- anteontem
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NotíciasTranscrição
00:00E esse giro de notícias, como eu falei, trazendo mulheres inspiradoras para o meio de Brasília,
00:06mulheres de verdade, mulheres que estão no fronte, atuando em prol da sociedade,
00:10atuando em prol de outras mulheres.
00:12E agora, com a Roberta Abdanu, a Roberta que, inclusive, tem atuado muito em pautas voltadas
00:19para a equidade de gênero no Nepal e auxiliado mulheres refugiadas, pessoas refugiadas da guerra da Ucrânia.
00:27E ela está aqui com a gente para conversar sobre essas pautas.
00:30Tudo bem, Roberta?
00:32Oi, Kiris. Tudo bem? Muito obrigada pelo convite.
00:36É um prazer revê-la novamente, estar ao lado de mulheres tão incríveis.
00:41Eu que agradeço, Roberta.
00:43E eu não podia fazer o meio de Brasília hoje sem a sua participação, viu?
00:47Eu que sempre vejo seus relatos, inclusive você fez um relato recentemente para a revista Curuzoé,
00:53na data em que foi marcado um ano da guerra da Ucrânia,
00:59e você trouxe relatos aí sobre a situação dos refugiados,
01:02sobre a situação da guerra, sobre a situação de crianças.
01:06E antes da gente começar a falar sobre esse trabalho de equidade de gênero, Roberta,
01:09como é que está a situação lá da guerra?
01:11Como é que estão os refugiados nessa situação aí que é de calamidade,
01:15que traz para a gente um remete a uma situação muito triste, né?
01:19Sim, sim, com certeza, Kiris.
01:22Então, o mundo todo está enfrentando uma série de crises humanitárias,
01:27com conflitos armados, mudanças climáticas, né?
01:31A própria ONU divulgou recentemente que mais de 300 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária.
01:39A guerra da Ucrânia é algo sem precedentes também,
01:43em menos de um ano, completou agora um ano.
01:45Eu estava lá na fronteira, completou dia 24, um ano de guerra.
01:50E também a gente tem a questão do próprio Afeganistão,
01:54que é onde eu também atuo, em Brasília,
01:58com o projeto com as juízas magistradas afegãs pelo Shein Institute.
02:03Então, e há uma série de conflitos violentos,
02:07deslocamento forçado, migração,
02:09que afetam a humanidade,
02:11mas elas afetam desproporcionadamente mulheres e meninas.
02:15Isso a gente vê em todos os conflitos.
02:17Na Ucrânia não é diferente, no Afeganistão não é diferente,
02:20as questões climáticas aqui no Nepal também,
02:23que afetam, né?
02:25E também diversas violações que existem aqui afetam mulheres e meninas.
02:31Na Ucrânia, agora, recentemente,
02:34os abrigos onde eu atuo, junto com a V-Volunteer,
02:37que tem se destacado muito nessa atuação
02:42em resposta a conflitos e, enfim, crises humanitárias,
02:47onde também a maioria das voluntárias que estavam comigo,
02:51também todas as mulheres,
02:53isso a gente mostra também esse protagonismo,
02:55essa sensibilidade e essa sororiedade junto com outras mulheres.
02:59Da guerra da Ucrânia, 99% praticamente dos abrigos
03:03onde nós atuamos são mulheres, crianças, né?
03:06Então, e é muito complexo essa realidade
03:10de tornar as mulheres, esses conflitos,
03:13sempre as mais vulneráveis, né?
03:17Roberta, e por que você avalia que as mulheres,
03:19elas acabam sendo as mais atingidas com esses conflitos armados?
03:24Então, se dizer, existe uma certa desigualdade,
03:28eu acho que no mundo inteiro, né, de gênero.
03:32Então, muitas delas têm menos acesso a recursos naturais,
03:37a educação, isso é muito comum aqui no Nepal, por exemplo.
03:41Hoje, nas grandes cidades aqui,
03:43nas maiores aqui em Katamangu, onde eu estou,
03:44essa realidade tem mudado,
03:46então tem mais meninas na escola,
03:48mas ainda em vilarejos ou lugares, assim,
03:52a gente sempre vê uma falta de adesão das meninas,
03:56porque muitas acabam indo, enfim,
04:00trabalhar com a mãe,
04:01muitas vezes em casas de pessoas, né,
04:05como funcionárias locais, enfim,
04:07diversos outros, enfim,
04:11falta de recursos que muitas têm nesse acesso.
04:16Assim como também na questão da Ucrânia, né,
04:20muitas mulheres ali que tinham o seu trabalho
04:25e, de repente, de uma hora para outra,
04:28devido ao conflito, teve que deixar.
04:31Então, são várias questões,
04:34e está muito também enraizada
04:36as próprias políticas públicas dos países, né,
04:39a gente está falando de um modo contextualizado,
04:42mas de um modo, assim, geral,
04:44essa questão também influencia muito.
04:46A falta de políticas públicas
04:48nessa inclusão de equidade de gênero,
04:51ela é muito pertinente.
04:53Inclusive, uma das últimas pesquisas, né,
04:57demonstrou que se continuar da forma que está,
05:01sem iniciativas e sem mais participação
05:03da comunidade internacional,
05:05vai levar 300 anos para atingir
05:07a equidade de gênero no mundo.
05:09É algo, enfim, absurdo.
05:11É, de fato, é algo absurdo, Roberta.
05:15Roberta, um ponto também que me chamou
05:17muita atenção, eu até vi em reportagens recentes,
05:20sobre as crianças.
05:21Como é que essas mulheres que são mães
05:23têm lidado com essa questão
05:25da maternidade na guerra?
05:29Porque eu acho que é um grande desafio agora, né,
05:32lidar com o psicológico dos seus filhos,
05:34tratar o próprio psicológico,
05:36muitas delas perderam os seus filhos,
05:38como é que é isso?
05:40Sim, não, isso com certeza.
05:43É algo muito preocupante, né,
05:45tanto que uma das maiores preocupações
05:48é quando chega toda essa adaptação,
05:51porque imagina, sobretudo quando é
05:52um contexto de conflito armado,
05:56de mudanças climáticas,
05:57que tem um deslocamento forçado, né,
05:58a migração, então já tem esse trauma,
06:00já tem aquele trauma da perda
06:02do lugar de onde essa pessoa pertence.
06:04Ainda mais quando se perde algum membro, né,
06:08da família, algum filho,
06:10ou então que tira o direito desse filho,
06:13potencializa ainda mais esse tipo de sofrimento, né.
06:18Então, é muito importante que nessas respostas,
06:21sobretudo de, enfim, de refugiados,
06:25de imigrantes, tenha todo esse apoio, né,
06:28psicossocial, que esteja,
06:30que seja um sistema como integrado também, né,
06:33de pensar nessa questão na adaptação,
06:36porque aí, se a criança mudou com a mãe,
06:38enfim, para outro país,
06:39outro se deslocou,
06:40por muito tempo ela ficou também sem escola.
06:42É muito difícil essa adaptação.
06:45Por exemplo, o caso também de tantos afegãos, né,
06:49que se beneficiaram do visto humanitário
06:51e vão para o Brasil,
06:53a gente vê no dia a dia
06:54que tem um desafio muito grande
06:57com a questão do idioma.
06:59Então, para as crianças também adaptarem
07:01enfim, então, é uma série, digamos assim,
07:06além dessa perda daquele lugar
07:08que a pessoa pertence,
07:10tem toda essa adaptação ao contexto atual.
07:15E sem contar que existe também muito preconceito,
07:20muitas violações.
07:23Um dado, assim, interessante e muito triste também,
07:26que isso aqui no Nepal, por exemplo,
07:28em um dos 24 países no mundo
07:30onde a mulher sozinha não consegue passar
07:32a nacionalidade para o filho.
07:35Então, assim, se é monoparental,
07:36se o pai não consegue estar presente
07:39quando ela for registrar a criança,
07:42essa criança não pode ser registrada.
07:44Então, é algo muito preocupante.
07:46É um trabalho que envolve também
07:48muita advocacia, as questões, né.
07:51Isso é...
07:53Enfim, e se for pensar, né,
07:54de tantos países do mundo
07:56isso não é possível, né.
07:59A gente vê onde está a raiz
08:02de todo o problema,
08:03do quanto é importante também
08:04investir cada vez mais
08:06nesses países onde tem tantas...
08:08E essa é para a equidade de gênero, né.
08:11Para começar desde o começo.
08:14Acho que a educação é a raiz, né,
08:17de tudo, é o começo de tudo.
08:20E desde que, enfim,
08:22que a criança está aí na escola,
08:24é sempre importante ir plantando
08:25uma sementinha para ir demonstrando
08:27essa importância, sabe,
08:29na equidade de gênero.
08:30Aqui nós fazemos um projeto, assim,
08:32na escola também,
08:33sobre a equidade de gênero,
08:34que é algo crucial para a comunidade.
08:39Perfeito.
08:40Roberta, mais uma informação.
08:42Eu quero...
08:42A Roberta, inclusive,
08:43eu falei logo no começo
08:44da nossa entrevista,
08:45ela faz um trabalho no Nepal também
08:47voltado para a equidade de gênero
08:49junto às mulheres e também
08:50junto à comunidade como um todo, né, Roberta?
08:53Que é um trabalho bem relevante,
08:55que a gente sabe dos desafios.
08:57Se no Brasil a gente tem muitos desafios ainda
09:00a serem ultrapassados,
09:02eu imagino que no Nepal
09:03os desafios são três vezes maiores.
09:05É isso mesmo, Roberta?
09:06Como é que está isso aí?
09:07Com certeza.
09:08Não, aqui com certeza
09:09é muito desafiador essa questão.
09:13Temos pontos positivos
09:14de ser um país, né,
09:16apesar de estar exposto
09:18a mudanças climáticas,
09:19mas é um país mais seguro,
09:22digamos assim,
09:23no âmbito de criminalidade.
09:25Então, assim,
09:26mas essa questão ainda
09:27de não ter políticas públicas
09:30que beneficiam mais as mulheres
09:32é muito complicado.
09:34Mas isso mesmo
09:34em muitos países que existem,
09:35a gente sabe
09:36que até mesmo a questão
09:38em diversos países,
09:40a questão salarial, né,
09:41mesmo em países superdesenvolvidos,
09:44a gente presencia isso.
09:45O Afeganistão, por exemplo,
09:48agora,
09:48que é um dado, assim,
09:50também muito preocupante
09:51para a gente,
09:51a gente tem cada vez mais
09:53se esforçado com o
09:55CHI Institute,
09:56onde eu atuo,
09:58com as juízas afegãs,
10:00que são, juntamente comigo,
10:02cofundadoras, né,
10:05e que é financiado
10:06pelo MJ Alves e Bull,
10:07e a advocacia,
10:08a gente investe muito
10:10nessa questão,
10:11nessa pauta de gênero,
10:12da importância da equidade,
10:13e trazendo também
10:15o próprio storytelling
10:16dessas juízas afegãs
10:17que tiveram seus direitos
10:19violados pelo fato
10:21também de serem mulheres, né,
10:23de uma sociedade não,
10:24quando teve a retomada,
10:25né, do Talibã,
10:26não as aceitarem mais ali.
10:29E, recentemente,
10:31teve um decreto do Talibã
10:33que nem nas ONGs
10:35e nas, enfim,
10:37nas organizações internacionais
10:38que estão atuando ali
10:39na Afeganistão
10:40pode mulher.
10:41Ou seja,
10:42como que as mulheres ali,
10:43que é a maioria
10:44que precisa de ajuda, né,
10:46o Afeganistão está vivendo
10:47agora uma insegurança
10:48alimentar absurda,
10:50mulheres vendendo filhos,
10:52tentando a qualquer custo, né,
10:55sair dali,
10:56muitas sendo ameaçadas
10:58ou mesmo torturadas,
11:01enfim,
11:01mortas.
11:03E pra quem, às vezes,
11:04ela, muitas vezes,
11:05precisa de ter um apoio,
11:06isso é muito importante, né,
11:07de uma mulher apoiar a outra,
11:09sobretudo numa equipe.
11:10E agora,
11:11com esse decreto,
11:12enfim,
11:13já é decreto
11:13de fechar a universidade,
11:15escolas,
11:16e agora esse também, né,
11:18que era ainda um ponto positivo
11:20que tinha ficado,
11:21agora isso também se perdeu.
11:25Roberta,
11:25você que está aí
11:26no front,
11:27aí,
11:27como voluntária,
11:28atuando junto às mulheres
11:29nessas situações de guerra
11:31e crises humanitárias,
11:33tem algum relato,
11:34alguma história
11:35que você quer compartilhar
11:36com a gente
11:37que te chamou a atenção
11:38de uma mulher
11:38que está nesse meio,
11:40que está sendo submetida
11:41a uma situação,
11:43talvez,
11:43de abuso,
11:44até estupro,
11:45a gente sabe que isso é comum
11:46nessas situações de guerra
11:48e de crises humanitárias?
11:51Sim,
11:52não,
11:52essa situação de violentação,
11:54enfim,
11:55estupros,
11:56infelizmente,
11:57a mulher,
11:58muitas vezes,
11:59ela é usada
12:00como arma de guerra, né,
12:01eu sempre falo isso,
12:02e não existe gênero,
12:05a gente,
12:05não existe o que a gente
12:06chama de gênero neutro
12:07para quando se trata
12:08de crises humanitárias,
12:09né,
12:09porque as mulheres
12:10sempre sofrem mais
12:11e tem sim,
12:13inclusive,
12:14assim,
12:14muitos relatos
12:15de esse tipo de abuso,
12:18até por parte
12:18de quem perpetua
12:20um conflito,
12:21quem está ali lutando,
12:22né,
12:23contra,
12:23então,
12:24a gente sabe
12:24de diversos abusos
12:26também que ocorrem
12:27dentro de algumas
12:28organizações também
12:29que estão ali
12:30para defender,
12:30a gente sabe
12:31de diversos escândalos
12:32que teve
12:32com operações de paz,
12:35enfim,
12:35da própria ONU envolvendo,
12:37inclusive,
12:37isso,
12:38eu cheguei a responder
12:40alguma dessas questões,
12:42assim,
12:42na época que eu estava
12:43um tempo
12:44na fronteira do Líbano
12:46com a Síria,
12:47né,
12:47mas algo, assim,
12:48que tem me marcado
12:50recentemente
12:51com a minha,
12:52com o meu trabalho
12:52lá na,
12:53com a VVoluntir,
12:55na Ucrânia,
12:56é o quanto
12:58tem mulheres também
13:00idosas
13:01saindo dessas crises,
13:03é um pouco distinto
13:04de outras,
13:05comparando com outras crises,
13:06mulheres que viveram ali,
13:08que tiveram
13:09seu protagonismo,
13:10enfim,
13:12a vida toda
13:13no lugar
13:14onde ela plantava,
13:15onde ela produzia tudo,
13:17e de repente,
13:17por causa de uma guerra,
13:19teve que sair,
13:21então,
13:21eu escutei
13:21de muitas mulheres
13:22relembrando
13:24do passado delas,
13:25também dos desafios
13:26delas na época
13:26da União Soviética,
13:27onde muitas também
13:28foram violentadas,
13:29é muito importante,
13:31isso eu sempre reforço,
13:32que na época
13:34que a União Soviética,
13:36que a Ucrânia
13:37fazia parte,
13:38foi,
13:39sem dúvida,
13:40uma das maiores
13:41crises,
13:41humanitárias do mundo,
13:43onde mais morreram
13:44pessoas
13:44por causa da fome,
13:46e onde mais
13:47teve um número
13:49enorme
13:49de estupro
13:50contra essas mulheres,
13:52então,
13:52elas já tinham
13:53vivenciado isso,
13:53mas continuaram
13:54naquele lugar,
13:55lutaram para
13:56pertencer ali,
13:57mas aí,
13:58de repente,
13:58vem essa guerra
13:59agora,
14:00e as fazem
14:01deslocar,
14:01então,
14:02tem essa senhora
14:03chamada Halina,
14:05que ficou muito
14:05querida,
14:06assim,
14:07para a gente
14:07da equipe,
14:09da VV,
14:10que ela tem
14:1187 anos,
14:13ela estava na região
14:14de Donetsk,
14:15na Ucrânia,
14:16e ela saiu de lá
14:18com a bisneta
14:19e com a neta,
14:20e está em um dos
14:21abrigos que a gente
14:22atua na Polônia,
14:24uma das coisas
14:24que ela me contou
14:25foi isso,
14:25de todos esses desafios
14:26que ela conseguiu
14:27passar,
14:28esperava ter uma,
14:30morrer na terra dela,
14:32ela falava isso,
14:33ela queria
14:34estar ali
14:35nessa,
14:35na cidade,
14:36chama Krematovski,
14:38ficou muito gravado,
14:39assim,
14:39para mim,
14:39esse nome,
14:40mas que o que mais
14:42entristece ela,
14:43além,
14:43obviamente,
14:44dessa guerra,
14:45do que tem acontecido,
14:46é que ela sabe
14:47que o tempo de guerra
14:49que vai ter,
14:50e o tempo de vida dela,
14:51ela não vai conseguir
14:53voltar para a terra dela,
14:55e nem recuperar
14:56as pessoas
14:57que ela perdeu
14:58com essa guerra,
15:00e nem aquela luta
15:01que ela tinha
15:02anteriormente,
15:04que ela,
15:04inclusive,
15:04era enfermeira
15:07socorrista
15:07na época,
15:09foi em vão,
15:10então,
15:11é muito difícil
15:13ouvir isso,
15:14se a gente está
15:15atuando
15:15e ver
15:17essa realidade,
15:18então,
15:20enfim,
15:20essa é uma das
15:21mais,
15:22assim,
15:22recentes
15:22que eu posso
15:23compartilhar
15:24com você,
15:27e,
15:27obviamente,
15:28assim,
15:28eu acho que
15:28das afegãs
15:29é algo que a gente
15:30também sempre tem
15:31que dar
15:31uma atenção
15:32muito especial,
15:33porque é algo
15:35também,
15:35era uma luta,
15:37elas lutaram,
15:38essas afegãs
15:41agora,
15:41que eu atuo,
15:43por 20 anos,
15:44elas conseguiram
15:45manter
15:46aqueles direitos
15:47ali,
15:47então,
15:49ser magistrada
15:50lá é um sinônimo
15:52de muita vitória,
15:53de muito orgulho
15:54e,
15:55de repente,
15:55de uma hora
15:56para outra,
15:56isso tudo se perde,
15:58né,
15:58então,
15:59eu escuto muito
16:00isso,
16:00né,
16:01das mulheres
16:01ou de pessoas
16:02que se deslocaram
16:04e estão no lugar,
16:05então,
16:05todo aquele esforço
16:06que eu tinha,
16:07né,
16:07tudo aquilo
16:08foi em vão,
16:09então,
16:09eu cuidar tanto,
16:10enfim,
16:11daquele lugar
16:12e,
16:13enfim,
16:14isso é exacerbado
16:15pelas perdas,
16:16né,
16:16porque tem a perda,
16:16né,
16:17como eu falei anteriormente,
16:18tanto do pertencimento
16:19daquele lugar,
16:21né,
16:22mas também
16:22a perda até mesmo
16:24de identidade
16:25que isso acontece
16:26no lugar,
16:27porque é sempre difícil
16:28adaptar a outra realidade.
16:31Perfeito,
16:31Roberta,
16:32a gente tem uma pergunta aqui,
16:33essa pergunta seria
16:34para encerrar,
16:34mas a Silvia tem uma dúvida
16:36que eu acho que é interessante
16:37colocar aqui para você,
16:38ela perguntou,
16:39o que te levou aí
16:40para esses países?
16:44Então,
16:44é interessante,
16:45olha,
16:46eu sempre,
16:48assim,
16:48para explicar
16:48como começou
16:49o meu trabalho
16:50humanitário,
16:51enfim,
16:51humanitário,
16:52digamos que a minha
16:52trajetória,
16:53tanto acadêmica,
16:54profissional,
16:54sempre foi faltada
16:55para questões
16:57humanitárias,
16:58eu cresci fazendo
16:59voluntariado
16:59com meus pais,
17:00né,
17:01então,
17:02desde pequenininha,
17:03eu acompanhava
17:04minha mãe em asilo,
17:05em orfanatos,
17:08em centros
17:09onde tinham pessoas
17:10também discriminadas
17:12por causa do HIV,
17:13enfim,
17:13diversos outros projetos,
17:18assim,
17:18também,
17:18então,
17:20desde que eu me aprofundei
17:22mais em outros
17:23voluntariados,
17:24como,
17:25enfim,
17:26países da África,
17:28Oriente Médio,
17:29isso foi moldando muito
17:32as minhas perspectivas,
17:34né,
17:35o que que,
17:35falando academicamente,
17:37também,
17:38o que que seria
17:38minha área de pesquisa,
17:39pesquisa,
17:40uma das minhas áreas
17:40de pesquisa,
17:41por exemplo,
17:41de mestrada,
17:42e envolve a questão
17:43de conflito armado,
17:44né,
17:45foi exatamente
17:46crianças que eram
17:47recrutadas por
17:48grupos armados,
17:50com fator gênero
17:51também,
17:52então,
17:52e o meu,
17:53eu fiz um mestrado
17:54em direito internacional
17:55humanitário,
17:56que também,
17:57obviamente,
17:58me abriu muito mais
17:58caminhos para poder
17:59atuar nesses lugares
18:01de crises humanitárias,
18:03obviamente,
18:05e,
18:06então,
18:07eu acredito que é isso,
18:08é sempre,
18:08para mim,
18:09foi muito claro
18:10com o que eu
18:11sempre acreditei,
18:12porque a gente sabe
18:13que a gente não consegue,
18:15né,
18:15salvar,
18:16ou,
18:17mas poder contribuir
18:18de alguma forma
18:19com o nosso trabalho,
18:21com estratégias
18:22para aliviar,
18:23de certa forma,
18:24esse sofrimento humano,
18:27e isso é muito importante,
18:29muitas vezes,
18:29eu relato,
18:30assim,
18:31quando me perguntam isso,
18:33é um caso muito específico,
18:34que também me alertou muito
18:36para estar nesses países,
18:38eu atuava como acadêmica
18:41no Conselho de Segurança
18:42da ONU,
18:43né,
18:44há alguns anos atrás,
18:45e eu participei
18:48de uma reunião
18:49sobre uma resolução
18:50devido a um ataque
18:51de arma química,
18:53né,
18:53na Síria,
18:54essa resolução
18:55era para investigar
18:56esses crimes,
18:57né,
18:57contra a humanidade,
18:58crimes de guerra,
19:00e sobre o possível
19:02financiamento da Rússia,
19:03né,
19:04para o governo sírio
19:05com essas armas químicas,
19:08e essas armas químicas,
19:09é,
19:10usado em conflito,
19:11ela,
19:12é para civil,
19:13né,
19:14é para matar civil,
19:15não é para ser
19:16outro combatente,
19:16não tem outra justificativa,
19:18mas além de civil,
19:19quem mais morre,
19:20né,
19:21quando acontece esse tipo
19:22de ataque,
19:23são crianças,
19:24porque até os oito
19:25aninhos de idade,
19:26o pulmão não está formado,
19:27então elas,
19:28né,
19:28morrem asfixiadas,
19:30então eu me lembro
19:31muito bem de estar
19:32no Conselho de Segurança
19:33acompanhando,
19:34né,
19:34essa reunião
19:36que foi de emergência,
19:37enfim,
19:37muito importante,
19:39e por causa de tanto
19:40conflito de interesse,
19:42né,
19:42essa resolução
19:43para uma investigação
19:44e intervenção
19:45foi vetada,
19:47então eu comecei
19:47a me questionar
19:48por que eu estou
19:48nesses espaços,
19:50claro que é muito
19:51importante também,
19:52né,
19:52estar no headquarters,
19:53mas sendo que aqui
19:55sempre vai ter
19:56esse conflito
19:57de interesse,
19:58sempre essas pessoas,
19:59essas principais
20:00cinco potências,
20:01né,
20:02que são membros
20:03permanentes
20:03do Conselho de Segurança,
20:05muitas decisões
20:06vão estar na mão deles,
20:07então eu prefiro
20:08estar em campo
20:09do lado
20:10daquelas pessoas
20:11que estão sofrendo,
20:12sofrendo junto,
20:14podendo contribuir,
20:16né,
20:16de alguma forma,
20:17seja no âmbito
20:17de conflito,
20:18seja no âmbito
20:18de algum desastre
20:19natural,
20:21então vem muito
20:22disso,
20:22assim,
20:23acho que foi moldando,
20:24né,
20:24minha jornada
20:25no contexto humanitário.
20:29Perfeito,
20:30Roberta,
20:30muita gente
20:30elogiando
20:32o seu trabalho
20:32aqui,
20:33a gente tem
20:33o Mauro,
20:35é Mauro?
20:36É Robson?
20:37Robson falou assim,
20:38parabéns, Roberta,
20:38trabalho nobre
20:39e necessário,
20:41falando da sua
20:42atuação aqui,
20:43a Marina Machado,
20:46votou,
20:47Roberto,
20:47uma escrita
20:48incrível e maravilhosa,
20:49faz um trabalho
20:49muito importante
20:50em todos os projetos
20:52e ações
20:53que se envolvem,
20:54parabéns.
20:55Então,
20:55muita gente falando
20:56aqui no chat,
20:57eu não consigo ver
20:57todos os comentários,
20:58mas, assim,
20:59tem muita gente
20:59comentou logo acima
21:00também.
21:01Roberta,
21:02obrigada pela gentileza,
21:03obrigada especialmente
21:04por representar a gente,
21:06nós enquanto mulheres,
21:07eu vi um levantamento
21:08também que diz que
21:09a maioria das voluntárias
21:10na guerra da Ucrânia
21:11são mulheres,
21:12então a gente já tem aí
21:13um dado relevante
21:14em relação a isso,
21:15a mulher tende a humanizar
21:17mais as relações,
21:18isso é um fato,
21:19e a gente vê também,
21:20a gente tem esse retrato
21:21aí com você aqui no programa,
21:22trazendo relatos
21:23de outras mulheres,
21:25de pessoas que estão
21:26na guerra,
21:27especialmente os refugiados,
21:28informações sobre a quantidade
21:30de refugiados
21:30e informando que a maioria,
21:32inclusive,
21:32são mulheres,
21:33isso é bom a gente saber
21:34para ter a noção
21:35de o que passa
21:36fora do país,
21:37e quais são
21:38os trabalhos
21:40que são feitos
21:41em prol de outras mulheres
21:42ao redor do mundo.
21:43Obrigada pela gentileza,
21:44Roberta,
21:45obrigada por vir ao Meio Dia
21:46em Brasília.
21:47Muito obrigada.
21:56Obrigada.
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