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O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, confirmou à Polícia Federal ter presenciado reuniões onde foram discutidos os termos da chamada minuta do golpe, na reta final do governo Bolsonaro. 

Segundo o Estadão, o ex-comandante do Exército depôs à PF por oito horas na última sexta-feira, 1º, e respondeu a todas as perguntas feitas pelos investigadores.

O general Freire Gomes não é investigado e foi ouvido como testemunha pela Polícia Federal por causa de mensagens que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, lhe enviou citando a ‘minuta do golpe’. 

Felipe Moura Brasil e Carlos Graieb comentam:

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Transcrição
00:00Muito bem, vamos em frente, falando aí no pessoal que fala em nome da pátria, vamos
00:05tratar aqui do bolsonarismo.
00:07O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, confirmou a Polícia Federal
00:12ter presenciado reuniões onde foram discutidos os termos da chamada minuta do golpe, na reta
00:17final do governo Bolsonaro.
00:20Vocês vejam que a gente analisou aqui outro dia o discurso do Bolsonaro em cima do carro
00:24de som na Avenida Paulista.
00:25Olha aí o joinha, quando eu faço ele aparece com a bolhazinha aqui.
00:30E o Bolsonaro falou, tem a minuta e tal, mas defendeu que golpe é tanque na rua, que
00:38usando a Constituição não é, mesmo que seja um uso forjado da Constituição.
00:44E aí houve todo um debate sobre o Bolsonaro ter, na prática, reconhecido que haveria
00:49minuta, que isso na visão dele não teria muito problema.
00:52E agora você tem um relato vazado, já vamos tratar dessa questão, sobre conversas a
01:00respeito da minuta.
01:01E segundo o Estadão, ex-comandante do Exército, depois a Polícia Federal por oito horas, na
01:05última sexta-feira, dia primeiro, e respondeu a todas as perguntas feitas pelos investigadores.
01:09O general Freire Gomes não é investigado.
01:12Foi ouvido como testemunha pela PF por causa de mensagens que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens
01:18de Bolsonaro, que virou delator, enviou a ele citando a minuta do golpe.
01:24Segundo o jornal, em dezembro de 2022, portanto, meses depois da eleição, Cid disse ao então
01:33comandante do Exército que Bolsonaro mexeu no decreto, reduzindo o texto.
01:39De acordo com a PF, a versão inicial do rascunho previa a realização de novas eleições
01:45e a prisão de autoridades, como os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes do STF
01:49e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
01:53E aí a Polícia Federal afirma que depois, por sugestão do Bolsonaro, somente o decreto
01:57de prisão de Moraes foi mantido.
01:58Portanto, retirou ali Gilmar e Pacheco.
02:02Gilmar, que foi aliado do Bolsonaro ao longo dos quatro anos de governo, por mais que agora
02:06pós, de quem não fez isso, mas estava junto lá, ajudou a aliviar a barra do Flávio.
02:12Bolsonaro indicou várias pessoas próximas ao Gilmar para cargos importantes, como eu
02:16já relatei aqui no programa.
02:17Segundo o Estadão, o ex-comandante do Exército confirmou o relato de Maurício de APF de que
02:23houve uma reunião de Bolsonaro com os chefes das Forças Armadas no Palácio do Planalto.
02:29Além de Freire e Gomes, participaram do encontro o almirante Almir Garnier, marinha, e o brigadeiro
02:33Carlos de Almeida Batista Júnior, Força Aérea.
02:36O ex-comandante do Exército também afirmou que ele e o ex-comandante da FAB, o Carlos
02:42de Almeida Batista Júnior, se opuseram à ruptura institucional, acrescentando que Garnier
02:47foi o único a embarcar na tentativa de virada de mesa, reforçando o que disse Mauro Cid
02:53APF de acordo com a reportagem.
02:55Olha, já falamos a respeito disso e novos elementos estão dando ainda mais substância
03:02àquilo que a gente analisou, né, Graete?
03:06De que tinha aparecido nas investigações da Polícia Federal esse relato de que o Bolsonaro
03:15realmente levou uma proposta com um teor considerado golpista, que seria, né, baseada ali naquela
03:24minuta, para avaliação dos chefes das Forças Armadas.
03:28E que, pelo menos algum deles, e agora pelo relato do Freire e Gomes teriam sido dois, comandante
03:36do exército e comandante da FAB, teriam recusado.
03:41Parece, Graete, você citou a declaração aqui outro dia, que teria sido nessa reunião
03:46que um deles, pode ter sido o Freire e Gomes, agora não me lembro, foi ele próprio, né,
03:52ele disse que, olha, se você insistir nesse assunto, nesse tema, nessa iniciativa, vou ter
03:58que prender o senhor, né.
03:59Então, assim, esse relato está confirmando o relato do Mauro Cid, que tinha um traço
04:06de corroboração nas mensagens mandadas, né, tempos atrás pelo Mauro Cid, sobre a minuta
04:12para o Freire e Gomes, essas mensagens que ele está esclarecendo no depoimento.
04:17Então, assim, tem muita gente que tem horror à esquerda, e eu entendo completamente esse
04:22horror, porque nós apontamos todos os elementos que fazem essa esquerda lulista merecer indignidade,
04:29que, no entanto, acabam minimizando, relativizando esse tipo de iniciativa de um presidente da
04:40república ir consultar os comandantes das forças armadas, sobre uma virada de mesa que
04:46inclui até a prisão de um ministro que ele odeia, por votos e decisões contrárias
04:51aos seus interesses, etc.
04:53Isso é grotesco.
04:54A gente tem que deixar muito claro isso.
04:57É claro que estamos analisando, a partir de relatos de delação premiada, vazados
05:04pela imprensa, etc.
05:05A gente ainda vai precisar ver toda a materialidade desse conjunto probatório.
05:10Agora, todos os sinais que estão sendo dados são de que o Bolsonaro, de fato, deliberou
05:17sobre uma minuta de terror golpista, pediu alterações, manteve uma prisão de um inimigo
05:23dele, que ocupa um outro poder, e foi consultar as forças armadas para saber se daria para
05:30levar aquilo adiante.
05:31Se os comandantes das forças armadas dizem sim, aquilo é concretizado e você não tem
05:38a oportunidade de punir alguém por essa iniciativa.
05:45Então, é aquilo que o Graeb e eu colocamos aqui na última análise, né, Graeb?
05:51É o que está sendo colocado como a possibilidade de prisão de Jair Bolsonaro.
05:55É que se você não pune a articulação para que isso aconteça, você dá margem a que
06:02essa articulação sempre possa acontecer.
06:06Exato.
06:07E a partir do momento que há um sim, pronto, você conseguiu impor o seu projeto de controle
06:14autoritário total, porque vai haver um golpe de Estado, uma ditadura em que você vai
06:18ficar no poder e aí você não vai conseguir ser punido.
06:20Então, qual é a maneira, analisando aqui com uma visão holística, é de você evitar
06:26que presidentes da República atuem em conluio com os chefes das forças armadas para fins
06:33de estabelecer um regime ditatorial ou uma virada de mesa que subjugue o processo eleitoral
06:41ao interesse dele.
06:42Qual é a medida?
06:44A medida é que a articulação para que isso aconteça seja punida.
06:49porque aí você gera um efeito dissuasivo no presidente que eventualmente está pensando
06:55em articular algo assim.
06:58Então, existe uma legitimidade nessa tese de você punir a articulação golpista, porque
07:05uma vez imposto o golpe, não dá mais para punir ninguém.
07:08Ninguém mais vai estar lá porque as instituições vão ficar subjugadas ao poder autoritário
07:13de uma liderança.
07:13É isso, Felipe.
07:18Eu acho que a fronteira precisa ser traçada, a fronteira entre a tal da intenção, que
07:24não se pode punir, e um início de realização, de execução mesmo, de um golpe de Estado,
07:36que, como a gente já lembrou algumas vezes, são crimes de tentativa, tentativa de golpe
07:41de Estado.
07:42Acho que a fronteira entre a intenção e a execução precisa ser traçada justamente
07:48no momento em que você tenta despertar as forças armadas para aderir ao seu plano.
07:55porque as forças armadas são aquelas, as únicas, com capacidade de viabilizar.
08:05Subjugar os poderes.
08:07E subjugar o resto do país, porque elas têm as armas, certo?
08:12Como diz o próprio nome.
08:14Então, não é um gesto qualquer.
08:17Você reunir o comando das forças armadas, dar uma piscadinha e falar, vamos, vem comigo.
08:23Não é um gesto qualquer isso, não é uma conspiraçãozinha.
08:29Você já está a um passo, você está a um passo de pôr os tanques na rua.
08:36E uma vez que os tanques vão para a rua, já era, meu amigo.
08:42Porque quem é que vai se defender dos tanques?
08:46Eu, com o meu carro, é que eu não sou.
08:48Nem você, Capitão.
08:49Eu estou imaginando você colocar na frente do tanque, Grael.
08:55Estou imaginando.
08:56Se bem que tem aquela imagem maravilhosa, né?
09:00Grandes momentos da história humana.
09:02O chinês, na Praça da Paz Celestial, em 1989,
09:07se pondo ali na frente do tanque, que tinha que desviar para um lado.
09:13Se você é muito jovem e não conhece essa imagem, vá atrás dela.
09:17Porque, realmente, é um dos grandes momentos de resistência da história.
09:22O Castelo Branco tem aquela frase clássica sobre as vivandeiras.
09:26Estava falando de civis, né?
09:27As vivandeiras que vão procurar os granadeiros nos bivacs,
09:32que são os acampamentos, né?
09:34Para bulir com eles, tal.
09:35Para ver se ficar espicaçando.
09:38O Bolsonaro foi essa vivandeira do golpe.
09:44Só que ele não foi bulir com os granadeiros, como dizia o Castelo Branco.
09:48Ele foi bulir com os chefões.
09:52Com os caras que têm as forças armadas na mão.
09:55E vejam só.
09:56Um deles, até onde sabemos, disse,
10:00Joia, quero.
10:02Estou contigo e não abro.
10:07Ou seja, é isso que eu estava dizendo.
10:08Você está muito próximo de botar o tanque na rua mesmo, né?
10:16Eu acho que não dá para tratar isso com leveza.
10:22É.
10:23Não dá, obviamente.
10:24A gente vai sempre apontar aqui
10:26abusos do Supremo Tribunal Federal,
10:28vícios de inquéritos.
10:29Iniciativas que poderiam ter sido tomadas,
10:32mas de outras maneiras.
10:34Agora, nada disso exime a responsabilidade
10:37de uma pessoa que está cometendo esse tipo de...
10:43Liderando esse tipo de iniciativa.
10:47Isso é repudiável, tem que ser repudiado.
10:50Pelas pessoas que colocam a decência,
10:52o seu senso de justiça, de moralidade pública,
10:55de democracia,
10:56por mais problemas,
10:59que haja nesse simulacro de democracia no Brasil,
11:04as pessoas que colocam a decência acima da ideologia,
11:08elas têm que repudiar esse tipo de iniciativa.
11:10Da mesma forma,
11:12como a esquerda deveria ter repudiado e não repudiou,
11:15os esquemas de suborno.
11:20É o mensalão, o petrolão,
11:22é o financiamento de ditaduras,
11:24tudo para perpetuação no poder.
11:26É um esquema também de fraude à democracia.
11:29Uma fraude interna,
11:32solapando a democracia por dentro,
11:35minando as suas estruturas,
11:37a separação e a independência dos poderes.
11:39Tudo isso que continua até hoje,
11:41como a gente sabe bem.
11:41Agora, não é porque um lado comete essa indecência
11:46de passar pano para as suas lideranças eventualmente criminosas,
11:51que outro lado tem que fazer o mesmo,
11:54por uma questão ideológica,
11:55porque o lado da decência,
11:57ele não se altera conforme a ideologia.
12:01E, lamentavelmente,
12:03esse senso de moralidade
12:06se perdeu no debate público brasileiro,
12:09se é que um dia ele existiu.
12:10É claro que ele ainda
12:11persiste na mentalidade
12:15daquelas pessoas que são guiadas
12:17por valores e princípios
12:18mais antigos,
12:20tradicionais,
12:21que têm esse estofo.
12:25Mas a gente precisa resgatar isso
12:27o quanto antes,
12:28senão fica cada lado passando pano
12:30para os seus abusadores favoritos,
12:35para aqueles que cruzam
12:36as quatro linhas da Constituição,
12:38e o país fica metido nesse buraco.
12:42Um dos maiores problemas
12:43para a punição do Bolsonaro
12:44é justamente a impunidade dos outros.
12:49Porque sempre,
12:50para essas pessoas que já são
12:52um pouquinho tendenciosas
12:54para passar pano
12:55para lideranças dentro do seu campo ideológico,
12:57elas sempre vão olhar para o outro lado
12:59e, tá, mas as outras não foram punidas,
13:02então por que esse aqui vai ser?
13:04Pois é,
13:05nós aqui defendemos a punição
13:07de todas as pessoas,
13:09sejam envolvidas em atos criminosos
13:11de corrupção,
13:12de lavagem de dinheiro,
13:13de peculato,
13:13sejam envolvidas em atos
13:15ou iniciativas golpistas,
13:18de uma maneira geral.
13:19E o bolsonarismo ajudou
13:20a aliviar a barra
13:21dos criminosos de colarinho branco,
13:23acabando com a Lava Jato,
13:25abandonando a defesa da prisão
13:28após condenação em segunda instância,
13:30nomeando aí Augusto Toares na PGR,
13:33Cassio Nunes Martins
13:34no Supremo Tribunal Federal,
13:35sabotando o CPI da Lava Tó,
13:37conseguiu ali aliviar
13:39a barra da família Bolsonaro,
13:40principalmente do Flávio,
13:42só que não consegue esse alívio
13:44para os aspectos golpistas
13:48que envolveram as suas iniciativas.
13:53Então, fica, de fato,
13:56um tanto desigual.
13:58Só que, para essas pessoas,
14:01é absolutamente desigual também
14:04a gravidade do crime.
14:06Porque o atentado contra o Estado Democrático,
14:10para eles, é muito mais grave
14:11do que o crime de suborno.
14:12A gente defende que todos os crimes,
14:14obviamente, sejam punidos.
14:15E vamos acompanhar aí os desdobramentos,
14:17a Cruzoé fez uma grande reportagem detalhada
14:20sobre as questões jurídicas,
14:22o jogo da lei,
14:23é o título da capa,
14:24quem não assinou a Cruzoé.
14:26Na Cruzoé, você se aprofunda
14:27ao longo do fim de semana,
14:29ou você vai lendo durante a semana,
14:31entendendo o pano de fundo
14:33dos debates públicos
14:35que são tratados muito superficialmente,
14:38às vezes.

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