipo de malícia,
24:40você está dizendo
24:41que no edital
24:42se pede
24:43uma pauta
24:44de aceitação social
24:48dos termos gêneros.
24:48Exatamente,
24:49de exaltação.
24:51Exaltação.
24:52Então,
24:52por exemplo...
24:53E que as pessoas
24:53também precisam ser
24:54dentro dos grupos sociais.
24:56Exatamente,
24:56e dentro...
24:57E não só os produtores
24:58tem que ter uma porcentagem
25:00disso,
25:01e além disso,
25:02dentro da equipe
25:03tem que ter também
25:04uma porcentagem
25:05de todos esses grupos sociais.
25:07Então,
25:07o que é uma coisa
25:08muito estranha,
25:09porque primeiro,
25:09quando você aprova um projeto,
25:11você não sabe necessariamente
25:12quem vai trabalhar no filme.
25:14Então,
25:14isso depende
25:14da circunstância,
25:16do mês,
25:16do dia,
25:17etc.
25:17Então,
25:18e além do mais,
25:19como é que você vai...
25:20Quando você contrata uma pessoa,
25:21você tem que perguntar
25:22para ela
25:22o que é que ela faz
25:24da sua vida privada sexual.
25:26Pelo amor de Deus,
25:27isso não faz o menor sentido.
25:28Então,
25:29e entretanto,
25:29isso pegou,
25:30isso tornou um dogma
25:31na arte brasileira.
25:32Então,
25:33eu me juntei com o Newton Canito,
25:34que é um cineasta de esquerda,
25:36não deixou de ser de esquerda,
25:37ele inclusive foi secretário
25:39do audiovisual do governo Lula,
25:41e quem me apresentou a ele
25:42foi o Aldo Rebelo,
25:43que é também da mesma linha,
25:45são pessoas de esquerda
25:46que não concordam
25:47com o identitarismo.
25:48E você veja,
25:49não foram eles que mudaram,
25:50foi a esquerda que mudou.
25:52Eles permanecem no mesmo lugar,
25:53são de esquerda,
25:55então tem suas posições.
25:56são figuras,
25:57eu já entrevistei o Aldo Rebelo,
25:58é uma figura capaz de dialogar,
26:00evidentemente,
26:01o que hoje em dia,
26:04no campo dos extremos,
26:06de uma militância mais radicalizada,
26:08às vezes é difícil.
26:10São pessoas civilizadas,
26:11pessoas capazes de falar,
26:12peraí,
26:13vocês estão se excedendo.
26:15E às vezes falta esse tipo de voz.
26:17Pois é,
26:17então,
26:18aí nós escrevemos isso,
26:19e publicamos,
26:20saiu na Folha,
26:21estamos dando entrevista pelo Brasil,
26:23e vai virar uma instituição,
26:26que é o Artistas Livres,
26:27e a gente vai atuar na sociedade,
26:30junto a governos federais,
26:32municipais,
26:33estaduais,
26:34para tentar defender,
26:37simplesmente,
26:37a causa da liberdade,
26:38da liberdade de expressão.
26:40Ou seja,
26:40cancelamento,
26:42é uma coisa muito nociva,
26:43para a própria democracia,
26:46para a liberdade de expressão.
26:47cancelamento pode,
26:49olha,
26:50o cancelamento,
26:53pode acabar com a vida de uma pessoa,
26:55principalmente no meio artístico,
26:57que a pessoa,
26:58tem muita gente,
26:59que não tem coragem,
27:00de se expressar no meio artístico,
27:02porque,
27:03sabe,
27:04pode ser cancelada,
27:05perde emprego de roteirista,
27:07perde trabalho de diretor,
27:09não vai para plataformas de streaming.
27:11Então,
27:11é um problema muito sério,
27:13muito grave,
27:14a gente,
27:14o que a gente está trabalhando,
27:15é principalmente nessa questão aí,
27:17e existem questões jurídicas,
27:20que podem ser tratadas.
27:21Então,
27:22nós estamos juntando a equipe de advogados,
27:23para tratar dessas questões,
27:25do meio artístico,
27:26né?
27:26Então,
27:27Doutor Teixeira.
27:28José,
27:29tem muito roteirista hoje,
27:30que não consegue,
27:31trabalho,
27:33porque a pauta,
27:34não consegue,
27:35entrar nessa,
27:36nessa pauta woke?
27:37Sim,
27:38tem muito,
27:39eu conheço vários,
27:40inclusive,
27:40que já trabalharam no mercado,
27:43trabalharam,
27:44assim,
27:44inclusive,
27:45com grande sucesso,
27:46e hoje,
27:46não arranjam emprego,
27:47que não estão fazendo,
27:49é,
27:50trabalho,
27:50militância,
27:51militância,
27:52esquerdista,
27:53identitária.
27:53E veja,
27:54não é só,
27:54não tem,
27:55não basta ser esquerdista,
27:56tem que ser esquerdista,
27:57identitária,
27:58porque,
27:59se for esquerdista,
28:00marxista,
28:01não serve.
28:01Marxista,
28:01não serve,
28:02então,
28:02porque,
28:03essa grande coisa,
28:03simplesmente,
28:04vota na esquerda,
28:05mas que,
28:06enfim,
28:06não guia toda a sua vida,
28:07e a sua arte,
28:08em razão de política,
28:09e ideologia.
28:10então,
28:10o que a gente está buscando,
28:12é diálogo com as,
28:13com os governos,
28:15para abrir espaço para as pessoas,
28:18para pensar,
28:19colocar essas pessoas para julgar projetos nos editais,
28:22para dar um pouco de liberdade,
28:24colocar ar,
28:25nesse meio do cinema brasileiro,
28:27que está faltando,
28:28olha,
28:29não é nem está faltando,
28:30não é grande coisa,
28:31está faltando ar,
28:32arrespirável,
28:34entendeu?
28:35Tem que ser um ambiente,
28:36assim,
28:36que a gente possa tratar de outras questões,
28:38você possa tratar de um personagem histórico,
28:41sem ter que denegri-lo,
28:43como,
28:43por exemplo,
28:43fizeram um filme sobre...
28:44Aliás,
28:44essa é uma palavra que foi banida,
28:47patrulhada,
28:47é verdade,
28:48porque dizem que ela é,
28:50contra os pretos,
28:53etc,
28:53e quando a gente vai ver a raiz das palavras,
28:55muitas vezes tem a ver com luz,
28:57com escuridão,
28:58etc,
28:59com se enxergar melhor ou não,
29:01mas tudo se associa à pele,
29:04e fica toda essa patrulha,
29:06e é isso que você está descrevendo no mundo do cinema também.
29:08É,
29:09então,
29:09e o grande vítima disso é a história brasileira,
29:12porque se você for ver a figura do bandeirante,
29:14é uma das figuras que construíram o Brasil,
29:17e entretanto,
29:18você não pode hoje retratá-la no cinema,
29:20sem ter grandes problemas,
29:22por exemplo,
29:22o monumento às bandeiras,
29:24que tem ali,
29:24na frente do Parque do Iberato,
29:27Irapuera,
29:27tem que ter um carro da polícia lá,
29:29sempre,
29:2924 horas por dia,
29:31senão eles picham tudo,
29:32aquele monumento.
29:33Então,
29:34esse é um absurdo,
29:35porque a gente tem que ver a história
29:36no contexto em que existia,
29:39naquele contexto,
29:40e não tentar usar critérios
29:42de alguns grupos,
29:44do momento atual,
29:45para o passado,
29:46porque isso é ridículo.
29:47Então,
29:47fizeram um filme sobre Dom Pedro I,
29:49que mostra o Dom Pedro I,
29:50é uma coisa vergonhosa,
29:52focaram na vida sexual dele,
29:53ele não consegue ter uma ereção.
29:55Eu digo,
29:56Dom Pedro I construiu um país,
29:58que é maior do que o Império Romano,
30:00jamais foi,
30:01que é o Brasil.
30:03Aí você focar nessa questão da vida sexual,
30:06eu digo,
30:07existe um exagero,
30:08nessa,
30:09nessa enfoque,
30:10então,
30:10a coisa,
30:11está ficando desagradável.
30:13Agora,
30:13José,
30:13para encerrar,
30:14porque a gente só tem mais um minutinho e pouco,
30:16em relação às leis de incentivo,
30:18que você citou,
30:19quais são os problemas que você vê,
30:20porque quando se escreve projeto em editais,
30:23se está falando em obter a possibilidade
30:26de que empresas patrocinem o filme
30:28por renúncia fiscal,
30:30quer dizer,
30:30em vez de pagar os impostos para o governo,
30:32aquele dinheiro vai para que os cineastas
30:34realizem aquela obra.
30:36Há muitas críticas,
30:36porque tem cachês muito grandes,
30:38e é dinheiro que poderia estar sendo investido
30:40em educação,
30:40saúde,
30:41etc.
30:41Quer dizer,
30:42como é que você analisa isso tudo?
30:44Olha,
30:44eu vejo dois problemas,
30:45uma é da parte do governo
30:46que realmente está impondo
30:48essa questão das pautas identitárias
30:51de cima para baixo.
30:52Então,
30:53está forçando isso.
30:54E do outro lado,
30:55é o carreirismo da classe artística
30:56que quer buscar recursos.
30:59Então,
30:59o carreirismo é o principal
31:01responsável pelo identitarismo,
31:04por essa ditadura de identitarismo
31:07que existe no Brasil.
31:08Então,
31:08é um problema sério.
31:09O que eu acho
31:10é que todos os setores da sociedade
31:12deveriam estar representados
31:14dentro do setor artístico.
31:15Por exemplo,
31:16existe um preconceito muito grande
31:18no meio artístico
31:20e nos editais,
31:21inclusive.
31:22Por exemplo,
31:22se você tentar provar um filme cristão,
31:24um filme bíblico
31:25ou um filme de uma história de um santo,
31:27você vai ter grande dificuldade.
31:28Provavelmente,
31:29você não vai conseguir.
31:30Então,
31:31nos editais,
31:32né?
31:32Mas...
31:32Mas ninguém consegue fazer filme
31:33por conta própria?
31:34Precisa sempre do Estado?
31:35Então,
31:36é...
31:37Consegue,
31:38mas não um filme de ficção,
31:39porque ninguém vai te dar
31:40cinco milhões de fazer um filme.
31:42Então,
31:42vão te dar,
31:44no máximo,
31:44500 mil via crowdfunding,
31:47via cinco milhões,
31:48e não vou estar.
31:49Muito bem,
31:50a gente tem que interromper
31:51que acabou o nosso tempo,
31:52mas José Teófilo é colunista
31:53da Cruzoé.
31:53Vocês encontram
31:54em cruzoé.com.br,
31:55uma série de análises
31:56culturais dele.
31:57Muito obrigado
31:58pela sua participação,
31:59José.
31:59muito obrigado,
32:00muito bom papo.
32:02Prazer foi nosso,
32:03valeu,
32:03Lula Teixeira.
32:04Amanhã tem mais
32:05Papo Antagonista,
32:06voltando com as notícias do dia
32:07para a gente analisar
32:08os desdobramentos
32:08de vários episódios.
32:09Tchau.
32:10Tchau.
32:10Tchau.
32:11Tchau.
32:11Tchau.
32:11Lula Teixeira.
32:12Tchau.
32:13Tchau.
32:13Tchau.
32:13Amém.

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