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  • 25/06/2025
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Notícias
Transcrição
00:00A gente começa esse giro de notícias informando que a deputada federal
00:04Silva Uaiampi, que é indígena inclusive, protocolou nesta quarta-feira
00:09um projeto de lei com o intuito de combater o tráfico de pessoas.
00:15O PL 360 de 2023 concede incentivo fiscal às pessoas físicas e jurídicas
00:23que colaborarem com a segurança pública por meio de videovigilância.
00:27E para falar sobre esse e outros temas, nós trouxemos a própria deputada
00:32aqui ao meio-dia em Brasília para conversar com a gente.
00:36Tudo bem, deputada?
00:38Tudo bem, como vai? É um prazer muito grande estar no programa de vocês.
00:43E você é linda.
00:46Igualmente, eu tenho que dizer a mesma coisa. Muito linda.
00:49Eu estava até no comecinho quando eu a vi.
00:51Eu achei maravilhoso esses adereços aí. Obrigada, viu?
00:54Obrigada por tudo.
00:55Deputada, agora, para a gente começar esse debate,
00:58qual o objetivo desse projeto que a senhora apresentou?
01:02Bom, o meu estado, o estado do Amapá, que é situado na Amazônia brasileira,
01:07ele é rota do tráfico humano.
01:10Então, baseada nessas experiências e também em experiências como, por exemplo,
01:15em 2000...
01:16...meu marido, ele foi sequestrado e assassinado.
01:22Então, nós, por questões de investigação e tal,
01:25não tem imagem do momento em que isso ocorreu na porta da nossa residência.
01:33Então, cada situação pela qual nós passamos, isso repercute na criação de lei,
01:39a criação de novas propostas, para que a gente possa gerar segurança para a nossa população.
01:46Deputada, eu acho que o seu áudio está travando aqui para a gente.
01:50No comecinho, a senhora citou um dado importante que eu acho que vale a pena repetir,
01:54porque a imagem travou um pouco por aqui,
01:57que foi sobre a questão do seu estado ser rota do tráfico humano
02:02e como isso tem impactado na sua vida.
02:05Pode repetir, por gentileza, porque eu acho que travou o áudio aqui para quem está nos ouvindo,
02:08nos assistindo.
02:10O meu marido, em 2007, ele foi sequestrado e assassinado.
02:15E nós não temos as imagens onde nós poderíamos ter monitorado o momento
02:22e saber, na realidade, o momento em que o fato aconteceu.
02:27Então, baseada em experiências trágicas, principalmente aquelas que ocorrem na Amazônia brasileira,
02:33onde as pessoas se aproveitam da pobreza da região para levar mulheres,
02:38para levar crianças e, muitas das vezes, não só o tráfico de órgãos também.
02:46Então, muitas pessoas desaparecem e nós não temos como saber o caminho
02:51por onde essas pessoas passaram.
02:54Então, dar um subsídio para que a população possa participar
02:57do processo de segurança pública, não só do estado, mas do Brasil inteiro,
03:03isso é de suma relevância quando se trata de segurança pública.
03:08Deputada, agora, como funcionaria na prática esse subsídio aí para a população,
03:13tanto pessoas físicas como pessoas jurídicas, auxiliarem na segurança pública?
03:17É um desconto de 7% no imposto, é um incentivo na compra, por exemplo,
03:25do material que seria utilizado para fazer a monitoração.
03:29E a segurança pública teria acesso a essas imagens, principalmente das vias públicas.
03:35Então, toda a população, geralmente, ela coloca a monitoração de câmeras
03:39na porta de suas residências.
03:41E empresas também utilizam essa forma.
03:44Então, seria uma forma de a gente estar auxiliando, dando esse incentivo
03:49para que a população inteira participasse da segurança pública
03:52do seu estado e do seu país.
03:56Maravilha. A senhora também atua na segurança pública, não é?
04:00Só explica, de alguma forma, esse apoio da população,
04:05mesmo não tendo esse incentivo ainda, já tem auxiliado em investigações,
04:10já tem auxiliado a polícia para combater alguns crimes e descobrir,
04:15desvendar alguns crimes também?
04:18Sim, claro.
04:19Quer dizer, nós temos várias imagens que circulam na internet,
04:23de sistemas de monitoração, que verificam saída de pessoas,
04:27entrada de pessoas, assalto em determinadas lojas,
04:31em determinadas empresas, invasões.
04:33Então, essas câmeras, essas imagens, auxiliam nas investigações.
04:38Por exemplo, eu também fui beneficiada com um sistema de monitoração.
04:42Quando alguém disse, né, quando um governador do meu estado,
04:46do estado do Amapá, disse que eu fui identificada nos protestos
04:50do dia 8 de janeiro, que ele argumentou que eu estava lá,
04:55um outro senador também argumentou que eu estava lá,
04:57quando um sistema de monitoração me monitorava no Rio de Janeiro.
05:02Então, isso é muito importante, justamente,
05:04para que a gente possa ter a clareza sobre os fatos.
05:10Deputada, agora a gente não pode fugir de um tema,
05:12que eu acho que é importante para quem está nos assistindo.
05:14A deputada é indígena e também tem o perfil de direita,
05:18apoiou o Bolsonaro, é do partido do PL, inclusive, do partido do Bolsonaro.
05:21Como é que a senhora tem sido aceita, especialmente entre os indígenas?
05:26Há algum tipo de resistência?
05:28Há algum tipo de retaliação por ser indígena
05:30e por ter o perfil de direita, por ser de direita?
05:36Obviamente, isso vai acontecer, porque faz parte do processo,
05:40e a gente tem que entender que isso é saudável,
05:44até porque nós devemos divergir ideias
05:46para a gente poder construir um Brasil melhor.
05:49Mas, se há resistência, há resistência da parte deles, não minha,
05:53porque eu estou apta para discutir qualquer processo,
05:56qualquer ação, qualquer lei que culmine nas benfeitorias
06:01e na dignidade dos povos indígenas brasileiros.
06:04Desde que nenhuma lei, nenhuma possível benfeitoria
06:07possa culminar numa possível ameaça à soberania nacional.
06:15Um outro ponto, também, que merece a gente destacar aqui,
06:21no meio de Brasília, que foi algo recente, aconteceu ontem.
06:25Ontem, o PSOL moveu uma ação contra a deputada Damaris,
06:29a senadora Damaris, desculpa, pedindo para que o mandato dela fosse cassado
06:33em virtude da crise dos Yanomamis.
06:36Ela, inclusive, eles pontuaram que a senadora seria uma das responsáveis.
06:41Qual a sua avaliação sobre esse caso?
06:42Isso é bem verdade.
06:46Existe uma mulher, se existe uma mulher que mais lutou
06:49por povos indígenas no Brasil,
06:52essa mulher se chama Damaris Alves.
06:54Damaris Alves foi, inicialmente, no governo Bolsonaro,
06:58foi atacada porque salvava crianças.
07:01E foi atacada porque salvava.
07:04E agora? Está sendo atacada porque mudaram o discurso?
07:08A Damaris atuou plenamente, juntamente comigo,
07:12eu fui secretária nacional de saúde durante um ano no governo Bolsonaro,
07:15e se existia algo grave nessas regiões da Amazônia brasileira
07:22é a questão do acesso.
07:24Então, estava parado há 40 anos a homologação de pistas de pouso.
07:28Vejam, 40 anos.
07:30Passou o governo PT, passou todos os outros governos.
07:33E no governo Bolsonaro, nós passamos a homologar
07:36pistas de pouso em áreas inóspitas e em áreas indígenas,
07:41para que nós pudéssemos levar saúde com segurança,
07:45para que nós pudéssemos levar equipes de saúde com segurança
07:50para essas áreas e pudéssemos retirar os nossos pacientes,
07:54que são povos indígenas, que são indígenas como eu.
07:57Então, no período da nossa gestão, nós identificamos 248 pistas
08:04para serem homologadas.
08:05Dessas 248 pistas, 208 utilizadas pelo Ministério da Saúde.
08:11168 judicializadas com a obrigação de fazer.
08:17Então, nós reunimos ANAC, Sindacta, Infraero,
08:21reunimos FUNAI, reunimos Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos,
08:25e montamos uma força-tarefa.
08:27Em seis meses, nós homologamos 28 pistas de pouso.
08:31E a ministra Damares se fez presente na homologação de pistas de pouso,
08:34por exemplo, no Xingu.
08:37No estado de Roramia, que é um estado muito do meu coração,
08:42que eu adoro, adoro a população de lá,
08:44tenho muitos amigos, inclusive indígenas também, naquela região.
08:48Nós atendemos para auxiliar também o Exército Brasileiro
08:53na homologação das pistas de Awariz e Surucupu,
08:57justamente porque nós precisávamos ter acesso a essas regiões
09:01onde nós deveríamos levar assistência de saúde.
09:04E nós fizemos isso.
09:05Então, o governo Bolsonaro entregou, no caso,
09:07nós passamos toda a expertise para a FUNAI,
09:11veja, a minha formação é em transporte aeromédico.
09:14Então, eu juntei a minha expertise
09:16e transferi essa expertise para os outros membros da FUNAI.
09:20Então, a FUNAI entregou, no período do governo Bolsonaro,
09:24também 100 pistas de pouso.
09:26Então, faltam outras 100 pistas de pouso para serem homologadas
09:29e que cumprem a este novo governo,
09:33homologar e resolver os problemas de acesso
09:35das aldeias que precisam que aviões levem
09:40e retirem pacientes de lá.
09:41A gente que está acompanhando aqui na imprensa
09:47essa atuação em torno dessa crise dos povos Yanomami
09:52e, especialmente, também da retirada dos garimpeiros,
09:55a gente tem visto que parece que o governo
09:56tem agido de forma meio que atropelada.
09:59Primeiro, vetou qualquer saída,
10:02depois autorizou, liberou alguns corredores aéreos
10:05para a saída dos garimpeiros.
10:06Correu até um risco de ter uma crise voltada para os garimpeiros.
10:13Como é que a senhora está avaliando
10:14essa atuação do governo federal junto aos Yanomami?
10:20Inexperiência.
10:21Completa inexperiência,
10:24até porque todos que foram ali
10:25foram apenas a capital de Roraima,
10:29chegaram apenas a capital e ingressaram,
10:32foram visitar uma casa de saúde,
10:33mas não foram dentro da aldeia
10:35para ver a questão da realidade.
10:37Eu fui para dentro da aldeia
10:39para fazer reunião,
10:41por exemplo, com os indígenas Sanomá e Yanomami,
10:43numa região bem nojínqua,
10:45além de Awariz,
10:47bem na fronteira com a Venezuela.
10:49E de lá, eu escutei deles,
10:52como eles,
10:52por uma questão de cultura,
10:54e isso é algo que nós precisamos discutir,
10:58que é a questão do infanticídio indígena.
11:01Várias crianças Yanomamis
11:05são sacrificadas
11:07pelos seus próprios parentes.
11:10Nós temos mais de 30 minutos de vídeo
11:13aonde um indígena,
11:16que chama-se Renato Sanomá Yanomami,
11:19tem como missão salvar essas crianças.
11:23Então, ele recolhe essas crianças
11:25das mãos de pais
11:27que não querem mais,
11:28que jogam no rio,
11:29que enterram, que desprezam,
11:31que deixam morrer sem alimento.
11:35Então, eles vão recolhendo essas crianças
11:37para dar esperança, oportunidade de vida.
11:40Mas o que leva indígenas a fazerem isso?
11:45Falta de esperança,
11:47o isolamento,
11:49a segregação.
11:49O mundo aqui fora,
11:53o século XXI,
11:55com uma porção de possibilidades
11:57para salvar uma vida,
11:59não existe para eles.
12:00Então, eles não têm esperança
12:01e muitos sacrificam os seus,
12:04porque não sabem que tem socorro.
12:06Mas isso é justamente consequência
12:09de uma política de isolamento e segregação,
12:12que nós tentamos,
12:14no governo Bolsonaro,
12:15acabar com isso,
12:16justamente dando possibilidade de acesso
12:18levando pistas de pouso,
12:20homologando pistas de pouso
12:21para as equipes de saúde
12:23e para a FUNAI.
12:26Deputada,
12:27mas uma das denúncias
12:28que foram feitas
12:30justamente pelos povos,
12:31a Associação dos Indígenas,
12:33a Associação dos Yanomami,
12:34foi justamente
12:35a falta de acesso
12:36das equipes de saúde
12:38às comunidades Yanomami.
12:40Como é que funcionou isso?
12:41Por que teve,
12:42houve talvez
12:43uma atuação dos garimpeiros
12:45nesse sentido?
12:46Ou, de fato,
12:47foi uma falta de transporte
12:50para levar a equipe de saúde
12:52para esses povos?
12:54É todo um conjunto.
12:55Essa área,
12:56ela não pode ser fiscalizada.
12:59Existe uma pressão muito grande
13:01para que a segurança pública,
13:03como Polícia Federal
13:04ou Exército Brasileiro,
13:06mesmo sendo da nossa responsabilidade,
13:09eu digo responsabilidade,
13:11quanto agente público,
13:12fazer a fiscalização.
13:13Existem áreas que você não pode entrar
13:14porque você é proibido.
13:16Não é por garimpeiros.
13:18São por organizações
13:19não governamentais
13:21que influenciam a indígenas
13:23a dizer para nós
13:24não passe daqui.
13:26Então, a segurança
13:27que nós queremos levar
13:28para povos indígenas,
13:29nós não podemos levar.
13:31Porque, muitas das vezes,
13:32indígenas são influenciados,
13:34coaptados,
13:35para que não aceite
13:36a segurança
13:38que nós precisamos dar a eles.
13:40Então, isso torna-se
13:42um duelo insano
13:44onde o grande perdedor
13:46é o próprio indígena.
13:47O indígena que tem
13:48dificuldade de acesso
13:49e entendimento.
13:50O quê?
13:51Como assim dificuldade
13:52de acesso e entendimento?
13:53A maioria ali
13:54está vivendo em 1500.
13:57Nós estamos vivendo
13:58no século XXI.
14:01Eles não têm
14:01o mesmo entendimento
14:02que nós temos agora.
14:04E ainda tem organizações
14:07não governamentais
14:07que interferem nisso
14:08e que ganham dinheiro internacional.
14:11ganham dinheiro
14:13justamente para impedir
14:15que o Brasil
14:16torne o seu povo
14:19que ali está brasileiro.
14:21Isso é gravíssimo.
14:23É gravíssimo.
14:23Então, estão utilizando
14:24a questão dos Yanomamis
14:26como um palco
14:28político
14:30insano
14:31para tentar culpar
14:33pessoas
14:33que fizeram
14:35o impossível
14:36e o inimaginável.
14:37Veja,
14:38pista de pouso
14:38parado há 40 anos.
14:41Nenhuma autoridade
14:42tinha ido,
14:43autoridade de governo federal
14:44tinha ido
14:45na região do Sanomar.
14:46Eu fui a primeira
14:47indígena
14:51secretária nacional
14:52de saúde.
14:53Eu fui lá.
14:54Eu fui lá
14:54para resgatar
14:55crianças.
14:56Crianças que seriam
14:57mortas.
14:59Crianças que não andavam.
15:00Crianças que foram
15:01desprezadas pelos pais.
15:02Mas ninguém coloca
15:03no relato
15:04quando a morte
15:05de uma criança
15:06o motivo da morte.
15:07Sabe por quê?
15:08Porque antropólogos
15:09proíbem
15:10de que isso seja colocado.
15:12E o profissional
15:13de saúde
15:13sente
15:14favor e medo
15:15de ser processado,
15:17perder o seu emprego
15:18e perder o seu registro
15:19porque ele não pode
15:20falar a verdade.
15:22Então,
15:22fazer parte
15:23de uma narrativa
15:24acaba sendo
15:25a única forma
15:26para essas pessoas
15:27permanecerem
15:28nos seus empregos.
15:30E eu tenho
15:31que defender
15:31o profissional
15:32de saúde
15:33que está lá
15:34naquela região
15:34também arriscando
15:35a sua vida.
15:37E tenho também
15:38que proteger
15:38o indígena
15:39que está lá
15:39naquela região
15:40tendo a sua vida
15:42negligenciada
15:43por todo um sistema.
15:45Não se trata
15:46de governo A,
15:46não se trata
15:47de governo B,
15:48se trata
15:48de ideal imaginário.
15:51As pessoas
15:51olham para mim
15:52e imaginam
15:53que eu,
15:53para que eu seja indígena,
15:55eu tenho que estar nua,
15:56eu tenho que estar isolada
15:57no meio do mato.
15:58Por que eu não posso
15:58estar no século XXI?
16:00E justamente
16:01esse ideal imaginário
16:02que as pessoas
16:03têm criado
16:04sobre nós,
16:04povos indígenas,
16:05que têm feito
16:06com que muitos indígenas
16:07estejam sofrendo
16:09em seus territórios.
16:13Deputada,
16:14foi-se ventilado,
16:15principalmente
16:16entre as autoridades,
16:17deputados,
16:18até o próprio
16:18governador de Roraima
16:19também pontuou isso,
16:21que uma alternativa
16:22seria
16:22o incentivo
16:26ao garimpo legal
16:27dentro do território
16:29de Roraima
16:29e também na Amazônia,
16:30que fica nessa divisa.
16:31a senhora avalia
16:32que legalizar
16:34e talvez
16:35regulamentar
16:36o garimpo
16:37nessas regiões
16:38seria uma alternativa
16:39para exercer
16:40um controle maior
16:41em cima do garimpo?
16:42Sim, claro,
16:45aquilo que é legal
16:46o nome já diz,
16:47tem que passar
16:48por vários processos
16:50para que ele possa
16:51ocorrer.
16:52Então,
16:52o garimpo legal
16:53ele tem
16:54todo e completamente
16:55possibilidade
16:56de funcionamento,
16:58porque ele vai
16:58passar por fiscalização
17:00e controle.
17:01O ilegal
17:02não passa por isso.
17:03A qualquer momento
17:04eles podem ser
17:05impossibilitados
17:06da extração de ouro,
17:07então eles se preparam
17:08para fugir.
17:09então fazem
17:10de qualquer jeito.
17:11O garimpo legal
17:12não,
17:12o garimpo legal
17:13todos passam
17:15e são submetidos
17:16por regras
17:17de fiscalização
17:18e controle.
17:19Então,
17:19sim,
17:19eu concordo
17:20com o que diz
17:21o governador
17:21de Roraima.
17:26E quais são
17:27as próximas alternativas
17:29que a senhora avalia,
17:29os próximos passos
17:30que o governo
17:31deve dar
17:32nesse momento
17:32voltado
17:33para os indígenas,
17:34para a população
17:35em Anumami
17:36e a senhora
17:36que tem
17:37essa vertente
17:37também
17:37de segurança
17:38pública
17:38para proteger
17:39essa população
17:40que é o que
17:40esperam também.
17:45Bom,
17:45primeiro,
17:46eu posso falar
17:47por mim
17:48enquanto indígena
17:49e por aquilo
17:49que eu observo
17:50no Brasil
17:51ao longo
17:51da minha existência
17:53e a minha
17:54observação histórica.
17:55Nós estamos
17:56sendo segregados
17:58durante muito tempo.
17:59Eu tenho lutado
18:01pela igualdade,
18:02veja,
18:02eu não estou lutando
18:03para ser igual,
18:04eu não estou lutando
18:05para ser inferior
18:06a ninguém,
18:06eu estou lutando
18:07para ser igual.
18:08Então,
18:09uma das nossas propostas
18:10é justamente
18:11levar um ensino,
18:12principalmente,
18:13em áreas indígenas
18:14de qualidade.
18:15O que nós vemos
18:16ao longo do tempo?
18:17Ensinos
18:18bilingües,
18:19mas que não têm
18:20a mesma qualidade
18:21do que tem
18:22nas cidades,
18:23nas grandes metrópoles.
18:25E isso faz com que
18:26o indígena tenha
18:27menos acesso
18:28à informação.
18:29Não adianta
18:30eu preparar
18:31o indígena
18:31para viver
18:32no meio da mata
18:32porque ele já sabe viver.
18:34ele tem que se preparar
18:35para viver na cidade,
18:37que é onde haverá
18:38os grandes centros
18:39de negociações
18:40de políticas públicas.
18:42Se ele não tiver
18:42possibilidade
18:43de negociar
18:46a sua qualidade
18:47de vida
18:47e a qualidade de vida
18:48do seu povo,
18:49ele vai continuar
18:50sendo representado
18:51por ineptos,
18:52pessoas que não sabem
18:53a realidade
18:54da Amazônia brasileira.
18:56Nós vemos o tempo inteiro
18:58pessoas falando
18:58sobre a Amazônia brasileira,
19:00mas que nunca,
19:01nunca se querem
19:02empurraram uma canoa
19:03dentro de um rio,
19:05que não sabem
19:05nem remar.
19:07Então,
19:07são essas pessoas
19:08que querem ditar
19:09as políticas públicas
19:12dentro da Amazônia brasileira.
19:14Então,
19:15quem nunca passou
19:16pelo frio
19:16ou pelo abandono
19:17não pode
19:18ditar as regras
19:19de como deve ser
19:22a vida
19:22daqueles que habitam
19:24o norte.
19:24Eu sou uma filha
19:25do norte,
19:26eu sou uma filha
19:27do Amapá,
19:27eu sou uma filha
19:28da Amazônia brasileira.
19:30Eu sei o sofrimento
19:31do meu povo.
19:32Então,
19:32não vai ser
19:33quem vive
19:34no Sudeste,
19:34no Centro-Oeste
19:35ou na Europa
19:36que vai dizer
19:37como eu devo viver
19:38ou como tem que ser
19:39a minha qualidade de vida.
19:41Então,
19:42quem bebe água gelada,
19:43toma banho
19:44de água quente,
19:45pede comida
19:47por iFood,
19:47não pode determinar
19:48o meu futuro
19:49e nem o meu presente.
19:52E é isso
19:53que a gente precisa discutir.
19:55Por que
19:55que eu
19:56não posso
19:57tomar banho
19:57de água quente?
19:58Por que
19:58que eu não posso
19:59tomar água gelada?
20:00Porque eu sou indígena?
20:02Porque alguém
20:03no seu ideal imaginário
20:04lá na Europa
20:04está tentando
20:05influenciar a opinião
20:06pública no Brasil
20:07de que eu tenho
20:08que estar isolada,
20:10de que eu tenho
20:10que estar nua
20:11no meio do mato.
20:12Se eu estava nua
20:13no meio do mato,
20:14era porque eu não
20:15dominava a tecnologia,
20:18a tecelagem
20:19para produzir fibra,
20:20para produzir roupa.
20:21Se eu estou nua,
20:23se eu estou com frio,
20:24é porque eu não
20:25domino uma tecnologia
20:26para fazer um lençol,
20:27um cobertor,
20:28para me proteger
20:28do frio.
20:30Então,
20:30essas coisas
20:31precisam ser discutidas.
20:33Para quem
20:33eu preservo?
20:35Para o Brasil
20:36ou para a Europa?
20:39É bonito,
20:40é muito bonito
20:41para a maior parte
20:42da sociedade
20:43nos olhar
20:44nu no meio do mato,
20:46enquanto nós
20:47queremos sim
20:48ter um celular
20:48para me comunicar
20:49com você.
20:51E por que
20:51eu não posso?
20:53Então,
20:53a política pública
20:54precisa ser discutida
20:55com outro olhar,
20:56dar acesso,
20:58dar igualdade
20:59e dignidade
21:00para os povos.
21:02Eu ia encerrar
21:03essa entrevista,
21:04mas antes
21:05eu preciso destacar
21:06junto à senhora,
21:08deputada,
21:08que vale a pena
21:08a gente frisar.
21:09Na semana passada,
21:10nós tivemos aqui
21:11no programa,
21:12o Aldo Reino,
21:13que já foi ministro
21:13da Defesa,
21:14que ele falou justamente
21:15da Amazônia,
21:16citou,
21:17ele estava na Amazônia,
21:18inclusive,
21:19e ele citou
21:20que o Brasil
21:20tinha caído
21:21numa armadilha diplomática
21:23ao avaliar
21:25a atuação
21:26principalmente
21:27da Alemanha,
21:28que na semana
21:29estava aqui no Brasil,
21:30o chanceler alemão,
21:32e esses acordos
21:33que têm sido feitos
21:34entre a Alemanha
21:35e o Brasil.
21:36Qual a sua avaliação
21:37sobre esses acordos
21:39que versam
21:40principalmente
21:41sobre a Amazônia
21:42e sobre
21:43esse território indígena?
21:44Bom,
21:46eu posso falar
21:47pela minha região,
21:48se você chegar
21:49no meu estado
21:50e pegar a BR,
21:51que é uma via federal,
21:53você vai encontrar
21:54um portão
21:55que impede
21:57a passagem,
21:57o ir e vir
21:58de qualquer cidadão
21:59numa via federal,
22:01porque essa via federal
22:02corta
22:03a reserva indígena.
22:05E um portão
22:06que impede,
22:07mas esse portão
22:08tem um sistema
22:09de monitoração,
22:10tem câmeras,
22:12mas nós não sabemos
22:13quem usufrui
22:14dessas imagens.
22:16E isso é perigoso
22:17para o nosso país,
22:19aonde o Brasil
22:21não tem acesso
22:22às imagens
22:23em reservas federais,
22:26em unidades indígenas,
22:28então é perigoso
22:30quando outro país
22:31tenta determinar
22:33como tem que ser
22:35o seu modo de vida
22:35ou como você tem que lidar
22:37com a segurança
22:37da sua gente.
22:39Isso afeta
22:40a soberania nacional.
22:41E nós continuaremos
22:42defendendo a soberania
22:44do país
22:45em seu território,
22:47a soberania do país
22:48e a dignidade
22:49da nossa gente.
22:50É isso que nós
22:51devemos fazer.
22:53Então,
22:53é perigosíssimo
22:54a atuação
22:55de outros países
22:55que tentam influenciar
22:57as nossas tomadas
22:58de decisão,
22:59tentando impor
23:00a vontade deles
23:01em detrimento
23:02à qualidade de vida
23:03do nosso povo
23:04que perece
23:06na Amazônia brasileira.
23:08Deputada,
23:10muitíssimo
23:11obrigada
23:11pela sua participação
23:12no Meio Dia em Brasília.
23:13A gente começou
23:14com esse tema
23:14do projeto
23:15que vai ser implementado,
23:17que está em tramitação
23:18na Câmara dos Deputados,
23:19voltado para
23:20esse monitoramento
23:21por câmaras
23:22e o auxílio
23:22da população,
23:23das pessoas físicas
23:24e jurídicas
23:24na segurança pública,
23:26mas entramos também
23:27num tema
23:27que a gente não podia fugir,
23:29que é a questão
23:29do Zianomami.
23:31Obrigada pela gentileza,
23:32obrigada por vir
23:32ao Meio Dia em Brasília
23:33e explicar isso para a gente.
23:35Estou sempre à disposição.
23:37Obrigada pela gentileza.

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