- anteontem
“O ‘dedo podre’ também é uma acomodação nossa de sempre jogar a culpa em cima dos homens. E isso nos infantiliza como pessoas que não têm condição de tomar uma decisão melhor”, afirma Iza Bravíssima, advogada e mestra em educação na área de gênero e masculinidade.
O “Não É Invenção” é um podcast do Estado de Minas e Portal Uai para quem busca um ombro pra chorar ou tentar entender aquela situação que você não para de pensar e até te faz sentir culpa.
As jornalistas Larissa Kümpel, Layane Costa e Mannu Meg estão dispostas a te ouvir e te convencer que você não está sozinha. Afinal, nenhuma experiência é individual.
Acesse nossa playlist no YouTube
Leia as reportagens de cada episódio
https://www.em.com.br/saude
O “Não É Invenção” é um podcast do Estado de Minas e Portal Uai para quem busca um ombro pra chorar ou tentar entender aquela situação que você não para de pensar e até te faz sentir culpa.
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NotíciasTranscrição
00:00:00Quando o conheci, ele ainda estava com outra, mas me convenceu de que o relacionamento dele já não existia.
00:00:06Achei que comigo seria diferente, que eu seria exceção.
00:00:09Ignorei os sinais, as mentirinhas, as desculpas esfarrapadas.
00:00:13Quando ele finalmente ficou só comigo, pensei que os problemas tinham acabado, mas a insegurança sempre esteve lá.
00:00:20Ele agia da mesma forma, sumia, evitava perguntas, me fazia sentir louca por desconfiar.
00:00:25Até que descobri a verdade, ele me traia, exatamente como havia traído a outra.
00:00:30A pior parte não foi o fim, foi perceber que eu caí no mesmo conto, que me tornei só mais uma na história dele.
00:00:37E o pior, eu sabia, desde o início, como essa história terminaria.
00:00:48E começa mais um Não é Invenção, um podcast que não vai te largar a mão.
00:00:54E hoje o tema é Dedo Podre.
00:00:57Eu sei, você já pensou em alguém?
00:01:00E eu sou a Larissa Kimpel.
00:01:02Eu sou a Laiane Costa.
00:01:03E eu sou a Manu Melli.
00:01:04E hoje temos como convidada Isa Bravíssima.
00:01:08Advogada e mestre em educação na área de gênero e masculinidade pela UFMG.
00:01:13Bem-vinda, Isa.
00:01:15Obrigada, obrigada, gente.
00:01:16Satisfação.
00:01:17Obrigada pela presença.
00:01:18Foi muito legal, você está aceitado.
00:01:20Foi, mora.
00:01:21E eu também, estou super feliz.
00:01:23Empolgadíssima, assim.
00:01:25Vamos lá.
00:01:26Ver o que é que essa bravíssima tem a falar do Dedo Podre da nossa amiga.
00:01:30Gente, mas eu gosto muito da Isa, porque ela é especialista em homens.
00:01:35Então, assim, a gente vai poder, sim, saber todas as coisas ali que acontecem no mundo deles,
00:01:42porque ela estudou de ver a eles, assim.
00:01:45Como o Gardi fala, né?
00:01:47Está ali, está ali.
00:01:48E é legal você sair desse lugar de objeto a ser observado e começar a observar quem que está ali,
00:01:55te dando nomes, falando, isso é mulher, mulher faz isso, mulher é aquilo, é assim que tem que ser relacionamento, casamento.
00:02:01Aí você pensa, não, espera aí, a especialidade é o que fazem, o que comem, como se reproduzem.
00:02:06E você inverter essa lógica e pensar o mundo a partir do feminismo e observar quem provoca todas essas dores aí na gente,
00:02:14que é o machismo, né?
00:02:15Observar os homens como principais motores dessa máquina de destruir pessoas, né?
00:02:20Nem só mulheres, né?
00:02:21É, legal.
00:02:22Isa, eu queria que você contasse um pouquinho, assim, sobre a sua especialidade,
00:02:26sobre o seu nome também, que a gente achou super interessante.
00:02:30Conta pra gente, assim, um resumo de você.
00:02:32Olha, eu, eu, a minha especialidade vem mesmo do meu mestrado, né?
00:02:41Que é uma pesquisa, assim, sobre homens e masculinidades no contexto da criminalidade.
00:02:46Então, eu pesquiso homens, conversando com homens e o envolvimento desse movimento de guerra e disputa de homens e homens.
00:02:52Então, eu não estudo gênero e masculinidades para entender a violência contra as mulheres.
00:02:56Não, eu entendo como um sistema complexo de homens mesmo, que não tem como só excluir as mulheres.
00:03:02É um sistema de violência, de morte, assim.
00:03:07Minha última, no meu último texto, né?
00:03:10Eu constato que o nome é Política de Masculinidade e o Monopólio da Violência.
00:03:15Então, eu argumento que é essencial que a violência esteja à disposição para que qualquer homem acesse em qualquer momento
00:03:22para poder afirmar sua masculinidade.
00:03:24Então, você não questiona um homem violento.
00:03:26Você não questiona a masculinidade de um homem violento.
00:03:28Então, ela não vai sair.
00:03:30Enquanto a segurança pública ou essa proteção, suposta proteção das mulheres, estiver a cargo dos homens,
00:03:36saiba que não existe proteção, porque não é sobre isso, né?
00:03:39E aí, são políticas que são comuns a qualquer lado da política.
00:03:43Não é... a gente não vai achar apenas um lado que está fazendo uma política de segurança pública
00:03:49que perpetua as mesmas violências.
00:03:52É de qualquer lado político, a violência é um motor.
00:03:56Então, vem disso.
00:03:57E o especialista em homens, assim, é a questão de objetificar os homens mesmo,
00:04:02assim como eles fazem conosco cotidianamente.
00:04:05Então, eu falo assim, não, você é o objeto aqui agora.
00:04:07Eu sou especialista em você.
00:04:09Ah, mas uma mulher especialista em homens?
00:04:11Pois eu tenho um homem ginecologista, eu tenho um psicólogo voltado para atendimento de mulheres
00:04:15em situação de violência, eu tenho cirurgião plástico ganhando dinheiros em cima do corpo da estética das mulheres,
00:04:22nós temos, assim, donos de sites de pornografia ganhando dinheiro em cima do corpo das mulheres.
00:04:26Então, os homens são uma especialidade, tá?
00:04:29Então, eu faço essa inversão que é do cômico e do...
00:04:34Eu gosto de provocar, né?
00:04:35Eu gosto de irritar, eu gosto de irritar.
00:04:38E o Bravíssima, ele vem do meu projeto com os meninos que cumprem medidas socioeducativas,
00:04:44que são os meninos privados de liberdade.
00:04:47Quando um adolescente comete um crime, não chama crime, chama ato infracional,
00:04:51e ele não vai para a cadeia, ele vai para uma unidade socioeducativa.
00:04:55Então, eu desenvolvia, ainda desenvolvo, é porque ano passado eu estava na Bahia,
00:04:58eu ainda estou retomando essa atuação em Belo Horizonte.
00:05:01Então, eu desenvolvia um trabalho, uma discussão sobre homens e masculinidades com esses meninos,
00:05:07e os meninos vão movimentando o meu feminismo completamente.
00:05:10E o assunto bravo, isso é brava, professora, bravíssima.
00:05:14A minha dissertação chama Bravíssimo, Abandono as Ideias e Chuto o Balde.
00:05:18Olhares feministas sobre homens e masculinidades.
00:05:20Então, virou meu vulgo.
00:05:21Então, os meninos já me identificavam com uma pessoa que vai falar coisas brava, bravíssima.
00:05:26E aí, opa, aí que eu levo tudo.
00:05:28Eu levo o meu vulgo, levo o que tem de mais importante para mim atualmente,
00:05:32que é crianças e adolescentes, principalmente os menores em situação de vulnerabilidade.
00:05:38E aí, ficou, virou essa persona, que na verdade não é uma persona,
00:05:41essa sou muito eu, sendo eu todo dia, inclusive na internet.
00:05:46E aí, eu sou brava mesmo.
00:05:47Além disso, eu sou brava mesmo.
00:05:49O tema de hoje, igual a gente falou, é dedo podre.
00:05:55Vimos esse caso que a Lai contou, né?
00:05:57Que é um caso, assim, que muita gente já passou.
00:06:01Que é aquela coisa de você saber quem é o cara.
00:06:04E mesmo assim, você insiste naquela relação.
00:06:09E aí, você vai e toma também, igual, né?
00:06:13Igual já esperava.
00:06:15Que ia acontecer e depois você sofre, tal, tal, tal.
00:06:21Eu estava conversando muito isso ultimamente com umas amigas, assim,
00:06:25para a gente entender também qual que é o nosso papel nessa relação.
00:06:31Porque a gente se sente vítima, obviamente, de uma relação, de um cara que foi mal caráter com você.
00:06:39Porque você também acreditou que ele seria melhor, porque ele também prometeu que melhoraria.
00:06:50Como que isso, assim, se dá, assim, sem que a gente se revitimize a mulher, né?
00:06:59Como que a gente, assim, lida com isso internamente também,
00:07:04para entender a cabeça dos homens, como que a gente resolve essa questão?
00:07:08Com os adolescentes, eu aprendi muita coisa.
00:07:13Eles me apresentaram às mulheres de formas problemáticas ali.
00:07:17Só que depois eu percebi que é eles que estavam presos.
00:07:20Então, essa ordem de opressão é meio confusa.
00:07:23Não é qualquer homem, em qualquer lugar, em qualquer contexto.
00:07:27E eu acho que a gente está pecando.
00:07:30E quando você vai para o lado do Pesquisa de Segurança Pública,
00:07:32você consegue entender que a gente acreditar nisso, de vulnerabilidade, de...
00:07:37É um projeto também, né?
00:07:39Assim, principalmente quando você vê que meninos, na base da sociedade,
00:07:42são mais vulneráveis que meninas.
00:07:44Crimes sexuais são crimes particulares de meninas.
00:07:48Mas 99% das pessoas assassinadas pela polícia são homens.
00:07:52Então, nós temos um projeto de genocídio acontecendo, de homens específicos.
00:07:58Então, a nossa linguagem está muito generalista, perto de um quadro desse, né?
00:08:01Então, os meninos foram me deslocando demais, sabe?
00:08:05E aí, quando eu escuto a fala dessa pessoa que te mandou essa história,
00:08:11ela achou que com ela seria diferente.
00:08:14E aí, eu podia acabar aqui.
00:08:15Se ela acha que ela é especial, eu, assim, não tenho mais o que acrescentar.
00:08:19Eu não acho que eu sou especial.
00:08:20Eu sou inteligente.
00:08:22Eu trabalho com dados, informações.
00:08:26Eu não negligencio a minha experiência.
00:08:29Eu não negligencio as coisas que eu observo.
00:08:31Principalmente considerando que eu já estou quase quase 40 anos.
00:08:34Eu não sou mais uma menina de 16 para poder...
00:08:37Ah, eu achei que seria diferente.
00:08:39Então, esse dedo podre também é uma acomodação nossa.
00:08:43De jogar em cima dos homens sempre.
00:08:46E isso nos infantiliza.
00:08:47Porque, como pessoas que não têm condição de chegar e tomar uma decisão melhor,
00:08:52o cara te mostra tudo, amiga.
00:08:55Você quer...
00:08:55Às vezes, a sua amiga te fala, todo mundo te fala.
00:08:57Mas o seu projeto de família, de ter um homem, é tão consolidado que fica difícil lidar com você.
00:09:03Então, eu realmente convido as mulheres a acreditar na própria inteligência.
00:09:07Isso porque eu respeito elas.
00:09:08Então, eu respeito tanto que, inclusive, estar nesse papel é uma escolha.
00:09:12Se ela não acessa, é diferente.
00:09:14Completamente diferente.
00:09:15Pois é.
00:09:15É isso que eu fico pensando.
00:09:16Porque eu sempre fui com a ideia de que, não, a mulher está nesse papel de vítima.
00:09:24Porque, na verdade, a sociedade pressionou ela desde a infância.
00:09:28Que ela vivesse aquele conto de fadas.
00:09:32Que tivesse uma relação.
00:09:34Que o casamento seria o Felizes para sempre.
00:09:37Aquela toda...
00:09:39Mas é uma questão que, tipo assim, está num local de infância.
00:09:44E a gente, como mulher, e como temos acesso a todas as informações, a gente tem que amadurecer.
00:09:51Claro, é claro.
00:09:53A maioria, a maior parte da história do Brasil, a gente falava em escravização de pessoas.
00:10:00Ah, mas era assim mesmo.
00:10:02Então, a gente vai ficar aí para sempre?
00:10:03Sem falar de racismo?
00:10:05Então, é essa sensação que eu tenho.
00:10:07Sabe?
00:10:08Que a gente não pode ficar.
00:10:10Eu sei.
00:10:11O plano que essa mulher aprendeu foi o mesmo.
00:10:12Assim como eu aprendi que eu tinha que querer um cara mais alto.
00:10:15Que tinha um carro legal.
00:10:16Que tinha que ser melhor posicionado socialmente.
00:10:18Que tinha que ser forte, me proteger.
00:10:21De quê?
00:10:21Só de outros homens, né?
00:10:23Porque se eles não me agridam, eu não preciso de proteção.
00:10:25Eu só preciso de armas.
00:10:27Eu não preciso, tá, gente?
00:10:28Eu não preciso de armas.
00:10:29Não importa isso.
00:10:31Só se precisa de proteção porque existe violência.
00:10:35Então, se você tira ela de jogo, você não precisa de proteção.
00:10:37Então, as mulheres, elas estão...
00:10:39E aqui eu falo de mulher que me cerca.
00:10:42Que salvam poucas.
00:10:44Porque você sabe que isso é comum entre nós.
00:10:45A gente ainda está muito nesse lugar, né?
00:10:47A gente está nesse lugar de achar que precisa.
00:10:51E aí, não precisa.
00:10:53E aí, você fica vendo de novo.
00:10:56É porque eu tenho muito orgulho da minha inteligência, gente.
00:10:58Nossa!
00:10:59Eu tenho muito orgulho da minha inteligência.
00:11:01É o que você pode me elogiar.
00:11:02É me falar que eu sou inteligente.
00:11:03Porque eu tenho muito orgulho do que eu aprendi com a minha vida, entendeu?
00:11:07E aprender com as minhas experiências é o básico da minha libertação.
00:11:13E eu sinto que as mulheres não fazem esse movimento.
00:11:14Elas veem as coisas acontecendo...
00:11:16Vou dar um exemplo.
00:11:18Você conhece, possivelmente, mais gente divorciada do que casada.
00:11:22E por que o casamento é um plano?
00:11:23Eu não estou entendendo.
00:11:24Qual está sendo a dificuldade de enxergar?
00:11:27Que esse modelo de família tradicional...
00:11:29Que pai que existe?
00:11:30Em qual família que tem pai?
00:11:32Ah, porque uma família precisa de pai.
00:11:34Até hoje, gente.
00:11:35O pai já foi, já acabou o pai.
00:11:37Não tem pai.
00:11:38Não tem pai.
00:11:38A gente deveria ter.
00:11:40Deveria ter.
00:11:41Eu não estou falando, nossa, libertem os homens da paternidade.
00:11:43Não.
00:11:44Mas não tem.
00:11:45E a gente está achando que a raiz dos nossos problemas é que o pai largou lá.
00:11:49Lá no início da colonização.
00:11:52Se a gente for falar, por exemplo, dos homens negros.
00:11:54Eles não eram nem humanos.
00:11:56Eles não eram nem humanos.
00:11:57Esses homens estão tentando assumir a paternidade há pouquíssimo tempo.
00:12:01Então, a periferia praticamente não tem pai.
00:12:03E a gente...
00:12:04Não, a família é pai, mãe.
00:12:05Então, essas coisas vão me mudando.
00:12:08Eu vejo as coisas acontecendo.
00:12:10Quando eu vejo, eu me sinto meio burra.
00:12:13Na verdade, é essa.
00:12:14Eu falo assim, não.
00:12:15Você não vai ficar nesse erro, não.
00:12:16Não vai continuar nisso ainda.
00:12:18Eu falo assim, não vou colaborar com essa loucura, Isabela.
00:12:20Você já está vendo isso.
00:12:21Uma, duas, três, quatro.
00:12:23Vai de novo.
00:12:24Essa pessoa que contou essa história já viu acontecendo antes, sabe?
00:12:30Ela podia apostar.
00:12:31Eu acredito muito nas pessoas.
00:12:32E na capacidade das pessoas de mudar.
00:12:34Mas ele deu outros sinais.
00:12:38E uma coisa que eu tenho certeza é que homem não é bom para enganar ninguém.
00:12:41Não é bom.
00:12:43Como especialista que eu sou, não são bons para poder enganar.
00:12:47A gente é que negligencia o que a gente está vendo em nome de um projeto de família.
00:12:51Porque o nosso propósito não é ser feliz.
00:12:54Nosso propósito é ter uma família nesses modelos.
00:12:58Ainda que essa família seja sua ruína.
00:13:01Porque o que eu vejo mais é as mulheres inseridas na família cansadas.
00:13:06Infelizes.
00:13:07Largando coisas básicas da vida para poder manter um propósito que é só dela.
00:13:13O filho não liga para o tanto de coisa que ela liga.
00:13:15O marido não liga.
00:13:16Só ela que liga.
00:13:17E aí ela bate no peito que resolve o que faz, o que acontece.
00:13:20Então eu puxo as mulheres na responsabilidade.
00:13:23Entendeu?
00:13:23Não é de tirar os homens da responsabilidade por causa deles.
00:13:26É outra responsabilidade.
00:13:27É outra socialização.
00:13:29Mas o tema é dedo podre.
00:13:31Sim.
00:13:31Então, e possivelmente quem vai nos ouvir?
00:13:33Mulheres.
00:13:34Mulheres.
00:13:34Porque homens não estão nesse assunto.
00:13:36Eles não querem saber disso aqui.
00:13:37Mas eu acho que é um pouco...
00:13:39É uma linha tênue também.
00:13:41E um pouco complicado.
00:13:42Porque é como você falou.
00:13:43Assim, quando a gente olha a situação de fora, é sempre muito fácil de você falar
00:13:48Cara, você tá maluca?
00:13:51Nada a ver.
00:13:52Ele não presta.
00:13:55E é muito fácil.
00:13:55Só que como a gente ainda tem essa cultura e esse desejo, talvez, a gente se engana.
00:14:02É isso, basicamente.
00:14:03De que, não, calma.
00:14:05Eu...
00:14:06Talvez ela nem acredite que ela é tão especial assim.
00:14:09Mas ela se convence daquilo pra que elas...
00:14:13Ter argumentos de que ele é uma boa pessoa, mas tá ali na cara que não.
00:14:19Mas ela vai criar todo um cenário só pra ter...
00:14:23Pra não se contradizer.
00:14:25Pra não ir contra o propósito, contra o objetivo dela.
00:14:29E isso é muita maluquice.
00:14:30Porque N vezes a gente se encontra nesse lugar também.
00:14:34Tem uma coisa...
00:14:35Desculpa, amiga.
00:14:36Não, imagina.
00:14:37Não, não ia...
00:14:37Tem uma coisa que eu e a Manu até já conversamos sobre que é...
00:14:41Muitas vezes a gente procura justificativas pra pessoas que nem estão se justificando.
00:14:46As vezes a pessoa tá ali cometendo vários erros com você, tá dando vacilos e isso e aquilo.
00:14:51E você pensa...
00:14:52Ah, mas ele já passou por aquilo.
00:14:54Ah, mas a criação foi tão difícil.
00:14:56Ah, mas não sei.
00:14:57E aí você pensa nessa esperança, né?
00:15:00De a pessoa mudar, de as coisas serem diferentes com você.
00:15:03Você tenta justificar pra você mesma.
00:15:05Você tenta justificar pros outros.
00:15:07Se te questionam, né?
00:15:08Sendo que às vezes a própria pessoa não tá nem se preocupando em justificar.
00:15:12Ela só tá vivendo a vida dela e fazendo o que ela acha que deve, o que ela quer e tudo mais.
00:15:17Enquanto isso, você vai se afundando pra tentar levantar aquela pessoa, né?
00:15:21Pra tentar fazer com que ela não seja vista como alguém tão ruim ou como alguém que te faz sofrer e tudo mais.
00:15:29Tipo, você se mostra conivente com aquelas ações, querendo ou não, e você escolhe continuar.
00:15:36Nesse caso, é que você falou...
00:15:37O que eu posso fazer?
00:15:38É, continua.
00:15:39Termo de responsabilidade.
00:15:41Você tá vendo, amiga.
00:15:43A mulher é a vítima, testemunha, a advogada do réu e a juíza.
00:15:51Ela define tudo.
00:15:52Ela quer fazer uma pergunta e ela mesma responder.
00:15:56Tipo, ó, eu acho que...
00:15:57Não, pera aí, a resposta é essa.
00:16:00É um tudo, né?
00:16:01É, exatamente.
00:16:02As mulheres elaboram várias versões das coisas pra poder estar onde ela tá.
00:16:06Essa é a realidade.
00:16:08É uma realidade.
00:16:08Como uma mulher adulta que sou...
00:16:10Eu gosto mais que eu sou adulta, não sou adolescente.
00:16:11Que não tá mais na hora disso, sabe?
00:16:14Assim, eu acho que nisso a gente não se posiciona com igualdade.
00:16:18E é que eu não tô falando que eu não sou vítima e que eu administro isso na minha vida pessoal com facilidade.
00:16:24Que eu não tenho meus desafios.
00:16:25É lógico que eu tenho, né?
00:16:27Mas, assim, eu tiro um por dia.
00:16:31Entendeu?
00:16:32E tem mulher, assim, que tá do meu lado.
00:16:33Eu acessei tanta coisa ao longo da minha vida.
00:16:36Eu sei que acessou e ela tá no mesmo projeto.
00:16:39Aí, o que eu faço com a pessoa?
00:16:40Ah, sororidade.
00:16:41Não, não tenho sororidade com qualquer mulher.
00:16:44Sabe por quê?
00:16:45Porque tem um tanto de adolescente morrendo.
00:16:47Não tenho sororidade com mulher adulta que acessa.
00:16:49Não tenho.
00:16:50Tem mulher que não...
00:16:51Ah, eu vou divorciar, trabalho, tem isso.
00:16:53Ah, vai diminuir meu patamar de vida.
00:16:55Vai, sinto muito.
00:16:56Então, fica aí.
00:16:57O que eu vou fazer?
00:16:57Você tem condição.
00:16:58Não quer, amiga?
00:16:59Porque você quer continuar nas rodas chiques.
00:17:01Eu vou me solidarizar com você?
00:17:04Eu tenho que correr atrás das minhas coisas.
00:17:06Tem o tanto de mãe aí, por exemplo, os mães dos adolescentes que eu trabalho aí,
00:17:10que estão, assim, precisando sobreviver.
00:17:13E eu ser preocupada aí com diminuir o patrão de vida e querer ficar com o cara que não
00:17:18satisfaz em absolutamente nada.
00:17:19Apenas na ideia de ter um homem.
00:17:23O cristianismo também trouxe uma ideia de que existe bem e mal, né?
00:17:29Então, é o príncipe...
00:17:30Aí você chegou na raiz das coisas.
00:17:31O vilão.
00:17:32É.
00:17:32É o bem e mal.
00:17:33Certo e errado.
00:17:34Certo e inferno.
00:17:35É.
00:17:35E aí, tipo assim, a gente sempre coloca...
00:17:38A gente se coloca naquele lugar do...
00:17:42Ai, meu Deus, eu sou a santa.
00:17:44Eu sou a alecrim dourado.
00:17:46É o alecrim.
00:17:47É o alecrim.
00:17:48A alecrim é o alecrim.
00:17:49Ah, amiga, você é especial.
00:17:51É.
00:17:52E é isso.
00:17:52A gente é muito complexa.
00:17:54Assim como eles são, né?
00:17:56Também muito complexos, mas assim, né?
00:17:58Eles acessam os lugares e tal.
00:18:01A gente também é complexo.
00:18:02E a gente tem que dar a si a oportunidade de ser complexa.
00:18:06De falar que, tipo, não, agora eu não tô sendo muito legal.
00:18:10Admite também que você é ruim.
00:18:12É.
00:18:12É bom também ser ruim às vezes.
00:18:14É bom.
00:18:15Nossa, quem deram essas mulheres fossem péssimas.
00:18:18Nossa, queria que elas fossem péssimas.
00:18:20Ser ruim é muito melhor do que você foi.
00:18:22É muito mais fácil.
00:18:23Gansei de mulher.
00:18:25Nossa, mulher boazinha já.
00:18:26Nossa, não tem nem muita paciência pra lidar.
00:18:28Porque...
00:18:29Ai, eu fui...
00:18:30Me encorda.
00:18:31Uma vergonha.
00:18:33Mas eu acho que a Isa até comentou isso, né?
00:18:36Em um certo momento, né?
00:18:38Da vivência dela com os jovens lá.
00:18:40Que são realidades diferentes.
00:18:43Toda realidade, ela influencia no cenário daquela pessoa.
00:18:47Então, assim, eu tenho um cenário de família.
00:18:50Infelizmente, meus pais são casados.
00:18:52Eu fui criada.
00:18:53Meus avós também são casados.
00:18:55Até o fim.
00:18:56Então, assim...
00:18:57A minha concepção de família é família, mãe, pai, tudo bonitinho.
00:19:02Só que eu sei.
00:19:03Eu tenho consciência de que eu sou privilegiada.
00:19:05Que N pessoas não têm acesso a isso.
00:19:08Que N pessoas não enxergam isso.
00:19:10Não tem o pai presente.
00:19:11E essa questão também da responsabilidade que o homem preto, enquanto pai, enquanto um cara que tem que sustentar, que tem que trabalhar, e que foi criado entendendo que eu tenho que ir pra luta, eu não posso chorar, eu não posso deixar faltar.
00:19:26Assim, já fica muita responsabilidade pra ele entender também o papel de pai, pra ele estar ali presente.
00:19:33Então, são N fatores que influenciam na visão da pessoa.
00:19:37Então, a gente não pode simplesmente falar, ah, este é um padrão.
00:19:40Então, e o contexto, e a realidade daquela pessoa, e o... né?
00:19:46Enfim, acho que a questão é muito ampla.
00:19:48É muito além do que só definir um padrão.
00:19:51É.
00:19:51Eu sempre falo assim que entre o céu e o inferno, existe a vida.
00:19:55E eu não sou cristã.
00:19:57Eu tenho consciência que isso é o que limita a minha liberdade, assim, diariamente, né?
00:20:05Então, assim, coisas, por exemplo, de desejar mal pra alguém que eu acho um saco.
00:20:11Eu não vou fazer nada, mas desejo tranquilamente.
00:20:13Ai, nossa, Deus castiga.
00:20:15Castiga quem quiser.
00:20:16Eu tô nem eu, vou desejar mesmo assim.
00:20:17Então, assim, eu tenho...
00:20:19Eu admiro muito a humanidade.
00:20:22Eu gosto muito da humanidade.
00:20:23Pra mim, os afetos, os amores, assim, se fosse dar uma palavra de deusa, tá aqui, gente.
00:20:28Tá na Terra, tá aqui entre nós.
00:20:30E nisso, assim, eu chego no conceito de família, que é dos povos originários, assim, e também
00:20:36que é a minha ideia de família dentro do feminismo, que é a construção de redes, de afeto,
00:20:41onde aquilo ali, onde aquelas crianças são um problema de todo mundo, e não do pai, da mãe.
00:20:46E nisso eu falo que uma família pode não ter um pai.
00:20:49Pode, mas pode ter dois pais, pode ter três.
00:20:51O ideal é que quem colaborou ali com aquele material genético é que fizesse parte daquilo, assim,
00:20:57a partir do momento que foi consciente isso, ou foi um...
00:21:01Aconteceu, né?
00:21:02Porque a maioria das pessoas aconteceu, né?
00:21:04Eu raramente conheço uma pessoa que fala, ah, não, engravidei programado.
00:21:07São raríssimas as pessoas.
00:21:09Geralmente são lésbicas.
00:21:10É, geralmente são lésbicas.
00:21:14Mas é aconteceu, ou seja, a vida acontece.
00:21:17Mas a gente acha que não, que filho é um projeto, é pra quem?
00:21:22Não é assim que a vida acontece.
00:21:24E o cristianismo, ele limitava muito a minha visão, sabe?
00:21:27Quando eu tirei cristianismo de jogo, a vida começou a acontecer aqui.
00:21:31As pessoas são complexas, os homens também são complexos.
00:21:34E aqui eu quero me explicar, assim, não é explicar, não.
00:21:37Eu quero apresentar uma forma que a gente tem que enxergar os homens.
00:21:41A gente tem que enxergar os homens enquanto um contexto coletivo, que é uma estrutura de gênero.
00:21:46Quando eu falar assim com você, ah, homens, todo mundo sabe o que é.
00:21:50Eu não preciso recortar.
00:21:51Posso?
00:21:52Posso, porque tem vários tipos de homens e masculinidades.
00:21:55Homem não é um, homens são vários, mas todo mundo sabe o que é.
00:21:59Então, é uma política, um contexto, é uma estrutura.
00:22:02Nasceu com piroquinha, é isso que vai ensinar, entendeu?
00:22:06Então, é nesse corpinho de um bebê que não precisava nem falar se é menino, menina,
00:22:13que isso não interessa, né?
00:22:15A gente vai inserir numa estrutura de gênero.
00:22:18Então, isso, eu trato gênero nesse lugar.
00:22:20Os homens individuais são muitos e eles têm os desafios e têm as estruturas e têm as disputas.
00:22:27E aí, a gente entra num contexto que chama masculinidade hegemônica, que eu vou utilizar para poder explicar.
00:22:32Porque, às vezes, o cara não é o príncipe, mesmo assim, a gente quer, né?
00:22:35Porque as masculinidades, o hegemônico é tipo certo, né?
00:22:40E ele é histórico, ele é social, ele é cultural, ele é financeiro.
00:22:42Você depende dos interesses daquela sociedade naquele momento.
00:22:46Então, por exemplo, se você quer que os soldados americanos vão lá para a guerra matar todo mundo,
00:22:51você vai incentivar esse tipo de masculinidade agressiva, vai dar cocaína, vai estimular isso,
00:22:57vai estimular o estupro como uma ferramenta de dominação,
00:23:00porque o estupro é sobre poder, né?
00:23:02Sobre mostrar que eles estupram as mulheres das pessoas conquistadas
00:23:07para provar que aqueles objetos são deles, que agora estão conquistando,
00:23:10e estupram aqueles homens para mostrar que aqueles homens não são homens.
00:23:14Então, estupro é uma arma de guerra.
00:23:16Então, assim, depende do que aquela sociedade quer.
00:23:19Então, nesse momento, nossa masculinidade hegemônica, ela é branca, ela é cristã,
00:23:24neopentecostal, ela é de direita, ela é descendente direta do imperialismo,
00:23:32ela é voltada para os interesses do capitalismo global.
00:23:35Então, o que chega de informação para a gente sobre o que é ser homem,
00:23:40o que a gente tem que procurar nos homens, o que é que mulheres vão querer agora?
00:23:45O tipo do modelo de homem que a gente está precisando nessa sociedade.
00:23:49Só que os homens subalternizados por essa cultura, né?
00:23:52Que é um modelo de poucos para subalternizar muitos.
00:23:57E os retardados acham que eles estão em alguma vantagem.
00:23:59Porque, se eu olhar para o patriarcado, a maioria dos homens está na merda.
00:24:03Tá?
00:24:03Merda é a palavra?
00:24:07Acho que merda está liberada.
00:24:10Está muito mal.
00:24:11Os índices das políticas públicas que envolvem os homens são muito ruins.
00:24:15A maioria dos homens está muito mal.
00:24:17Só no SUS, a concentração de consultas entre mulheres é 71 vezes maior do que entre os homens.
00:24:23Então, assim, são dados alarmantes de um grupo que, por exemplo, tenta se matar menos que as mulheres,
00:24:29mas consegue mais, porque eles são mais violentos para tentar.
00:24:32Por um grupo que morre por causas externas 3,3 vezes mais do que as mulheres.
00:24:37E as causas externas são assassinato, carro e tombo.
00:24:40O que é isso?
00:24:41Masculinidade purinha.
00:24:43É isso.
00:24:44É masculinidade purinha.
00:24:45Mas quem que dirige mal para a sociedade?
00:24:48A mulher.
00:24:48A mulher.
00:24:49E aí a gente se coloca nesse lugar também de achar que a gente dirige mal, porque...
00:24:54Não.
00:24:55Dirige mal quem está morrendo.
00:24:56Se você fala no João 23, é só acidente de trânsito.
00:24:59Atendimento é acidente de transfacada.
00:25:02É isso.
00:25:03É homem.
00:25:03Homem é um problema de ordem pública.
00:25:06É um problema de ordem pública.
00:25:07De política pública.
00:25:08Eu estou falando sério.
00:25:10Por isso que eu falo isso, que eu chamo atenção para a minha especialidade.
00:25:12Porque homem é um problema de ordem pública.
00:25:14Você não conserta nenhuma estrutura se você não dá um jeito de pegar os homens.
00:25:18Você falou, para.
00:25:19Para de ser macho.
00:25:20Acabou isso.
00:25:21Está cancelado.
00:25:22Não está bom.
00:25:23Nem para você, nem para mim.
00:25:24Vamos cancelar.
00:25:25E aí os homens subalternizados...
00:25:28Não quer dizer que eles aceitam ser subalternizados.
00:25:31Entende?
00:25:32E outra coisa.
00:25:32A primeira marca é se separe das mulheres.
00:25:35Ela é inferior.
00:25:36Pronto.
00:25:36Acabou.
00:25:37Então aí...
00:25:37Homem não quer ser mulher.
00:25:39Isso eu percebi na pesquisa.
00:25:40O que é homem para você?
00:25:42Não é que eles odeiam mulheres.
00:25:43Não é que...
00:25:44Mas a primeira marca para eles...
00:25:46Eles sabem que eles são homens porque ele não é uma mulher.
00:25:49É isso que ele entende.
00:25:51Não, eu sou homem.
00:25:52Ele fica tentando arrumar alguma característica.
00:25:54Mas ele só se separa de mim.
00:25:56Ele não sabe delimitar o que é ser um homem.
00:25:59Sabe?
00:26:00Nem é associado ao pinto, não.
00:26:02É muito subjetivo.
00:26:04Aí vai ter coisas ligadas a caráter, trabalho.
00:26:07Sabe?
00:26:07Tem muitas coisas positivas ligadas aos homens.
00:26:09Mas não é uma mulher.
00:26:10Sim.
00:26:10Então, separado esse lixo humano que é mulher, né?
00:26:13Porque na cabeça deles...
00:26:14Mulher eu não sou.
00:26:15Aí vamos disputar entre nós aqui.
00:26:17E aí ficam homens masculinidades hegemônicas e subalternizados numa disputa.
00:26:22Aí os subalternizados, eles criam novas modalidades de hegemonia em cada contexto.
00:26:27O bandido é uma masculinidade hegemônica hoje em dia.
00:26:30Então, se há algum tempo, na periferia, ele não tinha tanto respeito daquela comunidade,
00:26:35ele já se consolidou como um modelo de hegemonia.
00:26:38Então, é fato, sim, que aquele modelo é mais valorizado,
00:26:44que muitos menores vão querer aderir à criminalidade
00:26:47para poder entrar para essa dinâmica de homens que têm dinheiro.
00:26:52Porque, às vezes, você não consegue comprar um iogurte.
00:26:54Nós estamos falando de meninos que não têm dinheiro para trocar uma tira de chinelo,
00:26:59que não tomam um iogurte, que não têm dinheiro para comer no McDonald's.
00:27:02Eu não estou fazendo marca, mas é porque o McDonald's é uma marca muito forte, né?
00:27:07Para eles.
00:27:08E outras coisas.
00:27:09E aí, aquele menino tem uma oportunidade, uma vida que vai ser pouca,
00:27:13dentro de um crime, que vai dar alguns ganhos, né?
00:27:18E nisso, a cadeia, o presídio, tudo se torna um contexto de masculinidades
00:27:22que têm uma grande adesão.
00:27:24Existem mulheres que gostam desses homens.
00:27:27E por que eu estou falando?
00:27:28Porque é a mulher que também legitima essa masculinidade.
00:27:31Homem sem mulher não é homem.
00:27:32Entende?
00:27:33Então, se você esvazia o campo dos afetos dos homens, eles ficam completamente esvaziados
00:27:39das masculinidades.
00:27:40Então, o traço maior da nossa revolução é parar, sentar para babaca.
00:27:45Não pode ficar com babaca mais.
00:27:48Isso não é mais administrado em 2025 que o cara seja um cara ruim e que você insista
00:27:55em ficar com esse cara, que é todo problemático.
00:27:58E aí, como qualquer cara terrível tem uma mulher do lado dele, os caras mais absurdos
00:28:03conseguem casar.
00:28:04Então, entendeu?
00:28:05Fica difícil para a gente.
00:28:06Por isso que eu chamo as mulheres na responsabilidade.
00:28:10Porque depende da gente também.
00:28:12Não é só deles.
00:28:14E nisso estamos aqui mulheres adultas e um tanto de menino aprendendo coisa errada.
00:28:18E a gente vai falar que ele não é preocupação nossa porque ele é menino?
00:28:20Ele é menino.
00:28:22Ele é o topo das minhas prioridades aqui.
00:28:24É dele que vai, né?
00:28:26Claro.
00:28:27É ele.
00:28:27As meninas e os meninos.
00:28:28Eles têm que ser...
00:28:30Como que a gente dá mais atenção para uma célula embrionária que nem nasceu?
00:28:35Porque o menino que está ali no sinal.
00:28:37Como?
00:28:38Que sociedade é essa?
00:28:39Que fica orbitando em cima do direito ou não da mulher, abortar.
00:28:43E o menino nascido ali e ninguém nem ia ir.
00:28:46Nem ia para isso, sabe?
00:28:48E essa questão também das relações e tal.
00:28:51É claro que quando a gente fala que a mulher tem que tomar conta das suas próprias decisões
00:28:58e assumir aquilo ali, a gente está falando, obviamente, como você falou, de mulheres adultas.
00:29:02Mas a gente se protegendo, a gente cria também sociedades e, como você falou, redes que protegem as meninas mais novas que sofrem muito mais com esses caras que são violentadores.
00:29:20Porque a cultura do estupro é uma cultura que amassa as mulheres, as adolescentes que estão ali crescendo com aquela ideia de poder, de que vai ficar com o cara por causa do poder.
00:29:37E aí elas se envolvem com criminosos, como você disse.
00:29:42Conta mais sobre essa questão das adolescentes.
00:29:45O que você percebe desses envolvimentos?
00:29:51São relações que têm ganhos e têm perdas.
00:29:53Mas é um contrato e as pessoas sabem o que ele inclui.
00:29:57E aí quando você fala de meninos que estão presos para poder manter ali um status que existem meninas que querem usufruir,
00:30:05ele é menino e ela é menina, é a única diferença.
00:30:10Para mim são dois adolescentes, dois jovens que precisam de proteção.
00:30:12Eu não vou ali e falar, nossa, pobre, coitada dela, vítima.
00:30:15Não, ela tem parte mesmo que ela é vítima e tem parte que não.
00:30:19E, por exemplo, há uns anos atrás o Comando Vermelho soltou um aviso de que estava proibido as mulheres terminarem no presídio pelo advogado.
00:30:29Não podia.
00:30:29Não podia.
00:30:30Não podia.
00:30:32Mas, assim, é lógico que acontece, sim, de mulheres serem desavisadas, entrar nessa relação.
00:30:38Acontece.
00:30:39Reconheço que acontece.
00:30:41Mas a maioria, talvez, que eles relatam, né?
00:30:44Porque a minha pesquisa é feita a partir da fala dos meninos, tá?
00:30:48Isso é importante.
00:30:49Eu não tenho uma pesquisa para conversar com as meninas.
00:30:51Mas as vivências me entregam que elas não são só ingênuas nisso, sabe?
00:30:57Então, eu tenho que falar, nossa, esse contrato é ruim, né?
00:31:02Queria que você não tivesse entrado.
00:31:04Mas é o contrato.
00:31:06Não tem como você, por exemplo, uma...
00:31:09Vamos falar de uma mulher de classe média alta.
00:31:11Que vive nas melhores condições, assim.
00:31:15Acompanha o marido dela nas transações duvidosas.
00:31:18Vê coisas acontecendo e depois...
00:31:21Nossa, eu não sabia.
00:31:22É mentira, gente.
00:31:23Sabe?
00:31:24Sabe?
00:31:25Não pergunta de onde vem o dinheiro.
00:31:26Não procura fazer conexão de nada.
00:31:29Ela quer usufruir daquilo.
00:31:30Se não sabia, porque ela não quis saber.
00:31:32Quis saber.
00:31:32Porque desconfiava de que era alguma coisa, né?
00:31:36Tipo, se eu não quero saber o que realmente é, quero continuar tendo meus benefícios.
00:31:42Tem homens que eu imagino que mentem muito bem e conseguem levar as mulheres nessa manipulação aí.
00:31:48Mas na minha experiência de vida e de pesquisa, tem uma minoria da minoria.
00:31:52Geralmente, eles entregam.
00:31:54Entrega rápido.
00:31:55É ela que negligencia, sabe?
00:31:57Sabe?
00:31:57Ah, não quero ver.
00:31:58Sério aqui.
00:31:58Não quero ver.
00:31:59Deixa eu continuar sendo princesa.
00:32:01Aí eu viro pra ela.
00:32:02Princesa, todo castelo tem calabouço.
00:32:04Tá avisada.
00:32:05Tá avisada.
00:32:06Da mesma forma...
00:32:07Vocês conhecem a história do Henrique VIII?
00:32:09Um rei...
00:32:10Não.
00:32:10Não.
00:32:11Não.
00:32:12Ele é...
00:32:13Agora não é o nome.
00:32:14Será?
00:32:14É rei.
00:32:15Inglês.
00:32:15E ele foi casado com a Catarina de Aragão, que era da Espanha, naqueles casamentos.
00:32:23Pronto.
00:32:23Arranjados.
00:32:23E ali a igreja católica, aquela junção de reinos.
00:32:27E ele queria casar com a Ana Bolenha.
00:32:30E a Ana Bolenha, ele, em cima disso, não pode separar reinos, catolicismo.
00:32:37O que eles fazem?
00:32:38O que ele faz?
00:32:39Ele mobiliza a criação da igreja anglicana.
00:32:41E ele mobiliza esse divórcio e ele casa com a Bolenha.
00:32:44Tá?
00:32:45Então ele arrumou uma igreja só pra ele casar.
00:32:47Depois que ele joou da Bolenha...
00:32:49Faz.
00:32:50Depois que ele joou da Bolenha, ele decapitou ela.
00:32:53E aí ele seguiu fazendo isso.
00:32:55Com qualquer mulher que ele não queria mais.
00:32:56Ele dava um jeito de descartar.
00:32:58Então, assim...
00:32:59O maior galinha da história.
00:33:01Exatamente.
00:33:01E sempre arrumava uma próxima.
00:33:03Sempre uma próxima.
00:33:04Que ali, não...
00:33:05Comigo vai ser diferente.
00:33:06Comigo vai ser diferente.
00:33:07Porque eu...
00:33:08Minha filha, pra mim, basta um.
00:33:10Basta um.
00:33:11Eu não vou pôr meu pescocinho aqui.
00:33:12Sinto muito, assim.
00:33:13E perpetua até hoje, né?
00:33:15Porque é tanto que a igreja anglicana ainda existe.
00:33:19Existe.
00:33:20Olha, eu até recomendo quem tá ouvindo, ou qualquer pessoa, pra poder...
00:33:23Pra buscar dados históricos mais aprofundados sobre isso.
00:33:26Que tá muito generalista.
00:33:28Porque...
00:33:29Não, é sério.
00:33:30Porque as informações se atualizam.
00:33:32E aí, às vezes, eu não quero dar uma de professora de história.
00:33:35Assim, não.
00:33:35Resumindo.
00:33:36Pra não correr o risco.
00:33:37Ah, Isabela falou mentira.
00:33:38Então...
00:33:40Não, mas não foi mentira.
00:33:41Não, mas é.
00:33:43Ana Bolenha, Catarina de Alagão, Henrique VIII.
00:33:46Tem The Tudors, uma série.
00:33:48Sim.
00:33:48E eu assisti a série.
00:33:50Eu já assisti N filmes.
00:33:52Que eu gosto dessas histórias, assim, de ela.
00:33:54E o que eu ia comentar, que é engraçado, que eles colocam a mulher também como a sedutora
00:34:00do negócio, e como se ela, como se a Ana tivesse seduzido ele, pra que ele se separasse.
00:34:06Não.
00:34:06Ele se separou porque ele quis.
00:34:08É, o que eu já ouvi falar muito sobre a Ana Bolena ser uma prostituta.
00:34:12Sim.
00:34:12Ela não ser, assim...
00:34:13Sim, tipo assim, né?
00:34:14Nesse contexto, né?
00:34:15Eu não sei porque eu não estava lá.
00:34:17Eu não sei dizer também nem pra defender ela, nem pra julgar ela.
00:34:22Só que assim, tem esse paralelo de que apontam muito o dedo, mas o óbvio tá ali.
00:34:27Quem foi que criou e quem tomou a iniciativa?
00:34:30Foi ele.
00:34:30E quem matou ela depois?
00:34:32Ele.
00:34:33E continuou repetindo, né?
00:34:35Ele.
00:34:36Mas é...
00:34:37Pode falar.
00:34:37Igual as histórias também, assim, de términos, ou então de não términos, né?
00:34:42Que, ah, a gente só tá mal porque ela é muito ruim.
00:34:45Ah, ela é uma péssima esposa.
00:34:47Ah, a gente não dá certo e tal.
00:34:49E aí você pensa, pô, mas o cara, ele tá traindo ela porque ela é péssima.
00:34:54Entende?
00:34:54Por que eu não dou uma chance pra ele?
00:34:56Então, acho que tem muito isso também.
00:34:58Tem o lado da vitimização da mulher e o lado de ela também querer tratar o homem
00:35:04como alguém que é vítima de uma outra mulher, né?
00:35:07Porque a gente sempre tem, na nossa sociedade, esse histórico de mulher contra mulher.
00:35:13Porque é esse que é o certo.
00:35:15Aí você vê ela como errada, vê ele como mais um coitado.
00:35:19E você tem aquela mentalidade também de tentar consertar a pessoa.
00:35:23Eu fico muito curiosa.
00:35:24Você sabe, de alguma maneira, Isa, como que vem, talvez nas histórias que você ouviu, né?
00:35:29Na sua pesquisa.
00:35:30Esse aspecto da mulher querer consertar o homem, querer fazer com que ele melhore e tudo mais?
00:35:38A gente tem um departamento, né?
00:35:39De conserto e manutenção de macho.
00:35:41Sim.
00:35:42Esse departamento foi criado junto com as igrejas cristãs.
00:35:47Entende?
00:35:48Então a gente conserta homens, conserta famílias.
00:35:51Até porque o defeito dele é o diabo, né?
00:35:53É, o diabo.
00:35:55Nossa, eu fiquei amigão do diabo depois que eu fiquei sabendo que tudo que acontecia de mais divertido era o diabo.
00:36:02Falei assim, nossa, olha, o espaço público é o espaço destinado aos homens, tá?
00:36:07É isso, socialmente esse é o espaço.
00:36:09O espaço doméstico é o espaço destinado à mulher.
00:36:12Então ela tem muita expectativa em relação a isso.
00:36:14Isso tem que dar certo, porque é o projeto dela.
00:36:16Isso me irrita, inclusive.
00:36:16Isso me irrita muito, porque o projeto fica em casa e o mundo tá precisando de mulher na rua.
00:36:21Não tá precisando de mulher em casa.
00:36:23E observar dados com inteligência.
00:36:26Mulheres, sejam inteligentes.
00:36:28Inteligência, inteligência.
00:36:29Para com essa de ficar fazendo só harmonização facial.
00:36:32Vai desenvolver outras coisas.
00:36:35Vai aprender com a vida, né?
00:36:38Então, o lar é o espaço, é o reino da mulher, né?
00:36:42A mãe, inclusive, é uma figura que eu problematizo, assim,
00:36:46do início ao fim, porque a mãe é a costela do patriarca.
00:36:49E ela joga toda a expectativa de mulheridade pro chão.
00:36:53Porque as pessoas esperam que mãe quer...
00:36:55Ela representa o sagrado, o divino, a guerreira maravilhosa.
00:37:00Ele não fez nada, ele fez tudo sozinha.
00:37:02Trouxa, não devia ter feito.
00:37:04Não devia.
00:37:04E aí a pessoa põe um pouco de dificuldade, ela não insiste,
00:37:08porque, no fundo, ela se alimenta daquela ideia de que ela fez.
00:37:13De que ela segura a família dela.
00:37:14De que é, entendeu?
00:37:16Então, ela se orgulha, porque é o que ela tem.
00:37:19Então, eu não culpo as mulheres.
00:37:21E a sociedade vai cobrar mesmo.
00:37:23É dela.
00:37:23Os meninos do sócio-educativo, quem tem que ficar lá dando satisfação
00:37:27pro Estado, pro Ministério Público, é a mãe.
00:37:29O Ministério Público não liga pro pai no trabalho,
00:37:31pra poder ir lá aqui.
00:37:32Vai ter audiência do seu filho hoje.
00:37:34É a mãe.
00:37:35Então, eu problematizo muito, primeiro, ainda o desejo louco,
00:37:39pra mim é uma tara das mulheres de querem ser mãe.
00:37:41Sinceramente, se vocês querem ser, fiquem à vontade.
00:37:44Mas eu tô falando, vejam com inteligência.
00:37:46Eu só reivindico isso.
00:37:47Vejam com inteligência.
00:37:48Não fica achando que seu caso vai ser diferente,
00:37:50porque não vai ser diferente.
00:37:52Se você não for rica,
00:37:54e não tiver plenas condições de bancar seus filhos com tranquilidade,
00:37:57com a serenidade que você quer,
00:37:59vai ser difícil.
00:38:01E se você quer, tá tudo ótimo.
00:38:02Mas também não fica achando que o ser vai ser diferente,
00:38:05porque quem aqui conhece...
00:38:07Quantos casos vocês conhecem de mães e pais que dividem de maneira igual?
00:38:15Me fala!
00:38:16Não existe.
00:38:17Então, por que a gente tá achando que vai ser diferente?
00:38:20É isso que eu falo.
00:38:21É, porque eu acho que quando a mulher também tá com essa ideia,
00:38:25com esse tesão de ser mãe e tal, não sei o quê,
00:38:28ela acha que a relação não vai acabar.
00:38:32Vai ser pra sempre.
00:38:35De que aquele pai...
00:38:36É justamente aquilo que a Manu falou,
00:38:38que você tem o privilégio de ter...
00:38:41Mas será que é privilégio mesmo?
00:38:43Porque, às vezes, o casamento não é pautado no amor,
00:38:47não é pautado naquela união.
00:38:50Às vezes, o casamento não acaba pela culpa católica.
00:38:54Pela culpa de ter que ir até a morte.
00:38:59Entende?
00:39:00E, assim, beleza.
00:39:02Pode ser que não seja o seu caso.
00:39:04O casamento dos seus pais pode ser ótimo e tal.
00:39:06Mas a maioria dos casamentos que perpetuam,
00:39:09às vezes, são casamentos péssimos.
00:39:12Que quem tá segurando realmente é a mulher.
00:39:14E o homem só tá fazendo merda.
00:39:16Essa palavra pode.
00:39:18Ou fazendo nada.
00:39:19Fazendo merda ou fazendo nada.
00:39:21Porque o estereótipo bundão é um clássico também, né?
00:39:24Sim, sim.
00:39:25É aquele que nunca faz nada, não briga com ninguém.
00:39:27A mãe acha ruim, ele não briga com a mãe.
00:39:29A esposa briga com a mãe diretamente.
00:39:31Em torno daquele alecrim maravilhoso.
00:39:33Que é feio, chato, bobo, não transa bem.
00:39:36Mas ele é incrível, né?
00:39:38Então, assim, as mulheres, elas...
00:39:42Tem que ficar mais esperta, assim, sabe?
00:39:45Com as coisas que estão acontecendo.
00:39:46Não foi difícil perceber que não tem mulher...
00:39:49Não tem homem assumindo a paternidade, 50%.
00:39:52Não tem, praticamente.
00:39:53Eu conheço, sim.
00:39:54Eu conheço os dois casos.
00:39:57Mas, assim, e diante de um quadro desse,
00:40:00a gente romantizar isso...
00:40:02E eu tô falando entre feministas também.
00:40:04A gente fala de maternar o mundo.
00:40:06Socorro, pelo amor de Deus!
00:40:09Parem de maternar.
00:40:10Para de maternar.
00:40:11Vai ser chata.
00:40:12Vai ser insuportável.
00:40:13Vai ser descuidada.
00:40:14Vai parar de tomar banho.
00:40:16Ruer unha.
00:40:17Vai...
00:40:17Relaxa, sabe?
00:40:19Assim, maternar.
00:40:20Nossa, eu até arrepio de maternar as coisas.
00:40:23E eu materno.
00:40:24E eu materno.
00:40:25Inclusive, a minha relação com os adolescentes é...
00:40:27Geralmente, ela é muito confundida com isso.
00:40:29As pessoas falam assim...
00:40:30Ah, você é quase mãe.
00:40:31Não sou mãe.
00:40:32Não sou mãe deles.
00:40:33Eu sou amiga deles.
00:40:34Você pode parar de achar que menino, homem...
00:40:36Só pode ter ou mulher ou mãe.
00:40:38Tá?
00:40:39Não é só isso que eu posso ser pra um homem.
00:40:41Eu me posiciono em outro tipo de relação com os meninos e com os homens.
00:40:45Eu me posiciono como alguém, por exemplo, que não vai me destruir porque vazou um vídeo meu.
00:40:50Ele vai me marcar e me levar na audiência.
00:40:52Tô nem aí.
00:40:53Você pode fazer...
00:40:54Você pode gerar um vídeo com a minha imagem aqui.
00:40:57Hoje, fazer um pornô com a minha imagem e pode jogar na internet.
00:41:01Eu vou te dar esse poder de destruir minha vida?
00:41:03É.
00:41:04Eu? Jamais.
00:41:06Recentemente, eu tive uma discussão com o meu namorado, com o meu companheiro.
00:41:09Uma hora, ele falou assim...
00:41:10Ah, então...
00:41:11Não, eu não quero.
00:41:14Não sei o que que eu tô estragando a sua vida.
00:41:16Eu falei...
00:41:16Se enxerga, sou.
00:41:18Se enxerga.
00:41:19Homem nunca destruiu minha vida.
00:41:23Tipo assim...
00:41:24Se quiser sair, ficar...
00:41:26Pode sair, pode ficar.
00:41:27Mas destruir minha vida...
00:41:29Quem você acha que você é?
00:41:31Que homem que pensa que vai destruir minha vida...
00:41:33Tipo, com uma coisa que eu nem fiz.
00:41:35Ai, como eu queria ter esse autoestima.
00:41:38Amiga, é trabalho, tá?
00:41:40É trabalho.
00:41:41Sim, sim.
00:41:41É trabalho.
00:41:42Mas assim, o coração...
00:41:43Não vai não, hein?
00:41:45Não vai não, hein?
00:41:46Mas...
00:41:46Enxerga, não vai não, por favor.
00:41:51Não, porque é tipo assim...
00:41:52Mas é um companheiro que me acrescenta.
00:41:54Porque ele tem muito mais coisa boa do que ruim.
00:41:57Né?
00:41:57Assim, eu não tô...
00:41:59É...
00:42:00Eu tenho, às vezes, uma dificuldade, assim, de enxergar.
00:42:03Mas eu...
00:42:04Eu sou virginiana.
00:42:05Faz sentido?
00:42:06Porque ela já explicou tudo.
00:42:09Vamos acabar.
00:42:09Vamos acabar.
00:42:11É porque ele fala que a virginiana é muito organizada.
00:42:14Mas eu entendo o raciocínio, ele é organizado, sabe?
00:42:17Então a gente coloca as caixinhas das coisas em seus devidos lugares.
00:42:23E as pessoas têm um pouco de dificuldade com isso, né?
00:42:26Por exemplo, eu falo mal de maternidade, porque eu acho que tem problema com a minha mãe.
00:42:29Minha mãe é, tipo assim...
00:42:30O clichê do maravilhosa.
00:42:32Entendeu?
00:42:32Pro bem, né?
00:42:35Porque minha mãe foi uma pessoa que possibilitou que eu fosse essa mulher que eu sou hoje.
00:42:38Assim como o meu pai.
00:42:40Mas também pro mal, porque em algum momento a vida dela foi eu.
00:42:43Porque ela quis.
00:42:45Né?
00:42:45Então foi a escolha que ela fez.
00:42:47Que hoje, talvez, acessando o feminismo.
00:42:50Porque minha mãe também tá do meu lado nas pautas feministas.
00:42:52Ela se tornou uma mulher feminista.
00:42:54Ela faz representação política feminista.
00:42:57Então minha mãe, ela não foi nessa coisa hierárquica.
00:43:00Só manda e eu obedeço, não.
00:43:01Minha mãe veio de encontro comigo, entendeu?
00:43:03E ela se libertou de muitas coisas.
00:43:06Mas você entende que ela jogou ali, teve a parte ótima da maternidade.
00:43:10Mas teve a parte também de que teve já manipulação.
00:43:14Teve a vida acontecendo, né?
00:43:17Que ninguém é perfeita.
00:43:18E a gente pode olhar um pouco mais, assim, com mais luz pra nossa vida, assim.
00:43:25Colocar as coisas nas suas devidas caixas.
00:43:28Eu gosto desse homem.
00:43:29Nossa, ele é isso, ele é aquilo, é bom isso, é bom isso.
00:43:32Tem vezes que eu pergunto pra minha amiga, me fala cinco coisas boas.
00:43:35Ela não consegue.
00:43:37Ela não consegue falar cinco coisas boas, mas ela não consegue sair da relação.
00:43:40Aí eu falei, ah, não, amiga, então, dá licença.
00:43:44Então tá bom, fica aí com o seu presente de Deus.
00:43:46Na hora que você quiser, toma aí.
00:43:47Você falou que tem alguns estereótipos de machismo e de homens também.
00:43:52Falando de dedo podre.
00:43:54Quais seriam esses estereótipos?
00:43:56E qual é aquele que você fala assim?
00:43:59Esse aí, isso não vai não, hein, amiga?
00:44:02Vou começar pelo não vai não.
00:44:04Armado.
00:44:07Armado, literalmente?
00:44:08Que tem arma.
00:44:10Que eu sou absolutamente...
00:44:13Nossa senhora.
00:44:14Não, você confia num cara que tem arma?
00:44:19Na hora que ele acha que você fez alguma coisa?
00:44:21Nossa, gente, eu tô no Tinder agora.
00:44:23O que tem de polícia lá é inacreditável.
00:44:28Você vê assim, você vai passando uma foto, hum, bonitinho.
00:44:31Aí você vê assim, não, pelo amor de Deus.
00:44:32Até mesmo porque os policiais estão super adoecidos.
00:44:34Os casos de violência doméstica praticado por homens das corporações é altíssimo.
00:44:41É altíssimo.
00:44:42E eles também têm um índice de auto-extermínio muito maior.
00:44:45O índice de auto-extermínio dos homens da polícia é maior do que no próprio combate.
00:44:49Então os homens da segurança pública estão adoecidos.
00:44:52Então eu não recomendo.
00:44:54Nossa senhora.
00:44:54Eu, enfim, mas são vários.
00:44:58O dinheiro, né?
00:44:59O dinheiro.
00:45:01A ideia do homem mais alto.
00:45:04E essa coisa do homem mais alto é a ideia de alguém sempre maior, né?
00:45:08Que te contempla, que te envolve.
00:45:10Que te...
00:45:11Eu tô muito mais alto.
00:45:13Esse é um clássico, assim.
00:45:15Homem mais alto.
00:45:16Eu também.
00:45:17Eu lembro quando eu tava em aplicativo.
00:45:19Eu sou crack de aplicativo.
00:45:20Todo mundo que eu arrumo é no aplicativo.
00:45:22Eu via quem colocava a altura.
00:45:24Eita, dava match com todo mundo que tinha mais de 1,80, assim.
00:45:27Eu nem via nada.
00:45:28E às vezes, ih, dei match com coisa ruim aqui.
00:45:30Só porque tinha 1,80.
00:45:32Então isso é coisa...
00:45:34Carro.
00:45:35Tem mulher que, ai, como é que eu vou entrar em motel sem carro?
00:45:37Aí pega um Uber, vai a pé, pega um ônibus.
00:45:40Faz várias coisas.
00:45:42Então assim, você tá tendo exigências que você descarta, por exemplo, homens trabalhadores.
00:45:47Porque carro é difícil de ter.
00:45:49Sim, sim.
00:45:50E aí depois, você fala que dinheiro não é importante, mas você também não sai com qualquer homem.
00:45:57Um cara que... né?
00:45:58Então você tá mandando uma mensagem de que dinheiro é importante.
00:46:02Meus adolescentes estão recebendo essa mensagem.
00:46:05E eles vão fazer o que for necessário pra ter dinheiro.
00:46:08Tá?
00:46:08Então vão fazer o que é necessário.
00:46:10Vão praticar violência.
00:46:12Vão assaltar.
00:46:13Vão fazer o que for necessário.
00:46:14Ou você muda essa ordem e começa a falar que homem é muitas coisas.
00:46:18Que o homem tem outras coisas pra entregar.
00:46:19Ele pode ser legal, ele pode ser gente boa, ele pode estar do seu lado, ele pode ser inteligente.
00:46:24Ele pode correr atrás das coisas dele, ele pode ser engraçado.
00:46:27Sabe?
00:46:27Ele pode ser uma pessoa leve.
00:46:29Porque é muito chato.
00:46:30Quantas mulheres namoram com um cara chato?
00:46:32Você sai, fica aquele climão assim, que o cara acha tudo ruim.
00:46:35Não tem nenhum assunto.
00:46:36Nossa.
00:46:37Cada coisa que você fala assim...
00:46:39Aí de repente você começa...
00:46:40Não, não, não, não.
00:46:40Fica em casa.
00:46:40Fica em casa.
00:46:41E aí, fica em casa.
00:46:43Sabe?
00:46:44Tem casos?
00:46:45Tem casos de pessoas que eu conheço?
00:46:47Nossa amiga?
00:46:48Não.
00:46:49É.
00:46:49Graças a Deus é meu mesmo não.
00:46:51É.
00:46:51De pessoa que nem amiga é.
00:46:53Mas de pessoas que eu conheço.
00:46:54Que assim, tem um grupo de amigos.
00:46:56Um grupo grande.
00:46:58Todo mundo se conhece há muito tempo e tal.
00:46:59E a pessoa já namorou com, tipo, os três caras que foram péssimos.
00:47:04Aí agora nesse terceiro, chegou num ponto que o pessoal falou.
00:47:06Falar assim, ó.
00:47:07Hoje é meu aniversário.
00:47:08Não leva ele não.
00:47:10Hoje a gente vai encontrar.
00:47:11Aí tô chamando você, mas não tô chamando ele, tá?
00:47:14Aí.
00:47:15Se não quiser, aí também vai.
00:47:15Sempre se encarar.
00:47:16Pra ficar claro.
00:47:17Porque as pessoas já não aceitam mais.
00:47:19Tipo assim, pô, velho.
00:47:20Ele é um bosta com você.
00:47:22Ele te trata de maneiras inimagináveis na frente da gente.
00:47:25A gente é seu amigo.
00:47:27Além de tudo, o cara é chato.
00:47:28Não vai.
00:47:30E aí é a prova do dedo forte.
00:47:32Aí vai mudando de um pra gente.
00:47:34Gente, teve um caso da minha vida, assim, que eu namorei com um cara.
00:47:38Que ele foi no aniversário da minha amiga, assim.
00:47:40Tipo assim, não, vamos sim.
00:47:42Tava, tipo, numa situação de que nós estávamos fazendo as pazes.
00:47:45E ele aceitou ir no aniversário da minha amiga.
00:47:47Porque normalmente ele não aceitava.
00:47:49E ele ficou assistindo jogo de basquete no celular.
00:47:54Dentro do bar.
00:47:55Assim.
00:47:57Acabou assim.
00:47:58O erro começou quando ele era um caso.
00:48:02E você levou ele no aniversário de uma amiga.
00:48:04Não é?
00:48:05Não, não, não.
00:48:06Não, não.
00:48:06Era um namoro.
00:48:08Era um namoro.
00:48:08Ah, porque era uma reconciliação.
00:48:10Não.
00:48:10Era um namoro.
00:48:11Era um namoro.
00:48:13Ok.
00:48:13Porque eu não vou te falar nada.
00:48:14Gente, olha o que eu sei.
00:48:16Leva ela no aniversário.
00:48:17Leva ela no aniversário.
00:48:18Me surte para lá.
00:48:19Quando a gente se conhece.
00:48:23Eu falo isso hoje exatamente porque eu estava surta.
00:48:30Ontem.
00:48:31Não, mentira.
00:48:32Há uma hora.
00:48:32Me libertei.
00:48:34Me libertei.
00:48:34Me libertei.
00:48:35Me libertei.
00:48:35Ali, isso era.
00:48:36Eu ia ser pela porta.
00:48:39Encontrei o capeta.
00:48:40Mas o que eu fico pensando nisso tudo é assim.
00:48:44A gente vê que os homens têm uma estrutura que é deles.
00:48:49A sociedade, a igreja.
00:48:52Tudo é deles.
00:48:53Os meios de comunicação.
00:48:54Os meios de comunicação.
00:48:55O que a gente tem que fazer?
00:48:57A gente tem que começar a criar nosso clube da Luluzinha?
00:49:05Ou nós vamos ter que bater de outra maneira?
00:49:08Porque não existe meios.
00:49:13Não existe forma de a gente se infiltrar.
00:49:15Porque a gente já está tentando se infiltrar.
00:49:17Tipo assim, aquela ideia de que a gente vai conseguir fazer as coisas por dentro.
00:49:22Ah, não.
00:49:22Deixa eu entrar primeiro.
00:49:23Então, eu vou me mascarar.
00:49:26Eu vou me vestir.
00:49:27Eu vou entrar dentro dessa comunidade para eu conseguir entrar.
00:49:34E, depois de lá, eu vou mudar.
00:49:36Eu não vejo que estejam acontecendo diferenças, não.
00:49:40Eu vejo que, assim, as coisas que estão...
00:49:44As evoluções são de pessoas que vão para as ruas, que vão...
00:49:50As deputadas que estão lá nos plenários, que vão...
00:49:57E as assessoras dos deputados, que vão e tentam aprovar leis, que valeram o nosso direito.
00:50:06Qual que é o nosso rumo?
00:50:08O que a gente tem que fazer?
00:50:09O que a gente tem que seguir?
00:50:10Tá.
00:50:10Então, a resposta dá para você sair daqui fazendo isso hoje.
00:50:13A gente tem que existir todos os dias.
00:50:16As mulheres não estão existindo.
00:50:18Nem as feministas.
00:50:19A gente só faz a metade.
00:50:21A maioria das coisas que a gente faz, a gente não banca.
00:50:24A gente não banca para a nossa família.
00:50:25Você é mulher adulta?
00:50:28Paga suas contas?
00:50:30Ah, meu pai não pode saber que eu saio com 30 homens.
00:50:33Por quê?
00:50:34Eu conheço mulheres, assim, que depois de 10 anos quase de relacionamento,
00:50:40quando saia, tipo, chefona de um tanto de coisa, tinha que falar para os pais que estavam na minha casa.
00:50:46Não, amiga.
00:50:48Desculpa.
00:50:49Não dá.
00:50:50Então, tem que existir.
00:50:51Então, quando eu falo assim, ah, eu sou bravíssima.
00:50:53Porque eu tenho uma coragem absurda de resistir.
00:50:55A minha mãe e meu pai sabem de absoluta...
00:50:57Eu não saio contando.
00:50:59Mas se o assunto chegar, eu não vou fingir que eu sou uma coisa que eu não sou.
00:51:03E se eu estou aqui hoje, nesse podcast, não foi porque eu me moderei.
00:51:07Foi porque eu me banquei.
00:51:09E aí, vou te falar, na minha vida, historicamente, me bancar foi o que mais deu certo para mim.
00:51:14Num mundo de inteligência artificial, o que tem de mais especial é a sua autenticidade.
00:51:19Enquanto todo mundo está tentando ser igual, você se bancar no mundo com as suas escolhas,
00:51:23pô, de novo, você é adulta, cara.
00:51:26Você tem...
00:51:26O que você fuma?
00:51:28Pode falar o que você fuma.
00:51:29Pode falar o que você bebe.
00:51:30Pode falar qual é a sua modalidade de relacionamento.
00:51:32Pode falar...
00:51:34Eu dou um exemplo muito clássico.
00:51:37Quem é evangélico, fala ali no alto, assim,
00:51:39Ah, hoje eu vou, hein, eu vou no culto, não sei o que, não sei o que.
00:51:42Quem é do candomblé, fala baixinho aqui, hoje vai ter uma gira.
00:51:45Porque a pessoa, às vezes, ela sente que ela está errada.
00:51:48E o contexto hegemônico engole.
00:51:50E faz a gente parecer que a gente é minoria.
00:51:53Entendeu?
00:51:53Por exemplo, a própria disputa de drogas, da política de drogas aí.
00:51:57A maconha, ela fica nessa aí, que não avança.
00:51:59Primeiro que as pessoas não dão o nome que tem que dar, que é maconha, não é cannabis.
00:52:03E fica, ah, é medicinal.
00:52:04E fica tentando negociar isso num mundo que está matando.
00:52:07Todo mundo fica de álcool.
00:52:08Então, a gente fica aí nessa conversinha fiada, os maconheiros estão no armário.
00:52:14Sabe?
00:52:14A minha mãe sabe.
00:52:15Eu sou maconheira, né?
00:52:17Meu pai sabe, meu pai vê.
00:52:20Sabe, assim, eu não tenho porquê esconder isso, porque eu não tenho vergonha do que eu estou fazendo.
00:52:25Eu estava conversando com uns adolescentes ontem, num evento da nossa coletiva,
00:52:29que é um jovem que, ele falou comigo que ele era bia, já estava perguntando como é a escola.
00:52:35E aí ele esconde um pouco, porque a escola é um pouco tenso.
00:52:38Eu falei pra ele assim, o dia que você achar que você não está fazendo nada de errado,
00:52:42as pessoas vão começar a te respeitar, porque você não está fazendo nada de errado.
00:52:45Só que expliquei também pra ele, melhor, porque os homens podem ser violentos, né?
00:52:49Porque a homofobia é um fato, e a violência é...
00:52:54Eles podem agredir ele, então ele tem que fazer essa leitura do contexto escolar dele.
00:52:57Mas é igual eu, a vida inteira me chamando de gorda,
00:52:59e em algum momento eu achei que eu não era, e que estava me ofendendo.
00:53:02Aí hoje eu penso, nossa, é gorda.
00:53:06Jura?
00:53:06Ó, caramba, hein?
00:53:10Poxa, observa.
00:53:12É, você tem visão, né?
00:53:13Aham, que bom, né? Interessante.
00:53:16Então, as mulheres, elas não se comportam dessa forma.
00:53:19Elas moderam a fala, elas vão aos poucos.
00:53:23Ah, porque todo mundo fala assim, ah, tem que fazer assim,
00:53:25se você for assim, rasgada, desse jeito.
00:53:28Tem uma certa verdade, eu acho que precisam, precisamos ocupar todos os espaços.
00:53:34Tem mulheres que dão conta de estar dentro da política, dentro de um partido que é machista,
00:53:38e seja direita, esquerda, são machistas, ponto.
00:53:41Não tem ninguém do nosso lado, tá?
00:53:43Não tem.
00:53:44Para de achar que não tem.
00:53:45E elas conseguem fazer uma base de uma estrutura ali, uma base de uma mudança estrutural, assim,
00:53:53que vem bem pequena, mas evita certos avanços, mas elas não têm a base de mulheres se bancando,
00:54:00capazes de escolher elas como uma presidenta da república.
00:54:03Porque a gente, a primeira coisa que a gente vê, nossa, gente, isso que é me matar, é falar isso.
00:54:08Ah, não, mas é que só isso vai frear a extrema-direita.
00:54:11Eu falo, até hoje nós estamos nessa?
00:54:13Não tem freio, gente.
00:54:14Movimento masculinista, isso aí não tem, mas acabou.
00:54:17Essa é a nossa nova, é o novo normal, né, que a gente trouxe.
00:54:20Esse é o novo normal.
00:54:21O masculinismo, os movimentos, a organização desses homens aí,
00:54:26que se sentiram excluídos dos afetos das mulheres com a nossa emancipação,
00:54:30esses homens estão aí.
00:54:31Esses homens não sabem lidar com as drogas das mulheres.
00:54:34Agora é um novo nome, né, os legendários, né?
00:54:36Os redpios, não, aí começa com toda essa loucura.
00:54:41Um dia, até recentemente eu estava ouvindo o Praia dos Ossos, da Rádio Novelo,
00:54:46e teve uma parte que elas estavam falando sobre uma coisa muito interessante,
00:54:50sobre os movimentos feministas, sobre o levante das mulheres, assim,
00:54:54sobre como toda vez que tem um movimento de liberdade, de avanço, assim, na sociedade,
00:55:01que beneficia as mulheres, tem um contra-movimento também do conservadorismo,
00:55:07dos homens tentando manter tudo da maneira que tá.
00:55:09Então, assim, sempre que tiver um pouco de avanço, vai ter um retrocesso pro outro lado.
00:55:15E aí a sociedade vai escolhendo de que lado ela vai ficar,
00:55:18e geralmente não é do nosso.
00:55:19Então, é complicado.
00:55:21Igual você disse sobre isso de bancar, eu acho que isso é uma coisa muito importante.
00:55:25Tipo, você bater no peito, você falar, pô, eu sou isso daqui, eu gosto disso,
00:55:29eu saio com tal pessoa, eu defendo tal ideal, e é isso.
00:55:33Às vezes a gente vai ser rechaçado por isso?
00:55:35Vai, mas...
00:55:36Boca!
00:55:36É, mas o problema é esse também, né?
00:55:38Boca!
00:55:38Mas tem um problema que é o seguinte, a questão da imagem, você já ouviu falar isso?
00:55:44A questão da imagem?
00:55:45Que é a questão da imagem que você tem que preservar pra você conseguir entrar num mercado
00:55:50de trabalho e ser bem colocada, e não sei o que, e não sei o que.
00:55:54E isso já me bateu muito, assim, que eu tenho, tipo assim, nossa, eu preciso lidar com essa
00:55:59questão da imagem pra eu conseguir alcançar lugares e não sei o que.
00:56:03Só que é muito violento isso, isso é muito violento.
00:56:08Você tira as suas características, você vai fazer as harmonizações faciais, você faz
00:56:15cirurgias plásticas, faz cirurgia bariátrica, tudo pra se encaixar num pequeno espacinho
00:56:26que eles acham que é melhor que você esteja lá.
00:56:29E às vezes a gente não tá encaixada nesse espacinho, é um espaço muito maior que
00:56:36a gente pode alcançar se bancando, né?
00:56:39Eu acho que se não te dar dinheiro, você não tem que tá lá.
00:56:43E aí o que eu mais vejo é mulher financiando e fazendo o homem subir.
00:56:48Sim.
00:56:48É isso que eu vejo, assim, amigas mesmo, articuladas, na hora que vai lançar, vai lançar um homem.
00:56:54E vai escolher um lado, vai ser um homem de um lado, um homem do outro.
00:56:57Ah, eu vou me aliar a esse homem aqui, porque pelo menos eu vou ficar nesse lugar aqui.
00:57:02Não quer dizer que é uma política errada, quer dizer que é uma política.
00:57:05Eu pratico outra.
00:57:07É só isso, é só isso.
00:57:09E aí é tão importante a dela que aí vai ter um lado que é machista, misógino,
00:57:16mas que ela vai tá ali contornando de alguma forma e vai ter eu do lado de fora fazendo
00:57:20a minha articulação com ela, pra ver o que ela pode ali dentro de quem, né?
00:57:23Ele tá articulado dentro da estrutura, o que a gente aqui, enquanto sociedade, vai melhorar.
00:57:28Então eu acho que é necessário as mulheres ocuparem todos os espaços.
00:57:31Quem consegue fazer a harmonização facial, faça a harmonização facial.
00:57:36Eu não dou conta.
00:57:37Eu falo assim de não tem Brasil pra mim mais.
00:57:39Não tem mais lugar pra mim aqui.
00:57:41Eu tenho dores físicas mesmo, assim, de não poder me expressar, de não dar minha opinião,
00:57:47de não usar o cabelo da cor.
00:57:48Eu fui advogada por 10 anos e, assim, eu tava na ONU no ano passado, te falei, eu não podia.
00:57:54A ONU é o berço da imparcialidade.
00:57:57Você não pode ali definir de que lado você tá.
00:57:59Foi difícil pra mim, assim, sabe?
00:58:01Eu fiz isso nos meus melhores amigos, assim.
00:58:03Mas aquilo me...
00:58:04Ai, tudo acontecendo, não posso dar opinião.
00:58:07Como assim que eu não posso dar minha opinião?
00:58:08Que é o que eu acho que eu tenho de melhor nessa vida.
00:58:10Não me cabe.
00:58:12Entende?
00:58:12Mas tem gente que vai fazer um trabalho incrível.
00:58:15Então eu coloco regra demais na minha vida e coloco, assim, observo demais as mulheres
00:58:19da minha classe social.
00:58:20Eu sou mulher branca, eu sou escolarizada, né?
00:58:23Assim, e elas eu tô vendo que tão acessando e tão ali, tá ali.
00:58:27Ai, fica ali.
00:58:28Ai, que saco.
00:58:29Ai, minha filha tá com autoestima tão ruim.
00:58:30Ela tá se cortando.
00:58:32Eu falo, filha, você é linda.
00:58:34E no dia seguinte, você tá olhando pro espelho.
00:58:36Nossa, é um bordeiro.
00:58:37Aí você quer, tipo, se você fala uma coisa e é outra e você acha que a sua filha
00:58:41tá elaborando isso aí do jeito que você quer.
00:58:45Não, gente.
00:58:45A gente ir pra...
00:58:46Outra coisa que a gente pode fazer, eu vou ler, já existir todos os dias.
00:58:50E aí é outra coisa.
00:58:50Eu tenho que ficar famosa.
00:58:52Eu preciso ficar famosa.
00:58:54Isabela, você vai entrar pro doutorado?
00:58:56Não, vou ficar famosa.
00:58:56Vou ficar famosa.
00:58:57Eu tô focando.
00:58:58Próxima meta.
00:58:59Mas é porque as mulheres estão precisando conhecer gente livre.
00:59:04Elas estão precisando me conhecer com a liberdade que eu proponho de ser o que eu sou.
00:59:09E de falar assim, ah, piranha vagabunda, ah, joia.
00:59:13É isso aí, sou mesmo.
00:59:15Caramba.
00:59:15Ah, porque não sei o que.
00:59:17Te vejo lá.
00:59:17Te vejo lá.
00:59:18É bom, né?
00:59:19É bom mesmo, né?
00:59:20Às vezes eu não entendo.
00:59:21Porque eu acho que é bom elogio.
00:59:23Mas depois que eu aproximei das trabalhadoras sexuais.
00:59:26Nossa, gente.
00:59:27Trabalhadora sexual é outro ponto de transformação do meu feminismo.
00:59:31Ela cobra o que eu faço graça, velho.
00:59:32Eu achei incrível.
00:59:34Ó, mulher, você recebe por uma transa ruim e eu faço de graça.
00:59:39Como que pode, né?
00:59:40E aí a gente, obviamente, a gente enche de estigma só pra poder falar que o dela é errado, né?
00:59:45Porque você pode...
00:59:47Todo mundo pode usar seu corpo.
00:59:48Pode expor em filme pornô.
00:59:49Pode expor assim.
00:59:50Agora uma mulher que decide vender o sexo dela, não pode.
00:59:53Você vende só a mão de óbito?
00:59:54Você limpa esgoto.
00:59:55Você limpa fossa.
00:59:56Você limpa bunda de doze.
00:59:58Mas não.
00:59:58Sexo não.
00:59:59Não pode vender.
01:00:00Porque é de graça pro seu esposo.
01:00:01E a outra coisa é, tipo, fomentar o trabalho de pessoas como eu.
01:00:06De pessoas que têm essa mesma coragem de se inventar no mundo de outra forma.
01:00:11Porque se a mulher vê...
01:00:13Quem não quer ser livre, gente?
01:00:15Me diz.
01:00:16Vocês acham mesmo?
01:00:16Tem um movimento chamado Thread Wives.
01:00:18Essas mulheres aí ligadas aos masculinistas.
01:00:20Que querem voltar a ser as doninhas de casa.
01:00:23Show, amiga.
01:00:24Usa até burca se você quiser.
01:00:26Eu vou andar pelada.
01:00:28E aí as meninas vão ver sua burca?
01:00:31Então, é isso.
01:00:32O meu ponto é esse.
01:00:33Eu não vou perder tempo com quem quer usar burca e virar Thread Wife e ser mulher.
01:00:36É esposa de legendário.
01:00:38Porque tem lá.
01:00:39Esposa de legendário.
01:00:40Um trabalho específico para essas mulheres que é voltado para o lar.
01:00:44Ela quer ser esposa de legendário, amiga?
01:00:46Vire essa lenda.
01:00:47Tu espera que não seja uma lenda de feminicídio.
01:00:49Porque é o que eu estou esperando.
01:00:51Eu não vou fazer isso.
01:00:53Eu vou estar aqui.
01:00:53Eu vou me colocar no mundo como a pessoa que eu sou.
01:00:55Para que as meninas escolham também ser livre como eu.
01:00:58Ou usar a burca como você.
01:00:59A gente tem um quadro aqui que se chama Não é Invenção Mesmo.
01:01:04É onde os especialistas trazem histórias que eles conhecem, que eles ouviram falar ou então que viveram sobre o nosso tema.
01:01:19O que você pode trazer de história boa de um dedo podre?
01:01:25É, assim, eu acho que eu posso contar as minhas histórias mesmo, assim, né?
01:01:34Por exemplo, eu sempre fui gorda, né?
01:01:37Isso sempre foi um desafio para mim.
01:01:38Então, eu já fiz bariátrica.
01:01:40Eu fiz abdominoplastia.
01:01:42Eu tinha 20 anos de idade, gente.
01:01:45Tipo assim, eu tive necrose.
01:01:46Quase perdi minha barriga.
01:01:48Então, não foi fácil ser gorda.
01:01:50Não foi.
01:01:50E eu percebia que todo homem, qualquer homem que desse qualquer tipo de atenção, para mim, era um homem que eu queria estar.
01:02:05Eu não tinha muitos critérios.
01:02:06É eles que me escolheram.
01:02:07Tipo, estou pegando o boi que ele está aqui, sabe?
01:02:09Assim, sabe?
01:02:10Então, eu negligenciava mesmo as coisas que eu vi.
01:02:14E, em algum momento, eu conheci um cara que eu tinha emagrecido, né?
01:02:20Só que eu não estava magra.
01:02:22Mas eu estava pura luz, sabe?
01:02:23Estava mexendo com dança.
01:02:24Estava linda, maravilhosa.
01:02:26Enfim.
01:02:27E aí, ele chega muito daquele jeito que me leva, como uma pessoa que me coloca naquele lugar de gorda que quer se sentir bonita e vista e tal, né?
01:02:35E ele vai indo.
01:02:36E ele foi o primeiro orgasmo que eu tive com o sexo oral.
01:02:42E aí, eu não deixava ninguém fazer sexo oral em mim, porque eu tinha muita vergonha.
01:02:47Eu sou de uma geração que o sexo oral de mulheres não...
01:02:50Tipo, eu tinha vergonha.
01:02:52Não era...
01:02:52Não toca aí.
01:02:54Então, isso foi o espaço.
01:02:55E aí, naquilo, eu fiquei um tempão vendo mensagem.
01:03:00Gente, ele falava tanta coisa horrível comigo que eu não tive coragem de contar pra terapia.
01:03:05De tanta vergonha que eu sentia das coisas que ele falava.
01:03:08Sabe?
01:03:09E eu vendo e, ao mesmo tempo, sempre muito inteligente, aquilo ali ficava na minha cabeça.
01:03:13Isabela, está errado.
01:03:14Não.
01:03:15Não está.
01:03:16Eu sou gostosa.
01:03:17Ele fala que eu sou gostosa.
01:03:18Meu primeiro orgasmo.
01:03:19Nunca mais me tomou orgasmo na vida.
01:03:21É só com esse homem aqui que eu vou ter.
01:03:22E, nisso, até quando uma amiga minha veio na porta da casa dele com outra mulher.
01:03:28No dia que eu estava fazendo isso.
01:03:30Que é a cirurgia bariátrica.
01:03:33E aí, ela me contou.
01:03:34E aí, eu fui e...
01:03:37Continuei.
01:03:38Porque eu não dei conta.
01:03:40Não dei conta.
01:03:41Acreditei nela.
01:03:43Ele veio falando comigo assim.
01:03:44Tá.
01:03:45Paguei de louco, mas não dei conta.
01:03:47Aí, continuei.
01:03:49E aí, não contei pra ninguém.
01:03:51Que eu fiquei com muita vergonha que isso tinha acontecido.
01:03:54E aí, depois, a gente estava saindo assim...
01:03:58Saiu lá de casa e a gente começou toda uma briga pro telefone.
01:04:00Aquelas brigas que a gente tem, sabe?
01:04:01Sabe aqueles homens que a briga começa...
01:04:03Você nem sabe de onde.
01:04:04Tá sempre brigando.
01:04:05Que você não sabe o quê que pode dar confusão.
01:04:07E aí, a gente começou a brigar por algum motivo.
01:04:10Aí, foi.
01:04:11Sai, sai.
01:04:11Peguei um ranço.
01:04:12O ranço caiu do...
01:04:13Caiu do não.
01:04:13Seu do inferno, o ranço, assim, que eu precisava.
01:04:16Peguei um ranço na hora.
01:04:17Cortei na hora.
01:04:17Falei, não sai.
01:04:18Some.
01:04:18Some da minha vida.
01:04:19Não quero saber.
01:04:20E cortei na hora.
01:04:21Isso durou só sete meses.
01:04:23Mas foi um dedo podre porque eu vi muita coisa acontecendo.
01:04:26Eu levei pra terapia.
01:04:27Ela falou, sabe?
01:04:30Mas eu tava ali precisando me sentir mulher.
01:04:32E tava ali precisando ter minha beleza legitimada pra uma pessoa.
01:04:35Que tava fazendo aquilo ali pra poder dosar os interesses dele.
01:04:39Sabe?
01:04:39Quando as pessoas falam assim...
01:04:40Ai, não tem que dar chance pra feio.
01:04:42Cara...
01:04:44Então, assim...
01:04:47Porque muitas vezes a pessoa, ela não só é feia físico, mas dentro dela, ela não
01:04:55tem nada que vai contribuir com a sua vida.
01:04:58Nada que vai te acrescentar.
01:05:00Uma energia feia, né?
01:05:00É, uma energia feia.
01:05:02E você tá ali dando chance com argumentos de...
01:05:05Ai, ele abriu a porta do carro pra mim.
01:05:07Ela busca qualquer coisa pra justificar aquela loucura.
01:05:13Tem uma amiga minha que ela foi apaixonada por um cara, sabe por quê?
01:05:16Porque ele pagou 20 reais no ônibus pra ela ir...
01:05:22Ai, eu gostei dessa cara.
01:05:24Gente!
01:05:25Mas era legal ou não?
01:05:26Não, não, não.
01:05:28Ele não queria assumir ela, nem nada.
01:05:30Aí ela ficava, nossa, mas ele pagou a minha viagem.
01:05:33Aí eu falei, amiga, 20 reais eu te empresto.
01:05:36Eu te dou.
01:05:37Você quer, bichete?
01:05:38Eu te dou.
01:05:39Eu te dou.
01:05:39Eu te dou.
01:05:40Eu te dou.
01:05:41Eu te dou.
01:05:42Isso pra mim é o verdadeiro.
01:05:45Mulher não se dá o valor.
01:05:46É verdade.
01:05:46Isso pra mim é não se dá o valor mesmo.
01:05:48Mas eu acho que tem uma coisa assim, de que eles estipulam o valor e aí a gente se
01:05:54enquadra naquilo.
01:05:55A gente se encaixa.
01:05:56Igual você comentou.
01:05:57Tipo, ah, eu achava que eu era...
01:05:59Que eu era...
01:06:01Assumi.
01:06:02Como é que você falou?
01:06:03Que achava que era pouco pra ele.
01:06:06Que, né?
01:06:07Se surpreendeu e tal.
01:06:09Eu acho que tem indício de que a gente...
01:06:10Ele estipula um valor.
01:06:12O cara faz...
01:06:13Né?
01:06:14Enfim.
01:06:14É um...
01:06:15Nem que seja assim.
01:06:16É.
01:06:16Que seja um cara muito bonito.
01:06:17Ele vai...
01:06:18Assim.
01:06:19Eu gosto de mulher isso, isso e aquilo.
01:06:20E aí se você se enquadra naquilo, você quer se encaixar e fica ali.
01:06:24É.
01:06:26Psicótica.
01:06:26Querendo se manter dentro daquilo e esquece das outras coisas.
01:06:31O meu psiquiatra fala que esse momento é porque você...
01:06:34Daqui a pouco o analista.
01:06:36A minha terapeuta ocupacional, a minha massoterapeuta, a minha acupoturista chegou e falou.
01:06:42O meu psiquiatra fala que esse momento você tá enfeitiçada mesmo.
01:06:48Que é um feitiço.
01:06:49É como se fosse um feitiço.
01:06:51Você tá ali num lugar que você tipo assim...
01:06:53Você acha que você não consegue sair.
01:06:55Que você não...
01:06:56Sim.
01:06:56Você não...
01:06:56Que você precisa de tá naquele lugar.
01:07:00Que você não pode sair dali.
01:07:01Que não existe mais nada em volta.
01:07:03Que ninguém...
01:07:04Nossa senhora.
01:07:05Ninguém vai te enxergar.
01:07:06É.
01:07:07Se você não tá ali, você não vai ser aquela pessoa.
01:07:10É.
01:07:11Mulher.
01:07:12É.
01:07:12É.
01:07:12É.
01:07:12É.
01:07:13É.
01:07:13Que você nem queria ser, talvez.
01:07:15É.
01:07:15É.
01:07:15É.
01:07:15É.
01:07:15São muitas camadas.
01:07:17São muitas camadas.
01:07:18São.
01:07:19São.
01:07:19Esse negócio de assumir, você assistiu o último vídeo?
01:07:22Que eu postei do cara legal.
01:07:23Todas assistiram?
01:07:24Não.
01:07:24Não.
01:07:24Ah, tá.
01:07:25É porque eu falei no último vídeo.
01:07:27É.
01:07:27Foi sobre um cara.
01:07:28Sobre cara legal.
01:07:29Assim.
01:07:30Eu citei lá.
01:07:31Ah, não.
01:07:31Isso assisti sim.
01:07:32Desculpa.
01:07:32Esse negócio de ser assumida, pra mim, é criança que tá precisando de paternidade.
01:07:36Só isso.
01:07:37Fora isso, eu não vou.
01:07:38Então, pra mim, vai ser isso que eu não tenho meu pai.
01:07:40É.
01:07:42Porque você fala assim.
01:07:43Porque quando você fala que um homem tem o poder de te assumir, você tá dando relação
01:07:49pra ele.
01:07:49Por que que é ele que delimita se vai ser público ou privado?
01:07:52Essa relação é de quem tá envolvida na relação.
01:07:55Poder de te assumir?
01:07:56Cara, não é mesmo.
01:07:57Tem que te assumir.
01:07:58Você tá com a cara.
01:07:59É.
01:07:59É.
01:07:59Aí você tá.
01:08:00Aí você pode assumir e ele não quer ficar com o certo.
01:08:02Com a ciência, mas ela não quer.
01:08:04Ela quer ficar ali.
01:08:05Porque é ele que vai dar o tom.
01:08:06Porque no final, ela não quer desagradar.
01:08:08Porque as mulheres não querem desagradar.
01:08:10Não querem ser inconvenientes, né?
01:08:11A gente não quer atrapalhar ninguém.
01:08:13É.
01:08:13Eu também.
01:08:13Eu não quero ser inconveniente.
01:08:14Não quero atrapalhar ninguém.
01:08:16Mas a gente estourou, assim.
01:08:18Ao máximo o tempo.
01:08:20Nossa.
01:08:20E o relógio.
01:08:21É.
01:08:22A gente vai ter que, inclusive.
01:08:23A gente vai ter que dividir.
01:08:24E a gente vai fazer uma participação.
01:08:28Oi, nossa.
01:08:30Faz tarde, faz tarde.
01:08:31Aí, fala pra gente.
01:08:36Que dica você já deu, né?
01:08:38Vamos cortar essa parte da dica?
01:08:40Pode, pode.
01:08:41Sim.
01:08:42Fala pra gente as suas redes.
01:08:43Como que a gente te acha?
01:08:45Quais são os seus projetos?
01:08:47Pra gente acompanhar você.
01:08:49Tá.
01:08:50É Isa, underline, bravíssima.
01:08:52Isa, com Z, e bravíssima, com dois S's.
01:08:54No TikTok e no Instagram, tá?
01:08:58Eu tenho um canal no YouTube também, que eu tô começando a alimentar, que é o Bravíssima.
01:09:03Eu acho que é Isa Bravíssima.
01:09:04É Bravíssima.
01:09:05Tá lá.
01:09:05Eu tenho o projeto Bravíssimo, que é com adolescentes, né?
01:09:09Especialmente os adolescentes do sistema sócio-educativo.
01:09:12Eu sempre tô em busca de política pública ou de financiamento pra esse projeto acontecer, né?
01:09:17Mas o Estado, ele acha que não, né?
01:09:21É outras coisas, é outras prioridades que o Estado tem.
01:09:24Enfim.
01:09:25Então, eu sempre tô em busca de financiamento pro projeto pra que eu possa estar dentro do sistema sócio-educativo
01:09:30e em outros espaços, articulando com a juventude, com as escolas.
01:09:33Então, o projeto Bravíssima, ele engloba tudo isso.
01:09:36Eu tenho o projeto Nós e os Homens, que são debates que são voltados pra esse debate masculinidade
01:09:42com homens e mulheres.
01:09:43Eu garanto a paridade e eu sempre garanto o mínimo de 50% de homens.
01:09:47Porque, geralmente, os homens têm grupos de homens, propensar as masculinidades.
01:09:51Eu acho que eles têm que se pautar com a gente.
01:09:53E, nisso, eu tô elaborando algumas atuações que se desdobram aí.
01:10:00A formação, Bravíssima, a formação Nós e os Homens, que foi uma formação voltada para as mulheres.
01:10:06Então, é pra instrumentalizar as mulheres, pra dialogar e interceder em cada espaço, entendeu?
01:10:10Então, eu ajudo as mulheres a ler o contexto.
01:10:13Você lê seu espaço de trabalho, você lê sua relação, você começa a articular.
01:10:17De outro lugar.
01:10:18Então, foi voltada para mulheres, porque o homem nunca interessou.
01:10:21Eu fiz três versões antes e o homem nunca quis saber.
01:10:24Então, eu falei, eu quero saber, então é a mulher que tá interessada, é com elas que eu vou falar.
01:10:27Então, dentro das minhas redes, você chega, pra mim, no Nós e os Homens mesmo.
01:10:32Agora, eu acho que eu tenho que falar apenas mais uma coisa que é a mais importante de todas.
01:10:39Eu sou cofundadora da Indômitas Coletiva Feminista.
01:10:42É uma coletiva que é ela que materializa toda a minha luta no mundo, assim, sabe?
01:10:47É uma...
01:10:48Temos cinco anos de existência, também tá lá na rede.
01:10:51E o Projeto Bravíssimo faz parte das Indômitas.
01:10:54O Nós e os Homens faz parte das Indômitas.
01:10:56A gente tem projeto na área da cultura.
01:10:58A gente tem várias atuações.
01:11:01E a ideia da coletiva é que ela seja utilizada pelas mulheres associadas pra ramificar.
01:11:09Se você tem ali um trabalho social, lá no seu bairro, que você alfabetiza,
01:11:13então você pega as Indômitas, esse arcabouço jurídico,
01:11:16e vamos firmar um contrato, vamos atrás de parceria público-privado,
01:11:19vamos fazer acontecer o nosso CPJ como uma coletiva.
01:11:23O Bravíssimo, a última vez, foi pelas Indômitas.
01:11:25Foi o primeiro financiamento que a gente recebeu por nove meses, olha o que você vê.
01:11:29Foi o único...
01:11:29Em cinco anos, nove meses de financiamento com o projeto.
01:11:32Até falo, foi 90 mil reais um ano de projeto.
01:11:35Olha como é que o povo valoriza a gente.
01:11:37Nada, né?
01:11:37Mas foi assim que a gente colocou uma coletiva feminista
01:11:41falando sobre homens e masculinidades dentro do sistema socioeducativo.
01:11:44Nossa, e essas pessoas que saíram de lá devem ter saído, assim, né?
01:11:50Minimamente transformadas, né?
01:11:52Porque...
01:11:53Muda algumas ideias.
01:11:54Mas o quê?
01:11:55Pelo menos com a sementinha ali.
01:11:57É, não, porque às vezes não tem nenhum meio que informe pra eles o que vocês podem falar.
01:12:04É, a minha aula é praticamente a única educação do socioeducativo.
01:12:08Pois é.
01:12:10Mas não transforma a realidade, não transforma, eles não saem do crime, porque aí no final
01:12:14das contas a vida engole, a sobrevivência bate.
01:12:17Então, assim, mas ele conheceu uma mulher que só casa ou que é mãe.
01:12:22Agora ele conhece a Bravíssima também.
01:12:24Então, é só mais uma opção.
01:12:25Então, eu sou mais uma mulher que tá aí no escopo de relação.
01:12:30Eu tenho muitos contatos com eles, Instagram, Continuo.
01:12:33E, geralmente, acabam indo pra prisional mesmo.
01:12:35Esse contexto é muito violento, gente.
01:12:36Muito violento.
01:12:37O mundo dos homens é muito violento.
01:12:38Muito violento.
01:12:39Fica de olho nas redes do Estado de Minas também, no nosso site, no Estado de Minas.
01:12:44A gente vai publicar as matérias, sempre falando um pouco mais sobre os nossos convidados.
01:12:48E lá nas nossas redes sociais também vai ter o arroba, os videozinhos, os cortes.
01:12:53Vocês podem acompanhar e mandar a historinha de vocês pelo nosso e-mail que tá lá na B.
01:12:58Eu tô trabalhando num podcast que chama Especialista em Homens.
01:13:03Onde eu recebo histórias das mulheres e eu comento sobre a perspectiva das masculinidades.
01:13:07Então, eu tô elaborando essa ideia e, na verdade, ela já tá em andamento.
01:13:11Eu tô buscando essas histórias e, em breve, vocês vão saber.
01:13:14Especialista em Homens.
01:13:15Ah, que legal.
01:13:16Que legal.
01:13:18Obrigada, hein?
01:13:18Obrigada por compartilhar com a gente.
01:13:20Obrigada, gente.
01:13:28Obrigada, gente.