A omissão do governo na fuga dos presos

O Antagonista

O governo federal contratou uma empresa em nome de um “laranja” para fazer obras na penitenciária federal em Mossoró, onde ocorreu a fuga de dois presos ligados ao Comando Vermelho, na semana passada.   A informação é do Estadão, que afirma que “a companhia tem faturamento anual de 195 milhões de reais, mas seu dono, no papel, é um beneficiário do auxílio emergencial que mora na periferia de Brasília”.  Ainda segundo a reportagem, o contrato foi assinado em abril de 2022, quando Anderson Torres era ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Jair Bolsonaro (PL). Depois, em abril de 2023, ele foi prorrogado durante a gestão de Flávio Dino, então titular da pasta no governo Lula.   Os contratos foram firmados por meio dos respectivos setores que cuidam de presídios no ministério, sem a participação direta dos ex-ministros, de acordo com o jornal.  Felipe Moura Brasil e Carlos Graieb comentam:  Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.  Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo... e muito mais.  Link do canal:   https://whatsapp.com/channel/0029Va2SurQHLHQbI5yJN344  Apoie o jornalismo independente, torne-se um assinante do combo O Antagonista | Crusoé e fique por dentro dos principais acontecimentos da política e economia nacional:   https://hubs.li/Q02b4j8C0  Não fique desatualizado, receba as principais notícias do dia em primeira mão se inscreva na nossa newsletter diária:  https://bit.ly/newsletter-oa  Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast.  Leia mais em www.oantagonista.com.br  |  www.crusoe.com.br

Transcript

00:00Vamos em frente, ainda falando sobre a bandidagem no Brasil.

00:04O governo federal contratou uma empresa em nome de um laranja

00:07para fazer obras na Penitenciária Federal, em Mossoró,

00:10onde ocorreu a fuga de dois presos ligados ao Comando Vermelho na semana passada.

00:15A informação é do Estadão, que afirma que a companhia tem faturamento anual

00:19de 195 milhões de reais, mas seu dono no papel é um beneficiário...

00:24Ah, o Brasil.

00:26Do auxílio emergencial que mora na periferia de Brasília.

00:31Olha só.

00:33A empresa tem faturamento anual de 195 milhões de reais.

00:38É empresa contratada para fazer obra num presídio de suposta segurança máxima.

00:45E quem é o dono da empresa?

00:46Está lá recebendo auxílio emergencial, como se fosse um cidadão de baixa renda.

00:52Talvez seja, justamente, é isso que está sendo colocado pela matéria.

00:56Ele é o laranja.

00:57Simplesmente tem o nome dele lá.

01:00Mas quem toma conta é outra pessoa.

01:04Vamos continuar aqui resumindo a matéria.

01:06O contrato foi assinado em abril de 2022,

01:09quando Anderson Torres era o ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro.

01:14E depois, em abril de 2023, ele foi prorrogado durante a gestão de Flávio Dino,

01:20então titular da pasta, no governo Lula.

01:23É o bolso lulismo, senhoras e senhores.

01:27Ninguém verificou?

01:29Quer dizer, um núcleo de reportagem de um jornal tem mais condição de verificar

01:35esse tipo de informação do que o sujeito que está ganhando lá mais de 40 mil reais por mês

01:42como ministro da Justiça e Segurança Pública.

01:45Precisa fugir dois presos do Comando Vermelho,

01:50uma das facções criminosas mais perigosas do país,

01:54para que isso venha à tona.

01:56Os contratos foram firmados por meio dos respectivos setores

01:59que cuidam de presídios no ministério,

02:01sem a participação direta dos ex-ministros.

02:05Aí, vamos analisando parte por parte.

02:10Imagina que você foi colocado no cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública.

02:17O que qualquer pessoa de bom senso entende?

02:21Que tem que cuidar da segurança pública.

02:23Então, qual é o primeiro questionamento?

02:26Talvez o segundo, se ocorrer mais um, a pessoa...

02:30É bom, eu preciso me preocupar com o quê?

02:33Com os criminosos mais perigosos do Brasil.

02:39Onde a gente sabe que estão os criminosos mais perigosos do Brasil?

02:44Eu estou falando aqui do crime organizado armado.

02:48A gente sabe que eles estão no presídio de segurança máxima.

02:53Antes de haver fuga e da gente passar a falar de suposta segurança máxima.

02:59Então, assim, qual é um dos meus primeiros papéis

03:02ao assumir um cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública?

03:05É checar se a segurança nos presídios de segurança máxima

03:10realmente está máxima.

03:13É o básico.

03:15É o papel primordial de um ministro de segurança pública.

03:19E aí você não tem um...

03:22Tem aqui, veja bem, um setor responsável por cuidar de presídio,

03:27mas sem a participação do ministro.

03:31Ah, passa ali para aquele setor, aquele setor assina aí, ó.

03:34Tem um contrato lá com um presídio de segurança máxima,

03:37onde tem bandido do Comando Vermelho e tal.

03:40Deixa aí, meu secretário assina aí qualquer coisa.

03:43Depois ele fala, ah, a gente fechou aí alguma coisa.

03:46Então nem fala nada, nem dá satisfação.

03:50O ministro nem sabe, ele está mais preocupado em dar tweetada no X,

03:54no antigo Twitter, em fazer lacração em rede social.

03:58E aí acontece tudo isso.

04:00E quando a gente vai puxando a pena, vem o galinheiro todo, né?

04:03Havia uma série de sinais.

04:05E existe a suspeita de que uma das reformas realizadas

04:09tenha facilitado a fuga dos presos.

04:11Procurado pelo jornal, o ministério afirmou que vai acionar os órgãos competentes

04:15para realizar uma rigorosa investigação sobre a empresa em questão.

04:19Hum, será?

04:21Será mesmo que vai ser rigorosa essa investigação?

04:25Se ela compromete o próprio governo Lula?

04:29Compromete também o governo Bolsonaro.

04:31Mas o contrato foi renovado pelo governo Lula.

04:35Então compromete os dois.

04:36Anderson Torres já está comprometido até o pescoço, né?

04:40Que foi preso aí no âmbito desses inquéritos

04:43sobre atos antidemocráticos, etc.

04:46Está metido em mais esse problema.

04:49Mas como o Flávio Dino também está metido,

04:52pode ser que desse ele cessar.

04:54E também disse que em 2022, o ministério,

04:57quando o contrato foi assinado,

04:58a empresa atendeu a todos os requisitos técnicos

05:01e apresentou todas as certidões necessárias,

05:03cumprindo suas obrigações até o momento.

05:06É difícil de acreditar em razão daquilo que a reportagem revelou.

05:11Quer dizer, não conferiram quem é o dono?

05:14Não conferiram o mínimo?

05:16Não fizeram background?

05:18Para que existe a agência brasileira de inteligência?

05:23É para monitorar adversários políticos?

05:25É para fazer espionagem?

05:26Não pode, eventualmente, contribuir com a checagem de background?

05:32O pessoal não sabe usar o Google?

05:34Não existe responsabilidade.

05:37Obra em presídio significa que determinadas pessoas vão ter acesso

05:42à estrutura que mantém encarcerados os bandidos mais criminosos do país,

05:50no caso do presídio de segurança máxima.

05:53Então, se tem uma obra cuja empresa e cujos executivos da empresa

06:00precisam ser alvos de uma seleção criteriosa, para dizer o mínimo,

06:06é obra em presídio.

06:08Isso é o básico que qualquer pessoa de bom senso saberia se ocupasse esse cargo.

06:14Com o que eu tenho que me preocupar?

06:16Com os bandidos presos.

06:18Ah, vai entrar a gente lá no presídio?

06:20Quem é essa pessoa?

06:21Não existe.

06:22Eles não estão nem aí.

06:23Eles estavam fazendo outra coisa.

06:25Eles estavam tweetando.

06:26Repito.

06:27Então, assim, essa história, Gaep,

06:29que já estava, assim, bem comprometedora para o governo Lula,

06:34parece que ficou mais ainda.

06:37É extraordinário que, mais uma vez,

06:40foi um veículo da imprensa que levantou a história.

06:47Aparentemente, pegou de surpresa o Ministério da Justiça,

06:52que já está há duas semanas embrulhado nesse fiasco inacreditável

07:01que foi a primeira fuga na história dos presídios federais.

07:07Em duas semanas, eles não tinham conseguido levantar

07:11essa informação absolutamente relevante,

07:16que a licitação para cuidar da manutenção do presídio

07:23foi feita com as patas.

07:27O governo, quem chega ao governo federal,

07:34quem chega ao governo estadual no Brasil,

07:38só tem grandes ideias, em geral, muito ruins na cabeça.

07:43E não tem compromisso nenhum com o dia a dia da governança.

07:50Com o cuidado para resolver as pequenas coisas que precisam ser...

07:58E quando eu digo pequenas,

07:59são pequenas no sentido de que são coisas cotidianas.

08:05São as soluções cotidianas para os problemas do país.

08:09não o desejo de mudar a governança mundial,

08:15como quer fazer o Lula.

08:17Não o desejo de mudar os destinos do clima,

08:25como o Lula acha que vai fazer,

08:27perfurando o posto de petróleo no Amazonas.

08:29Essa gente está cheia de ideia vaga,

08:35grandiosa,

08:37mas muito ruim na cabeça,

08:39e se esquece de governar no dia a dia.

08:43É óbvio que não é o Lula que tem que revisar

08:46a porcaria do contrato de manutenção.

08:51Mas alguém precisa fazer isso,

08:53e as pessoas não fazem.

08:54Porque os ministros não cobram dos secretários,

08:59que não cobram dos seus chefes de gabinete,

09:02ou sei lá eu, de quem tem que cobrar.

09:05Então, a governança no Brasil é uma vergonha.

09:10É uma vergonha.

09:13Enquanto isso, a gente tem esses presidentes,

09:15tipo Lula e Bolsonaro,

09:17que acham que estão lá para reinventar o mundo,

09:20a imagem deles.

09:21Deus me livre.

09:24Pois é.

09:27Imagina se a gente fizesse assim, né, Greg?

09:29No nosso trabalho, né?

09:31Bota qualquer coisa aí e tal,

09:33na matéria, na capa, no título, etc.

09:37Quer dizer,

09:40o profissional tem de ter

09:42determinadas preocupações básicas

09:45que dizem respeito ao cargo que ele ocupa.

09:48Mas, para isso, a pessoa precisa ser qualificada

09:50moral e intelectualmente.

09:52e o nível moral e intelectual das pessoas

09:55que chegam ao poder no Brasil

09:56tem sido muito baixo.

09:59Aliás, até refletir a luz da literatura a respeito disso,

10:06no meu artigo que eu publiquei ontem,

10:07logo após o Papo Antagonista,

10:09eu tinha anunciado.

10:09Quem ainda não leu, leia.

10:11Obrigado àqueles que repercutiram aí,

10:15comentaram bastante.

10:17Obrigado, Greg.

10:18O título é

10:19Como a infâmia de Lula

10:23Como a infâmia de Lula

10:27marca a tragédia brasileira.

10:29Como a infâmia de Lula

10:30marca a tragédia brasileira.

10:32Em determinado momento,

10:33eu passo a refletir sobre

10:34a ascensão dos malfeitores, né?

10:37Porque cita

10:37Rússia, cita Venezuela,

10:40cita Hamas, cita isso tudo,

10:42fazendo ali o contraste das falas do Lula,

10:44mas fazendo uma reflexão cultural

10:46mais profunda,

10:48citando o livro

10:49o arquipélago Gulag.

10:52Enfim, analisando as questões

10:53nas suas minúcias.

10:54Hoje o debate público

10:55é muito superficial,

10:58é uma gritaria de militância.

11:00A gente mostrou aqui para vocês

11:01que o próprio conteúdo das falas

11:04do Lula e dos petistas

11:05e dos seus assessores

11:07não remete a nada da realidade.

11:09Não tem um episódio específico,

11:11não há nomes,

11:12não há localidades,

11:13não há nuances,

11:15absolutamente nada.

11:17Então, realmente,

11:19a qualidade das pessoas

11:20que chegam ao poder

11:21ela é muito baixa.

11:24E isso tem consequências

11:26para o dia a dia,

11:27isso tem consequências

11:28para a governança, né?

11:29Para usar a palavra

11:30que bem utilizou aí o Graé.

11:32Eles realmente não se preocupam

11:34com aquilo que eles

11:36deveriam se preocupar.

11:39Nós mostramos aqui

11:40a postura,

11:43a postura,

11:44que muitas vezes

11:44a postura diz muito

11:46a respeito de uma autoridade pública.

11:47Então, a postura

11:49do Ricardo Lewandowski

11:50no dia da sua posse

11:51como ministro da Justiça

11:52e Segurança Pública.

11:53O que o sujeito,

11:55com bom senso,

11:56que tem noção

11:57do país em que ele vive,

11:59ele pensa

11:59se ele vai assumir

12:00uma pasta

12:01sobre segurança pública

12:02num país

12:03com mais de 40 mil assassinatos.

12:05Que ele não está ali

12:06para fazer oba-oba.

12:08Ele não está ali

12:09para ficar

12:10de camaradagem

12:11com os amiguinhos,

12:12distribuindo sorrisos.

12:13Esse é um país violento.

12:16A gente vê

12:17nas redes sociais

12:17todos os dias

12:19as contas.

12:20No Rio de Janeiro

12:21sigam várias contas

12:22que são contas

12:24de segurança pública

12:27que ficam

12:28exibindo vídeos

12:29de câmeras de segurança

12:31sobre crimes cometidos

12:32nas ruas.

12:33Então, é roubo de carro,

12:34roubo de motocicleta,

12:36é roubo de pedestre,

12:38de celular,

12:39de carteira,

12:40às vezes com soco,

12:41como naquele caso,

12:41é em Copacabana.

12:43Isso é assim

12:43o dia inteiro,

12:44todos os dias.

12:46Hoje mesmo

12:47estavam me mandando

12:48vários.

12:49Teve um episódio

12:49lá no Rio de Janeiro,

12:52numa área

12:53próxima até

12:54de sambas, etc.,

12:57em que uma turista

12:58teve seu celular roubado

13:00e aí o bandido

13:02foi penalizado

13:03porque aquela

13:05é uma região

13:06em que há o interesse

13:07da bandidagem,

13:08talvez,

13:09que circulem

13:10aquelas pessoas

13:11por ali,

13:12o bandido

13:13foi penalizado

13:14pelo crime organizado.

13:16E aí a turista

13:17parece estar arrependida

13:19de ter ido procurar

13:20o celular roubado

13:21porque ela ficou

13:22com pena do assaltante

13:23que foi torturado

13:25ali pelos criminosos.

13:26Era notícia

13:27que me mandaram aqui,

13:28eu estou falando assim

13:29de uma maneira genérica,

13:30acontece o tempo todo.

13:33Então,

13:33esse país,

13:35o sujeito

13:35que ocupa um cargo

13:37como ministro da Justiça

13:37e Segurança Pública,

13:38ele tem que ter noção

13:39de realidade.

13:41Então,

13:41fica aquele oba-oba

13:42que a gente apontou

13:43na raiz,

13:45doze dias depois,

13:46foi mais ou menos isso,

13:47fogem

13:48dois bandidos

13:49do Comando Vermelho

13:50do presídio

13:50de suposta

13:51segurança máxima

13:52e o governo

13:52não sabe de nada.

13:53E como bem apontou

13:54o Graeb,

13:54quer dizer,

13:55dias depois

13:56dessa fuga,

13:58que já tem aí,

14:00quanto tempo tem?

14:01É uma semana?

14:03Dias depois,

14:04a imprensa

14:05tem que dar

14:06uma informação

14:07que o governo

14:08não tem

14:09ou pelo menos

14:10fingiu que não tinha,

14:12que talvez

14:12seja comprometedor.

14:14Então,

14:14as duas hipóteses

14:15são terríveis.

14:16Quer dizer,

14:16como é que o governo

14:17não consegue

14:18encontrar

14:19os elementos

14:21que podem ter

14:21facilitado a fuga

14:22e uma equipe

14:23de repórteres

14:24tem que encontrar

14:25no lugar?

14:26É um episódio

14:27vexaminoso

14:28e mais vexaminoso ainda.

14:29A gente tem que

14:30sempre remeter

14:31que essa é a realidade

14:32nacional,

14:32é isso que a gente

14:33está mostrando.

14:33Esses são os problemas

14:34do Brasil.

14:36E o Lula está lá

14:37se metendo

14:38no conflito

14:38do Oriente Médio.

14:40É como eu

14:41tuitei hoje,

14:42o Lula,

14:43na prática,

14:44ele quer que Israel

14:45faça com os terroristas

14:47do Hamas

14:47o que o governo dele

14:49faz com os criminosos

14:50do Comando Vermelho.

14:51Deixe-os fugir.

Categoria

Transcrição

Recomendado