- anteontem
Morning Call no Carnaval
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NotíciasTranscrição
00:00:00Bom dia, Estucupira!
00:00:10Estamos aí no Carnaval, programa gravado, é claro,
00:00:13porque eu também sou filho de Deus e também mereço um descansinho, né?
00:00:17Mas, para não deixar vocês aí, aqueles que não estão sofrendo com uma ressaca braba,
00:00:22agora às 9h40 da manhã de segunda-feira de Carnaval,
00:00:26eu gravei uma entrevista com Alexandre Schwarzman, economista,
00:00:30ex-diretor do Banco Central do Brasil, para falar um pouco para a gente
00:00:33sobre essa história que a gente acompanhou aí nas últimas semanas,
00:00:36essa briga, esse bate-boca público entre o presidente da República
00:00:44e mais alguns aliados políticos do presidente Lula contra o Banco Central,
00:00:50o juro alto, a comunicação do Banco Central.
00:00:53E aí, vocês vão ver aí essa conversa de quase uma hora, um pouquinho mais de uma hora,
00:00:58falando até de como é que funciona, exatamente como eu começo essa conversa com ele,
00:01:05como é que funciona uma reunião do Copom, né?
00:01:09Sai tudo da cabeça do Roberto Campos Neto mesmo?
00:01:12Será que é isso, né?
00:01:13O Roberto Campos Neto é o culpado por toda essa maldade da política monetária?
00:01:19Então, isso e mais algumas outras cocitas más que o nosso querido Alexandre Schwarzman
00:01:26respondeu para a gente e, como sempre, deu uma aula aí para todos, né?
00:01:33Para a gente aprender um pouco mais aí sobre a economia,
00:01:36que é o objetivo maior desse programa.
00:01:38Então, acompanha aí, viu?
00:01:39Salve, Sucupira, e vamos que vamos!
00:01:42Alexandre, seja muito bem-vindo ao nosso Morning Call, o Antagonista.
00:01:46Queria agradecer, obviamente, o seu tempo.
00:01:48Eu sei que você é um cara que, quando não está pedalando, está muito ocupado, né?
00:01:55Pedalando, também estou ocupado.
00:01:57É, exato.
00:01:59O Alexandre, para quem não sabe, é economista e ex-diretor do Banco Central.
00:02:04E eu queria, justamente, começar a nossa conversa, Alexandre, falando sobre isso, né?
00:02:09Porque as pessoas não sabem muito bem como funciona uma reunião do Comitê de Política Monetária,
00:02:15que é aquele comitê que reúne os diretores do Banco Central e decide a taxa de juros, né?
00:02:21Eu brincava com você antes da gente entrar no ar aqui,
00:02:24que, às vezes, a pessoa acha que senta todo mundo ali.
00:02:27O Roberto Campos Neto, hoje, chama o pessoal, senta, dá um cafezinho para cada um e fala assim,
00:02:32olha, gente, estou pensando aqui e vai ficar em 13,75 a Selic.
00:02:36O que vocês acham?
00:02:36E o pessoal, ah, está bom, e pronto, né?
00:02:39Ou não.
00:02:40Eu queria entender como é essa mecânica, né?
00:02:44São dois dias de reunião, duas reuniões, na verdade, do Copom,
00:02:49para sair de lá com um texto que, às vezes, incomoda algumas pessoas.
00:02:55Depois a gente vai falar sobre isso, obviamente.
00:02:56Interpretação de texto no país parece que virou uma nova arte.
00:03:04E, às vezes, não sempre traz ali qual vai ser a nova meta da taxa Selic.
00:03:12Eu queria que você já teve experiência lá.
00:03:14Você foi diretor de assuntos internacionais do banco, né?
00:03:17Isso.
00:03:19Como é que funciona a reunião do Copom?
00:03:22Tá certo.
00:03:22Bom, antes de mais nada, agradecer.
00:03:23Agradecer, quer dizer, já andei falando aqui no meio,
00:03:26mas agradecer a oportunidade da gente conversar, Rodrigo.
00:03:29Sempre um prazer.
00:03:31Então, como é que funciona a reunião?
00:03:33Na verdade, são duas reuniões do Copom.
00:03:35Como sabe, agora elas ocorrem mais mensalmente, já há algum tempo.
00:03:42Falo isso porque foi por acaso o Rodrigo Azevedo estava de férias,
00:03:47então eu assinei a circular, que mudou a frequência do cupom de mensal
00:03:55para agora oito vezes por ano, etc.
00:03:58Mas, enfim, oito vezes por ano se reúne a diretoria do Banco Central,
00:04:02que também é o Comitê de Política Monetária.
00:04:05A primeira reunião acontece sempre numa terça-feira, à tarde.
00:04:11É uma reunião bem grande.
00:04:13Tem vários departamentos do Banco Central participam.
00:04:18Então, começa com uma exposição do Departamento Econômico sobre conjuntura.
00:04:23O Departamento de Administração de Reservas Internacionais,
00:04:27que é o que está mais ligado ao que está acontecendo lá fora,
00:04:30descreve fatos externos, então como é que estão os mercados de juros
00:04:35ou de moedas lá fora.
00:04:38Tem o Departamento, o DEBAN também fala alguma coisa sobre como é que estão os bancos aqui.
00:04:43Então, enfim, tem uma apresentação técnica no primeiro dia
00:04:46que cobre várias áreas do banco e da qual participa muita gente.
00:04:52Muita gente.
00:04:53Inclusive ali no Salão Nobre do Banco, uma mesa gigantesca.
00:04:56E, basicamente, é uma apresentação para colocar toda a diretoria do banco
00:05:02que vai tomar a decisão no dia seguinte,
00:05:05mais ou menos no mesmo pé no que diz respeito a quais são ali os principais cenários da economia.
00:05:12Então, como é que está indo a atividade, como é que está indo a inflação,
00:05:15o que está acontecendo com a inflação lá fora,
00:05:17o que está sendo com o juros lá fora, com a Bolsa lá fora.
00:05:20Enfim, essa é a ideia.
00:05:23Segundo dia é uma reunião mais restrita.
00:05:25E as quartas-feiras também começa mais para o meio da tarde,
00:05:30se estende até o final da tarde.
00:05:33A ideia é sempre divulgar a decisão com os mercados fechados,
00:05:39para que dá tempo de digerir,
00:05:42não aparecer nenhuma história de que alguém teve alguma vantagem
00:05:46no sentido de saber a decisão antes.
00:05:49E, no segundo dia, é uma reunião mais restrita,
00:05:54da qual participam apenas os diretores do Banco Central,
00:05:58os diretores, eu estou incluindo o presidente,
00:06:01e uma pessoa de fora.
00:06:02Esta pessoa, que de fora não é da diretoria do Banco Central,
00:06:06é o chefe de departamento de estudos econômicos,
00:06:09porque, nesta reunião,
00:06:12as projeções que são feitas pelo staff,
00:06:15pelo departamento de estudos econômicos do Banco,
00:06:18são apresentadas aos diretores.
00:06:21Então, tem um conjunto de modelos que o Banco Central usa,
00:06:25e ali se apresentam quais são as projeções de inflação
00:06:30para o dito horizonte relevante do Banco Central.
00:06:33Qual que é o horizonte relevante?
00:06:35Hoje em dia, ele é mais bem definido,
00:06:38até alguma coisa ali na casa,
00:06:40de 18 ou 24 meses.
00:06:42Não é arbitrário, 18 ou 24 meses é entendido
00:06:46como o período após o qual a política monetária
00:06:50tem o seu máximo,
00:06:52ou seja, movimentos de taxa de juros que você faz hoje
00:06:56afetam de maneira mais forte a inflação
00:07:0118 a 24 meses à frente.
00:07:03E aí tem uma série de projeções que são apresentadas.
00:07:08As projeções que balizam a decisão do Banco Central,
00:07:14quer dizer, obviamente são todas,
00:07:15mas ali tem um subconjunto delas que é o mais importante,
00:07:18é o modelo de médio porte do Banco Central,
00:07:22é um modelo que foi originalmente criado ali em 99, 2000,
00:07:27e tem passado por alterações praticamente desde então.
00:07:33Sempre você incorpora novos dados,
00:07:36incorpora novos métodos de estimação, etc.
00:07:40Vai incorporando outros elementos.
00:07:42Então, por exemplo, hoje em dia,
00:07:43tem variáveis que estão ligadas à clima,
00:07:46para ter uma ideia de impacto que possa ter
00:07:49sobre a questão de agrícola,
00:07:52a questão agrícola, preço.
00:07:53Isso não tinha na minha época,
00:07:54que eu sei que tem hoje.
00:07:56Por que eu sei que tem hoje?
00:07:57Porque isso é divulgado no relatório de inflação.
00:08:00Então, uma vez por ano,
00:08:01tipicamente o Banco Central
00:08:03publica a estrutura do seu modelo,
00:08:07os valores,
00:08:08dos parâmetros que ele usa.
00:08:10Então, possibilita
00:08:11que analistas do setor privado,
00:08:13como eu e outros tantos,
00:08:14possam olhar,
00:08:15ver como se chegou naquilo,
00:08:17e, eventualmente,
00:08:18tentar replicar o resultado do modelo.
00:08:21Mas essas projeções
00:08:22são as que balizam
00:08:24a decisão de política monetária.
00:08:29Em que sentido?
00:08:31Bom,
00:08:32se a inflação está acima da meta
00:08:34no horizonte irrelevante,
00:08:36o Banco Central tem que tomar alguma medida
00:08:38a esse respeito.
00:08:40Mas mesmo que ela estiver abaixo da meta,
00:08:42também.
00:08:42Quando a gente fala acima e abaixo,
00:08:44obviamente não é 0,1, 0,2,
00:08:47para cima ou para baixo,
00:08:48que vai provocar uma alteração enorme.
00:08:51Mas ali,
00:08:51quando está ao redor da meta,
00:08:53quando está ao redor da meta,
00:08:54não.
00:08:54Então,
00:08:55significa que o nível de taxa de juros
00:08:57está adequado.
00:08:59Que nível é esse?
00:09:00Na minha época,
00:09:01se faziam,
00:09:02tipicamente,
00:09:03dois exercícios
00:09:04a esse respeito.
00:09:06Um deles,
00:09:07que na época era o mais comum,
00:09:09era,
00:09:10bom,
00:09:10nós temos esse nível da taxa selic,
00:09:12e a gente faz projeções de inflação
00:09:16na presunção de que a taxa selic
00:09:19fique inalterada ao longo
00:09:20de todo o período de projeção.
00:09:22Então,
00:09:23o staff do banco
00:09:25coloca lá no modelo
00:09:27a hipótese
00:09:27de que a taxa selic
00:09:29vai ficar parada esse tempo
00:09:30e a gente vê para onde a inflação vai.
00:09:33Então,
00:09:33se a inflação
00:09:34com a taxa selic parada
00:09:36está acima da meta,
00:09:38você deve subir
00:09:40a taxa de juros.
00:09:41se com a projeção
00:09:44da taxa selic
00:09:45parada
00:09:45ela fica abaixo,
00:09:46você deve reduzir
00:09:47a taxa de juros.
00:09:49Essa é a dinâmica
00:09:49mais simples.
00:09:51O outro,
00:09:52exatamente o mesmo modelo,
00:09:54mas partia
00:09:54de uma outra,
00:09:56de um outro conjunto
00:09:58de hipóteses
00:09:58sobre a evolução
00:10:00da taxa selic.
00:10:02pegavam as projeções
00:10:04de taxa selic
00:10:05que são feitas
00:10:06por analistas de mercado
00:10:08que são capturadas
00:10:09pela pesquisa Focus
00:10:11do Banco Central.
00:10:12Então,
00:10:12as pessoas vão contribuindo
00:10:13para essa pesquisa
00:10:15do Banco Central.
00:10:16Sai de lá
00:10:17uma trajetória
00:10:18de juros.
00:10:19Outra coisa
00:10:19que o staff
00:10:20fazia
00:10:21era
00:10:21com esta trajetória
00:10:24de juros
00:10:24que está
00:10:25embutida
00:10:26nas projeções
00:10:27dos analistas,
00:10:29como é que fica a inflação.
00:10:30Está na meta,
00:10:30está acima da meta,
00:10:31está abaixo da meta.
00:10:32Enfim,
00:10:32então a ideia
00:10:33é similar.
00:10:34Então,
00:10:35se você pega ali
00:10:36as projeções
00:10:37que os analistas
00:10:38colocam
00:10:39para a evolução
00:10:39da taxa selic
00:10:41ao longo
00:10:42do horizonte
00:10:42relevante,
00:10:43essas projeções
00:10:44entregam a inflação
00:10:46na meta,
00:10:47significa que
00:10:47muito provavelmente
00:10:48o Banco Central
00:10:49vai seguir
00:10:50aquelas,
00:10:51alguma coisa
00:10:52similar
00:10:52àquela trajetória
00:10:53de juros.
00:10:54Se aquela
00:10:55trajetória de juros
00:10:57implica
00:10:58uma inflação
00:10:59acima da meta,
00:11:00então essa
00:11:02trajetória de juros
00:11:03está errada,
00:11:03ela tem que ser
00:11:03uma trajetória
00:11:04mais apertada.
00:11:05E vice-versa,
00:11:07se essa trajetória
00:11:08de juros
00:11:09implica
00:11:09inflação
00:11:10para baixo
00:11:11da meta,
00:11:12então ela também
00:11:12está errada,
00:11:13significa que você
00:11:14tem que rever
00:11:14para baixo.
00:11:15Então esses dois
00:11:15conjuntos
00:11:16de hipóteses,
00:11:18eles balizam
00:11:20o que o Banco
00:11:22Central vai fazer.
00:11:23então sempre
00:11:24uma ideia
00:11:24de ver
00:11:25se a taxa
00:11:25de juros
00:11:26está adequada
00:11:28ou não
00:11:28neste momento
00:11:30ou ao longo
00:11:31da trajetória
00:11:32que é
00:11:33projetada
00:11:35pelos analistas
00:11:36de mercado.
00:11:38Basicamente
00:11:39são esses dois
00:11:39modelos.
00:11:40Ultimamente,
00:11:41de uns anos
00:11:42para cá,
00:11:42o Banco Central
00:11:43até tem usado
00:11:45mais a segunda
00:11:46abordagem,
00:11:48então o staff
00:11:50do Banco
00:11:51retira
00:11:51a trajetória
00:11:53para a taxa
00:11:54Selic
00:11:55dessa pesquisa
00:11:56Focus
00:11:57e joga lá.
00:11:58E aí o Banco
00:11:59fala,
00:12:00como esta trajetória
00:12:01da taxa Selic
00:12:02a inflação
00:12:03no horizonte
00:12:04relevante
00:12:05vai ficar
00:12:06acima
00:12:07ou abaixo
00:12:07de uma certa
00:12:08vai dar um número
00:12:09na verdade
00:12:10e você compara
00:12:11com a trajetória
00:12:12de metas.
00:12:13Então,
00:12:13para ter uma ideia
00:12:14nesta última
00:12:16reunião do Copom,
00:12:17reunião de fevereiro,
00:12:18neste exercício
00:12:20existia uma projeção
00:12:23dos analistas
00:12:24de mercado
00:12:25para a taxa Selic,
00:12:26então a pressuposição
00:12:28é que elas manteriam,
00:12:30o Banco Central
00:12:30manteria a taxa Selic
00:12:31inalterada
00:12:32quatro reuniões,
00:12:34ou seja,
00:12:35a primeira metade
00:12:36do ano
00:12:36e começaria
00:12:37um processo
00:12:38de queda
00:12:38a partir da quinta
00:12:39reunião
00:12:40e essa queda
00:12:40ia continuar.
00:12:42O Banco Central
00:12:43plugou
00:12:44essa trajetória
00:12:45de juros
00:12:46e falou,
00:12:46olha,
00:12:47pelo nosso modelo,
00:12:48se você fizer isso,
00:12:50a inflação
00:12:50em 2024
00:12:52fica ali
00:12:53em 3.4
00:12:54ou 3.5
00:12:55comparado
00:12:56a uma meta
00:12:57de 3.
00:12:59Que não é necessariamente
00:13:00ruim, né,
00:13:01Alexandre?
00:13:02É,
00:13:02ela está
00:13:03acima da meta,
00:13:04então,
00:13:05o que ele está dizendo?
00:13:05Esta trajetória
00:13:06de juros
00:13:07não entrega
00:13:08inflação na meta.
00:13:10Excepcionalmente,
00:13:11nesta reunião,
00:13:12o Banco Central
00:13:13voltou a fazer
00:13:14o exercício antigo,
00:13:15qual seja,
00:13:17olha,
00:13:17também vou fazer
00:13:18aqui um conjunto
00:13:19de projeções,
00:13:19ele chamou
00:13:20de cenário
00:13:21alternativo,
00:13:22que é
00:13:23o que vai
00:13:24acontecer
00:13:24com a inflação
00:13:25caso eu
00:13:27mantenha
00:13:27a taxa
00:13:28de juros
00:13:28em 13,75
00:13:30daqui
00:13:31até o sol
00:13:33congelar, né?
00:13:34E ele faz
00:13:35essa projeção,
00:13:36a inflação
00:13:38fica algo
00:13:39abaixo
00:13:40da meta,
00:13:402.8.
00:13:41Então ele está
00:13:42dizendo, olha,
00:13:43basicamente a forma
00:13:44do silício
00:13:44não dá
00:13:46para cortar juros
00:13:47na primeira
00:13:48metade do ano,
00:13:49mas não quer dizer
00:13:49que vai ficar parado
00:13:50para sempre,
00:13:51porque ficar parado
00:13:52muito tempo
00:13:53vai entregar
00:13:54uma inflação
00:13:54abaixo da meta,
00:13:56eu também não quero
00:13:56entregar a inflação
00:13:57abaixo da meta,
00:13:58eu quero entregar
00:13:58a inflação
00:13:58na meta.
00:13:59Então,
00:14:00em cima disso,
00:14:02vai balizar
00:14:04qual que é a visão
00:14:06de taxa de juros
00:14:07da trajetória
00:14:11de taxa de juros?
00:14:11Diga.
00:14:12Por que
00:14:13que o mercado
00:14:14entendeu
00:14:14que estaria
00:14:16mantendo
00:14:17essa taxa
00:14:18inalterada
00:14:19até o fim do ano?
00:14:21Porque foi essa
00:14:21a reação do mercado,
00:14:22foi até a reação
00:14:23do presidente Lula,
00:14:24inclusive.
00:14:25Na verdade,
00:14:26eu fiz algumas contas,
00:14:28se você
00:14:29quiser tomar
00:14:30valor de face
00:14:32as projeções
00:14:32do modelo,
00:14:34com a defasagem
00:14:36que existe
00:14:37de política monetária,
00:14:38etc.,
00:14:39daria para começar
00:14:40uma redução,
00:14:42não na quinta reunião
00:14:43do ano,
00:14:44mas ali pela sétima
00:14:45ou pela oitava.
00:14:46Então,
00:14:46você teria aí,
00:14:47e aí,
00:14:48cortando os 50,
00:14:50bem?
00:14:50Começaria a cortar
00:14:51a partir da sétima
00:14:52ou oitava reunião.
00:14:52Mas, enfim,
00:14:53isso,
00:14:54até esse momento,
00:14:56uma reunião típica
00:14:58do Copom,
00:14:59nenhum diretor
00:14:59abriu a boca.
00:15:01Não é exatamente
00:15:01verdade,
00:15:02mas esta apresentação,
00:15:04quem faz é o chefe
00:15:05de departamentos
00:15:05de estudos econômicos.
00:15:06que representa
00:15:07o staff do banco
00:15:09que preparou
00:15:09aquelas projeções
00:15:10para a gente.
00:15:11Abre parênteses,
00:15:13diga-se de passagem,
00:15:14é exatamente assim
00:15:15que funciona
00:15:16em outros lugares.
00:15:17Por exemplo,
00:15:17na reunião
00:15:18do Federal Reserve,
00:15:19quem começa
00:15:20a apresentação
00:15:21tipicamente
00:15:22é o chefe
00:15:24do staff do banco
00:15:25que vai mostrar
00:15:26as projeções
00:15:27de inflação
00:15:27para os diretores.
00:15:30Então,
00:15:30a parte técnica,
00:15:32estritamente,
00:15:33é essa.
00:15:34E a partir daí
00:15:35começa a discussão.
00:15:36Então,
00:15:36tipicamente,
00:15:37quem abre a discussão
00:15:38é o diretor
00:15:40que é responsável
00:15:41pelas projeções,
00:15:42que é o diretor
00:15:43de política econômica.
00:15:45Aí fala,
00:15:45aí fala os diretores,
00:15:47fala o presidente,
00:15:48debate-se,
00:15:49e aí faz sentido.
00:15:50como é que a gente
00:15:56interpreta esses números?
00:15:58Quer dizer,
00:15:59quais são os riscos
00:16:00que estão associados
00:16:01a isso?
00:16:02Então,
00:16:02tem riscos
00:16:03para cima
00:16:04dessa projeção,
00:16:05tem riscos
00:16:05para baixo.
00:16:06Quer dizer,
00:16:07quando o banco
00:16:07está falando
00:16:07balanço de riscos,
00:16:09ele basicamente
00:16:10está dando
00:16:11a discussão
00:16:12que rolou
00:16:13no Comitê
00:16:14de Política Monetária,
00:16:15onde os diretores
00:16:16vão expor
00:16:17razões para acreditar
00:16:19que o modelo
00:16:20pode estar sendo
00:16:21muito pessimista
00:16:22no que diz respeito
00:16:23à inflação
00:16:24ou muito otimista
00:16:25no que diz respeito
00:16:26à evolução
00:16:27da inflação.
00:16:27tem riscos
00:16:29que vão trazer
00:16:31a inflação
00:16:31para cima,
00:16:32tem riscos
00:16:32que vão trazer
00:16:33a inflação
00:16:33para baixo,
00:16:34são coisas
00:16:35que não puderam
00:16:36ser incorporadas
00:16:38tecnicamente
00:16:39no modelo,
00:16:41então tem,
00:16:43por exemplo,
00:16:45uma coisa que
00:16:46casa com essa discussão
00:16:47de hoje,
00:16:48o Banco Central,
00:16:50quando ele vai olhar
00:16:51por exemplo
00:16:51uma variável importante
00:16:52que é a trajetória
00:16:53de contas públicas,
00:16:55ele vai olhar
00:16:55para o orçamento.
00:16:57Então tem um orçamento,
00:16:59eu coloco os números
00:17:00do orçamento lá,
00:17:01a governança,
00:17:04o staff,
00:17:05a evolução
00:17:06das contas públicas
00:17:07vai acontecer
00:17:07assim e assim
00:17:08assado,
00:17:09em linha com o orçamento,
00:17:10obviamente ao longo
00:17:11do ano vai corrigindo
00:17:12na medida que vai ficar
00:17:14mais para um lado
00:17:14ou mais para o outro
00:17:15do orçamento,
00:17:15mas você vai
00:17:16basicamente colocando isso.
00:17:18Aí,
00:17:19cabe aos dias
00:17:19que você fala,
00:17:20bom,
00:17:20mas tem uma discussão
00:17:22que está rolando,
00:17:23no final do ano passado
00:17:24está rolando
00:17:25uma discussão
00:17:26de mexer
00:17:28nas metas,
00:17:28mexer no teto
00:17:29de gastos.
00:17:30Então esse orçamento
00:17:31que foi apresentado
00:17:32pelo governo,
00:17:33no caso do governo
00:17:33Bolsonaro,
00:17:34que trazia um déficit
00:17:35de 60,
00:17:36não é um déficit.
00:17:38Vai ser maior
00:17:39do que isso,
00:17:39mas a gente não sabe,
00:17:41você não sabe,
00:17:41você não pode
00:17:42incorporar no modelo,
00:17:43mas você coloca ali
00:17:44no teu balanço de risco,
00:17:45olha,
00:17:45está dando esse resultado.
00:17:47agora,
00:17:48tem o risco
00:17:49de um desvio
00:17:51para cima
00:17:52no déficit público,
00:17:53esse desvio
00:17:53para cima
00:17:54no déficit público
00:17:55tem tais e quais
00:17:56impactos sobre a inflação
00:17:57e eu vejo um risco
00:17:59associado a isso.
00:18:00Ah,
00:18:01mas tem uma série
00:18:01de coisas
00:18:02que estão acontecendo
00:18:02lá fora,
00:18:03então o preço de comódio
00:18:04pode estar caindo,
00:18:05pode estar subindo.
00:18:05Essa discussão
00:18:07é a parte mais rica,
00:18:09porque uma delas,
00:18:10basicamente,
00:18:11o modelo foi lá
00:18:12e nos deu um número.
00:18:13Maravilha,
00:18:14é importante,
00:18:15modelo é uma forma
00:18:16de você se manter
00:18:17coerente,
00:18:19todos os fatores
00:18:21que você consegue
00:18:22quantificar
00:18:23se coloca ali
00:18:24no modelo,
00:18:24ele tem uma coerência
00:18:27interna,
00:18:28não quer dizer
00:18:28que ele seja certo,
00:18:30mas ele tem uma coerência
00:18:31interna
00:18:31e ele permite
00:18:32que você coloque
00:18:34tudo isso daí
00:18:35e todas essas
00:18:36variáveis diferentes
00:18:37se materializam
00:18:38num único número
00:18:39ou uma única trajetória
00:18:41que é
00:18:41a previsão
00:18:43de inflação.
00:18:45muito bacana
00:18:46e é importante,
00:18:47sim,
00:18:47isso não teria como
00:18:48começar a discussão,
00:18:49mas esse é o começo
00:18:51da discussão.
00:18:52Então,
00:18:52boa parte do debate
00:18:53que vai acontecer
00:18:54dentro do Comitê
00:18:55de Política Monetária
00:18:56é em cima do
00:18:58a gente estar vendo
00:18:59essa coisa
00:18:59com risco
00:19:00mais para cima,
00:19:01mais para baixo,
00:19:02eles estão mais
00:19:03ou menos equilibrados,
00:19:05enfim,
00:19:06qual que é o grau
00:19:06de incerteza,
00:19:07qual que é o grau
00:19:08de confiança
00:19:09que a gente pode dar,
00:19:10quando a gente fala
00:19:11confiança,
00:19:11não é nem a confiança
00:19:13que sai das próprias
00:19:15projeções estatísticas,
00:19:16todas essas projeções
00:19:17saem com intervalo,
00:19:1995% de confiança,
00:19:21então vai estar
00:19:22esse ponto médio,
00:19:23vai estar entre isso
00:19:24e aquilo.
00:19:24Não,
00:19:25quando a gente fala
00:19:25de confiança,
00:19:26olha,
00:19:27tá,
00:19:27o trabalho foi bem feito,
00:19:28mas eu tenho aqui,
00:19:30eu não sei
00:19:31qual vai ser
00:19:32a trajetória fiscal,
00:19:34qual que é o meu
00:19:34grau de confiança,
00:19:35é baixo,
00:19:35porque se for uma coisa
00:19:39que era mais perto
00:19:40daquele orçamento
00:19:43que tinha sido
00:19:43inicialmente divulgado,
00:19:44a minha visão de inflação
00:19:45vai ser uma.
00:19:46Se for um negócio
00:19:47que vai mostrar
00:19:48um déficit muito maior,
00:19:50a minha projeção
00:19:51vai ser outra.
00:19:53Então,
00:19:54esta parte aí,
00:19:56como disse,
00:19:56é a discussão mais rica,
00:19:58em cima disso
00:19:59é que o Banco Central
00:20:00debaixo.
00:20:00Então,
00:20:01tem muito julgamento,
00:20:03não é que assim,
00:20:04o modelo cuspiu um número,
00:20:06e a gente fala,
00:20:07fala,
00:20:07cara moru,
00:20:08cara moru,
00:20:09o modelo está falado.
00:20:11E aí,
00:20:13a vantagem
00:20:14de você ter,
00:20:15entre a diretoria
00:20:16do Banco Central,
00:20:18gente com treinamento
00:20:19econômico,
00:20:20com treinamento
00:20:21de mercado.
00:20:22Eu fui um privilegiado,
00:20:23porque assim,
00:20:24eu pude
00:20:24compartilhar
00:20:26o comitê
00:20:28com gente
00:20:29do Calibre
00:20:29do Eduardo Loio,
00:20:30do Afonso Bevilacqua,
00:20:31do Rodrigo Azevedo,
00:20:33todos eles,
00:20:34economistas,
00:20:35assim,
00:20:35excepcionais.
00:20:36E hoje,
00:20:37você tem lá,
00:20:38tem o Guilherme,
00:20:39tem a Fernanda Guardado,
00:20:40enfim,
00:20:40tem o próprio Roberto,
00:20:42o Bruno.
00:20:43Então,
00:20:43tem gente que tem
00:20:44essa capacidade
00:20:46de discutir
00:20:47essas coisas.
00:20:48E é em cima
00:20:49dessa discussão
00:20:50que se toma
00:20:51a decisão.
00:20:52E essa é uma decisão,
00:20:53normalmente,
00:20:54o que acontece
00:20:55é que o diretor
00:20:55de política econômica
00:20:56propõe um número,
00:20:58então,
00:20:58a gente vai,
00:20:59na minha visão,
00:21:00a gente deve subir,
00:21:01a gente deve baixar,
00:21:02a gente deve manter,
00:21:03e os demais
00:21:05vão falar,
00:21:05não,
00:21:05eu concordo,
00:21:06eu discordo,
00:21:07então,
00:21:08mas por que você discorda?
00:21:09Não,
00:21:09eu acho que
00:21:10teria que subir,
00:21:12não manter.
00:21:12Então,
00:21:13há alguns meses,
00:21:14por exemplo,
00:21:15a diretoria de política econômica,
00:21:16eu não sei se foi a diretoria de política econômica,
00:21:18acho que foi,
00:21:19porque,
00:21:19entre as pessoas
00:21:23que tinham votado
00:21:24pela decisão
00:21:25que foi majoritária,
00:21:26estava o diretor
00:21:27de política econômica,
00:21:28mas, por exemplo,
00:21:29a Fernanda Guardado,
00:21:31e mais um diretor
00:21:32cujo nome
00:21:33eu não lembro agora,
00:21:34achavam
00:21:35que...
00:21:36Que tinha que subir
00:21:37um pouco mais,
00:21:38né?
00:21:38Tinha que fazer
00:21:39uma última subida.
00:21:41Então,
00:21:41você tem,
00:21:42inclusive, divergências
00:21:43dentro do comitê,
00:21:44essas divergências
00:21:45vão ser resolvidas
00:21:46pelo voto
00:21:47de cada um.
00:21:48no caso,
00:21:49são nove
00:21:50membros do comitê,
00:21:52então,
00:21:53a gente tem
00:21:53oito diretores,
00:21:54o presidente,
00:21:55o presidente,
00:21:56em última análise,
00:21:57é quem define,
00:21:58no caso de empate,
00:21:59entre eles,
00:22:00vai ser uma decisão,
00:22:01vai ser um voto
00:22:02de Mineto,
00:22:03mas é só nessas circunstâncias
00:22:05e eu vou falar
00:22:06que nunca houve
00:22:09que eu consiga me lembrar,
00:22:11pelo menos,
00:22:12uma circunstância
00:22:13na qual
00:22:13o comitê
00:22:15se dividiu
00:22:15exatamente
00:22:16no meio
00:22:17e o presidente
00:22:18deu voto de Minero.
00:22:19Eu já vi comitês
00:22:20mais divididos,
00:22:21duas,
00:22:21três pessoas
00:22:22de um lado,
00:22:22mas,
00:22:23tipicamente,
00:22:24seis,
00:22:24oito pessoas
00:22:25do outro.
00:22:26Então,
00:22:26é uma decisão
00:22:27efetivamente
00:22:28colegiada,
00:22:29uma decisão
00:22:29da diretoria
00:22:30colegiada
00:22:31do Banco Central.
00:22:32e eu queria só fazer
00:22:34duas perguntinhas,
00:22:35uma um pouquinho mais,
00:22:37como é que a gente fala,
00:22:39mais temperadinha,
00:22:40assim,
00:22:40é o seguinte,
00:22:41existe um espaço aí
00:22:42para,
00:22:44e essa é a parte
00:22:45mais pegadinha
00:22:46vai da pergunta,
00:22:47que é,
00:22:48existe um espaço aí
00:22:49para dar um pito
00:22:49no presidente da República?
00:22:51É razoável
00:22:52você pensar
00:22:53que lá na ata
00:22:55ou que no comunicado
00:22:56o Roberto Campos
00:22:57está,
00:22:58o Roberto Campos
00:23:00está fazendo
00:23:01um pouco de política
00:23:02para falar,
00:23:03olha,
00:23:04esse rumo do fiscal aí,
00:23:06você não devia
00:23:07estar fazendo assim
00:23:07porque você está
00:23:08estragando
00:23:09o nosso negócio aqui.
00:23:10E a outra pergunta,
00:23:12você pode responder
00:23:13a segunda,
00:23:13primeiro,
00:23:15existe uma,
00:23:16só para entender
00:23:17como funciona ali
00:23:18esse debate,
00:23:20existe alguma,
00:23:21o presidente
00:23:22é um chefe,
00:23:24percebe que,
00:23:25no sentido de,
00:23:26ah,
00:23:26poxa,
00:23:27eu vou votar com ele aqui
00:23:28para não ficar muito chato,
00:23:30depois vai ter o batismo
00:23:31da minha filha,
00:23:32aquelas coisas,
00:23:34existe de alguma forma
00:23:37essa pressão?
00:23:38Deixa eu ver,
00:23:39aí é mais complicado
00:23:41assim para mim,
00:23:41porque a minha experiência
00:23:43é restrita
00:23:44a trabalhar
00:23:45com o Henrique,
00:23:47no caso do Henrique.
00:23:48Não teve?
00:23:49Não,
00:23:50eu desconfio
00:23:51que ninguém,
00:23:51sabe,
00:23:52sem dizer.
00:23:53Não,
00:23:53eu acho que sim,
00:23:54a sua pergunta
00:23:54é tirada à frente.
00:23:56muito franco
00:23:57e muito,
00:24:00olha,
00:24:01minha experiência
00:24:01é que é um debate cordial,
00:24:03eu já tive
00:24:04em posições
00:24:06que foram derrotadas
00:24:07no comitê
00:24:08e posições
00:24:08que foram vencedoras
00:24:09no comitê,
00:24:11mas isso aí
00:24:12não me impediu
00:24:13de sair
00:24:14para almoçar
00:24:15ou jantar
00:24:16com a pessoa
00:24:17que estava do outro lado
00:24:18e nem voltar
00:24:19para a reunião
00:24:20seguinte do Copom
00:24:21e continuar a conversa.
00:24:23Enfim,
00:24:25é uma questão
00:24:26de ser adulto.
00:24:28Eu ia falar isso,
00:24:29não seria adulto.
00:24:31Agora,
00:24:32vou aqui,
00:24:34não falo mais nada
00:24:35porque eu estava
00:24:36na minoria.
00:24:37Não,
00:24:37não é assim.
00:24:39Agora,
00:24:39a questão do pito,
00:24:41o Banco Central
00:24:43sempre se manifesta
00:24:47sobre temas
00:24:48que podem afetar
00:24:49a inflação.
00:24:50Eu tive a oportunidade,
00:24:51quem quiser olhar
00:24:52ali
00:24:53na minha conta
00:24:56do Twitter,
00:24:57de responder
00:24:59à deputada
00:25:00Glaze Hoffman,
00:25:02em que ela falou
00:25:02que o Banco Central
00:25:04nunca deu um pio
00:25:05com as estripulias
00:25:06fiscais
00:25:07do Bolsonaro.
00:25:08E eu fui lá
00:25:09e levantei
00:25:10de outubro
00:25:13de 2020.
00:25:13Não,
00:25:13também fui voltar tudo,
00:25:15mas eu peguei
00:25:15de outubro
00:25:16de 2021.
00:25:18Foi mais ou menos
00:25:18quando se aprovou
00:25:19a PEC dos precatórios,
00:25:21que foi já
00:25:21um negócio
00:25:22meio chute
00:25:23na canela.
00:25:24Até
00:25:25o final
00:25:26de 2022,
00:25:27o que inclui,
00:25:28entre outras coisas,
00:25:29a PEC
00:25:30e a camicase,
00:25:31o Banco Central
00:25:32sempre se manifestou
00:25:34no que diz respeito
00:25:35a contas públicas.
00:25:36em particular
00:25:37quando ele
00:25:38fez momentos
00:25:39mais agudos
00:25:40foi ali
00:25:41em torno
00:25:42da aprovação
00:25:43da PEC
00:25:44dos precatórios,
00:25:45em torno
00:25:45da aprovação
00:25:46da PEC
00:25:47e a camicase,
00:25:48falou com todas
00:25:50as letras.
00:25:51Olha,
00:25:52esse tem
00:25:53uma ameaça
00:25:54ao regime fiscal,
00:25:55essa ameaça
00:25:56ao regime fiscal,
00:25:57às vezes,
00:25:58ela está,
00:25:58como regra,
00:25:59incorporada
00:26:00no balanço
00:26:01de riscos.
00:26:02Em alguns casos,
00:26:03o balanço
00:26:03de riscos
00:26:03se torna assimétrico.
00:26:05O balanço
00:26:05de risco assimétrico
00:26:06quer dizer,
00:26:07olha,
00:26:07eu estou vendo
00:26:08essa questão fiscal
00:26:09como um risco
00:26:09de puxar a inflação
00:26:10para cima,
00:26:11além das minhas projeções
00:26:13e eu vou tomar
00:26:14decisão com base
00:26:15nisso.
00:26:16Então,
00:26:17eu vou considerar
00:26:19isso,
00:26:19talvez eu precise subir
00:26:20mais a taxa
00:26:21de juros
00:26:21do que eu subiria
00:26:22porque o fiscal
00:26:23está piorando.
00:26:24Vai pecar
00:26:25por excesso
00:26:26de zelo, né?
00:26:27Tem uma frase
00:26:29nessa última
00:26:29ata
00:26:30que eu acho
00:26:31que não é que ela
00:26:33seja nenhuma
00:26:33revolução teórica
00:26:35nem nada,
00:26:36mas ela coloca
00:26:37a política monetária
00:26:40é a política
00:26:42residual
00:26:43para entregar
00:26:45a inflação
00:26:45na meta.
00:26:46Você vai fazer
00:26:47política monetária
00:26:48levando em conta
00:26:49o que está acontecendo
00:26:50com o câmbio,
00:26:51com a política fiscal,
00:26:52com uma série de coisas.
00:26:54Tudo isso aqui dado,
00:26:55quem vai trazer
00:26:56a inflação
00:26:56para a meta
00:26:57é a política monetária.
00:26:59Então, se você fizer
00:27:00mais de política fiscal,
00:27:01quer dizer,
00:27:02se você tiver
00:27:02uma expansão fiscal
00:27:03que pressione demanda,
00:27:05pressione inflação,
00:27:07vamos falar de outros
00:27:08canais por aí,
00:27:09a política fiscal
00:27:10vai se adequar a isso,
00:27:11nesse sentido,
00:27:11ela é residual
00:27:12monetária,
00:27:14ela vai reagir
00:27:15a esse tipo de coisa.
00:27:16E o Banco Central,
00:27:17ao fazer,
00:27:18ele está explicando
00:27:19o porquê.
00:27:20E não é pita
00:27:22em ninguém,
00:27:22se alguém está achando
00:27:23que está levando pita
00:27:23é porque acha
00:27:24que fez alguma coisa
00:27:25errada.
00:27:25No caso,
00:27:26até fez.
00:27:27Mas o que o Banco Central
00:27:28está dizendo é o seguinte,
00:27:28olha,
00:27:29esta trajetória fiscal
00:27:31tem impacto
00:27:33sobre a inflação
00:27:33e eu vou levar
00:27:34isso aqui em consideração.
00:27:36Eu tenho uma meta
00:27:36de inflação
00:27:37para entregar.
00:27:39Você colocou,
00:27:39se você der um impulso,
00:27:41uma expansão fiscal
00:27:42na economia,
00:27:42um impulso fiscal,
00:27:44tudo mais constante,
00:27:45você vai trazer
00:27:46a inflação para cima.
00:27:47Trazendo a inflação
00:27:47para cima,
00:27:48eu tenho que ter
00:27:48uma reação
00:27:49de política monetária.
00:27:50A reação,
00:27:51no caso do Banco Central,
00:27:52é falar,
00:27:53eu vou manter
00:27:54a taxa de juros
00:27:55mais tempo.
00:27:55Não falo em subir
00:27:56a taxa de juros.
00:27:58O Banco Central
00:27:58enxerga
00:28:00a manutenção
00:28:01por um período
00:28:02mais extenso
00:28:04da taxa selic
00:28:05no atual patamar
00:28:06como algo equivalente
00:28:08a uma elevação
00:28:10da taxa selic.
00:28:11Tem a ver
00:28:11basicamente
00:28:12com o fato
00:28:12de que a taxa selic
00:28:13influencia
00:28:14a taxa de um ano
00:28:15e a taxa de um ano
00:28:16é a mais relevante
00:28:18para influenciar a demanda,
00:28:19mas enfim,
00:28:20é uma coisa mais técnica.
00:28:21Mas ele,
00:28:22basicamente,
00:28:23a reação do Banco Central
00:28:24foi um aperto
00:28:25de política monetária,
00:28:27não foi o aperto
00:28:28no sentido
00:28:28de subir a selic,
00:28:30mas de avisar
00:28:30que eu vou ter
00:28:31que segurá-la
00:28:32por mais tempo,
00:28:33é basicamente
00:28:34uma reação ao fato
00:28:35de que você tem
00:28:36uma política fiscal
00:28:37mais expansionista.
00:28:39Mais expansionista
00:28:40de um lado,
00:28:41você precisa ser
00:28:41mais contracionista
00:28:42do outro.
00:28:43Pisou mais fundo
00:28:44no acelerador fiscal,
00:28:45vamos ter que pisar
00:28:46mais fundo
00:28:46no freio monetário.
00:28:48Pisou,
00:28:48tirou o pé
00:28:49do acelerador fiscal,
00:28:50a gente vai tirar
00:28:51o pé do freio monetário.
00:28:52E a combinação
00:28:53desses dois
00:28:54é que vai levar
00:28:55a uma convergência
00:28:56ou espera-se
00:28:57vai levar
00:28:57a uma convergência
00:28:58da inflação
00:28:59para a meta.
00:29:00E lembrando
00:29:01que o Banco Central
00:29:01não está brigando
00:29:02para trazer inflação
00:29:03para a meta
00:29:03esse ano.
00:29:04Se ele fosse
00:29:05trazer inflação
00:29:06para a meta
00:29:06esse ano,
00:29:06ele ia ter que fazer
00:29:07um Deus nos acuda
00:29:08do ponto de vista
00:29:09de política monetária.
00:29:11Ele está estendendo
00:29:12mais uma vez
00:29:13o período de convergência
00:29:14ali para setembro,
00:29:16dezembro de 2024.
00:29:19Então,
00:29:20período bastante extenso
00:29:22exatamente
00:29:23para não provocar,
00:29:25não dar uma freada
00:29:26muito forte
00:29:28na economia,
00:29:29mas a ideia
00:29:29é que você vá freando
00:29:31e vai fazendo
00:29:31com que a economia
00:29:32desacelere ao longo
00:29:33do caminho
00:29:33e com isso
00:29:34você consiga
00:29:35trazer a inflação
00:29:36de volta para a meta.
00:29:37Essa é a dinâmica
00:29:38da coisa.
00:29:39Só para encerrar
00:29:40aqui essa parte
00:29:42de funcionamento
00:29:44do Copom,
00:29:44a gente tem
00:29:45o vencimento.
00:29:47Acaba aí
00:29:47o mandato
00:29:48de dois diretores
00:29:50agora em fevereiro,
00:29:51que é o Bruno Serra,
00:29:52que é o de política
00:29:53monetária
00:29:55e o...
00:29:56Esqueci o nome do outro,
00:29:57eu sempre esqueço
00:29:58que é o diretor
00:29:58de fiscalização,
00:29:59coitado,
00:30:00menos famoso,
00:30:02né?
00:30:02Mas o Bruno
00:30:04é uma coisa...
00:30:06Até você citou ele
00:30:07já aí
00:30:08como uma mente
00:30:10importante ali
00:30:11na construção
00:30:12da política monetária.
00:30:13ensaindo ele
00:30:16e se o...
00:30:18Que existe
00:30:19um receio
00:30:19de que o governo
00:30:21vai indicar,
00:30:22se vai ou não
00:30:23indicar alguém
00:30:24que seria
00:30:26mais técnico
00:30:26e alinhado
00:30:28ao Roberto Campos Neto
00:30:29ou alguém
00:30:30que seria
00:30:30mais alinhado
00:30:31a essa política
00:30:32econômica
00:30:32meio,
00:30:34digamos,
00:30:35mais criativa.
00:30:36Estrabilhada.
00:30:37Talvez essa seja
00:30:38a palavra científica,
00:30:40né?
00:30:41O...
00:30:41Estrabilhada
00:30:42é o termo científico.
00:30:43Exato.
00:30:44Então,
00:30:45quanto atrapalha
00:30:46esse um camarada
00:30:49nas próximas reuniões
00:30:50do Copom
00:30:51se a gente colocar um...
00:30:53Não sei,
00:30:53vou chutar um nome
00:30:54qualquer aqui.
00:30:55André Lara Rezende.
00:30:57Tá.
00:30:59Veja,
00:31:00primeiro,
00:31:01o presidente
00:31:01está no seu total direito
00:31:03de indicar
00:31:04quem quer que ele seja
00:31:05para o Comitê
00:31:06de Política Monetária,
00:31:08no caso,
00:31:08para a diretoria
00:31:09do Banco Central,
00:31:09que, no caso,
00:31:11compõe o Comitê
00:31:12de Política Monetária,
00:31:14né?
00:31:14Assim como o presidente
00:31:15do Banco Central,
00:31:16faz parte da regra do jogo.
00:31:17Então,
00:31:18é absolutamente
00:31:19legal e legítimo
00:31:20fazer esse tipo de coisa.
00:31:23Se tiver uma pessoa lá,
00:31:26o que vai acontecer?
00:31:27Não vai afetar os resultados,
00:31:29porque,
00:31:29afinal de contas,
00:31:31tem lá um comitê
00:31:32que precisa de um jeito.
00:31:33Então,
00:31:33não necessariamente
00:31:34essa pessoa
00:31:35vai conseguir obter
00:31:36sucesso,
00:31:38se tiver um pensamento
00:31:39muito diferente
00:31:40daquele
00:31:41que é
00:31:42dominante
00:31:43dentro do comitê,
00:31:45vai ser uma voz lá dentro.
00:31:47E faz parte,
00:31:48porque a gente vai começar
00:31:49a ver,
00:31:50vai sair,
00:31:51um fulano de tal,
00:31:52a diretoria votou
00:31:54por isso,
00:31:55pela manutenção
00:31:56da taxa,
00:31:57e esse fulano de tal
00:31:58votou pela,
00:32:00discordou
00:32:01desta posição
00:32:02e votou por uma redução
00:32:04da Selic
00:32:05para 8%.
00:32:05Vai aparecer.
00:32:09Faz parte.
00:32:10A questão é
00:32:12o seguinte,
00:32:14quais são as consequências?
00:32:18Você pode tomar
00:32:18decisão
00:32:19de política econômica,
00:32:21lato senso,
00:32:22o que você quiser,
00:32:24ninguém te proíbe
00:32:25de tomar uma decisão
00:32:26de política econômica,
00:32:27desde que não seja
00:32:28ilegal.
00:32:29Não sendo ilegal,
00:32:31está valendo.
00:32:33Mas há consequências,
00:32:34essas consequências
00:32:35da
00:32:36estudo
00:32:37da economia
00:32:38que vai te sugerir.
00:32:41Se você
00:32:41começa a colocar
00:32:42a gente
00:32:43no comitê
00:32:43que tem
00:32:45uma visão
00:32:45muito mais,
00:32:47de uma
00:32:47argumentação
00:32:48de praticar
00:32:48uma política monetária
00:32:49muito mais frouxa,
00:32:51apesar da inflação
00:32:52projetada
00:32:54estar acima
00:32:54da meta,
00:32:56num primeiro momento
00:32:58não tem grande efeito,
00:32:59porque são poucas pessoas,
00:33:00mas tem mais dois
00:33:01que saem
00:33:02no final
00:33:04desse ano
00:33:05e tem outros
00:33:07que...
00:33:08E o próprio...
00:33:09E mais três
00:33:10que saem
00:33:10no final
00:33:11de 2024,
00:33:13dentre esses três,
00:33:14inclusive
00:33:15o Roberto.
00:33:17Então,
00:33:18isso é um sinal
00:33:18de que o Banco Central
00:33:19lá na frente
00:33:20vai ser um Banco Central
00:33:21menos preocupado
00:33:23com a inflação.
00:33:24Aí eu te pergunto,
00:33:25se você
00:33:25começa a ver
00:33:26um Banco Central
00:33:27menos preocupado
00:33:28com a inflação
00:33:29a partir de 2024,
00:33:31qual vai ser
00:33:32a sua perspectiva
00:33:33de inflação
00:33:33para 2025,
00:33:352026,
00:33:362027?
00:33:37Vai ser
00:33:37a inflação
00:33:38na meta,
00:33:39abaixo da meta
00:33:40ou acima da meta?
00:33:42É meio óbvio
00:33:43que se você tem
00:33:44um Banco Central,
00:33:45uma composição
00:33:46de Banco Central
00:33:46que está caminhando
00:33:47no sentido
00:33:48de se tornar
00:33:50menos
00:33:51preocupada
00:33:52com a inflação,
00:33:53que está disposto
00:33:54a aceitar
00:33:55uma inflação
00:33:56mais alta.
00:33:58O que vai acontecer
00:33:59é que as expectativas
00:34:00de inflação
00:34:01para aquele período
00:34:02começam a desviar
00:34:03da meta.
00:34:05Ah, bom,
00:34:05mas quem se preocupa
00:34:06com as projeções
00:34:08de inflação
00:34:08para 2025?
00:34:12Acontece o seguinte,
00:34:13como eu já chamei
00:34:14a atenção,
00:34:14o Banco Central
00:34:15não está mirando
00:34:17na inflação
00:34:18de 2023,
00:34:19ele está mirando
00:34:20na inflação
00:34:20de 2024.
00:34:22Ao longo
00:34:23de 2024,
00:34:25uma série
00:34:25de empresas,
00:34:27de sindicatos,
00:34:28etc.,
00:34:29vão ter que tomar
00:34:29decisões
00:34:30quanto à formação
00:34:31dos seus preços.
00:34:33Tem preços
00:34:34que flutuam,
00:34:35geralmente,
00:34:35você vai na feira,
00:34:36um preço
00:34:37que flutua
00:34:38dia a dia,
00:34:39tem outros preços
00:34:40que têm
00:34:41um grau maior
00:34:41de rigidez,
00:34:43salários,
00:34:43por exemplo.
00:34:44Então,
00:34:44chega lá
00:34:45na decisão,
00:34:46vamos dizer,
00:34:47em agosto
00:34:49de 2024,
00:34:50vai ter
00:34:51um sindicato
00:34:51grande
00:34:52que vai
00:34:53estar discutindo
00:34:55o reajuste
00:34:55salarial.
00:34:57Nesse reajuste
00:34:58salarial,
00:34:59o sindicato
00:35:00vai estar olhando
00:35:01uma série
00:35:01de coisas,
00:35:02como a economia
00:35:03está forte,
00:35:03está fraca,
00:35:05o mercado
00:35:07de trabalho
00:35:07está apertado
00:35:08ou não
00:35:08está apertado,
00:35:08qual foi a inflação
00:35:09passada,
00:35:10mas também
00:35:11qual vai ser
00:35:11a inflação
00:35:12futura.
00:35:12Por quê?
00:35:13Porque os caras
00:35:13estão definindo
00:35:14um salário
00:35:15que vai valer
00:35:16de agosto
00:35:17de 2024
00:35:18até julho
00:35:21de 2025.
00:35:22Se a inflação
00:35:24for baixinha
00:35:25nesse período,
00:35:25ele não tem
00:35:26o que pedir
00:35:26um reajuste
00:35:27salarial.
00:35:28Se ele imagina
00:35:29que a inflação
00:35:29vai ser mais alta
00:35:30em 2025,
00:35:33essa informação
00:35:35é incorporada
00:35:36aos preços,
00:35:37ela é incorporada
00:35:37à demanda salarial,
00:35:39ela é incorporada
00:35:40aos preços
00:35:41que são reajustados
00:35:42a intervalos
00:35:43infrequentes,
00:35:44preços que têm
00:35:44algum grau
00:35:45de rigidez.
00:35:46isso faz
00:35:47com que
00:35:48a expectativa
00:35:49de inflação
00:35:49para 2025
00:35:51afete a inflação
00:35:53de 2024.
00:35:56E aí,
00:35:57isso começa,
00:35:58então,
00:35:58esse tipo de coisa
00:36:00está no modelo
00:36:01do Banco Central
00:36:02que olha
00:36:03para isso,
00:36:04porque ele vai
00:36:04projetando a inflação,
00:36:06ele está,
00:36:06então,
00:36:07a inflação
00:36:07de 2024
00:36:08vai depender
00:36:09do quê?
00:36:10Vai depender
00:36:10do que eu estou vendo,
00:36:11se a economia está
00:36:12forte,
00:36:12está fraca,
00:36:13qual que é a inércia
00:36:14da inflação
00:36:14de 2023,
00:36:15qual que é a inflação
00:36:16esperada
00:36:17para 2025?
00:36:18A inflação
00:36:18de 2025
00:36:19afeta as projeções
00:36:22de inflação
00:36:22de 2024.
00:36:25E isso aí
00:36:25começa,
00:36:26o que acontece
00:36:27é que
00:36:27a inflação
00:36:29projetada
00:36:30pelo Banco Central
00:36:31começa a subir.
00:36:34Ah,
00:36:34mas a economia
00:36:35não está
00:36:35com excesso
00:36:36de demanda?
00:36:36Não é uma questão
00:36:37só de ter excesso
00:36:38de demanda
00:36:39ou excesso
00:36:39de oferta,
00:36:40ela depende
00:36:41crucialmente
00:36:42do estado
00:36:42das expectativas,
00:36:43eu estou falando
00:36:44uma coisa
00:36:44que é uma barbaridade,
00:36:45não,
00:36:46eu estou falando
00:36:46de um argumento
00:36:47que foi colocado
00:36:48pela primeira vez
00:36:49pelo Milton Friedman
00:36:51e pelo Edmund Phelps
00:36:52no longínco ano
00:36:53de 1968,
00:36:55eu acabei
00:36:56de fazer 60,
00:36:57eu tinha 5 anos
00:36:59de idade
00:36:59quando esses caras
00:37:00fizeram esse argumento,
00:37:02ambos foram
00:37:03agraciados
00:37:03com o Prêmio Nobel,
00:37:05entre outras coisas,
00:37:06por essa descoberta.
00:37:07Qualquer
00:37:07Banco Central
00:37:08hoje,
00:37:10quando ele vai
00:37:11ver os determinantes
00:37:13de inflação,
00:37:13vai colocar
00:37:13as expectativas
00:37:14de inflação
00:37:15lá como
00:37:16uma coisa
00:37:19reveladora,
00:37:20uma coisa importante,
00:37:21um dos determinantes
00:37:22para o comportamento
00:37:23da inflação.
00:37:24Então,
00:37:24quando você começa
00:37:25a colocar
00:37:27gente no comitê
00:37:28que vai ser
00:37:29menos comprometida
00:37:30com a inflação,
00:37:34as expectativas
00:37:35de longo prazo
00:37:35começam a subir
00:37:37e isso acaba
00:37:38tendo um efeito
00:37:39nas projeções
00:37:40dentro do horizonte
00:37:41relevante
00:37:42e aí coloca
00:37:43o Banco Central
00:37:43em uma posição
00:37:44mais difícil
00:37:46de cortar juros.
00:37:47Talvez ele seja
00:37:48obrigado a subir
00:37:49a taxa de juros.
00:37:50E nesse caso
00:37:51eu não sei nem
00:37:51quão efetivo é,
00:37:53porque se o Banco Central
00:37:54está subindo
00:37:55a taxa de juros agora,
00:37:56mas você sabe
00:37:56que lá na frente
00:37:57ele vai derrubar,
00:37:59não tem muito efeito.
00:38:00Então,
00:38:01um exemplo
00:38:01que eu lembro
00:38:03ainda bem,
00:38:04final de 2002
00:38:05estava um barata
00:38:06voa completo.
00:38:07e o Armínio
00:38:09fez o que
00:38:10o presidente
00:38:10do Banco Central
00:38:11foi lá
00:38:11e subiu
00:38:12a taxa de juros.
00:38:13O mercado
00:38:14ignorou a subida
00:38:15de taxa de juros
00:38:16do Banco Central
00:38:17não porque ele
00:38:18não respeitasse
00:38:19o Armínio Fraco,
00:38:20quem não respeita
00:38:21o Armínio Fraco?
00:38:23Porque não se sabia
00:38:24qual seria a política
00:38:25monetária
00:38:26no governo Lula.
00:38:26Aquilo era
00:38:27novembro,
00:38:28dezembro de 2002,
00:38:29o que o Banco Central
00:38:30fazia ou deixava
00:38:32de fazer
00:38:32não tinha a menor relevância.
00:38:34A coisa começou
00:38:35a mudar de figura
00:38:36quando o Henrique entrou
00:38:37foi lá em cima
00:38:38dos 3%
00:38:39do Armínio
00:38:39e deu mais
00:38:40meio ponto
00:38:40de aumento de juros.
00:38:42Não foi um aumento
00:38:43extraordinário,
00:38:44mas foi um aumento
00:38:45que basicamente
00:38:46dizia assim,
00:38:46sabe aqueles 3%
00:38:47que aconteceu lá atrás?
00:38:49Pois é,
00:38:49é para valer.
00:38:52Aquilo mudou
00:38:53a dinâmica
00:38:54de expectativa.
00:38:55Não só aquilo,
00:38:55teve aquilo,
00:38:56teve reforma.
00:38:57Foi a reunião
00:38:57do fato...
00:38:58Primeira reunião
00:38:59do governo Lula,
00:39:00né?
00:39:00Primeira reunião
00:39:01do Copom...
00:39:01Essa foi a primeira reunião
00:39:02do Copom
00:39:03do governo Lula, né?
00:39:03Primeira reunião
00:39:04do Copom
00:39:04no governo Lula, né?
00:39:06O Henrique...
00:39:06Eu não estava lá.
00:39:07Era toda a diretoria
00:39:09do Armínio, né?
00:39:10Milan,
00:39:11Luiz Fernando,
00:39:13o Beni,
00:39:14toda a diretoria
00:39:15do Armínio,
00:39:18mais o Henrique, né?
00:39:20Tinha acabado
00:39:21de assumir.
00:39:22Então,
00:39:22aqui,
00:39:22aí o Copom
00:39:23falou,
00:39:23ah,
00:39:24então está valendo.
00:39:25Então,
00:39:26foi importante
00:39:26no seguinte sentido.
00:39:28Quando viram
00:39:29que era para...
00:39:30que não era um negócio,
00:39:31era uma decisão
00:39:32do Armínio
00:39:33que seria revertida
00:39:34pela nova administração,
00:39:36aí as coisas
00:39:37começaram a cair
00:39:38no lugar.
00:39:39Agora,
00:39:39se você está mudando
00:39:40toda a diretoria
00:39:41do banco
00:39:42e sinalizando
00:39:43lá na frente
00:39:43que o presidente
00:39:45do Banco Central
00:39:45vai ser alguém
00:39:46que não tem
00:39:47o menor comprometimento
00:39:48com a meta,
00:39:49tem um comprometimento
00:39:49muito mais frouxo,
00:39:51cercado por gente
00:39:52que também não tem
00:39:53comprometimento
00:39:54com a meta,
00:39:57você vai estar
00:39:58com problema,
00:39:59porque a atual diretoria
00:40:00do Banco Central
00:40:01vai perder capacidade
00:40:03inclusive
00:40:04de determinar
00:40:05a evolução
00:40:05das expectativas
00:40:06de infração
00:40:06porque não é mais
00:40:07o jogo dela.
00:40:09Então,
00:40:09aí a coisa
00:40:10vai ficar
00:40:11muito feia.
00:40:13Enfim,
00:40:14só para concluir,
00:40:16não é que
00:40:16está fazendo nada
00:40:18de ilegal
00:40:18ou ilegítimo
00:40:20em indicar
00:40:21uma pessoa
00:40:21menos comprometida
00:40:23ou que tem
00:40:23uma visão distinta.
00:40:26Simplesmente
00:40:26que isso vai
00:40:27ter consequências.
00:40:28Essas consequências
00:40:29não serão boas.
00:40:30Então,
00:40:31é exatamente
00:40:32isso que eu ia
00:40:32perguntar.
00:40:33Você acha que
00:40:33hoje é mais ou menos
00:40:35isso que está
00:40:36faltando
00:40:37para esse governo
00:40:38no sentido
00:40:40da comunicação?
00:40:41O Roberto Campos
00:40:42já falou isso
00:40:43algumas vezes,
00:40:43falando,
00:40:43olha,
00:40:44a comunicação
00:40:45é muito importante
00:40:46porque ela
00:40:48vai modular
00:40:52os juros,
00:40:53inclusive.
00:40:54O quanto de juros
00:40:55eu preciso colocar
00:40:56tem a ver
00:40:57com a comunicação,
00:40:58mas essa comunicação
00:40:58tem sido muito ruim
00:40:59nos últimos,
00:41:00pelo menos
00:41:01nos últimos dias,
00:41:02nas últimas semanas,
00:41:03tanto com questionamento
00:41:05sobre autonomia
00:41:06do Banco Central,
00:41:08revisão da meta
00:41:10de inflação,
00:41:12baixar o juro
00:41:14na canetada.
00:41:16O Randolph Rodrigues,
00:41:17inclusive,
00:41:18colocou um tweet
00:41:19muito interessante
00:41:21e de uma inteligência
00:41:22ímpar
00:41:23que é falando
00:41:24que a Turquia
00:41:26está com 9%
00:41:27de juros
00:41:28e tem uma inflação
00:41:30de 90%,
00:41:31e a gente
00:41:33está com uma inflação
00:41:33de 6%
00:41:34e um juros
00:41:34de 13%.
00:41:35Eu até cheguei
00:41:36a brincar
00:41:36em outras edições
00:41:38do programa
00:41:38que a gente
00:41:39tinha que baixar
00:41:40logo esses juros
00:41:41para a gente chegar
00:41:41nessa inflação.
00:41:42Não podemos ficar
00:41:43atrás da Turquia
00:41:44das bolas.
00:41:46Você acha que a gente
00:41:46está com um probleminha
00:41:47assim?
00:41:48Não é nem uma questão
00:41:49de se ou não,
00:41:50mas como é que
00:41:50resolve isso?
00:41:52Por que essa rusga?
00:41:54Não é possível
00:41:55que seja
00:41:56o fato
00:41:57de tudo isso
00:42:00era uma dor
00:42:00no peito
00:42:01em função
00:42:02de o Roberto Campos
00:42:03estar em um grupo
00:42:03de WhatsApp
00:42:04dos ministros
00:42:05do ex-presidente?
00:42:06Aliás,
00:42:06você já fez,
00:42:08já esteve em grupo
00:42:09de WhatsApp
00:42:09de ex-ministros?
00:42:11Não.
00:42:12Não, não.
00:42:13Na época
00:42:14que eu estava
00:42:14no Banco Central,
00:42:15nem o WhatsApp tinha,
00:42:16para vocês verem
00:42:16como eu sou velho.
00:42:17Pronto.
00:42:18Não tinha smartphone.
00:42:20Minto,
00:42:20tinha o...
00:42:21eu fui inclusive
00:42:23a cobaia
00:42:24do primeiro
00:42:27BlackBerry
00:42:28do Banco Central.
00:42:30Era o
00:42:31Nerding Residence
00:42:32ali da diretoria
00:42:33do Banco Central.
00:42:34O primeiro BlackBerry
00:42:35foi meu para ver
00:42:36como aquele negócio
00:42:36funcionava.
00:42:38Achei o máximo,
00:42:38mas na época
00:42:39não tinha o WhatsApp.
00:42:40Muito menos de ministro.
00:42:42Mas,
00:42:42enfim,
00:42:44se é isso,
00:42:45fazer o quê?
00:42:46Você tem que achar
00:42:47que o cara
00:42:48não tem um comportamento
00:42:50profissional.
00:42:51Veja,
00:42:51presidentes de Banco Central
00:42:52também têm preferências
00:42:54políticas.
00:42:55Acho que isso é muito claro.
00:42:56Aliás,
00:42:57o
00:42:59Paul Volcker
00:43:00era um
00:43:01democrata
00:43:01registrado.
00:43:04Não o impediu
00:43:05de subir
00:43:06juros
00:43:06e subiu
00:43:08como
00:43:08no
00:43:10período
00:43:11Carter.
00:43:12Inclusive,
00:43:13contribuiu
00:43:14para a derrota
00:43:14do Carter.
00:43:15o Grinspan
00:43:18era,
00:43:20acho que ainda é,
00:43:21um republicano
00:43:22registrado.
00:43:23Ele foi indicado
00:43:24por um presidente
00:43:25republicano,
00:43:26no caso
00:43:26Reagan,
00:43:27permaneceu
00:43:28no cargo
00:43:29com o Clinton,
00:43:30que era um
00:43:30presidente democrata.
00:43:32Ele subiu
00:43:33o juro
00:43:33em
00:43:3591,
00:43:3892,
00:43:39levou
00:43:39a uma recessão
00:43:40em 92
00:43:42e o
00:43:44Bush pai
00:43:45perdeu
00:43:46a eleição
00:43:46em 92.
00:43:49Não só
00:43:49pela
00:43:50recessão,
00:43:51mas também
00:43:51pela recessão.
00:43:53Então,
00:43:53tem uma frase
00:43:53famosa,
00:43:54ele fala assim,
00:43:55I reappointed
00:43:56Grinspan
00:43:57and Grinspan
00:43:58disappointed me.
00:44:00Ela
00:44:01deu até uma
00:44:02briga,
00:44:02eu acho
00:44:03que foi o
00:44:04Nicholas Brady
00:44:04que era amigo
00:44:05do Grinspan,
00:44:06deixou de ser,
00:44:07porque o Grinspan
00:44:08fez,
00:44:08mesmo sendo
00:44:09um republicano,
00:44:10ele foi lá
00:44:10e fez uma
00:44:11política monetária
00:44:11que ele
00:44:12considerava
00:44:13adequada
00:44:13para a época.
00:44:14A inflação
00:44:14americana
00:44:15não estava
00:44:16nos patamares
00:44:17altos
00:44:20da época
00:44:21do
00:44:22Walker,
00:44:23mas ela
00:44:24estava ali
00:44:24na casa
00:44:25de 6%.
00:44:26Não tinha
00:44:26essa coisa
00:44:27de meta
00:44:28de inflação
00:44:28bem definida,
00:44:29mas era uma
00:44:29inflação
00:44:30que era
00:44:30considerada
00:44:31alta.
00:44:32Eles,
00:44:32de fato,
00:44:33fizeram
00:44:33uma política
00:44:33monetária
00:44:34para reduzir
00:44:36a inflação
00:44:36e custou,
00:44:37um dos fatores
00:44:38que custou
00:44:39a eleição
00:44:39do
00:44:41que custou
00:44:43a eleição
00:44:43do Bush.
00:44:45E vamos lembrar
00:44:46que o Roberto
00:44:47pode ter
00:44:48feito parte
00:44:49do grupo
00:44:51de WhatsApp,
00:44:52pode ter ido
00:44:53votar com a camisa
00:44:54do Brasil,
00:44:55o que for,
00:44:56mas ele foi
00:44:57um presidente
00:44:57de Banco Central
00:44:58que subiu
00:44:58taxa de juros,
00:44:59inclusive
00:44:59no ano eleitoral.
00:45:01Exato.
00:45:01E aí eu falo
00:45:02por favor
00:45:03olhem para trás
00:45:04e vejam
00:45:05quais presidentes
00:45:07subiram juros
00:45:08antes
00:45:08de eleição.
00:45:11É no ano
00:45:11da eleição.
00:45:12Vou te dar
00:45:12um exemplo.
00:45:14O Tom Bini
00:45:15subiu juros
00:45:16num ano eleitoral.
00:45:19A eleição
00:45:20terminou num domingo,
00:45:21ele subiu juros
00:45:22na quarta-feira.
00:45:23Todo mundo
00:45:24sabia que precisava
00:45:25subir juros.
00:45:26E aí começou
00:45:26a subir juros.
00:45:28Seguraram
00:45:28a taxa
00:45:29de juros
00:45:30ao longo
00:45:30de 2014
00:45:31para não
00:45:32prejudicar
00:45:33uma eleição
00:45:34que foi apertadíssima.
00:45:35Se
00:45:35tivéssemos
00:45:37um presidente
00:45:38à época
00:45:38que tivesse
00:45:39a postura
00:45:40do Roberto
00:45:41Campos,
00:45:42talvez a Dilma
00:45:43tivesse perdido
00:45:44a eleição,
00:45:44mesmo sendo
00:45:45um Banco Central
00:45:46que não fosse
00:45:47autônomo.
00:45:47Aliás,
00:45:48o fato do Banco Central
00:45:49não ser autônomo
00:45:50naquela época
00:45:50explica muito
00:45:52sobre o atraso
00:45:53de política monetária
00:45:54que a gente teve
00:45:55e por que a inflação
00:45:56ficou alta
00:45:57durante muito tempo
00:45:58e acabou
00:45:59explorando
00:46:00no começo
00:46:01do segundo governo
00:46:02Dilma.
00:46:03Quando todos
00:46:03aqueles preços
00:46:04que tinham sido
00:46:05represados
00:46:05não podiam mais
00:46:06ser represados.
00:46:07Não dava mais
00:46:07para represar
00:46:08gasolina,
00:46:08energia,
00:46:09etc.
00:46:10Teve que reajustar
00:46:11tudo e aí
00:46:12saíram correndo
00:46:12atrás do próprio
00:46:13rabo.
00:46:13Então, assim,
00:46:16o Roberto
00:46:17Campos
00:46:18estava no grupo
00:46:19de WhatsApp
00:46:20e foi votar
00:46:20com camisa amarela.
00:46:22E, no entanto,
00:46:22você vê a postura
00:46:23dele como
00:46:24dirigente
00:46:26de Banco Central,
00:46:27como gestor
00:46:28de política econômica,
00:46:30em particular
00:46:30como gestor
00:46:31de política monetária,
00:46:33foi tomar
00:46:33decisões
00:46:34que iam
00:46:35frontalmente
00:46:36contrárias
00:46:37aos interesses
00:46:39do presidente
00:46:40a quem ele
00:46:41supostamente
00:46:41apoiava.
00:46:42E eu coloco
00:46:43isso em contraste
00:46:45com a postura
00:46:45do Paulo Guedes.
00:46:47O Paulo Guedes
00:46:47que sempre
00:46:49foi fiscal,
00:46:51vamos fazer um governo
00:46:52fiscalmente responsável,
00:46:54não sei o quê,
00:46:55quando chegou
00:46:55no meio do ano
00:46:56ele apoiou
00:46:57alegremente
00:46:58a PEC
00:46:58e a Micasa.
00:46:59Diga-se de passagem
00:47:00que o PT também.
00:47:02Então, quando eu vejo
00:47:02a Glaise Hoffman
00:47:03falar de estripulias fiscais,
00:47:05vai me lembrar
00:47:06que o PT
00:47:07votou a favor.
00:47:08Não votou contra, não.
00:47:10Então, as mesmas farras.
00:47:11O Banco Central
00:47:12se manifestou contra.
00:47:13Então, a deputada
00:47:15Glaise Hoffman
00:47:15não se manifestou
00:47:16contra de jeito nenhum.
00:47:18E, então,
00:47:19a postura do Roberto
00:47:20naquele momento,
00:47:21que é mais importante
00:47:22do que ir votar
00:47:23com a camisa amarela
00:47:24ou fazer parte,
00:47:25quando ele teve
00:47:26que tomar decisões
00:47:27de política humanitária,
00:47:28elas foram guiadas
00:47:29por uma decisão
00:47:30eminente
00:47:31e de técnicas.
00:47:32Novo,
00:47:33deveria ter subido
00:47:34mais,
00:47:35menos,
00:47:36aí tudo isso
00:47:37é aberto
00:47:37a uma discussão técnica,
00:47:39mas é muito claro
00:47:40que ele não estava
00:47:41ali atendendo
00:47:42aos interesses
00:47:43político-eleitorais
00:47:45do governo de Cantão.
00:47:47Então,
00:47:47eu queria até agora
00:47:49entrar um pouco mais
00:47:49nessa parte mais técnica
00:47:51da taxa de juros,
00:47:53que é o seguinte,
00:47:54algumas pessoas,
00:47:56eu ouço,
00:47:56às vezes,
00:47:57reclamando que a taxa
00:47:58está em um nível
00:47:58muito alto
00:47:59que você já tem
00:48:00há muito tempo,
00:48:02porque você já tem
00:48:03indícios na economia
00:48:05de uma freada
00:48:07mais brusca,
00:48:08varejo
00:48:09tendo problema,
00:48:12não estou falando
00:48:13de americanas,
00:48:14estou falando
00:48:14de vendas
00:48:15no varejo,
00:48:15mas o volume
00:48:15do varejo
00:48:16com queda,
00:48:18situação do crédito
00:48:19rariando,
00:48:20a gente tendo
00:48:21uma disponibilidade
00:48:23de crédito
00:48:23menor,
00:48:25etc.
00:48:25e aí isso indicaria
00:48:27que o Roberto Campos
00:48:28talvez esteja
00:48:29muito agarrado
00:48:30nesses 13,75.
00:48:33Aí a minha pergunta
00:48:34é a seguinte,
00:48:35tendo isso em mente,
00:48:37no Banco Central
00:48:39a gente só olha
00:48:41para a meta de inflação
00:48:43ou entra na conta,
00:48:46olha,
00:48:46o amargor desse remédio
00:48:51está muito alto,
00:48:52será que a gente pode
00:48:53soltar um pouquinho aqui
00:48:54ou esse é um balanço
00:48:57muito complicado
00:48:57e aí você escolhe
00:48:59um lado
00:48:59que é o lado
00:49:00da inflação?
00:49:02Obviamente
00:49:02as duas coisas
00:49:03acabam pesando,
00:49:05como é que você sabe disso?
00:49:08Você vê isso
00:49:10principalmente
00:49:11na escolha
00:49:13da trajetória
00:49:14de convergência
00:49:15da inflação
00:49:15com relação à meta.
00:49:17É um resultado antigo,
00:49:18um resultado ainda
00:49:19do...
00:49:20Eu lembro isso bem
00:49:20porque quando eu comecei
00:49:21a estudar,
00:49:22quando começou a se discutir
00:49:23meta de inflação,
00:49:24no Brasil,
00:49:25fui atrás da literatura,
00:49:27um dos grandes nomes
00:49:28à época,
00:49:29ainda hoje,
00:49:30mas até mais velho,
00:49:31é o Lars Venson,
00:49:32é um economista,
00:49:33com um nome desse
00:49:34só podia ser sueco,
00:49:35estudar,
00:49:36ele ensinava,
00:49:37se não me engano,
00:49:38em Princeton,
00:49:38mas ele também
00:49:39fez parte
00:49:40do Banco Central
00:49:42sueco,
00:49:43ele escreveu
00:49:43sobre regime
00:49:45de metas de inflação
00:49:46e uma das coisas
00:49:48que ele dizia,
00:49:48é o seguinte,
00:49:50você coloca lá,
00:49:51você pode colocar
00:49:52preocupação,
00:49:53você pode modelar
00:49:54a preocupação
00:49:54do Banco Central
00:49:55como ele falou,
00:49:56um inflation nutter,
00:49:58nutter é
00:49:58o maluco
00:49:59por inflação,
00:50:00então,
00:50:01ali na função
00:50:03de reação
00:50:03do Banco Central,
00:50:04ele olha só
00:50:05para a inflação,
00:50:08e você vai colocar,
00:50:09você pode colocar
00:50:09um Banco Central
00:50:10que se preocupa
00:50:11com a inflação
00:50:12e com
00:50:13o desvio
00:50:16da atividade
00:50:16com relação
00:50:17ao plano emprego,
00:50:18então,
00:50:20se a atividade
00:50:21está caindo muito
00:50:21com relação
00:50:22ao plano emprego,
00:50:23está subindo muito,
00:50:24ele vai também
00:50:24colocar ali
00:50:25de alguma forma.
00:50:27A diferença
00:50:28entre um caso
00:50:29e outro,
00:50:30basicamente,
00:50:30é que o segundo
00:50:31caso,
00:50:32ele vai
00:50:33tipicamente
00:50:34buscar a convergência
00:50:36mais lenta
00:50:37de inflação
00:50:37com relação
00:50:38ao meta,
00:50:39ele não vai tentar
00:50:39trazer a ferro
00:50:40e a inflação
00:50:42para baixo,
00:50:43a qualquer custo,
00:50:45ele vai fazer isso
00:50:46de uma maneira
00:50:47mais suave.
00:50:49Obviamente,
00:50:50tem custos,
00:50:52se você
00:50:53for meio ambíguo
00:50:54a esse respeito,
00:50:57se a convergência
00:50:58é a perder de vista,
00:51:00a pessoa vai falar,
00:51:01não,
00:51:01você não está
00:51:01minimamente preocupado
00:51:03com a meta,
00:51:04eu vou subir
00:51:05minhas expectativas,
00:51:06isso vai fazer
00:51:07com que a inflação
00:51:08seja mais difícil
00:51:09de trazer para baixo.
00:51:11É o Pombini,
00:51:12que fazia
00:51:13com esse discurso,
00:51:14não,
00:51:14a gente está fazendo
00:51:15uma convergência,
00:51:16mas era uma convergência
00:51:17que não acontecia nunca.
00:51:19Você tem que tomar
00:51:20um certo cuidado
00:51:21nessa história,
00:51:21mas me parece claro
00:51:22que a pessoa,
00:51:23eles diziam,
00:51:24não,
00:51:24nosso horizonte
00:51:26é esse aqui,
00:51:2618 meses,
00:51:27por quê?
00:51:28Porque,
00:51:28como eu falei,
00:51:29é aqui que a nossa
00:51:30política monetária
00:51:30funciona,
00:51:31a gente vai tentar
00:51:32trazer dentro
00:51:33desse intervalo,
00:51:34não parece um
00:51:34inflation letter
00:51:35que vai trazer
00:51:37inflação,
00:51:38quer trazer inflação
00:51:39a ferro e fogo
00:51:39para a meta,
00:51:41independentemente
00:51:42do impacto
00:51:42que isso tenha
00:51:43sobre a atividade,
00:51:44emprego,
00:51:44ele está buscando
00:51:45uma convergência
00:51:46relativamente suave.
00:51:48Mas, de novo,
00:51:48não pode ser
00:51:49uma convergência
00:51:50de cinco anos.
00:51:53Esse cara,
00:51:54ao longo dos próximos
00:51:56cinco, seis anos,
00:51:57a inflação vai ficar
00:51:57acima da meta.
00:51:58A inflação vai ficar
00:51:59acima da meta,
00:51:59mas isso aqui
00:52:00acaba influenciando
00:52:02a minha inflação
00:52:03ao longo do horizonte
00:52:04de convergência,
00:52:05ela vai ficar mais alta
00:52:06do que ela precisaria ser,
00:52:07porque as expectativas
00:52:08vão estar descoladas.
00:52:10Então,
00:52:11a arte nessa história,
00:52:13isso que envolve
00:52:14muito a discussão
00:52:16do comitê,
00:52:16que não é só
00:52:17o número que é cuspido
00:52:18lá pelo modelo,
00:52:20é exatamente
00:52:20como eu
00:52:22modulo
00:52:22essa convergência,
00:52:24como eu comunico
00:52:25o que eu estou fazendo
00:52:26para que as pessoas
00:52:27entendam
00:52:28que não é que eu estou
00:52:29jogando a meta
00:52:30de inflação para o alto,
00:52:31nem que eu estou
00:52:32tentando fazer
00:52:33chegar de qualquer jeito
00:52:34na meta de inflação.
00:52:36Então,
00:52:36na boa,
00:52:37Rodrigo,
00:52:37se você olhar
00:52:38para os números,
00:52:39talvez hoje,
00:52:40já fosse possível
00:52:42ter uma discussão
00:52:42de ser necessário
00:52:43subir a Selic.
00:52:46O Roberto,
00:52:47não,
00:52:47não é essa a discussão
00:52:48que a gente está tendo,
00:52:49está tendo a discussão
00:52:49de manter a Selic.
00:52:51Então,
00:52:51é muito claro
00:52:52que ele não está ali,
00:52:53ele e o comitê,
00:52:54como eu falo ele,
00:52:55eu estou referindo a ele
00:52:56e o comitê.
00:52:58Eles estão ali,
00:52:59então,
00:53:00estamos buscando
00:53:01uma convergência
00:53:02lá para 2024.
00:53:04Nós estamos
00:53:05no começo,
00:53:06estamos em fevereiro
00:53:07de 2023
00:53:08e o Banco Central
00:53:09fazendo.
00:53:10Eu quero que a inflação
00:53:11converja
00:53:12para a meta
00:53:14em dezembro
00:53:15de 2024.
00:53:16Te parece
00:53:16um inflation nutter?
00:53:18Não.
00:53:19Não.
00:53:20Agora,
00:53:21se eu falar
00:53:21que eu quero convergir
00:53:22a meta de inflação
00:53:23em 2026,
00:53:24você ia olhar
00:53:24e falar o quê?
00:53:26Eu quero perder
00:53:27três quilos,
00:53:28mas só lá em 2030.
00:53:30É Santo Agostinho,
00:53:31né?
00:53:32Oh, senhor,
00:53:33fazei-me casto.
00:53:35Mas não.
00:53:38Alexandre...
00:53:38Eu cansei de usar
00:53:39isso com o Tombinho.
00:53:41E olha que,
00:53:41pô,
00:53:41eu sou judeu,
00:53:42mas eu li a biografia
00:53:43de Santo Agostinho.
00:53:45Boa.
00:53:46Deixa eu te perguntar,
00:53:47sua opinião pessoal,
00:53:49hoje,
00:53:49você,
00:53:50banqueiro central,
00:53:52qual seria,
00:53:53o que você faria
00:53:54diferente do Roberto Campos Neto?
00:53:56Ou se faria,
00:53:58na verdade?
00:53:58Você acha que a comunicação
00:53:59podia ser outra?
00:54:02Ou se o juro
00:54:04já podia estar subindo
00:54:05ou descendo?
00:54:06Nesse exato momento,
00:54:07até eu acho
00:54:08que a comunicação
00:54:09está boa.
00:54:10De novo,
00:54:10sempre a crítica
00:54:11é em retrospecto.
00:54:12Eu fico complicado,
00:54:13ficou.
00:54:15Eu não acho
00:54:16que é uma crítica justa
00:54:17em retrospecto.
00:54:18Em retrospecto,
00:54:19eu teria subido
00:54:20o juro mais alto.
00:54:21Só em retrospecto,
00:54:22porque na hora
00:54:23eu não vi a necessidade
00:54:24de subir o juro.
00:54:25Na comunicação,
00:54:27eu acho que ao longo
00:54:27de 2021,
00:54:28a comunicação
00:54:30não foi boa.
00:54:33Né?
00:54:33Nesse sentido.
00:54:34Porque o Banco Central
00:54:35falava,
00:54:36eu vou subir juro,
00:54:37mas assim,
00:54:38eu não vou subir
00:54:40até o neutro,
00:54:41eu vou ficar abaixo
00:54:41do neutro,
00:54:42eu vou continuar
00:54:42estimulando a economia.
00:54:43Não,
00:54:44eu vou subir
00:54:45só até o neutro.
00:54:46Não,
00:54:46eu vou subir,
00:54:46mas eu vou subir
00:54:47só um pouquinho
00:54:47acima do neutro.
00:54:48Então,
00:54:49ao longo
00:54:50de um período
00:54:51em que a inflação
00:54:51estava descolando,
00:54:53a comunicação
00:54:54do Banco Central
00:54:55sugeria
00:54:56que o Banco Central
00:54:56não estava preparado
00:54:58para ir até as últimas
00:54:59consequências.
00:55:00Certo momento,
00:55:00eles pararam
00:55:01com essa história
00:55:02e foram fazendo
00:55:02aquilo que era necessário.
00:55:05Aquela história
00:55:06do forward guidance,
00:55:08né?
00:55:08Forward guidance também,
00:55:10enfim,
00:55:10tem coisas que,
00:55:12de novo,
00:55:12olhando para trás,
00:55:14não funcionaram
00:55:15a contento.
00:55:16Mas a gente fala isso
00:55:17com o benefício
00:55:18de poder falar,
00:55:19o que os gringos
00:55:21chamam de
00:55:21Monday morning
00:55:22quarterbacking,
00:55:23depois do jogo
00:55:24se o Fred
00:55:28não tivesse
00:55:29avançado
00:55:30naquela bola,
00:55:30a gente,
00:55:31tudo bem,
00:55:32o problema é que
00:55:32ele avançou.
00:55:34E ele,
00:55:35você,
00:55:35ele poderia ter
00:55:35recuperado a bola
00:55:36e terminado o jogo ali.
00:55:38Não,
00:55:38não recuperou a bola.
00:55:40Enfim,
00:55:40isso daí é
00:55:41assim,
00:55:44é em retrospecto
00:55:45sempre,
00:55:46não é uma análise
00:55:46que ajuda muito.
00:55:47Eu até acho que
00:55:48nesse exato momento
00:55:49a comunicação
00:55:50foi muito boa,
00:55:51né?
00:55:52Porque o desafio
00:55:53está aí,
00:55:53quer dizer,
00:55:54não dá para varrer
00:55:55para baixo do tapete
00:55:56que nós tínhamos
00:55:57uma perspectiva,
00:55:59ninguém comprou
00:55:59muito a sério
00:56:01a história
00:56:01de um déficit
00:56:02de meio,
00:56:030,6% do PIB esse ano.
00:56:05Todo mundo sabia
00:56:05que mesmo se
00:56:06Bolsonaro fosse reeleito,
00:56:08ia ter que rever
00:56:09o orçamento,
00:56:10ia ser mais alto,
00:56:11tudo bem.
00:56:12Então,
00:56:13assim,
00:56:14estava mais ou menos
00:56:14encaixado
00:56:15que ia
00:56:16o,
00:56:17Auxílio Brasil
00:56:18a 600 reais,
00:56:19ia ficar,
00:56:19isso tinha um certo custo,
00:56:21blá, blá, blá.
00:56:22O problema
00:56:23é que você saiu
00:56:24de um perspectivo
00:56:25de déficit
00:56:25de 0,5%,
00:56:280,6%
00:56:29e meter um déficit
00:56:30de mais de 2%.
00:56:31Tudo bem,
00:56:31não vai ser mais de 2%,
00:56:32vai ser menos,
00:56:33vai ser 1,5%,
00:56:352%.
00:56:36É muito maior.
00:56:37Porque o setor
00:56:38não pode varrer isso.
00:56:40Quer dizer,
00:56:40fingir que isso
00:56:41não está acontecendo,
00:56:43não dá para fazer.
00:56:44Parece que tem um elefante
00:56:45na sala.
00:56:47Você vai ficar
00:56:47todo mundo olhando
00:56:49o elefante,
00:56:49você vai continuar falando
00:56:50como se o elefante
00:56:51não tivesse na sala.
00:56:53O diabo do elefante
00:56:54está lá,
00:56:54tromba dele aqui,
00:56:55no teu ombro,
00:56:57não,
00:56:57não,
00:56:58não,
00:56:58não,
00:56:58não,
00:56:59não,
00:56:59não,
00:56:59não,
00:56:59não,
00:57:00não,
00:57:00não,
00:57:00não,
00:57:00não,
00:57:01não,
00:57:01não,
00:57:01não,
00:57:01não,
00:57:02não,
00:57:02não,
00:57:02não,
00:57:02como é que você vai falar
00:57:03de política monetária
00:57:04sem levar em consideração
00:57:06o fato de que
00:57:07a perspectiva de déficit público
00:57:10triplicou.
00:57:12Me explica,
00:57:13como é que você fala?
00:57:14Não,
00:57:14eu estava aqui trabalhando
00:57:15com meio,
00:57:16mas na verdade
00:57:17vai ser 1,5%
00:57:19e eu não vou falar
00:57:20nada a respeito.
00:57:22Não dá, né?
00:57:24Não dá também.
00:57:24Nenhum gestor minimamente
00:57:26responsável,
00:57:28está um docentral,
00:57:28piorou o fiscal,
00:57:30eu vou levar isso em conta.
00:57:31piorou o fiscal,
00:57:33eu coloco isso
00:57:34nas minhas contas,
00:57:35o que vai acontecer
00:57:36é que a trajetória
00:57:36de inflação ficou esperada,
00:57:38ficou muito pior,
00:57:39a trajetória ficou pior,
00:57:41eu tenho menos espaço
00:57:42para cortar juros.
00:57:44Sim,
00:57:44curto e grosso,
00:57:45vai fazer o quê?
00:57:47Vai fingir que não?
00:57:49O que que precisa
00:57:49para cortar juros
00:57:50esse ano?
00:57:52Vai,
00:57:52se já está lá no modelo
00:57:53cortar lá
00:57:54na sétima,
00:57:55oitava reunião,
00:57:56é possível chegar lá
00:57:58com, sei lá,
00:57:58chegar no fim do ano
00:57:59com 13?
00:58:00Ah, bom,
00:58:02impossível,
00:58:03impossível,
00:58:04vai depender muito
00:58:05da evolução
00:58:06do que vão ser
00:58:07as contas públicas
00:58:08esse ano
00:58:09e os próximos,
00:58:11né?
00:58:12Então,
00:58:13não tem essa história,
00:58:13não,
00:58:13a gente vai
00:58:14borrar aqui
00:58:15um novo arcabouço
00:58:16fiscal,
00:58:17né?
00:58:19Aliás,
00:58:19eu tenho que te perguntar,
00:58:20isso me perguntar,
00:58:21você estudou com o Haddad,
00:58:22certo?
00:58:23Não era você
00:58:23que dava cola
00:58:24para ele,
00:58:24era?
00:58:24Ah,
00:58:25não é com essa história,
00:58:26isso daí foi uma brincadeira
00:58:28que o Fernando fez
00:58:29no INSPER e o pessoal
00:58:30ficou com essa história,
00:58:32não,
00:58:32imagina que em mestrado
00:58:34a gente vai ficar passando
00:58:35cola um para o outro,
00:58:36todo mundo,
00:58:37não era exatamente adulto,
00:58:38a gente tinha uns 24,
00:58:4125 anos,
00:58:42mas é outra,
00:58:44já era outra ideia,
00:58:45outra ideia,
00:58:46não tem essa conversa,
00:58:49mas,
00:58:49corte de juros
00:58:51na questão
00:58:52do arcabouço fiscal,
00:58:54então vamos fazer
00:58:54um arcabouço fiscal
00:58:55e ele vai garantir
00:58:57que a gente vai ter
00:58:58uma trajetória,
00:58:59vai ter uma trajetória
00:59:01de contas públicas
00:59:03que vai ser consistente
00:59:04com uma redução de juros.
00:59:08A gente já tinha
00:59:09um arcabouço fiscal,
00:59:11o teto de gastos,
00:59:12antes do teto de gastos
00:59:13a gente tinha
00:59:13as metas
00:59:15de superávit primário,
00:59:17a gente tinha a lei
00:59:17de responsabilidade fiscal,
00:59:18a gente tinha a regra
00:59:19de ouro,
00:59:20a gente tinha uma série
00:59:21de leis,
00:59:22diplomas legais
00:59:24que diziam,
00:59:26não pode gastar.
00:59:27Toda vez que isso
00:59:29entrou em conflito
00:59:29com a necessidade
00:59:30do governo gastar,
00:59:31o governo gastou
00:59:31e mudou o diploma.
00:59:32Então,
00:59:34não adianta vir
00:59:35com um novo
00:59:35arcabouço fiscal,
00:59:37acabou,
00:59:37esse truque
00:59:39se esgotou.
00:59:40Se alguém acreditar
00:59:41no arcabouço fiscal,
00:59:43parabéns,
00:59:44eu tenho aqui
00:59:45um carro
00:59:46para vender
00:59:46que eu garanto
00:59:47que só foi usado
00:59:49por uma velhinha
00:59:49que levava
00:59:50seu papagaio
00:59:51para passear
00:59:52em volta da praça
00:59:53e trazer de volta.
00:59:54O carro está zerado,
00:59:55pode comprar
00:59:56o carro de mim,
00:59:57é uma Santa Fé
00:59:59em 2015,
01:00:01mas ela praticamente
01:00:01não tem uso,
01:00:03quem tem a vontade
01:00:04para comprar esse carro.
01:00:06Então,
01:00:06quem quiser acreditar,
01:00:07que acredite.
01:00:08Se você quer mudar
01:00:10a perspectiva
01:00:11de conta pública
01:00:12no Brasil,
01:00:12não vai ser
01:00:13com o novo
01:00:13arcabouço fiscal,
01:00:15vai ser
01:00:15mostrando
01:00:16a que veio,
01:00:17mostrando a que veio,
01:00:18quer dizer,
01:00:18está aqui
01:00:19a minha reforma
01:00:20administrativa,
01:00:21estou mandando
01:00:22essa reforma,
01:00:23estou aprovando
01:00:23essa reforma,
01:00:24no Congresso
01:00:25ela me traz
01:00:26uma economia
01:00:27esperada
01:00:28na trajetória
01:00:29de gasto
01:00:30com o pessoal
01:00:31de tantos pontos
01:00:31percentuais
01:00:32do PIB.
01:00:33Está aqui
01:00:33a minha outra proposta
01:00:34de mudança
01:00:36de política fiscal
01:00:37que desvincula
01:00:38o orçamento,
01:00:39desindexa,
01:00:40etc, etc,
01:00:41isso vai ter
01:00:42um impacto
01:00:42de tantos pontos
01:00:43percentuais
01:00:43do PIB
01:00:44ao longo
01:00:44dos próximos anos.
01:00:47A proposta,
01:00:48aqui,
01:00:48esse Auxílio Brasil
01:00:50da forma
01:00:50como ele existe
01:00:53hoje,
01:00:54ele não é
01:00:54o melhor possível,
01:00:56ele estimula,
01:00:58por exemplo,
01:00:59famílias
01:00:59a se apresentarem
01:01:01como separadas
01:01:01porque você dobra
01:01:02o valor
01:01:03do benefício,
01:01:04mas eu vou
01:01:05consertar isso,
01:01:06vou colocar aqui
01:01:07em linha
01:01:07com o que era
01:01:08a Bolsa Família,
01:01:09mas um valor
01:01:09mais vitaminado,
01:01:13só que eu vou
01:01:13voltar para os
01:01:14critérios
01:01:15que eu tinha
01:01:15no Bolsa Família
01:01:16que eram
01:01:16critérios melhores
01:01:17e isso vai
01:01:18me trazer
01:01:18uma economia
01:01:19de tantos bilhões
01:01:20ao longo
01:01:21dos próximos anos.
01:01:22Então,
01:01:22se você for lá
01:01:23e mostrar
01:01:23a que veio,
01:01:26aí é uma história.
01:01:27Agora,
01:01:27você falava,
01:01:28não,
01:01:28porque eu tenho
01:01:28um novo arcabouço
01:01:30que vai garantir
01:01:32que eu não vou
01:01:32gastar mais,
01:01:34ninguém vai acreditar
01:01:35nisso
01:01:35e ninguém deve
01:01:37acreditar nisso
01:01:38porque é o nosso
01:01:39histórico
01:01:39o pior possível.
01:01:41Então,
01:01:41assim,
01:01:41não adianta falar,
01:01:42não,
01:01:42aqui eu estou fazendo
01:01:43uma promessa
01:01:44que eu não vou
01:01:45atacar a geladeira.
01:01:47Não,
01:01:47não,
01:01:48o que a gente não quer,
01:01:48não quer mais ver você
01:01:49fazendo promessa
01:01:50de não atacar a geladeira.
01:01:52A gente quer ver
01:01:52as suas refeições
01:01:53e a gente quer ver
01:01:55o teu exercício
01:01:56ali todo dia
01:01:57e a gente vai ficar
01:01:58de olho
01:01:59na tua balança.
01:02:00Se você
01:02:00fizer isso,
01:02:02a gente acredita
01:02:02em você.
01:02:03Promessa
01:02:04essa altura,
01:02:04amigão,
01:02:05não vale nada.
01:02:06Você acha
01:02:07que o Lula,
01:02:09eu vi alguma,
01:02:10acho que foi
01:02:10uma fala,
01:02:11uma entrevista sua,
01:02:12alguma coisa,
01:02:13você falando
01:02:13que o Lula
01:02:14é
01:02:15bique de humor,
01:02:18né,
01:02:19está
01:02:20indo
01:02:21para um lado
01:02:22de política econômica
01:02:24mais parecido
01:02:24com a Dilma
01:02:25do que o que foi ali
01:02:26o primeiro,
01:02:27o Lula 1
01:02:28ou até o Lula 2,
01:02:29né?
01:02:30Mas no Lula 2
01:02:31você tinha
01:02:32o Mantega ministro,
01:02:33mas o Lula
01:02:34meio que controlava
01:02:35aquilo, né?
01:02:36Quando juntou
01:02:37o Mantega
01:02:37com a Dilma,
01:02:39aí sim,
01:02:40aí os dois pensavam
01:02:41para o mesmo lado,
01:02:42aí virou
01:02:42uma máquina
01:02:44sem freio.
01:02:46Na verdade,
01:02:47assim,
01:02:47o Lula 2
01:02:48já é bem diferente.
01:02:49Não,
01:02:49obviamente não foi
01:02:51o trem sem freio
01:02:53que foi
01:02:53de 1 a 1,
01:02:55né?
01:02:56Mas a coisa
01:02:57já estava
01:02:57meio
01:02:58já estava
01:02:59meio
01:02:59destrambelhada.
01:02:59O que estava
01:03:00segurando ao longo
01:03:01de alguma parte
01:03:01desse período
01:03:02é que a arrecadação
01:03:03estava indo super forte.
01:03:05Se for olhar
01:03:05a evolução do gasto,
01:03:07ela já estava
01:03:07indo por esse caminho.
01:03:08Como estava a arrecadação,
01:03:10você olha lá
01:03:10para o resultado primário
01:03:12pode vir tanto do gasto
01:03:14quanto da arrecadação.
01:03:15A arrecadação estava indo,
01:03:16você estava aumentando
01:03:17o gasto
01:03:18sem muita
01:03:19preocupação
01:03:20do que poderia acontecer
01:03:21quando aquela conjuntura
01:03:24favorável
01:03:25à arrecadação
01:03:25mudasse.
01:03:26Mudou aquela conjuntura,
01:03:28te pegou,
01:03:28obviamente,
01:03:29no contrapé
01:03:30porque você estava
01:03:30fazendo gasto
01:03:31permanente
01:03:32em cima de receita
01:03:33cíclica.
01:03:33Isso é receita
01:03:34para dar errado.
01:03:36Então,
01:03:36isso já estava lá.
01:03:37Mas,
01:03:37certamente,
01:03:38a gente olha
01:03:39a postura
01:03:40do governo
01:03:40de Lula 3
01:03:42é mais semelhante
01:03:43para não dizer
01:03:44igualzinha
01:03:45ao Dilma Lula.
01:03:47Então,
01:03:47a diferença é que
01:03:48ele quer fazer
01:03:50o que a Dilma fez
01:03:51com o Pombini,
01:03:52mas não consegue.
01:03:53Essa é a diferença.
01:03:55Porque a Dilma,
01:03:55de fato,
01:03:57mandava
01:03:57o Pombini.
01:03:59Vamos lembrar.
01:04:00Vamos lembrar
01:04:00dessa história.
01:04:01Em 2011,
01:04:03a gente já estava
01:04:03com o processo
01:04:04inflacionário
01:04:05complicado.
01:04:07A economia
01:04:07tinha tomado
01:04:08um choque
01:04:08em 2009,
01:04:09recuperou bem.
01:04:10Em 2010,
01:04:12cresceu super bem.
01:04:13Obviamente,
01:04:13a base
01:04:14de comparação
01:04:15ajudava,
01:04:16mas o fato
01:04:17é que a economia
01:04:17já tinha
01:04:18recuperado,
01:04:19já estava
01:04:19todos os sinais
01:04:21de sobreaquecimento
01:04:22econômico.
01:04:22Estavam lá,
01:04:23o Banco Central
01:04:23já no fim
01:04:26com o Henrique,
01:04:26depois no começo
01:04:27do Pombini,
01:04:28começou a pisar
01:04:29no freio,
01:04:30chega em meados
01:04:31do ano
01:04:31que a gente vê
01:04:32um cavalo de pau
01:04:33de política monetária.
01:04:34Até hoje,
01:04:36não explicado,
01:04:36pelo menos não
01:04:37explicado explicitamente.
01:04:39Depois eu conto
01:04:40como é que ele foi
01:04:41explicado explicitamente,
01:04:42mas não é
01:04:43uma informação
01:04:45assim tão conhecida.
01:04:46Não é segredo nenhum,
01:04:47mas não é informação
01:04:48conhecida.
01:04:48mas chegou
01:04:49em meados
01:04:50do ano,
01:04:51o Banco Central
01:04:53mudou,
01:04:55ele vinha subindo
01:04:56taxa de juros
01:04:56e passou a cortar
01:04:57a taxa de juros.
01:04:59Ele passou a cortar
01:05:00a taxa de juros
01:05:00agressivamente
01:05:01e a justificativa
01:05:03que ele deu
01:05:04à época
01:05:04foi
01:05:06que
01:05:07ele tinha
01:05:09receio
01:05:09do que iria acontecer
01:05:10na crise europeia.
01:05:13Crise europeia,
01:05:13ele foi lá
01:05:14uma reunião,
01:05:14ele falou,
01:05:15nós estimamos,
01:05:18Deus sabe
01:05:19da onde,
01:05:19como eu sempre digo,
01:05:20era o uso do estimador
01:05:22UNS,
01:05:22o estimador UNS
01:05:23vai dar uns,
01:05:24uns alguma coisa.
01:05:26Então,
01:05:26ele,
01:05:27estimamos que
01:05:28essa crise europeia
01:05:30tem um impacto
01:05:31sobre o produto
01:05:32que seja metade
01:05:33do que foi
01:05:33a grande crise financeira,
01:05:35né,
01:05:36isso vai trazer
01:05:37a inflação
01:05:37para baixo.
01:05:38E como é
01:05:38que eu sei isso?
01:05:39Aí,
01:05:40sacaram
01:05:41um modelo
01:05:41era um modelo
01:05:45que estava ali
01:05:45em desenvolvimento
01:05:46no Banco Central,
01:05:47nunca tinha sido usado,
01:05:49nunca foi usado
01:05:50depois disso,
01:05:51foi usado exatamente
01:05:52aí,
01:05:52e aqui,
01:05:53o meu modelo
01:05:53samba
01:05:54diz que a inflação
01:05:55vai cair.
01:05:58Modelo que nunca
01:05:58foi usado antes
01:05:59e nunca foi usado
01:06:01depois,
01:06:02né,
01:06:03então,
01:06:03e aí veio
01:06:05com essa história.
01:06:06Então,
01:06:06é muito claro
01:06:07que a época
01:06:08a Dilma mandava
01:06:09no Pombini
01:06:10e eles seguiram
01:06:11baixando o juro,
01:06:12né,
01:06:13e ele falou,
01:06:13bom,
01:06:13a inflação
01:06:14vai explodir
01:06:15na cara do governo.
01:06:16E ela começou a explodir.
01:06:18Aí,
01:06:18o que eles fizeram
01:06:18para segurar onda?
01:06:19Eu já mencionei.
01:06:20Não,
01:06:21a inflação está muito alta,
01:06:22então segura
01:06:22reajuste de
01:06:23preço de combustível.
01:06:25E a Petrobras
01:06:26importando
01:06:26combustível
01:06:28num preço
01:06:28e vendendo mais barato
01:06:29aqui,
01:06:30perdendo dinheiro
01:06:31que nem gente grande.
01:06:32Aí,
01:06:33faz aquela
01:06:33mega intervenção
01:06:34no setor elétrico
01:06:36para derrubar
01:06:37as tarifas
01:06:38de energia elétrica.
01:06:41A inflação
01:06:41de empresas
01:06:42administradas
01:06:42foi negativa.
01:06:44A inflação cheia
01:06:45estava rodando
01:06:45ali perto de 6%,
01:06:47não estourava a meta.
01:06:48A gente olhava
01:06:48para a inflação
01:06:49subjacente,
01:06:50estava 7%,
01:06:518%,
01:06:52olhava para a inflação
01:06:53de serviços,
01:06:53estava 9%.
01:06:54Tudo indicava
01:06:55uma economia
01:06:55sobreaquecida.
01:06:57No entanto,
01:06:58não se fez nada
01:06:58do ponto de vista
01:06:59política monetária
01:07:00até depois,
01:07:02um dia,
01:07:03um dia não,
01:07:04estou sendo injusto,
01:07:05foi no domingo,
01:07:06então,
01:07:07a segunda,
01:07:08terça e quarta.
01:07:08Foram três dias
01:07:09depois do segundo
01:07:11turno da eleição
01:07:12que o Banco Central
01:07:13finalmente se mexer.
01:07:15Então,
01:07:15a diferença
01:07:17do governo Lula 3
01:07:19e Dilma 1
01:07:20basicamente
01:07:21é que você tem
01:07:22um Banco Central
01:07:22que não está
01:07:24corroborando
01:07:25a folia
01:07:25que está acontecendo.
01:07:27Aí,
01:07:27eu entendo
01:07:27o porquê
01:07:28do ressentimento
01:07:30contra o Roberto Campos.
01:07:33Está aí, pessoal,
01:07:34conversa
01:07:34extremamente
01:07:35agradável
01:07:36e
01:07:38elucidativa
01:07:40com o Alexandre
01:07:41Schwarzman,
01:07:43uma das cabeças
01:07:44brilhantes
01:07:46da economia brasileira
01:07:47e economista
01:07:48e ex-diretor
01:07:48do Banco Central,
01:07:50desvendando
01:07:50algumas
01:07:51das questões
01:07:53que a gente,
01:07:53às vezes,
01:07:53fica batendo boca
01:07:55sem saber exatamente
01:07:56como é que funciona.
01:07:58Espero ter ajudado vocês
01:08:00nesse carnaval
01:08:00e vou ficando por aqui.
01:08:03A gente volta amanhã
01:08:04com mais uma edição
01:08:05gravada
01:08:05do Morning Call
01:08:07Antagonista
01:08:07às 9h40.
01:08:09Salve,
01:08:10Sucupira!
01:08:10e aí
01:08:23Legenda Adriana Zanotto
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