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O novo episódio do podcast “Divirta-se”, que já está no ar no canal do YouTube do Portal Uai e no Spotify, recebe a escritora Lavínia Rocha. No bate-papo, ela conta sua trajetória na literatura, iniciada precocemente aos 11 anos, e como a influência familiar e escolar foi fundamental para seu desenvolvimento criativo.
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NotíciasTranscrição
00:00Olá, seja bem-vindo ao Divirtes, o seu podcast de cultura do jornal Estado de Minas.
00:08Aqui é onde a gente vai falar de cinema, de música e, por que não, de literatura.
00:14Hoje eu estou aqui com uma pessoa que escreve há mais de 15 anos,
00:19está envolvida no ramo literário aqui em Belo Horizonte e no Brasil inteiro.
00:25Tem livros de temática muito interessantes, muito fortes.
00:28Eu estou falando hoje com Lavine Rocha. Seja bem-vindo ao Divirtes, Lavine.
00:33Muito obrigada, estou super feliz de estar aqui, falar sobre literatura, sobre meus livros, sobre meu trabalho.
00:38Obrigada pelo convite.
00:39Hoje estou sozinho. O Lucas não pôde vir, mas a gente vai falar aqui.
00:44Ele mandou algumas perguntas, ajudou a fazer o briefing para a gente conversar,
00:50porque o Lucas também fez uma matéria muito interessante sobre as editoras aqui de Belo Horizonte.
00:55Está no em.com.br, saiu no impresso. Temos vídeo aqui no portal AI.
01:01Então, confira se você tem interesse em literatura. Realmente, esse é um material imperdível.
01:08Bom, vamos ao que interessa, né, Lavine?
01:11Você começou a escrever cedo. Você é jovem, me falou que tem mais de 15 anos que escreve.
01:17Como que foi isso? A sua família era uma família de leitores, escritores?
01:22Você sempre teve acesso a livros? Conta um pouquinho da sua infância com relação a isso, por favor.
01:27Eu falo que eu fui uma criança estimulada de todos os lados, que eu não tinha saída, entendeu?
01:32Porque na minha família não temos escritores, mas temos muitos professores.
01:37Inclusive, minha mãe é professora.
01:38Então, eu fui uma criança muito estimulada.
01:41Era livro de presente de aniversário, era livro de Natal, era levar até a livraria para poder escolher.
01:46A gente não vem de uma família que tem grana, né?
01:49Então, é uma família que tinha uma classe média ascendente, assim, classe C que conseguiu pelo estudo.
01:55Minha avó lutou muito para que todo mundo estudasse.
01:58Então, valorizando muito o estudo. A gente sempre valorizou muito o estudo.
02:00Então, tinha uma coisa assim, olha, eu consegui comprar um mês, esse mês eu consegui comprar um livro para você.
02:05Aí, vou à livraria. Era um evento, sabe?
02:07Ia à livraria com a minha mãe, meu pai, comprar um livro.
02:10E aí, dentro da escola, eu também fui muito incentivada, muito estimulada.
02:16Então, era biblioteca, com a bibliotecária ali, olha, lê isso aqui, se você vai gostar.
02:20Uma curadoria, assim, especializada, sabe?
02:22Um bom bibliotecário de escola faz milagres com criança, né?
02:25Você pode ver que muitas histórias têm a... a figura da bibliotecária é muito forte.
02:30E os professores, né?
02:31Eu tive professoras de língua portuguesa que foram muito estimuladoras também.
02:35Era uma redação... eu lembro que tinha uma redação por semana, a gente tinha que fazer.
02:39E tinha esse limite de 30 linhas.
02:41E eu não gostava desse limite, eu queria escrever mais, eu queria ampliar.
02:44Eu ia até diminuir a letra para caber mais histórias, assim.
02:47Então, é... e aí, fora isso, eu tive aula de teatro.
02:50Dentro de casa, as minhas brincadeiras eram cortar uma pessoa numa revista e escrever uma história para essa pessoa.
02:56Ou escrever um teatrinho para apresentar para a minha tia, uma priminha mais nova.
03:00Então, assim, era uma coisa que fazia parte da minha... a criatividade fez parte da minha prática desde muito novinha, da minha infância e tal.
03:07Então, eu... você entende? Eu não tinha saído.
03:09Ou eu ia dar em alguma coisa que tivesse a ver com a criatividade, porque eu fui muito estimulada.
03:14E aí, nessa de redações todas as semanas, eu falei...
03:17Não, quer saber? Eu vou sentar no meu computador, eu vou escrever o tanto que eu quiser, na hora que eu quiser, sobre o tema que eu quiser.
03:23E aí, surgiu o meu primeiro livro, O Amor em Barcelona.
03:26E eu tinha 11 anos quando eu publiquei... quando eu escrevi e publiquei com 13.
03:30Quando eu estava no oitavo ano da escola.
03:32E aí, foi o evento da minha vida, porque meus professores foram, meus colegas foram, a minha família.
03:37A gente teve, na livraria, uma estimativa de 500 pessoas passaram por ali, 180 livros vendidos.
03:43E um número muito específico, especialmente para quem está começando.
03:47Então, foi...
03:48Ainda mais com 13 anos.
03:49Com 13 anos.
03:50Então, foi o evento que mudou a minha vida, assim.
03:52As pessoas não acreditavam o que estava acontecendo, foram me ajudar e tal.
03:56E, assim, não teve jeito mesmo.
03:58Eu fui muito estimulada.
03:59Eu agradeço muito a minha família, a minha escola, porque foram a base disso tudo, assim.
04:02Não teria condições de fazer isso sem a base, né, firme.
04:07Que legal.
04:08É muito bom ver isso, né?
04:09Os resultados dessas sementes que são plantadas de vários lados, assim, né?
04:13E você é daqui de Belo Horizonte, né?
04:16Como é que...
04:17Você tem influências aqui mineiras no seu trabalho?
04:21Você tinha, assim...
04:23Quem foram os escritores que você leu na infância, mas já no início da vida adulta também?
04:29Eu comecei muito...
04:30Quando eu era novinha, assim, eu lia muito livro estrangeiro, porque era o que tinha para jovem, né?
04:36Dos nacionais, eu lia muito aquela coleção Vagalume.
04:40Eu sou, assim, mais nova do que a coleção, né?
04:43Vim mais nova do que a coleção.
04:45Mas ainda peguei a época boa.
04:48E aí, depois, eu fui para o Pedro Bandeira.
04:50Ele não é mineiro, né?
04:51Mas eu fui para o Pedro Bandeira.
04:52E ali eu fui descobrir não só a literatura nacional, como uma literatura para jovem, divertida, assim.
05:00Aquela coleção dos caras, a droga da obediência, me marcou muito.
05:03Muito incrível.
05:04É.
05:04E aí, dentro de Minas Gerais, aí eu fui conhecendo.
05:07Então, eu fui do exterior para o Brasil, aí Brasil, Rio, São Paulo, depois eu vim para BH.
05:13Fui descobrindo a nossa literatura.
05:15Eu tenho uma referência muito forte para mim, que é o do Sérgio Klein.
05:20Se eu não me engano, ele era de Sete Lagos, mas ele já faleceu.
05:24E ele tinha uma coleção chamada Poderosa.
05:26O Diário de uma Garota que tem o Mundo nas Mãos.
05:29Algo assim.
05:30E era uma coleção.
05:31São cinco ou seis livros.
05:34E é uma coleção que fala de uma menina que tem poderes mágicos, que ela escreve com a mão esquerda.
05:39Ela acontece e tal.
05:40Então, eu fiquei maravilhada.
05:42Acho que foi a minha primeira introdução a esse lugar meio fantasioso.
05:46E aí, devorei toda a coleção na época.
05:50Depois, eu fui conhecendo outras referências.
05:53Que aí eu fui entendendo também o lugar da literatura escrita por pessoas negras.
05:58Isso foi muito importante.
05:59Até queria já entrar nisso.
06:00Que bom.
06:00Pode continuar.
06:01Pois é, porque foi transformador para mim.
06:05Você falasse assim, Lavinia, você vai ser escritora?
06:07Que foi o caso da minha amiga que falou.
06:09Você vai ser escritora.
06:10Mostra o seu livro para a sua mãe.
06:11E eu falava, como que eu vou ser escritora?
06:13Porque a minha referência inicial era estrangeira.
06:15Depois, a referência passa a ser.
06:17Quando eu penso nos nacionais, eram os clássicos literários.
06:20Então, eram homens brancos mais velhos que já tinham morrido.
06:23Foto de barba, óculos preto e branco.
06:25Aí você vai ver lá no século XX, no século XIX.
06:29Então, assim, a gente tem referência.
06:30Aí você pode falar, Lavinia, mas Machado de Assis era uma grande referência.
06:33Poxa, mas eu nem sabia que Machado de Assis era negra.
06:36Eu nem sabia que eu era.
06:37Então, assim, são várias questões ali que a gente vai trabalhando.
06:43E que são o que meio que chegam na vida adulta.
06:45Que chegam na vida adulta.
06:46Essas percepções e tudo.
06:47É, eu olhava para o espelho e não via as características físicas que eu encontrava nos grandes escritores brasileiros.
06:55Então, não tinha.
06:57Até foi até um processo muito forte para mim.
07:00A identidade racial se colocando aos poucos.
07:04Ele já estava na graduação.
07:05Foi entender que a vida inteira era morena, parda.
07:08Esses termos que a gente vai fugindo.
07:10Esses eufemismos que a gente vai fazendo para fugir do negro.
07:12Mas, politicamente, no Brasil, quem são os negros?
07:16São os pretos e os pardos.
07:17Um grupo somado.
07:18A gente tem um problema da questão indígena.
07:21Que vários pardos são descendentes de indígenas que perderam a sua conexão com o seu povo.
07:26Então, a gente tem um B.O. racial, que eu falo um B.O. racial.
07:29Mas, pensando nos negros de pele clara.
07:31Pessoas que são descendentes de pessoas negras, mas que têm tons mais claros.
07:35Que entram no pardo.
07:36Eles são negros.
07:37Às vezes não sabem, como eu não sabia.
07:38Declarava lá parda oficialmente.
07:40Mas, não estava entendendo que o governo estava me entendendo como uma menina negra.
07:44E a sociedade, né?
07:46Eu estou mais ou menos no mesmo espectro racial que você aqui.
07:52E, às vezes, depois de muito tempo que a gente começa a entender certas situações.
07:57Coisas que você passou ali.
07:58Que você fala, nossa, então será que foi por causa disso, cara?
08:02Isso.
08:03Exatamente.
08:03A gente vai rememorando, trazendo de volta pequenas microagressões que não são tão micro assim.
08:11E a gente fala, ah, foi racismo aqui, foi racismo aqui também, foi racismo aqui também.
08:15E eu falo que, eu acho que uma das questões mais impactantes para mim que o racismo trouxe foi me impedir de sonhar.
08:22Sabe?
08:23Porque eu nem sabia que eu poderia sonhar em ser escritora.
08:26As crianças me perguntam muito, eu vou a escolas, né?
08:28Crianças e adolescentes.
08:30E elas perguntam, você sempre sonhou em ser escritora?
08:31Eu falo, eu nem sabia que eu podia sonhar com isso.
08:34Eu fui empurrada nesse lugar.
08:36E depois eu fui encontrando referências parecidas comigo.
08:39Se você pegar o meu primeiro e o meu segundo livro, hoje eles estão fora de catálogo.
08:43Eles têm todos os personagens brancos.
08:44O primeiro chamou Amor em Barcelona, é bem colonial.
08:47Então, eu falo de uma menina que visita Barcelona, enfim.
08:50E a questão racial ali sequer é mencionada.
08:53Os personagens são o que eu queria ser.
08:55Não o que eu era ou o que minha família era.
08:57Sabe?
08:57Era o que eu sonhava em ter.
08:58Olhos claros, pele branca.
09:00Que é as referências que você estava tendo também.
09:02Exato.
09:02Tanto na literatura quanto no cinema, né?
09:04E novela, tudo.
09:05A gente estava conversando em outros episódios aqui sobre essa questão das referências, né?
09:12O que a gente é acostumado a achar que é bonito.
09:14O que a gente é acostumado a achar que é legal, que é incrível e tal.
09:18E, às vezes, é dentro de...
09:21Especialmente há mais tempo, né?
09:24Que de 10, 15 anos pra cá, a gente pode falar que teve um avanço nessa parte.
09:28Sim, sim.
09:29A gente teve muita mudança.
09:30Inclusive, daí começou a chegar pra mim, por exemplo, Carolina Maria de Jesus, Conceição
09:34e Varisto.
09:34Aí a gente volta, né?
09:35No debate das mineiras.
09:37Que, pra mim, eu lembro do orgulho que eu senti de descobrir que essas duas escritoras
09:41eram mineiras também.
09:42A gente é muito baísta, né?
09:43Começa daí.
09:43Então, foi uma coisa muito importante.
09:47Foram escrituras que tornaram referências pra mim.
09:50E aí, putz, uma ideia de Minas ainda.
09:52Que emoção, assim.
09:54E como eu passei esse tempo todo sem saber que elas existiam.
09:57Então, bate essas duas coisas, né?
10:00Então, são outras referências, né?
10:01Fechando a pergunta.
10:03Ótimo.
10:04Foi muito boa essa resposta.
10:05Queria pedir pro Léo, nosso diretor aqui, dar uma mostrada, né?
10:09A gente tá aqui na mesa com vários dos seus livros.
10:12As capas são lindas.
10:15E eu tive acesso especialmente a esse livro aqui.
10:20Não sei se tá dando pra pegar aí.
10:22Que é O que você pensa quando falo África.
10:26Que, basicamente, é a desconstrução dessa coisa da África como lugar onde só tem pobreza,
10:33onde só tem tragédia, onde só tem coisa ruim, né?
10:37E aí, como que você chegou?
10:42A gente tá falando disso, né?
10:43Dessa descoberta da identidade racial.
10:46Disso ir entrando nas suas referências.
10:49Como é que foi que você começou a escrever com personagens negros?
10:54Vamos começar por aí.
10:54Tá.
10:55Minha primeira publicação com protagonismo negro é esse livro aqui.
10:58Essa trilogia.
10:59Tem uma trilogia aqui de pé.
11:00Entre Três Mundos é o primeiro livro.
11:02Entre Três Segredos é o segundo.
11:03Entre Três Razões é o terceiro.
11:05E essa foi a primeira personagem, assim, a gente nem usava muito o termo representatividade.
11:10Eu escrevi a primeira versão, tinha uns 12, mas aí larguei.
11:13Depois, com 17, eu reescrevi.
11:16E ela foi relançada pela Gutenberg, do Selo Autêntica, em 2022, se eu não tô enganada.
11:23Então, foi a primeira vez que eu falei assim, eu queria que um personagem se parecesse comigo.
11:29Era puramente assim, eu queria me ver na capa de um livro, sabe?
11:32Já tava repensando as questões ali, mudando muito a minha mente, me entendendo racialmente.
11:39Então, esse livro vem, essa trilogia vem nesse momento de me entender.
11:43E se você perceber, as capas dos livros, elas contam uma história.
11:48Porque no primeiro livro, ela tá com o cabelo preso.
11:51E no segundo livro, ela já meio que solta, assim, meio preso, meio solto.
11:54E no terceiro, tá bem volumoso e bem solto.
11:57E a minha identidade vem também nesse processo do cabelo.
12:01Porque a estética é muito importante pra gente se entender.
12:04Então, o cabelo que era alisado, o cabelo que era relaxado, começa a ganhar, começa a ganhar caixas, começa a soltar, começa a ganhar volume.
12:11No meu primeiro lançamento, por exemplo, nas duas vezes que eu lancei o livro, uma vez na livraria e outra na escola, eu alisei o cabelo.
12:17Porque eu achava que eu deveria me parecer com aquela ideia que eu tinha de escritor.
12:22E aí, já no segundo lançamento, 2014, o primeiro foi em 2010, depois em 2014, eu já usava caixado, mas ainda com uma química pra tirar o volume, domar os caixas, essa coisa.
12:32E depois, com o tempo, e aí entram as escritoras negras, que aí eu fui entendendo como que, pra ser escritora, basta uma boa história, sabe?
12:40E entendendo também esses processos de racismo, né, que a gente vive.
12:46E fui soltando o meu cabelo também.
12:49E aí, nesse soltar o cabelo, é uma metáfora também para a minha identidade racial.
12:53E eu trouxe isso pra Lisa, eu emprestei um pouco dessa minha história pra Lisa, que é a personagem do E3 Mundos.
12:58E ela vai soltando o cabelo enquanto ela vai se entendendo como uma menina negra também.
13:04E ela vai entendendo o que significa isso, assim.
13:06Então, é uma história, em certo ponto, bem pessoal.
13:09E outro não, porque é uma fantasia, mundo mágico, poderes, nada a ver com a realidade.
13:14Mas que eu trago um pouco de mim pra essa história.
13:17Então, essa foi a minha primeira publicação com o protagonismo negro.
13:21E eu lembro muito que eu fiz uma coisa assim, ah, eu quero fazer pra mim.
13:23Por que eu quero me enxergar?
13:26E aí, quando eu publiquei, eu percebo que não é só pra mim.
13:30Que é algo muito maior, que é algo coletivo.
13:33Porque quando as crianças, adolescentes, olham pra capa e se veem naquele livro,
13:38e começam a se enxergar, parece comigo, parece com o meu cabelo.
13:42Eu percebo que, putz, eu fiz pra mim, mas é muito maior do que eu.
13:46Eu tava, uma vez, num bate-papo com a Conceição Ivarissa aqui em Belo Horizonte.
13:51E uma vez ela falou que, como ela lida com essas acusações, assim,
13:56de que ela está fazendo autoficção.
13:58Que é como se, ela tá só falando sobre ela mesma, e não é literatura.
14:03Algo assim, né?
14:04Umas críticas nesse sentido.
14:06E aí, ela fala, primeiro, que isso nunca incomodou
14:09quando os livros eram feitos sobre homens brancos,
14:12para homens brancos, feitos por eles, com histórias bem ordinárias ali.
14:16Mas quando se trata de uma pessoa negra, periférica e tal,
14:20isso começa a incomodar.
14:21E, segundo, ela fala que ela enxerga,
14:24não como algo narcisista, assim,
14:27que essa é a crítica, né?
14:28Essa é algo narcisista, fazer falar sobre si o tempo todo.
14:30Ela fala que ela enxerga a literatura dela,
14:33não como espelho narciso, aquela toda história,
14:37ela enxerga como espelho de Oxum, da orixá, né?
14:40Oxum.
14:40Que ela usa o espelho dela como para se ver,
14:44claro, para as joias, mas também como arma,
14:48para olhar para o passado, para ver o seu legado,
14:51e também para ver se tem alguém ali atrás querendo invadir.
14:54Então, assim, é um espelho que tem múltiplas funções.
14:58E eu me apeguei a essa história,
15:00e eu falei, caramba, é isso que eu enxergo a minha literatura, assim,
15:03como uma forma de olhar para o passado,
15:05de ser a representação do que sonharam para mim,
15:08pensar nos antepassados, o que os antepassados sonharam para mim,
15:12mas também olhar para o futuro e pensar o que eu quero que essas crianças e esses adolescentes
15:16tenham de referência, referências diferentes das que eu tive,
15:20sei, quando eu era novinha, né?
15:21Eu quero que eles tenham novas referências,
15:23para que eles possam sonhar desde novinhos em publicar seus livros,
15:27ou estar na novela, estar na TV, estar onde eles quiserem, assim,
15:32que eles possam sonhar.
15:34Então, essa é a minha ideia, assim, é isso que eu penso para a minha literatura,
15:37e aí esse livro acabou sendo nesse lugar.
15:40Mas aí, claro, depois disso eu comecei a seguir esse caminho, né?
15:43Pois é.
15:44São quantos livros que você já publicou, Alavira?
15:46Eu já tenho 17 livros publicados,
15:48alguns estão fora de catálogo, outros são digitais,
15:51mas já tem um caminho longo aí.
15:55Pois é.
15:55A gente já está aqui, o nosso diretor já mostrou aqui alguns,
16:00e eu queria que você falasse um pouco mais dos livros, né?
16:05Eu citei esse da África, que me impressionou muito, né?
16:09Porque ele vai trazendo os diferentes países,
16:14os diferentes estilos de povos, né?
16:17E tudo nessa roupagem com ilustrações incríveis.
16:20Léo, vê se dá para mostrar aqui, por favor,
16:23a qualidade das ilustrações.
16:27Esse livro é incrível.
16:28É incrível.
16:29Então, eu gostei demais, assim,
16:32quando o Lucas Lana, meu companheiro de bancada,
16:36trouxe, né?
16:37Olha aqui, o Egito, né?
16:39Tá legal aí, Léo?
16:43Valeu, diretor.
16:45Então, tá vendo?
16:46De onde partiu a ideia desse livro, assim?
16:51Porque parece que veio servir mesmo a uma coisa que a gente estava precisando como povo.
16:58Me conta um pouco desse livro, por favor.
17:00Esse livro teve uma história muito legal por trás,
17:02porque eu sou professora de história também,
17:04e eu entrei em sala de aula no pós-pandemia.
17:08Então, quando eu entrei em sala de aula ali no finalzinho de 2021,
17:11como professora substituta,
17:12depois dos 22 oficialmente como professora de história,
17:14foi um caos.
17:15Você pode perguntar a qualquer pessoa da educação,
17:17ou que tenha contato com crianças, né?
17:18Que voltou ali em 21, 22.
17:21O pós-pandemia foi um caos.
17:22Ainda estamos vivendo um pouco desse pós-pandemia,
17:24mas, assim, 22 e 23 foram anos muito difíceis.
17:28E eu me lembro quando eu entrava em sala de aula,
17:30eu queria fazer tudo,
17:31porque eu estava começando a educação,
17:32era algo que eu sonhei, né?
17:34Então, eu queria fazer diferente,
17:35queria ensinar, queria, queria, queria,
17:37e eu não conseguia esses resultados.
17:39Os meninos estavam muito desanimados.
17:40Eles queriam conviver,
17:41porque eles estavam se sentindo falta,
17:42mas eles não sabiam mais conviver,
17:44como se comportar.
17:45Era uma coisa assim,
17:47nós temos que estudar muito bem
17:48esse período para entender
17:50o que aconteceu nessa volta.
17:53E eu fui tentando ser mais lúdica,
17:56e eu lembro que eu dava aula
17:57para duas turmas de quinto
17:58e duas turmas de oitavo ano.
18:00Nas duas turmas de quinto ano,
18:01eu era muito divertida,
18:02me fantasiava,
18:03e às vezes ia com personagem,
18:05fazia a coisa acontecer.
18:06Com as turmas de oitavo ano,
18:07era muito séria, muito assim.
18:08E eu comecei a desenvolver formas de ensinar
18:11que abordassem,
18:12que trouxessem mais a experiência,
18:14que eles pudessem experienciar.
18:16Hoje é uma metodologia,
18:17eu desenvolvi uma metodologia
18:18chamada Pedagogia do Entusiasmo,
18:20que é essa ideia de,
18:21eu estava muito desanimada,
18:22os meus alunos estavam desanimados,
18:23eu preciso recuperar o entusiasmo
18:25da sala de aula,
18:26eu preciso inovar.
18:27E aí, eu tinha visto um professor
18:29chamado Dione Matos na internet,
18:31um post que ele postou assim,
18:33o antes e o depois
18:34da ideia dos alunos
18:35sobre a história da África.
18:36Ele mostrou só a foto do quadro,
18:38o antes, depois, o quadro depois.
18:39E eu já tinha a prática
18:40de gravar vídeos
18:41para as redes sociais,
18:43do que eu estava fazendo
18:44em sala de aula,
18:45de diferente,
18:46pensando numa forma
18:48de inovar nesse pós-pandemia.
18:52E aí, eu falei,
18:52vou fazer,
18:53quando eu chegar em África,
18:54eu vou falar disso.
18:55E aí, eu cheguei
18:56na história do continente africano,
18:58falei, deixa eu anotar
18:59o que os meninos pensam.
19:00Já imaginava as respostas.
19:02E aí, fui anotando,
19:03sem julgamento,
19:04escrevi no quadro, assim,
19:05África, e falei,
19:06o que vocês pensam
19:06quando eu falo África?
19:07A primeira palavra
19:08que vem à mente de vocês.
19:10E fui escrevendo.
19:11E aí, eles vinham
19:11com pobreza,
19:12miséria, fome,
19:13crianças doentes.
19:14Alguns até me justificavam,
19:16ah, professora,
19:16é porque sempre eu vejo
19:17propaganda e tem um monte
19:18de criança doente e tal,
19:20calor, não sei o quê.
19:21E aí, eu fui...
19:22E umas propagandas
19:22que passam o tempo inteiro,
19:24inclusive.
19:24O tempo todo.
19:25E essa vira a imagem,
19:27que é a chamada
19:28Nigozi Aditi,
19:28que é uma escritora nigeriana,
19:30ela vai dizer
19:31sobre o perigo
19:32de uma história única.
19:33Que, até para ela,
19:35enquanto nigeriana,
19:35enquanto africana,
19:37ela recebia essa imagem
19:38do continente africano
19:39e uma outra imagem
19:40diferente, né,
19:40sobre a Inglaterra
19:42que colonizou a Nigéria.
19:44E como é perigoso isso,
19:46porque aí você tem
19:47essa história única
19:48que ela não necessariamente
19:49é mentira, sabe?
19:50Tem fome, tem miséria,
19:51tem pobreza,
19:52tem criança doente.
19:53Mas ela vira
19:54a única versão
19:55que você tem.
19:55A gente pode pensar
19:56sobre povos indígenas
19:57aqui no Brasil,
19:57a gente pode pensar
19:58sobre Nordeste,
19:59sobre Norte,
19:59a gente pode pensar
20:00que vários lugares
20:01têm também
20:02uma história única,
20:03como se poucos grupos,
20:06poucas pessoas
20:06tivessem direito
20:07a ter subjetividade,
20:08individualidade,
20:10diferenças.
20:11E eu fui registrando isso
20:12sem julgar,
20:13sem nada.
20:14A minha ideia
20:15é que a aula
20:16seja um espaço confortável,
20:17inclusive para errar,
20:18se for o caso.
20:20E fui registrando.
20:21E aí eu fiz um projeto
20:22chamado África,
20:23um continente diverso.
20:24Dessa vez eu fiz
20:24em parceria
20:25com a professora
20:25de língua portuguesa.
20:26A gente adotou um conto,
20:28trabalhamos o conto,
20:29trabalhamos lenda,
20:29trabalhamos a oralidade,
20:31que é um elemento
20:32muito importante
20:33do nosso legado africano
20:35no Brasil.
20:36Como a gente gosta
20:37de contar histórias,
20:38de ouvir as histórias,
20:39de passar de geração
20:40para geração,
20:40isso é um aspecto muito,
20:42é fundamental,
20:43de herança africana
20:44para o nosso país.
20:46E fui trazendo,
20:47abordando esses trabalhos.
20:49Foi um projeto rápido,
20:51primeira versão,
20:52mas o resultado
20:53foi impressionante.
20:54Depois eu perguntei de novo.
20:56E eles tinham transformado
20:57a visão.
20:58É claro que aspectos
20:59da colonização
21:00não deixaram,
21:01não sumiram.
21:01A escravidão
21:02continua ali.
21:03Mas, de repente,
21:04eles começaram a falar
21:05sobre ouro,
21:06sobre sal,
21:07sobre cuxi,
21:08sobre Egito,
21:09Nigéria,
21:09Tanzânia,
21:10povos yorubás.
21:11Virou uma miscelânea
21:13de coisas,
21:15de ideias.
21:16Eles tinham mudado
21:17a referência deles.
21:18E eu tinha o vídeo
21:19do antes,
21:20depois eu fiz o vídeo
21:20do depois.
21:21E foi uma experiência
21:23tão fantástica.
21:23Eu lembro de sair
21:24da escola,
21:25caramba,
21:26a educação funciona,
21:27a educação.
21:28É realmente,
21:29é tudo aquilo
21:30que prometeram.
21:32Fui recuperando
21:33o meu entusiasmo mesmo.
21:34Daí vem o nome
21:35Pedagogia do Entusiasmo,
21:36muito inspirado em Bell Hooks,
21:37que fala sobre entusiasmo.
21:39E comecei a...
21:40Caramba,
21:41é isso,
21:41é isso,
21:42é isso,
21:42é isso.
21:42Aí,
21:43em 2023,
21:44eu já não estava mais
21:45com o quinto ano,
21:46mas continuando
21:47nessa abordagem.
21:48Em 2024,
21:49eu volto para a escola pública.
21:51No início,
21:51eu comecei na privada.
21:52Esse projeto foi primeiro
21:53aplicado na privada.
21:54E volto na escola pública,
21:55eu estou no estado hoje,
21:57na mesma escola do ano passado,
21:58e reaplico o projeto.
22:00Só que dessa vez,
22:00um projeto que durou seis meses.
22:02E aí,
22:03nós usamos esse livro aqui,
22:04o Entre Corro e Pule,
22:05Aventuras Nada Virtuais pela África,
22:06que eu tinha escrito
22:07pensando no projeto
22:09e pensando em formas
22:10de reaplicar esse projeto.
22:11Então,
22:12aqui,
22:12são dois irmãos
22:13que caem dentro de um videogame
22:14sobre civilizações africanas.
22:16E eles vão ter que superar
22:17as fases para voltar para casa.
22:19Então,
22:19Egito,
22:20Império Cuxa,
22:20Travesso do Deserto do Saara,
22:22aí falam de Mali,
22:23Gana,
22:24Songar,
22:24depois vem povos iorubás.
22:26Então,
22:26eles vão utilizando
22:26algumas civilizações
22:27em diferentes tempos
22:29do continente
22:30para eles conseguirem
22:32voltar para casa.
22:33E aí,
22:33esse projeto durou seis meses
22:35e eu fiz a mesma coisa.
22:36Perguntei antes,
22:36perguntei depois.
22:37Virou uma coisa oficial
22:38do projeto
22:38para a gente medir
22:39para eles verem
22:40o quanto eles mudaram.
22:42E foi tão transformador
22:43que,
22:43inspirado nessas duas aplicações
22:45do projeto,
22:45tanto a de 2022
22:46quanto a de 2024,
22:47deu origem a esse livro infantil
22:49que você pensa
22:50quando fala o África.
22:51E aí,
22:51a professora,
22:52sou eu,
22:53inspirado na minha história,
22:54inspirado nos meus alunos.
22:55E é uma professora
22:56que pergunta
22:57no quadro
22:58e fala,
22:58pessoal,
22:59o que vocês pensam
22:59quando falam o África?
23:00As crianças dão as respostas
23:01inspiradas nas respostas
23:02que os meus alunos me deram
23:04em 2022 e 2024.
23:06E tem um convite
23:07para viajar.
23:07Aí tem um passaporte,
23:08porque eu faço um passaporte
23:09com as crianças.
23:10Pois é,
23:10vamos mostrar aqui.
23:11É,
23:11mostra aí o passaporte,
23:13tá.
23:14O passaporte
23:15vem de brinde no livro.
23:16Ele é inspirado
23:16na minha atividade
23:17com os meus alunos.
23:18A gente não é bonito assim,
23:21essa é legal também
23:22que eles podem colorir
23:23do jeito que eles querem e tal.
23:25E aí,
23:26aí vem o mapa também.
23:27Então,
23:28a ideia é que as crianças
23:29possam acompanhar no mapa
23:30o que elas estão vivendo,
23:31o que elas estão,
23:32onde elas estão pisando
23:34de mentirinha, né.
23:35E aí,
23:36é uma viagem mesmo.
23:37Eu falo,
23:37vamos viajar.
23:38Aí põe um barulho de avião.
23:39Agora voltamos no tempo.
23:41E tal.
23:42O que a gente está vendo?
23:43Olha,
23:43onde hoje é o Egito,
23:44antes chamava-se Kemet,
23:46que é o Egito antigo.
23:47Onde hoje é o Sudão,
23:48o Império Kush.
23:49E a gente vai avançando
23:50no tempo
23:51até chegar na África
23:52contemporânea
23:53e depois volta para o Brasil
23:54para a gente ver
23:55o que no Brasil tem
23:56de África,
23:57sabe?
23:57O que tem
23:58de diferentes civilizações
24:00e países atuais.
24:02Então,
24:03esse livro,
24:04ele é um resumo
24:05do meu projeto,
24:06do meu trabalho.
24:07Depois,
24:07no final,
24:08a professora volta para casa,
24:10volta para a sala,
24:11eles começam a procurar
24:12referências no Brasil,
24:13tal como meus alunos fizeram,
24:14e pergunta de novo.
24:17E aí,
24:17a mudança,
24:18tal como aconteceu
24:19na vida real.
24:21Então,
24:21esse livro,
24:21ele é um resumo
24:22do que mudou a minha vida,
24:24porque esse vídeo,
24:24ele viralizou,
24:25e aí,
24:26foram mais de 6 milhões
24:27de visualizações
24:28só nas minhas redes.
24:29Todo mundo começou
24:30a replicar.
24:31Várias páginas,
24:32famosas,
24:33começaram a comentar,
24:33compartilhar,
24:34curtir,
24:35comentar.
24:36Ficou uma coisa
24:36muito grande.
24:37Eu fiquei muito conhecida,
24:38professora do vídeo da África.
24:41Então,
24:41as pessoas começaram
24:42a conhecer também
24:42o meu trabalho
24:43em outros livros.
24:44E elas perguntavam,
24:45lá, Vini,
24:45você mostrou antes,
24:46você mostrou depois.
24:48Eu quero ver o durante.
24:49O que aconteceu durante?
24:50Por que teve
24:51essa mudança toda?
24:52E aí,
24:53eu trouxe o livro
24:53para te explicar
24:54e também
24:55para que outras crianças
24:56possam viver
24:56um pouquinho desse projeto também.
24:58Muito legal, né?
24:59Um relato muito realista
25:01de tudo que você viveu.
25:03Muito bem ilustrado, né?
25:04Como eu disse,
25:05um livro muito bonito.
25:07Já na capa
25:08se vê isso, né?
25:09E você tem uma parceria
25:11com o ilustrador?
25:12Como é que é?
25:12As ilustrações desse livro
25:14foram feitas
25:14da Letícia Morena.
25:16Elas são da Letícia Morena.
25:17Então,
25:17é a minha coautora, né?
25:18Então,
25:19a gente...
25:19Porque tem uma história
25:20que ela é contada pelo texto
25:21e tem uma outra história
25:22que é contada pela ilustração.
25:23O livro infantil
25:24tem um pouco esse aspecto, né?
25:26É.
25:26É uma coautoria total.
25:27O livro é nosso.
25:27A gente fala
25:28nosso livrinho,
25:29nosso livrinho.
25:30E foi uma parceria
25:31que deu tão certo.
25:33Porque são ilustrações lindas,
25:35são ilustrações
25:35que chamam a atenção
25:36das crianças,
25:37que cumprem esse papel
25:39de contar essa narrativa
25:41ao longo da história.
25:42Então,
25:43você vai vendo,
25:43por exemplo,
25:44aqui na capa do livro,
25:45a gente já vê
25:46uma menina segurando o passaporte.
25:49O livro não menciona
25:50o passaporte no texto,
25:51mas está nas entrelinhas,
25:53ali nas ilustrações.
25:55Tem uma menina negra
25:56que está usando
25:57um cordão de girassol.
25:58Esse cordão de girassol,
25:59ele representa
26:00as deficiências ocultas,
26:03não visíveis.
26:04Então,
26:05por exemplo,
26:05uma pessoa surda,
26:06uma pessoa autista.
26:07Então,
26:07esse cordão,
26:08ele simboliza algo.
26:09Tem um menino cadeirante
26:11e aí dentro do livro,
26:12quando eles estão entrando
26:13no Egito,
26:15tem uma rampa
26:16para poder entrar
26:16no templo.
26:18E são criações,
26:19são construções
26:20que eu falei,
26:20eu pedi muito
26:21para a Letícia,
26:22Letícia,
26:22vamos trabalhar isso,
26:23isso e isso,
26:23porque eu quero representar,
26:25por exemplo,
26:26os processos de acessibilidade
26:27que a gente precisa fazer
26:29dentro da sala de aula
26:29para que todo mundo
26:30tenha acesso
26:31a esse conhecimento.
26:32Então,
26:32essa rampa
26:33representa isso,
26:34um pouco disso.
26:35Dentro tem a representação
26:36também de uma menina indígena,
26:38do povo puri.
26:39Então,
26:39ela usa o grafismo,
26:42os adereços
26:43do povo puri,
26:44que foi pensado,
26:45foi estudado
26:46como uma pessoa
26:47professora do povo puri.
26:49Então,
26:49nós pensamos
26:49como representar,
26:50como fazer de modo
26:51que o povo puri
26:52bate o olho e fala,
26:53ah,
26:53isso é puri,
26:54porque eu estou vendo
26:54esse grafismo aqui,
26:56o rosto,
26:56a pintura no rosto dela e tal.
26:58E não é também
26:59uma menina indígena
27:00que tem esse estereótipo
27:02do que é indígena,
27:03porque as pessoas
27:03associam muito
27:04a pessoa indígena
27:05à pele marrom,
27:06cabelo liso,
27:07franjinha,
27:07cabelo preto.
27:08Mas ser indígena
27:09não é fenotípico,
27:10como é toda a questão
27:11racial do Brasil,
27:13né?
27:13Então,
27:13ser negro,
27:13você bate o olho,
27:14você sabe se uma pessoa
27:15é negra ou se não é,
27:16branca,
27:17enfim.
27:17Mas indígena não é fenotípico,
27:18indígena é cultura,
27:19indígena é como você,
27:21como você cresceu,
27:22onde você foi criado,
27:23está associada à terra,
27:24está associada a um povo.
27:26e é uma menina
27:28que tem a pele clara,
27:29cabelo cacheado,
27:30então ela sai desse estereótipo.
27:31Então,
27:31eu estou conversando ali
27:33pela ilustração,
27:34quer dizer,
27:34Letícia Moreno está conversando
27:35com a ilustração,
27:36partindo de vários pontos de vista,
27:39abrindo vários debates
27:40para que os professores
27:41possam também aproveitar,
27:43os pais,
27:44enquanto estão lendo o livro,
27:45com as crianças,
27:46possam aproveitar
27:46esse segundo texto
27:49que está ali,
27:50que são duas histórias,
27:51elas estão conversando,
27:52claro,
27:52mas tem dois caminhos
27:54que você pode,
27:54quer dizer,
27:54tem vários caminhos
27:55que você pode seguir
27:56no livro infantil,
27:57então a ideia é que
27:59essa sala de aula
28:00represente também
28:01as multiplicidades do Brasil,
28:03da sala de aula do Brasil,
28:05então é um livro carregado
28:06de simbolismos do texto
28:08até a última demonstração
28:09no final.
28:10Que legal,
28:11e que massa
28:12do jeito que você fala
28:13sobre os livros,
28:14realmente dá para notar
28:15esse entusiasmo
28:16que é muito pertinente
28:18para isso tudo
28:20que você está trazendo
28:21aí,
28:22conta mais,
28:23o Lucas até me falou
28:24para eu te perguntar
28:25qual livro
28:26da sua história
28:28que te marcou mais,
28:29assim,
28:29com exceção do primeiro,
28:31que você tinha 13 anos,
28:33mas assim,
28:33da vida adulta,
28:34tem algum
28:35que você ficou
28:36mais marcada,
28:37assim?
28:38Eu sempre que eu vou
28:38à escola dar palestra,
28:39eu tenho uma palestra
28:40não existe idade
28:41para começar a sonhar
28:41como me tornei
28:42escritor aos 13 anos,
28:43que eu narro
28:43toda a minha trajetória
28:44para os alunos e tal,
28:46e eles,
28:46tem sempre um que levanta a mão
28:47e fala,
28:47mas e aí,
28:48qual que é seu livro preferido?
28:49Muito bom,
28:50muito bom,
28:50falou de vários,
28:51e aí,
28:51qual que é seu preferido?
28:53E eu falo,
28:53uma vez,
28:54tem 10 anos que isso aconteceu,
28:55eu não esqueço,
28:56que eu falei assim,
28:56olha,
28:56escolher qual livro eu gosto mais,
28:58é igual mandar a mãe
28:58escolher qual filho
28:59ela ama mais,
29:00aí o menino falou,
29:01ah é,
29:01então quer dizer
29:02que você vende
29:02seus filhos?
29:03eu falei calma,
29:05calma, calma,
29:05calma, calma, calma,
29:06não é bem assim,
29:07é só uma comparação,
29:09uma analogia,
29:10mas acaba que a gente tem mesmo
29:12os preferidos,
29:13assim,
29:13eu puxo muito o saco
29:15para a trilogia
29:16Entre Três Mundos,
29:17porque ela conta muito
29:17da minha história,
29:18né,
29:19e o último,
29:20esse último,
29:21ele,
29:21do que você pensa
29:22quando fala o África,
29:23ele,
29:23ele resume muito
29:24do que mudou a minha vida,
29:26esse vídeo mudou a minha vida,
29:26esse vídeo mudou a vida
29:27dos meus alunos,
29:29o projeto,
29:30tudo,
29:30tudo foi muito transformado,
29:31né,
29:32então eu acabo puxando o saco,
29:34e recentemente
29:34o Entre Corro e Pule
29:35Aventuras Nada Virtuais
29:36pela África,
29:37ele está concorrendo
29:38a um prêmio
29:38do Ministério da Igualdade Racial
29:40com a Federal do Reconcavo
29:41da Bahia,
29:42que é um prêmio
29:43muito importante,
29:44é um prêmio chamado
29:44Eredendê,
29:46e ele vai trazer
29:47o foco na literatura
29:48afrocentrada,
29:49então pensar
29:50em literaturas
29:51que conversem
29:52com,
29:53com a nossa ancestralidade,
29:56com a cultura de terreiro,
29:58enfim,
29:58com histórias que têm a ver
29:59com o nosso país,
30:00mas também que têm
30:01um legado,
30:01africano,
30:02e esse livro
30:03está concorrendo,
30:04está na final,
30:04inclusive está em votação
30:06popular,
30:06se até...
30:07Pois é,
30:08você que está assistindo aí,
30:10votem,
30:11entrem,
30:12votem,
30:13se tiver a tempo,
30:14se o programa
30:14for ao ar a tempo,
30:15estará lá,
30:16se não entrem para ver
30:17que ela provavelmente
30:18venceu.
30:19Aí é,
30:19tomara!
30:20Se a nossa energia
30:22positiva aqui
30:23der certo,
30:24tomara!
30:24Para vocês entrarem,
30:25só abriu meu Instagram,
30:26arroba
30:27Lavinia Rocha,
30:28arroba
30:28Lavinia Rocha,
30:29e aí está lá o link
30:31para votar,
30:32ou então a informação
30:33de que eu venci.
30:34É isso,
30:35é isso.
30:36Então eu acho que
30:37é isso,
30:37os livros vão ganhando
30:38esses aspectos,
30:39na medida que você escreve
30:41um livro,
30:41na hora que você joga
30:42ele no mundo,
30:43o mundo vai interpretar
30:45e trabalhar com essa história
30:46de um outro jeito,
30:47e aí devolve para você
30:48e você até ressignifica
30:49a sua própria história,
30:50é muito interessante isso,
30:51né?
30:51Por exemplo,
30:52O Mistério da Sala Secreta,
30:54ele é um livro que
30:55é o meu mais vendido,
30:57é o meu mais adotado em escola,
30:58eu falo que ele é o preferidinho
30:59dos professores,
31:00porque ele conta a história
31:01de dois alunos
31:02que estão numa escola municipal
31:04que vai fechar,
31:05a prefeitura mandou fechar a escola,
31:07com um motivo estapafute,
31:08que é falta de alunos,
31:09eles olham para um lado,
31:10olham para o outro,
31:10a escola está cheia,
31:12e eles descobrem
31:12numa despedida da escola
31:13que a escola tem uma lenda,
31:15a lenda da Sala Secreta,
31:16que é uma sala que só entra,
31:17quem conseguir entrar,
31:19só sai,
31:19se for corajoso e merecedor,
31:21tal como a Maria Quitéria de Jesus,
31:22que é a mulher que dá nome à escola.
31:24E aí a Júlia fica desesperada
31:26para entrar,
31:26ela se precisar arrombar a porta,
31:28ela vai arrombar,
31:28porque ela é curiosa,
31:29danadinha,
31:29ela pensa assim,
31:30se a escola for fechada amanhã,
31:31eu vou morrer sem saber,
31:32não posso.
31:33O Gabriel não,
31:34o Gabriel já é aquele quietinho,
31:35aquele aluno que não quer dar trabalho,
31:37que não quer que chame os pais,
31:38a avó dele,
31:40não quer ocorrência,
31:41mas ele fica muito curioso também,
31:43então eles vão estar naquela,
31:44vai entrar ou não vai entrar,
31:45vai entrar ou não vai entrar.
31:46Então é um livro que é uma aventura,
31:47é um mistério,
31:48é um livro muito adotado,
31:49muito trabalhado na sala de aula,
31:51ele fala sobre a história dessa mulher,
31:52Maria Quitéria de Jesus,
31:53que é uma mulher que existiu mesmo,
31:55na Bahia,
31:55nasceu na Bahia,
31:56lutou nas guerras de independência do Brasil,
31:58fingiu que era um homem primeiro,
31:59porque não podia,
32:00na mulher,
32:01depois virou como que ela era boa,
32:02não quiseram deixar ela embora.
32:04Então é uma história,
32:07que também fala sobre a nossa história,
32:08sabe,
32:08a nossa história enquanto nação.
32:10Então acaba que ele é um livro
32:12muito bem aproveitado
32:13nesses sentidos,
32:14assim,
32:14protagonismo negro,
32:15fala de uma educação
32:16de qualidade pública,
32:17que eles querem proteger,
32:19fala de história do Brasil,
32:21então eu vou misturando ali
32:22várias temáticas,
32:24ele está no PNLD também,
32:26no ano de 2024,
32:28que está um pouco atrasada o PNLD,
32:29mas está lá na lista,
32:31então foi aprovado.
32:34Então são várias,
32:35várias, assim,
32:36histórias que eu misturo ali,
32:37que as escolas gostam de trabalhar.
32:39E aí o último que eu não falei,
32:40que é o Mais Porquê,
32:41é um livro também,
32:43que foi o meu primeiro infantil,
32:44foi logo antes do que você pensa,
32:46que ele conta a história
32:47de uma menina
32:47que vive num reino
32:48onde o ponto de interrogação
32:50foi proibido.
32:51E o rei diz que tem vários perigos
32:53ali cercando,
32:55então ele mura,
32:56faz um muro grande,
32:58assim,
32:58uma muralha,
32:59e ninguém pode passar,
33:01e ele diz que os perigos
33:01estão logo ali fora,
33:03então se alguém usar o ponto de interrogação,
33:04traz os perigos para dentro.
33:06E a Lili,
33:07nasceu nesse mundo,
33:07ela nunca fez uma interrogação,
33:09ela obedece tudo direitinho,
33:10vai para a escola,
33:11não faz perguntas nenhuma,
33:13e tudo mais,
33:14só que ela encontra um livro
33:15com um ponto de interrogação,
33:17e aí ela,
33:17na hora que ela bate o olho,
33:19ela já fala,
33:19o que é isso?
33:20E aí saiu a primeira pergunta,
33:21e ela não para,
33:22e ela começa,
33:22o que é isso,
33:23o que é isso?
33:24E os pais começam a ficar desesperados,
33:25a professora começa a ficar desesperada,
33:27e ela,
33:28não, mas você não pode,
33:28ela fala,
33:29mas por quê?
33:30Não, mas você não pode,
33:30mas por quê?
33:31Mas por quê?
33:31Mas por quê?
33:32E de tanto que ela faz perguntas,
33:33ela começa a adquirir asas,
33:36e começa a voar,
33:36e levar pontos de interrogação
33:38para todo o reino.
33:38Então, eu estou falando ali
33:40sobre a criticidade,
33:41sobre a pergunta,
33:43sobre momentos da história do Brasil,
33:45de outros países,
33:46assim,
33:47que questionar não era permitido, né?
33:49Então, momentos de tutoriais,
33:51que fazer perguntas
33:52não era permitido,
33:54permitido.
33:55Então, eu estou trazendo ali
33:56um pouquinho de cada coisa
33:57na linguagem da criança também.
33:59Legal demais, né?
34:00Muitas coisas políticas,
34:03é,
34:03no sentido primordial da palavra, né?
34:07A gente não está falando
34:08de política partidária,
34:10mas de questões que são tangentes
34:13para todo mundo, né?
34:15Especialmente para nós, negros,
34:18e que estamos aí nessa busca
34:20por identidade, na arte,
34:23e muito legal, né?
34:24Isso, assim,
34:25a importância de poder questionar, né?
34:29Muito massa,
34:30muito interessante como você insere
34:32essas questões
34:35numa história divertida,
34:37do jeito que você conta
34:38dá vontade de ler,
34:39isso é bem legal.
34:40Ai, que ótimo.
34:41E espero que quem está ouvindo a gente
34:44também tenha essa vontade, né?
34:46Porque realmente
34:48são livros incríveis aqui,
34:50que realmente vale a pena.
34:52Então,
34:53a gente já está encaminhando para o fim.
34:56Eu queria saber,
34:57você lê hoje em dia
34:59como lazer?
35:00Então,
35:01essa pergunta é muito difícil.
35:03Porque,
35:03para você ver,
35:04que eu escrevo
35:04para faixas etárias diferentes,
35:06tudo que eu leio
35:07acaba sendo um pouquinho
35:08de trabalho,
35:09porque acaba me inspirando
35:10a fazer outros livros, né?
35:12Eu sou,
35:12quando eu escrevo
35:13para jovem adulto,
35:14adulto,
35:15eu escrevo como Lia Rocha.
35:16Então,
35:17é o meu pseudônimo, né?
35:18Vou publicar novos livros,
35:20é um pseudônimo mais quietinho,
35:21assim,
35:21de vez em quando,
35:22eu faço uma coisa experimental,
35:24faço ali.
35:25Então,
35:25de tudo que eu leio,
35:26do infantil a adulto,
35:27acaba sendo um laboratório,
35:30assim,
35:30nossa,
35:31interessante o jeito
35:31que esse autor contou
35:32uma história.
35:33E se não é isso,
35:34eu estou pensando,
35:35nossa,
35:35vou trabalhar esse livro
35:36com os meus alunos.
35:37Esse livro é ótimo
35:38para trabalhar tal tema,
35:39tal conteúdo,
35:39tal.
35:40Então,
35:41só que,
35:42ao mesmo tempo,
35:42é muito difícil,
35:43porque isso é lazer,
35:44isso sempre foi lazer para mim.
35:46A questão é que eu transformei
35:47meu maior lazer em trabalho.
35:49Meus maiores lazeres, né?
35:50Assim,
35:50escrever,
35:51falar.
35:52Mas,
35:52no seu caso,
35:53tem aquela frase,
35:54trabalhe com o que ama,
35:55que não vai amar mais nada,
35:57não funciona.
35:58Você continua gostando.
35:59Eu continuo amando o que eu faço.
36:02Acaba que eu fico mais rigorosa
36:04com isso,
36:06mas,
36:06e também faço com que eu tenha
36:07que buscar outras formas,
36:09outros hobbies,
36:10para eu me desvencilhar
36:11daquilo que é trabalho.
36:12Apesar de continuar sendo lazer,
36:13eu preciso lutar
36:14para poder também me desligar,
36:16que é uma das coisas
36:17mais difíceis para mim,
36:18porque o que eu mais amo
36:19é transformar em trabalho.
36:21Ah,
36:21é,
36:21isso faz parte.
36:23É.
36:24Bom,
36:24eu queria que você desse
36:25um conselho,
36:26então,
36:27para,
36:28seja para uma criança,
36:29um jovem,
36:30ou até um adulto,
36:31como escrever um livro.
36:32Como escrever um livro?
36:33Olha,
36:34tem,
36:34são várias coisas
36:35que eu sugiro para as pessoas.
36:37A primeira coisa
36:38é,
36:39que vai partir do interno,
36:40que é acreditar em si mesmo,
36:42assim,
36:42é muito difícil isso.
36:43Eu sei que,
36:44a gente começa a se questionar,
36:45e aí,
36:46está ruim.
36:46Você escreve uma linha,
36:47ai,
36:47meu Deus,
36:47que horrível,
36:48não é para começar assim.
36:49E aí,
36:49o que eu digo é,
36:50vai,
36:51vai mesmo se estiver ruim,
36:52porque é melhor você ter um arquivo ruim,
36:54do que você ter um arquivo em branco.
36:56O ruim,
36:57tem que você melhorar.
36:58O em branco,
36:58você não faz nada com aquilo.
37:00Então,
37:00vai assim mesmo.
37:01E o branco é opressor,
37:02nesse sentido,
37:03né?
37:03Tem a metáfora aí,
37:05mas a tela em branco,
37:07para você começar a fazer qualquer tipo de coisa,
37:10ela é um pouco opressora,
37:11você sair desse lugar inicial,
37:13né?
37:13E aí,
37:14o que eu falo?
37:14Comece de uma cena.
37:15Não precisa começar daquilo que vai efetivamente ser o início do livro daqui a um tempo.
37:19Comece de uma cena,
37:20comece do meio,
37:21comece do final,
37:22comece de onde você quiser.
37:23Só comece,
37:24porque é dali você vai desembolando a questão,
37:28sabe?
37:28Desenhando,
37:29entendendo melhor.
37:30Tem pessoas,
37:31tem escritores,
37:31que gostam de ser arquitetos,
37:33né?
37:33Que é planejar,
37:34a gente chama de escritor arquiteto,
37:35escritor jardineiro.
37:36Escritor arquiteto,
37:37que é aquele que gosta de desenhar,
37:39planejar tudo,
37:39capítulo 1,
37:402,
37:403,
37:404,
37:4030,
37:41e sabe tudo que vai acontecer,
37:43mas muda no planejamento.
37:45E tem escritores que é jardineiro,
37:46solta a sementinha e deixa crescente,
37:47sabe nem o que vai dar.
37:49Eu sou jardineiro,
37:49eu gosto de...
37:50O Itamar Vieira Júnior,
37:51do Tô Tarado,
37:52ele falou que é quase...
37:54que a escrita é irmã da leitura,
37:56que ele gosta de escrever como se ele estivesse lendo um livro.
37:58Então ele vai descobrindo o que vai acontecendo.
38:00E eu sou assim também.
38:01Até porque quando eu já sei o final,
38:03me tira um pouco ali do engajamento,
38:05assim,
38:06do que eu tava pra escrever.
38:07Eu quero descobrir o que vai acontecer.
38:08Mas você volta, né?
38:09Volto.
38:09Você toma decisões ali,
38:11que depois você abre mão e tal.
38:12Tira,
38:13suba, desça, aí vai pra editora,
38:15vai pra minha gente.
38:15É muita gente ainda que vai mexer no livro.
38:17Mas nesse primeiro momento,
38:18é o momento de divertir.
38:19E aí,
38:19isso que eu falo muito.
38:20Divirta-se, sabe?
38:22Divirta-se.
38:24Divirta-se.
38:24Vai atrás,
38:25vai brincar,
38:27vai escrever,
38:27vai experimentar.
38:28Nossa,
38:28nunca vi algo que fizesse.
38:30Vai experimentar.
38:31Vai,
38:31tenta.
38:32Conta de um jeito diferente.
38:33Conta de trás pra frente.
38:34Conta com flashback.
38:36Faz o que você sentir vontade.
38:39Leia muito,
38:39porque a literatura,
38:41ela inspira.
38:42E eu digo,
38:42de forma geral,
38:43arte inspira arte.
38:44Então,
38:44consuma cinema,
38:46teatro,
38:47música,
38:48tudo que tiver o alcance,
38:49assim,
38:49vá a eventos,
38:50tudo que tiver o alcance,
38:52é muito válido pra poder inspirar,
38:54porque arte chama arte.
38:56Esteja em eventos.
38:57Então,
38:58TV Bienal,
38:59tá tendo uma feira de livro,
39:00tá tendo,
39:00vá,
39:00conheça as pessoas,
39:02conheça o mercado.
39:03Aqui em BH,
39:03a gente tem o clube do livro BH,
39:05que é um evento super legal,
39:06que acontece geralmente 3 em 3 meses.
39:08Então,
39:09é uma reunião de pessoas que gostam de ler,
39:11você acaba conhecendo pessoas do mercado,
39:13não precisa ler livro nenhum,
39:14você só chega lá,
39:15tem brincadeira,
39:15tem sorteio de livro,
39:16vocês podem pesquisar,
39:17clube do livro BH.
39:18Então,
39:19vá,
39:19esteja na cena,
39:20onde a cena da literatura belo-horizontina está acontecendo.
39:23Vá atrás disso,
39:24sabe,
39:24das bibliotecas públicas,
39:26enfim,
39:27esteja presente nesses lugares,
39:29porque quem é visto é lembrado também.
39:32Então,
39:32enquanto você está ali,
39:33porque é um caminho difícil de percorrer,
39:35e quanto mais a gente conhece pessoas,
39:37mais os caminhos vão se abrindo para a gente,
39:39é o tal do networking também,
39:40é muito importante.
39:42E faça esse caminho também nas redes sociais,
39:44vamos supor,
39:44a pessoa não é de uma capital,
39:46que tenha todos esses eventos aqui,
39:48vai pelas redes sociais,
39:50siga autores,
39:51siga influenciadores de literatura.
39:53Tem até uma propaganda,
39:54desculpa,
39:54eu tinha que interromper,
39:55que do Celton Mello para o TikTok,
39:58falando que acho que são mais de 10 mil pessoas
40:01falando sobre literatura,
40:03só em português,
40:04só no Brasil.
40:05no TikTok.
40:07Então,
40:08realmente,
40:09se você não achar lá no TikTok,
40:11você vem aqui para o Divirta-se,
40:12que a gente vai ter muita referência artística aqui sempre.
40:16E a gente precisa conhecer esses nomes.
40:18E trocando mesmo,
40:19você falou dos influenciadores,
40:20eu estava fazendo trabalho para o TikTok na Bienal do Rio,
40:23e aí a gente estava em um grupo de influenciadores,
40:26e os famosos,
40:27os mais famosos,
40:28se reunindo ali,
40:29e é uma troca legal,
40:31porque está todo mundo ali que faz o que ama,
40:33e é isso,
40:33você vai conhecendo essas pessoas,
40:35e essas pessoas vão trazendo possibilidades de caminhos,
40:38porque cada escritor tem um caminho.
40:40Se você vai entrevistar a mãe e outro escritor,
40:42vai te contar por um outro caminho que a escrita dele percorreu,
40:45ou dela,
40:46mas é um outro caminho.
40:47E eu tinha um caminho,
40:48meu caminho é muito específico.
40:49Então, a outra pessoa também vai ter um caminho muito específico.
40:52Cada um tem a sua especificidade.
40:54Então, conhecer o mercado,
40:56ler muito,
40:56consumir arte,
40:58e ter pessoas de confiança para você dar aquela,
41:00ou, dá uma olhadinha aqui,
41:01que a gente chama de leitor beta, né?
41:03Dá uma olhadinha aqui,
41:04tá bom isso aqui.
41:04De preferência,
41:05sem ser a sua mãe, né?
41:06É, é, né?
41:07De preferência.
41:08Uma pessoa que goste daquilo que você escreve,
41:10não adianta você me dar um livro de terror,
41:12porque eu não vou saber avaliar,
41:13até porque eu tenho medo de tudo,
41:14qualquer coisa.
41:15Eu falo,
41:15tá muito,
41:16tá muito terror.
41:16Tá ótimo.
41:18Então, por exemplo,
41:19eu já não dá, né?
41:20Mas, de repente,
41:21você me dá um romance,
41:22uma fantasia,
41:22um infantil,
41:23um infantil juvenil,
41:24aí, beleza,
41:24já é mais minha área.
41:25Então, pessoas que têm a ver com isso,
41:27na minha infância,
41:28adolescência,
41:29eram as minhas amigas,
41:30meus primos,
41:31que eram essas pessoas que avaliavam.
41:33Hoje, tenho amigas escritoras também,
41:35que fazem isso para mim.
41:37Então, trocar,
41:38pedir opiniões sinceras,
41:40aceitar essas críticas,
41:42essas opiniões,
41:42é um outro passo.
41:43Saber separar o seu trabalho
41:45da sua pessoa,
41:46porque, às vezes,
41:47a pessoa critica o seu trabalho,
41:48parece uma crítica pessoal,
41:50né?
41:50Especialmente,
41:50eu contei quanto eu trouxe
41:51da minha história
41:52para a Lisa,
41:53entre três mundos.
41:54De repente,
41:54uma pessoa critica...
41:55Verdade,
41:55eu até ia te perguntar isso,
41:56assim,
41:57você acha que é importante,
41:58por exemplo,
42:00sangrar, né?
42:01Colocar ali partes doloridas
42:03da sua vida,
42:04questões mais,
42:06como você trouxe, né?
42:07De identidade racial e tudo.
42:09Você acha que é importante
42:10sangrar no papel,
42:12nesse sentido?
42:13É,
42:13para mim é.
42:14Eu vou no pessoal,
42:15porque aí cada um vai ter um caminho,
42:16assim.
42:17Quando eu levo muito
42:18da minha história,
42:18eu trago a realidade
42:19de quem viveu, né?
42:21De quem está nesse lugar
42:22de que viveu essa história
42:23e acabo agregando
42:25as minhas personagens.
42:26É muito mais fácil
42:26você falar sobre aquilo
42:27que você conhece, né?
42:29Então,
42:29isso traz originalidade
42:31para a história.
42:32Mas também não se prender
42:33a isso, né?
42:33Eu gosto de trazer também
42:34histórias completamente diferentes
42:36daquilo que eu vivi,
42:38mas que tenha sempre
42:39um pouquinho ali,
42:40um pouquinho de mim
42:41ou um pouquinho de uma professora,
42:42um pouquinho dos meus pais,
42:44do meu namorado.
42:44A gente vai agregando
42:45um pouquinho das histórias.
42:47Mas é bom,
42:48é bom.
42:48Eu acho que até
42:49curativo mesmo, assim.
42:51Às vezes,
42:51você colocar para fora,
42:52não precisa nem querer publicar,
42:54ter pretensão de publicar.
42:55E aí,
42:55é uma outra dica também.
42:57Sonhe alto,
42:58mas também não fique preso
42:59a isso, assim.
43:00Se amanhã eu não conseguir
43:01alcançar o meu sonho,
43:04não tem como você dar
43:04dez passos de uma vez, sabe?
43:06Saiba que tem um caminho
43:08a ser percorrido.
43:09Eu tenho 15 anos
43:10de literatura.
43:11Se eu te contar tudo
43:12que eu vivi,
43:12todos os percalços,
43:13eu falo assim,
43:14nossa,
43:14ela chegou aqui,
43:16já está aqui,
43:16foi rápido.
43:17Não foi rápido, sabe?
43:18Eu sou nova,
43:18mas é porque eu comecei
43:19muito nova.
43:20Mas não foi rápido,
43:21não é rápido.
43:22Então, saiba que,
43:23ah, se em um mês
43:23eu não conquistar,
43:24se eu não virar best-seller,
43:25eu vou desistir.
43:26Não, sabe?
43:27Tenha paciência.
43:30É um caminho difícil,
43:31a arte sempre é um caminho difícil,
43:34mas que é um caminho
43:34que vale muito a pena.
43:36Então, tenha paciência.
43:37Eu acho que eu diria
43:38um dos melhores conselhos
43:39que eu posso dar.
43:40Legal.
43:40E você acha que público-alvo
43:42é uma coisa importante
43:43da pessoa já ter, assim?
43:45É.
43:45Às vezes o público te escolhe,
43:47mas às vezes você já faz ali
43:48pensando no público, né?
43:49Eu era adolescente
43:51e escrevia para o adolescente.
43:52Escrevia para mim.
43:53Para mim,
43:53para a minha prima,
43:54para a minha amiga.
43:55Então, eu comecei
43:56por esse público.
43:57Quando eu comecei
43:57a dar aula para a criança,
43:59e aí os meus livros
44:00começam também
44:01a ter também
44:02esse aspecto infantil.
44:03E quando eu começo a crescer,
44:04a minha faixa etária,
44:05a minha idade,
44:05eu também quero crescer
44:06os meus dilemas,
44:07as questões que eu trabalho.
44:08Então, mas assim,
44:10isso é raro.
44:10Geralmente, as pessoas
44:11não fazem livros
44:12para tanta faixa etária, assim.
44:13Eu sou o que eu gosto muito,
44:14porque a minha cabeça
44:15não para de pensar.
44:16Eu quero fazer muitas coisas.
44:17Mas eu acho bom
44:18pensar um público-alvo,
44:20mas também não estar restrito
44:21a ele, sabe?
44:21Pensar que amanhã
44:22um público-alvo X
44:24pode te descobrir
44:25e pode gostar do seu livro, né?
44:27E pode se identificar
44:29com o seu livro
44:29mais do que você pensou
44:30inicialmente.
44:31Isso acontece.
44:32Acontece.
44:33É, do caso de você escrever
44:34mais para jovens e crianças
44:35e você recebe feedback
44:37de adultos sobre o seu livro.
44:39Da mesma forma que
44:39esse do que você pensa
44:41quando fala,
44:42me impressionou,
44:43você recebe esse tipo
44:44de feedback de adultos?
44:46É muito legal,
44:46porque agora que eu estou descobrindo
44:48o livro infantil,
44:49porque o livro juvenil,
44:50ele é bem juvenil.
44:51Então, quem lê
44:51são os adolescentes.
44:53Às vezes,
44:53eu adoro uma professora,
44:54um pai,
44:55a professora adotou um livro,
44:56o pai vai lá e acompanha,
44:57mas o infantil, não.
44:59O infantil,
45:00se eu não me engano,
45:01acho que foi o Daniel Munduruku
45:02que falou isso,
45:03não estou na dúvida se foi ele,
45:04que ele fala que
45:05o livro infantil,
45:06ele é para a infância,
45:08não é só para a criança.
45:09E todo mundo tem a infância
45:10dentro de si, sabe?
45:12É bonito isso.
45:13Então, é para o Otávio
45:15criança, sabe?
45:16É para a infância
45:16que mora em você ainda.
45:18E o livro infantil,
45:19ele geralmente é poético,
45:22ele trabalha a imagem,
45:24a ilustração bonita,
45:26tem um fator artístico
45:27que vai além, né?
45:28E eu tenho percebido muito isso,
45:30como o meu livro infantil,
45:32ele não está sendo
45:33só para a criança.
45:35De repente,
45:35eu escrevo esse livro
45:36e aí tem adulto lá,
45:38para ele,
45:38nossa,
45:38nunca tinha ouvido falar
45:39de Imperio Cuxi,
45:39nunca tinha ouvido falar,
45:40sabe?
45:41Exatamente.
45:41Nessa temática,
45:42você com certeza
45:43foi além da bolha infantil,
45:46também por isso,
45:47porque nós aqui,
45:48adultos,
45:49estamos presos
45:49a esse tipo de estereótipo
45:51sobre a África,
45:52por exemplo.
45:52Então, acabou,
45:53para mim,
45:54pessoalmente,
45:54teve esse aspecto.
45:56Claro,
45:56eu já venho também,
45:57a gente já tenta,
46:00parte como esse descobrimento
46:01da identidade racial e tal,
46:03de procurar informações,
46:05mas assim,
46:06sistematizado,
46:07separadinho,
46:08e desse jeito gostoso,
46:09com uma arte bonita,
46:11realmente impacta.
46:11É outra coisa.
46:11E tem a questão que,
46:15o livro infantil,
46:16ele tem uma peneira,
46:17ele tem um filtro que é o adulto,
46:19seja o pai, a mãe,
46:20o avô, a tia,
46:20o bibliotecário,
46:22o adulto tem que,
46:23vai primeiro ver,
46:24para depois chegar na mão da criança,
46:25não é uma criança que escolhe,
46:26o juvenil,
46:27já são os próprios adolescentes,
46:29que olham,
46:29gostam,
46:30olham no TikTok,
46:31olham nas redes sociais,
46:32eles são muito influenciadores
46:33de si mesmos,
46:34então a biblioteca estava...
46:35São amigos,
46:36consumiu,
46:36isso,
46:37olha isso aqui,
46:38aí está lá nos mais lisos
46:39da biblioteca,
46:40então assim,
46:40eles são muito coisa,
46:41mas o infantil não,
46:42o infantil,
46:43a criança ainda não tem essa autonomia,
46:44de chegar lá e comprar o próprio livro,
46:46escolher,
46:47a não ser na biblioteca,
46:48mas aí passou pelo bibliotecário,
46:50entende?
46:51Então,
46:51primeiro o livro infantil tem que encantar o adulto,
46:53isso é uma coisa que eu tenho aprendido,
46:55e isso é muito interessante,
46:56ele tem que encantar o adulto,
46:57mas não é difícil conseguir encantar o adulto,
46:58porque todo adulto tem uma criança ali,
47:00e aí tem isso,
47:01você falou,
47:01da questão artística,
47:02de ser prazeroso,
47:04então primeiro o adulto,
47:05aí por exemplo,
47:06esse livro,
47:06esse livro chama a atenção das famílias,
47:08eles ficam curiosos,
47:09eu vi o Bienal de BH primeiro,
47:13que foi a minha primeira experiência com o livro,
47:15a Bienal foi em maio,
47:16o livro foi publicado em abril,
47:17a minha primeira experiência com o público,
47:19diretamente com o livro,
47:20foi em maio,
47:21e aí eu contava a história,
47:23que eu faço muito esse papel de livreira também,
47:24tô lá,
47:25sabe,
47:25no chão da livraria,
47:27apresentando o meu trabalho e tal,
47:29e aí eu conto a história,
47:30aí tá lá,
47:30o pai, a mãe,
47:31geralmente,
47:32a criança,
47:33e aí eu conto a história para a criança,
47:35que é o meu livro,
47:35é para a criança,
47:36e eu tô vendo os olhos dos pais brilharem,
47:39e aí eu apresento a história,
47:40a história já chama a atenção do adulto,
47:42a história chama a atenção da criança,
47:43aí vem um passaporte,
47:44o passaporte é a forma que a criança tem
47:46de viver a experiência do livro,
47:48de verdade,
47:49ela vai viajar,
47:51sabe,
47:51entre aspas,
47:52mas assim,
47:52ela também quer participar,
47:54então,
47:54é um papel,
47:55eu achei,
47:56falei,
47:56muito legal,
47:57é uma coisa simples,
47:57um papel,
47:58que tá dobradinho,
47:59mas que tem um mapa,
48:00mas que tem lugar para você escrever os carimbos,
48:02né,
48:03e isso deixa a criança maravilhada,
48:05deixa o pai maravilhado,
48:06a mãe,
48:07a avó,
48:07a tia,
48:08a professora,
48:08então,
48:09esse é um livro que tá encantando,
48:11por diferentes motivos,
48:13pessoas de idades diferentes,
48:14então,
48:15isso é legal da gente pensar,
48:16como que o livro infantil,
48:17ele não é só para criança,
48:18né,
48:18ele é para todo mundo.
48:20É,
48:20acho que essa é a grande lição que você deixa para a gente aqui,
48:22né,
48:22de tudo que você falou dos seus livros,
48:24adultos,
48:25realmente tem muita coisa que os adultos podem aproveitar e aprender de fato,
48:30e por que não se divertirem,
48:32se entreterem também,
48:34né,
48:34Exato.
48:34A Vini,
48:35a gente chegou já aqui no nosso tempo,
48:37o diretor tá meio sinalizando ali,
48:40mas de todo jeito,
48:43tô muito feliz,
48:44achei,
48:44foi nossa primeira,
48:45primeira,
48:47olha lá,
48:48um abraço,
48:49Léo,
48:50sempre ajudando muito aqui,
48:51aguentando as mudanças de horário,
48:54que às vezes a gravação de podcast exige,
48:57mas de todo jeito,
48:59a gente ficou muito feliz aqui,
49:01toda a equipe do Portal A,
49:03e tá muito feliz de te receber,
49:04e deixar um espaço para as suas palavras finais.
49:06Ah,
49:07eu quero agradecer muito,
49:08muito ao convite,
49:09foi uma conversa muito boa,
49:10nem parece,
49:10né,
49:11dois minutos,
49:12passa muito rápido.
49:12Eu gosto de falar,
49:13né,
49:13eu gosto de falar bastante.
49:14Não,
49:14eu estou vindo aí,
49:15professora.
49:15Mas quando a gente tá se divertindo,
49:17o tempo passa rápido,
49:18né?
49:18É,
49:18é verdade.
49:19E queria dizer para as pessoas seguirem os sonhos,
49:21independente de qual seja,
49:23que seja escrever,
49:24que seja cantar,
49:25que seja atuar,
49:26enfim,
49:26qualquer que seja o sonho,
49:28invista na arte,
49:29e invista na arte para as crianças também.
49:32Que mais crianças possam ter a referência que eu tive
49:35ao espaço de ser criativo.
49:38Hoje a minha criatividade é usada não só no meu trabalho como escritora,
49:41mas também como professora.
49:42Então,
49:42em qualquer área,
49:43a criatividade é uma demanda,
49:45assim,
49:45forte,
49:45a gente precisa de soluções criativas para os nossos problemas do mundo,
49:48né?
49:49Não tem jeito.
49:49Então,
49:50que deem espaço para as crianças serem criativas,
49:54invista na literatura,
49:55invista na literatura nacional,
49:57especialmente,
49:57que a gente precisa apoiar muito.
49:59E que sonhe,
50:00que conheça o meu trabalho,
50:01deixar o meu perfil de novo,
50:02arroba Lavinia Rocha no Instagram,
50:04para conhecer o meu trabalho,
50:05votar no meu livro,
50:06enfim,
50:07conhecer toda essa literatura,
50:08e de vários outros escritores nacionais.
50:10incrível,
50:11legal demais,
50:12Lavinia.
50:12Muito obrigado pela participação aqui no Divirtas.
50:15Eu que agradeço.
50:16Que bom que deu certo.
50:18Queria mandar um abraço para o Lucas,
50:21que não pôde estar aqui hoje com a gente,
50:23mas que mandou a sua representação por via de perguntas e outras ideias aí para o nosso bate-papo.
50:29E você que está nos acompanhando aqui no Portal Eye ou no Spotify,
50:35não deixe de seguir o Portal Eye,
50:37o Divirtas tem uma playlist.
50:39Então, a gente fala de cinema,
50:40fala de música,
50:42fala um pouco de tudo isso que a Lavinia falou,
50:44de colocar outras informações dentro da arte.
50:49Então, se você quer fomentar a sua criatividade,
50:53siga a nossa playlist no Portal Eye,
50:55no Spotify,
50:56e entre no em.com.br
50:59para notícias do Brasil e do mundo.
51:02É isso.
51:03Divirtas-se.