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Transcrição
00:00E vamos contar com a ajuda dele, Marcelo Zurita, que é astrônomo e colunista do Olhar Digital,
00:07para nos ajudar a entender como essa teoria está sendo desenvolvida.
00:13Vamos receber o Marcelo Zurita aqui para nos ajudar a entender essa reportagem.
00:18Cadê o Marcelo Zurita? Está aqui.
00:20Boa noite, Marcelo Zurita. Seja muito bem-vindo.
00:25Boa noite, Marisa. Boa noite à comunidade do Olhar Digital.
00:28E é um prazer estar aqui para discutir esse assunto tão interessante.
00:32Muito interessante e também de difícil compreensão.
00:36Você precisa nos ajudar por aqui, Marcelo Zurita.
00:39Veja bem, vamos começar do princípio.
00:41O Big Bang é uma teoria mais aceita até o momento, ou não?
00:45Eu queria que você comentasse sobre isso, sobre a origem do universo.
00:49E a ciência costuma ver com bons olhos outras teorias?
00:53Por exemplo, essa que está surgindo agora?
00:55Então, o Big Bang é uma teoria que começou a ser traçada mais ou menos há 100 anos atrás,
01:03em 1929, com a descoberta de Edwin Hubble de que o universo está em expansão.
01:09Então, foi feito um estudo retroativo que mostrou que, no início de tudo,
01:14toda a massa do universo estava contida em um ponto infinitamente pequeno,
01:18que nós chamamos lá de singularidade, no início do universo.
01:26E, a partir daí, houve uma grande expansão que ficou popularmente conhecida como Big Bang.
01:31Essa teoria não foi muito aceita no início,
01:35mas acontece que, ao longo desses quase 100 anos,
01:38sempre foram surgindo novas confirmações, novas evidências de que essa teoria estava correta.
01:45Então, desde encontrarmos objetos cada vez mais antigos e em uma velocidade mais rápida,
01:54como Edwin Hubble começou a fazer há 100 anos atrás,
01:58até a radiação cósmica de fundo, que foi uma coisa prevista na teoria e depois observada na prática.
02:05Então, tudo casa com esse modelo, modelo do universo em expansão,
02:10o modelo do Big Bang.
02:11Então, por isso, não é que novas teorias não são bem aceitas,
02:15porque, para você provar que essa teoria do Big Bang está errada,
02:21nós vamos precisar de muito mais evidências e de evidências bem conclusivas.
02:26Então, esse é o ponto.
02:27Agora, Zurita, o que diferencia esse modelo que nós acabamos de ver na reportagem?
02:33Outro universo?
02:35Enfim, o que ele diferencia do que sabemos dessa expansão, da teoria do Big Bang?
02:42Então, a diferença não é um tanto sutil.
02:46Então, vamos lá.
02:47A gente viu pela teoria do Big Bang, no início de tudo,
02:51toda a massa do universo estava contida num ponto infinitamente pequeno,
02:55que nós chamamos de singularidade.
02:58A gente sabe também que no interior do buraco negro tem uma região ali que é o horizonte de eventos,
03:04onde nada escapa, a partir dali nada escapa da gravidade do buraco negro, nem mesmo a luz.
03:10E lá no interior, no meio do buraco negro,
03:13teoriza-se que existe um ponto de densidade infinita que nós chamamos de singularidade.
03:19Veja que tem uma coisa comum aí, no início do universo e no interior de um buraco negro.
03:24Só que o início do universo, até então, a gente não tem alguma teoria que explique o que existia antes.
03:33Existem algumas tentativas, mas a gente não vai conseguir evidências do que havia antes do início,
03:39antes desse Big Bang.
03:41E nessa teoria desse trabalho, encabeçado pelo Gastenhaga,
03:47ele propõe que antes do Big Bang, dessa grande expansão,
03:54havia um outro universo contido dentro de um buraco negro.
03:58Basicamente isso.
03:59E aí tem uma palavra-chave nesse trabalho dele, que ele fala que é o gravitational bounce,
04:07que a gente traduziu aí para salto gravitacional,
04:10que na verdade não tem uma palavra muito precisa para traduzir bounce para português.
04:16Bounce seria a quicada,
04:19alguma coisa que está vindo no sentido, quica, dá um rebote e vai no outro sentido.
04:24Então isso daí não seria um salto gravitacional, seria uma quicada gravitacional.
04:30Então imagine toda aquela nuvem colapsando e naquele quique,
04:35na hora que ela chega em um determinado ponto, segundo o trabalho de Gastenhaga,
04:38quando a gente tem uma pressão muito grande,
04:41os fatores quânticos, que aí a gente não vai conseguir explicar mesmo aqui,
04:45mas os efeitos quânticos ganham importância.
04:49Então esses efeitos quânticos impedem a compressão da matéria
04:52e isso gera um efeito de bounce, e não um efeito de quicada,
04:56e aí nós temos essa expansão acelerada que nós vimos lá no início,
05:00nós sabemos que existiu no início do universo.
05:03Então a grande diferença dessa proposta é que,
05:07em vez de um ponto infinitamente pequeno,
05:09nós teríamos um ponto muito pequeno,
05:12com uma densidade quase infinita, mas não infinita,
05:16que quando a compressão dentro de um buraco negro chegou naquele ponto,
05:21ela expandiu, gerando o universo.
05:23Então essa é a principal diferença entre o modelo do Big Bang
05:26e o modelo proposto por Gastenhaga.
05:28Uma outra coisa importante é que ele explica o processo da expansão acelerada
05:34sem a necessidade de uma força oculta,
05:38uma força misteriosa, que é a energia escura.
05:42Agora, Zurita, e essa história de outro universo,
05:46o que ele quis dizer com outro universo?
05:49Outro universo parecido com o que nós vemos?
05:52Enfim, explica para a gente.
05:55Ele chama de universo humano.
05:57Aí a gente começa a entrar numa coisa muito filosófica.
06:01E aí isso me lembra, Marisa, um trabalho,
06:03quando ele fala que de fora do universo,
06:06a gente não veria o universo porque ele teria o aspecto de um buraco negro,
06:10se a gente estivesse de fora do nosso universo visível.
06:15Isso me lembra um trabalho que eu vi em 2014,
06:21no encontro de astronomia do Nordeste,
06:23igual ao que eu estive agora nesse final de semana,
06:26um trabalho do David Harding,
06:28que ele mostrava, ele fez uns cálculos cosmológicos,
06:31pegou toda a massa do universo conhecido
06:35e calculou qual seria o raio de Schwarzschild.
06:40Basicamente, qual seria o raio do horizonte de eventos
06:43de um buraco negro que tivesse toda a massa do universo.
06:47E esse raio era compatível com o raio do universo visível,
06:5215,4 bilhões de anos-luz.
06:57Então, basicamente, o que ele estava mostrando lá
07:01é que o universo como um todo parece um buraco negro,
07:04parece que estamos dentro de um buraco negro.
07:07Então, a curiosidade desse ponto,
07:11da gente ver o universo de fora como se fosse um buraco negro,
07:15dá a ideia de que, de repente, fora do nosso universo,
07:18existe um universo mãe,
07:20e que, de repente, há outros universos também acontecendo
07:24como o nosso, outros universos paralelos.
07:28Então, é uma coisa bem interessante e puxa muito para o lado da filosofia.
07:32Isso são coisas que a gente nunca, provavelmente,
07:35nunca vai conseguir comprovar,
07:37mas fica na nossa imaginação.
07:39Muito interessante.
07:40Agora, Osirita, esse estudo pode, de alguma forma,
07:43mudar a forma como nós entendemos
07:45sobre os buracos negros até o momento?
07:51Olha, eu diria que ainda não.
07:53Porque já haviam outros estudos também, mais ou menos, nesse sentido.
08:00Este está colocando, eles consideraram uma,
08:04digamos, fizeram os cálculos,
08:06uma modelagem bem completa, bem interessante.
08:10E eles mesmos ainda não, como posso dizer assim,
08:14eles não colocam isso como sendo uma verdade absoluta,
08:17mas eles lançam a ideia para que se possa buscar mais evidências
08:23de que, de repente, o modelo cosmológico baseado
08:26numa expansão, num rebote gravitacional do buraco negro
08:30é mais compatível do que simplesmente um Big Bang,
08:35sem uma história pregressa do que havia antes desse Big Bang.
08:40Então, por enquanto, é o momento da gente analisar.
08:43muitos cientistas vão buscar falhas nesse modelo,
08:49muitos vão tentar encontrar aí evidências
08:52que possam comprovar algo que aponte nesse sentido,
08:56mas, por enquanto, é o momento de se estudar,
08:59de se analisar realmente se esse modelo faz sentido.
09:02Tá certo, pois é.
09:04Como o próprio nome diz, uma teoria.
09:07Tá certo, Marcelo Osirita, mais uma vez,
09:10muitíssimo obrigada pela sua presença
09:12para nos ajudar a entender o que está acontecendo.
09:15Muito obrigada, tenha uma excelente noite.
09:18Sabe de uma coisa interessante, Marisa, nesse estudo?
09:21Diga.
09:22A gente começa a imaginar se, de repente,
09:25os buracos negros que estão aqui ao nosso redor,
09:28no universo, não contêm pequenos universos dentro deles.
09:33Então, é uma coisa que também vai levar muita gente
09:36a refletir nesse sentido.
09:37Muito curioso, não, Marcelo Osirita?
09:40Além de buscar vida fora do nosso planeta Terra,
09:43agora temos outros universos
09:44para saber se funciona parecido com o nosso.
09:47Bom, complexo, não?
09:50Pois é.
09:52Foi muito bem, Marisa, muito obrigado.
09:54Então, muito obrigada a você, Marcelo Osirita.
09:57Temos muitos assuntos ainda
09:58para a gente falar sobre essas teorias por aqui.
10:02Muito obrigada. Boa noite.
10:03Obrigado e até a próxima.
10:06Até.
10:07Está aí, participação especial de Marcelo Osirita.
10:11Espero que vocês tenham gostado.
10:12Realmente, complexo, não, pessoal?
10:14Imaginar isso, outros universos,
10:17fazemos parte de um buraco negro
10:18e tem outros por aí.
10:20Realmente, é uma teoria bem interessante.
10:22Marcelo Osirita nos ajudando a entender um pouco mais
10:25aqui, junto com a gente, no Olhar Digital News.
10:28Tchau.
10:32Tchau.
10:33Tchau.
10:33Tchau.
10:33Tchau.
10:38Tchau.

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