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Como mostrou a revista Crusoé, Bolsonaro pretende, a partir de agora, intensificar o discurso de que foi perseguido para tentar reverter as suas duas inelegibilidades decretadas pelo Tribunal Superior Eleitoral. Caso isso não ocorra, Bolsonaro ainda assim pretende apresentar seu registro de candidatura em 2026.
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Transcrição
00:00E vamos falar dos impactos das eleições nos Estados Unidos aqui no Brasil.
00:06Para me ajudar nessa análise, eu estou com o grande cientista político, Leonardo Barreto.
00:11Meu querido, seja mais uma vez bem-vindo ao Meio Dia em Brasília.
00:14Obrigado, Wilson. Um prazer estar aqui com você.
00:17Deixa eu começar com o ex-presidente Jair Bolsonaro, porque ele deu uma entrevista para a Folha de São Paulo.
00:22Matheus, coloca na tela, por gentileza, porque o ex-presidente Jair Bolsonaro falou para a Folha de São Paulo
00:27que a eleição do Trump pode ajudá-lo a voltar ao Palácio do Planalto.
00:33Vai descendo um pouquinho, Matheus, por gentileza.
00:36Poxa, que nós publicamos mais cedo com essa repercussão. Pode descer, Matheus.
00:39Desça com o... Pronto, aí.
00:42Ele fala o seguinte, questionado sobre o cenário para 2026, ele fala o seguinte.
00:48A eleição do Trump vai refletir no mundo.
00:51É um país que é a maior democracia do mundo.
00:55do projeto poder que faz valer a pena a sua força.
00:58Desce um pouquinho mais, Matheus, porque tem outro trecho em que o ex-presidente fala.
01:03Pode descer um pouquinho mais?
01:04Tá aí.
01:06Acredito que só o fato da eleição dele, o que ele tem falado de liberdade, enfim,
01:11faz essa correlação direta a uma maior liberdade de expressão.
01:16Inclusive, ele citou o Elon Musk também como um personagem importante.
01:20Traz para cá, Matheus, porque ontem a ministra da Igualdade Racial, a Aniele Franco,
01:27ela falou também sobre a eleição do Trump.
01:31Matheus, solta esse trecho, por gentileza.
01:33Eu acordei na madrugada para checar o resultado, né?
01:36Eu estava ali muito esperançosa com a Kamala Harris, porque para além de toda a campanha,
01:43eu entendo que a decisão dela vir a concorrer foi um pouco tarde ali, talvez a gente tivesse
01:48tido um pouquinho mais de tempo, talvez o resultado pudesse ser diferente, mas eu estava
01:53na esperança, porque como eu falei, assim que ela anunciou, era o simbolismo de termos
01:58uma mulher negra disputando esse espaço, né?
02:02Um espaço que historicamente nos é negado, assim.
02:05Tem muita luta pela frente, né?
02:07Ainda há muita luta pela frente, é impossível a gente acordar e ver esse resultado sem pensar
02:14no tanto que ainda temos que caminhar, né?
02:16As mulheres têm cada vez mais demonstrado que, e comprovado também, né?
02:20Que estamos prontas e aptas a estarem em qualquer lugar que seja de poder, de decisão.
02:26E eu acho que a Kamala trazia essa esperança, traz na verdade ainda, porque se Deus quiser
02:30ela tem uma carreira brilhante pela frente, mas agora é seguir lutando, seguir como sempre
02:35defendendo as nossas pautas, independente de quem esteja lá, seguiremos daqui com os
02:40nossos valores, acreditando sim em projetos políticos de países que nos representem.
02:48Aquilo que a gente fala, né, Leonardo?
02:50Depois das eleições municipais de 24, agora já está todo mundo de olho nas eleições
02:54de 26.
02:56E o fator Trump, ele de fato foi comemorado pela direita, mas eu te coloco por gentileza
03:00o tweet do Felipe Barros, líder da oposição lá na Câmara, que ele fala o seguinte, olha
03:07só, no Senado a maioria é do Partido Republicano, assim como nos Estados Unidos em que o povo
03:12votou pelo retorno do Trump, em 2026 veremos Jair Bolsonaro subir a rampa do Palácio do
03:18Planalto.
03:19Ô meu caro, a pergunta é a seguinte, os ventos agora giram, né, às vezes se convertem a favor
03:28do Jair Bolsonaro depois das eleições do Trump, ou é preciso a gente esperar, calma, devagar
03:34com a dor, porque tem muita coisa ainda pra acontecer até 26?
03:38Olha, Wilson, diferente do presidente Trump, né, que teve condição de concorrer a uma eleição,
03:46hoje o presidente Bolsonaro tá inelegível, né, então o que talvez ele espere é que
03:54um clamor popular, algum tipo de pressão, movimente o Congresso na votação de uma lei
04:02de amnistia, e essa movimentação ela tem a força suficiente pra que o STF não casse
04:10ou pelo mesmo reverta, né, a condenação e dê a ele uma condição de elegibilidade.
04:18Mas fora isso, o Bolsonaro, ele ainda é um grande eleitor.
04:25Acho que a gente não pode se esquecer dos resultados das eleições municipais, e aí,
04:31claro, o PL teve um avanço muito importante, né, saiu de duas cidades grandes pra 18 cidades
04:38grandes, a centro-direita teve suas conquistas, mas, de uma maneira geral, um recado que os
04:46presidentes dos principais partidos deram é que, assim, eles querem os votos do Bolsonaro,
04:51mas não necessariamente a liderança do Bolsonaro, né, e aí uma diferença significativa é que
04:56lá nos Estados Unidos o Trump, ele domina a máquina republicana, né, e hoje o Bolsonaro,
05:04claro, ele não tem as condições materiais que o Trump tinha pra se candidatar.
05:10É claro que o vento, hoje, é mais favorável, é, mas as condições objetivas, né, do Bolsonaro
05:17são bem diferentes do Donald Trump.
05:20É, me parece que nesse momento, não é, Léo, é, inclusive nós falávamos aqui, inclusive,
05:26antes da entrevista, é que você tem o seguinte cenário, você tem a direita, que você tem
05:32um vento que sopra, esse era o, esse é o verbo que eu queria utilizar no início, é o vento
05:38que sopra a favor da direita, e a esquerda, ela, nesse momento, ela tem um problema que
05:44ela não tem um discurso pra conseguir atrair o eleitor.
05:48Aquilo que a gente fala em política, gente, política é menos pragmatismo e mais sentimento,
05:54mais emoção, mais paixão, e me parece que hoje, no mundo inteiro, com uma sociedade
06:00mais individualista, com rede social, em que os influenciadores digitais não necessariamente
06:07são os grandes comunicadores, nem os grandes filósofos, você tem pessoas comuns influenciando
06:14aqui a opinião pública, e parece que a esquerda ficou meio sem norte.
06:20Qual é a esperança que a esquerda vai entregar pro eleitor de direita, ou pro eleitor
06:25geral, pro eleitor de centro?
06:27Qual é a esperança?
06:28Qual é o discurso?
06:30Me parece que essa questão da eleição nos Estados Unidos, Léo, ela mostrou mais do
06:36que a possibilidade de um retorno do Jair Bolsonaro, mas ela mostrou, talvez, um alerta pra toda
06:41a esquerda, que aquele discurso identitário da Kamala Harris, de bater nessa tecla, bater
06:47na tecla da cultura woke, me parece que não é o caminho.
06:51E aí, obviamente, que numa situação em que um candidato de direita, quer seja Bolsonaro,
06:55Tarcísio de Freitas, ou outro, no momento que ele pode apresentar uma esperança tangível,
07:02palpável pra aquele eleitor, me parece que é um discurso que, de fato, agrada mais,
07:07e coloca, de fato, a esquerda numa situação bem delicada, não?
07:11Acredito que sim.
07:12Eu acho que uma coisa muito importante é que o Bolsonaro, é curioso, ele, de certa
07:20maneira, ele tem um papel fundamental em 2026, mas talvez não como candidato, como eleitor.
07:28E talvez o que o Lula sonha, mais do que qualquer coisa, é enfrentar Bolsonaro em 2026,
07:34depois, né, porque, olhando pro que aconteceu nos Estados Unidos, o Trump talvez tenha trazido
07:43um conjunto de eleitores novos, né, lembrando que lá o voto é facultativo, e isso tenha
07:48dado a ele uma votação, inclusive, maior do que a que ele teve em oportunidades anteriores.
07:54Aqui você não tem tantos eleitores novos, né, e o Bolsonaro, ele tem uma rejeição muito
07:59significativa, comparável com a que o Lula tem.
08:03Talvez essa ideia de esperança, ela realmente resida num candidato à direita, mas num candidato
08:11novo, né, acho que Bolsonaro, ele traz um passado, e outra coisa, ele traz um período
08:19difícil, né, o resgate de um período difícil, que foi o período da pandemia.
08:23Agora, Wilson, se você me permite, eu acho que o que assusta o PT é um caldo de coincidências
08:33em relação entre Brasil e Estados Unidos, né, que de fato chama muita atenção.
08:39Se a gente for pensar, os Estados Unidos tem uma liderança envelhecida, né, Joe Biden,
08:47e nós também temos uma liderança envelhecida, né, que é Lula.
08:51Lá eles passaram por um processo inflacionário importante de juros lá no alto.
08:58A gente está entrando nisso agora, né, inflação importante, juros lá no alto.
09:02O emprego, né, que está indo bem lá nos Estados Unidos, e o crescimento também estão
09:09indo bem, né, e também com algum crescimento, embora isso deve diminuir nos próximos dois
09:14anos.
09:14E as políticas de transferência, que também foram muito fortes lá, assim como estão sendo
09:21fortes aqui, elas parecem que não conseguiram resolver um problema, que é a devolução do
09:26poder de compra das pessoas, né, enfim, embora tenha emprego, tenha massa salarial, tenha
09:32PIB, o poder de compra das pessoas ainda está sofrendo muito.
09:35Então, assim, a gente tem uma série de coincidências de um caldo, né, de contexto político que antecedeu
09:44a eleição lá e que a gente consegue ver muito claramente aqui.
09:48Então, o Trump, ele surge como uma assombração e ele vai ter efeitos nas estratégias, nas decisões
09:56que o PT vai tomar, né, e aí a começar pelo tal do pacote fiscal, que, na minha opinião,
10:04se tornou uma decisão ainda mais difícil, né, porque se fazer um ajuste fiscal, um ajuste,
10:12a gente tem muita experiência nisso, né, e pensar assim, ah, não, isso em seis meses
10:16vai estar resolvido, em um ano, ninguém dá esse tipo de previsão, né, pode ser que
10:20você começa um ajuste agora e sabe-se lá quando isso vai retornar.
10:25Agora, o fato é, a gente tem uma situação imprevisível, porque o Trump vai trazer muita
10:31coisa nova para o mundo, né, não apenas para o Brasil, o Brasil entrando num ajuste fiscal,
10:36ou seja, fazendo um ajuste fiscal no meio de mandato, né, uma coisa completamente inusual,
10:41pouco usual, porque se a gente for lembrar, normalmente governos fazem ajustes no início
10:46de mandato, né, o Lula vai fazendo no meio de mandato, e com um ciclo de alta de inflação,
10:52ciclo de alta de juros batendo a porta, e o PT sem saber o que fazer, né, atordoado
10:59pelo resultado das eleições municipais, então, assim, é uma situação, é um quebra-cabeça
11:05muito complexo.
11:07É, e me parece, Léo, que agora virou efeito bola de neve, assim, me parece que é uma situação
11:13que uma puxa a outra, que um que puxa mais outra, essa situação fica cada vez mais delicada.
11:17Você tocou num ponto que eu acho importantíssimo.
11:20Vamos lá, de novo, imagine a seguinte situação, a esquerda precisa dar uma esperança para a
11:26população, o Lula precisa dar uma resposta para um governo que até hoje, ele ainda é
11:31um governo cambaleante, não consegue dar uma resposta, até agora não conseguiu.
11:36Você tem uma direita forte lá nos Estados Unidos, precisa fazer um ajuste fiscal.
11:42Quando você fala ajuste fiscal, você vai impactar no quê?
11:46Obras, você vai ter que cortar obras, vai ter que cortar investimentos, vai ter que
11:50reduzir folha.
11:53Quer dizer, se a esquerda já não tem esperança, agora não vai ter dinheiro para poder movimentar
11:59a economia, e isso, obviamente, né, sem essa possibilidade de você utilizar o Estado como
12:04indutor da economia, o que era um elemento importante nos dois primeiros mandatos do governo
12:09Lula e no primeiro mandato do governo Dilma, me parece que é uma situação, assim, vira
12:15uma notícia pior do que a outra e realmente que você precisa agora quase como um milagre
12:20para você conseguir retomar o bonde da história, não é, Leonardo?
12:23Assim, me parece, me lembra, me lembra muito, o PT está com uma perplexidade que me lembra
12:34muito a perplexidade que ele tinha na época das manifestações de 2013, sabe?
12:39Assim, a época, eu lembro que o então ministro Gilberto Carvalho ficava o tempo todo se perguntando
12:46o que a gente fez de errado para as pessoas estarem tão nervosas com a gente, né, e hoje
12:51a gente olha para o PT e depois das eleições municipais, mas também por causa da popularidade
12:58do presidente Lula que não avança, né, está num nível bem morninho, o PT está o tempo todo
13:06dizendo assim, mas o que está acontecendo? Por que esse pessoal não gosta da gente, né?
13:10Por que que a gente não avança? Por que que a gente perdeu a nossa capacidade de agradar?
13:18E aí é muito curioso porque o que mais tem é líder petista dizendo, precisamos conversar,
13:27precisamos ouvir a sociedade, precisamos empolgar a juventude, precisamos, ok, assim,
13:35ouvir nunca foi muito a do PT, né, mas por questão de DNA mesmo, né, o centralismo democrático
13:43que é uma instituição de comando vertical dos típicos de partidos de esquerda tem esse
13:51problema, mas vamos lá, vamos imaginar que o PT consiga abrir os ouvidos e sentar-se
13:58à mesa com as pessoas, o que que ele vai ouvir, né? O que que ele vai ouvir? Ele vai ouvir
14:05coisas que ele pode entregar? Ele vai ouvir coisas que ele pode ser? Porque se ele ouvir,
14:10eu quero menos Estado, eu quero menos imposto, eu quero a redução dessa agenda identitária,
14:21eu quero menos populismo, vai conseguir entregar? Vai conseguir ser esse partido de centro,
14:32né, vai conseguir trocar o vermelho pelo branco? Então, assim, acho que essa é uma questão que o PT
14:40coloca, né, a ministra Miele, até não tanto na sua fala, mas vários outros colocam, precisamos ouvir,
14:47precisamos entender, mas se você ouvir e entender o que as pessoas estão dizendo, você vai conseguir
14:53se transformar no que elas estão querendo? Eu acho que essa é uma boa questão. É, eu acho que o seguinte,
14:58só para fechar, Leonardo, eu acho que eu tenho uma teoria em relação a PT, a político, a nós
15:04jornalistas e, enfim, alguns influenciadores. Eu acho que em algumas situações a gente precisa
15:09ouvir mais o camaradinha que está lá na ponta, o motorista de Uber, o gari, do que, por exemplo,
15:16um super, hiper, mega alfa, filósofo que fica na sala de aula teorizando sobre aquilo que está nos
15:22livros, mas que não está na vida prática, né, acho que às vezes, acho que a esquerda tem esse problema,
15:26né, acho que esquece, quer defender quem está na ponta, mas não quer ouvir quem está na ponta.

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