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O economista analisa o retorno da política do BNDES de patrocinar obras no exterior, mas apenas em países alinhados ao governo do PT.

Assista à entrevista completa: https://youtu.be/ajArMWYKUgo

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Transcrição
00:00Não posso deixar passar aqui sem a gente, pelo menos, perguntar a sua opinião
00:04sobre o Sul, ou o nome que é essa moeda local ou regional.
00:12Eu brincava hoje mais cedo que a ideia está amadurecendo.
00:17Até o Maduro já levantou a mão lá e disse que topa também.
00:22Eu queria que o senhor desse um panorama para a gente nessa parte de comércio exterior.
00:28Como é que a gente vai se movimentar?
00:31Como é que você acha que o governo vai se movimentar nesses próximos anos?
00:35Bom, aí eu faço uma outra pergunta depois, é sobre expectativas e etc.
00:42Deixa eu só pegar carona na pergunta do Rodrigo, porque além dessa questão,
00:52desse mecanismo de troca, que estão chamando de moeda e tal, nós temos todo um esforço
00:58diplomático de integração, de reintegração ou de retomada daquela política de reintegração.
01:05Mas isso acontece nesse novo contexto geopolítico, que não me parece que não favorece esse tipo
01:12de ação. Se eu estiver errado, por favor, me corrija, Marcos.
01:17É só para encaixotar aqui a pergunta do Rodrigo dentro desse contexto maior,
01:25porque a gente estava falando daquele contexto de commodities, de boom internacional,
01:28e agora a gente tem contexto de retração, de inflação, de crise.
01:34E assim, esse tipo de movimento, ele é bom, é positivo, ou ao contrário, ele só tende
01:42a piorar a nossa situação? Quer dizer, interagir dessa maneira com a Argentina e tal, eu não
01:48estou querendo ser preconceituoso, muito menos xenófobo, nem nada disso, mas em termos
01:54práticos, até querendo, buscando resposta. Muita gente criticou esse negócio do gasoduto
01:59e tal, mas enfim, se pode trazer energia mais barata para o Brasil, pode ter coisas boas.
02:05Se um mecanismo de troca comercial pode facilitar essa troca e tornar ela mais barata, pode ser
02:12também uma coisa boa. Então, eu faço aqui o advogado odiado também para a gente fazer
02:16uma discussão, não ideológica, mas uma discussão prática.
02:20Tá, vamos lá. Começando sobre essa questão da moeda. Me parece que não houve,
02:29ou anunciado que não houve a intenção de fazer uma moeda única, tipo euro na Europa,
02:34seria uma loucura. Você pega um país totalmente desestruturado, em termos fiscais e monetários,
02:41como a Argentina, que tem uma inflação de 100% e botar a mesma moeda para circular no Brasil
02:47e na Argentina. Existe uma, entre aspas, lei em economia que diz que a moeda ruim expulsa a
02:59moeda boa. Certamente as condições ruins da economia argentina contaminariam a economia
03:09brasileira. Parece que o que estavam falando era uma espécie de câmera de compensação
03:13para quando importadores argentinos comprassem produtos brasileiros. Como a Argentina tem
03:19escassez de dólares, esse é um dos desequilíbrios deles, estão sempre pendurados no valor de pagamento,
03:23aí fazem um crédito nesse valor, nessa unidade de conta, para eles não precisarem ter dólar na mão
03:32para fechar a transação. Mas isso também é muito complicado, porque fica lá um crédito em aberto,
03:39pode dar calote, qual é a garantia. Com relação à ideia geral de integração sul-americana,
03:50não é novidade nenhuma em relação à política do PT, que é a política protecionista, que não quer
03:57abrir a economia para o comércio internacional e acredita numa espécie de comércio sul-sul. Tem aquela
04:05ideia de que o país rico vai explorar os países coitadinhos dos países pobres, então vamos ficar nós
04:11mais pobres aqui, negociando, comercializando com os outros pobres e vamos crescer juntos, né?
04:18Isso é um limitador tremendo, né? Porque você perde acesso a mercados riquíssimos, mercados amplos,
04:25diversificados e uma via de mão dupla, que você abre mercado para você exportar seus produtos e você pode
04:32importar insumos mais baratos, que vai tornar a sua indústria mais produtiva, você pode importar novas
04:38tecnologias, você abre para empresas virem se instalar no Brasil, enfim, o comércio gera ganhos em várias
04:52dimensões. Então, essa ideia de fortalecer Mercosul e, ao mesmo tempo, olhar de nariz torcido ao CDE, olhar de
05:03nariz torcido outros acordos comerciais, acordo comercial com a Europa, com a União Europeia, faz
05:10parte dessa ideologia de que a gente vai perder, se a gente negociar com países mais ricos, na verdade,
05:17a gente vai estar perdendo o acesso aos mercados mais dinâmicos, que poderiam gerar mais riqueza
05:23para o país. O Claudio falou essa questão de financiar gasoduto, aí é a ideia que foi lançada
05:30pelo presidente Lula de voltar a botar o BNDES para financiar exportação de serviços de engenharia,
05:37financiar obras em outros países. E a justificativa é, não, nós estamos gerando renda para o país,
05:45nós vamos financiar a empresa brasileira que vai fazer obras no exterior, mas vai contratar
05:51empregados brasileiros, vai comprar insumos brasileiros, vai gerar renda aqui dentro.
05:55Nós temos vários problemas aí. O BNDES vai emprestar, e vai emprestar, ele precisa de uma garantia.
06:02Quem vai garantir? É o Tesouro? O BNDES fala assim, não, eu não tive problema nenhum para que eles
06:07emprestem, porque estava tudo garantido. Mas garantia é por quem? Temos o Tesouro, nós, pagadores de impostos.
06:11Nós pagamos aquele troço lá, direto ou indiretamente. Ou num fundo, FAT, que botou dinheiro do BNDES,
06:18Tesouro, que botou dinheiro direto lá. Então, sim, Venezuela deu calote, Cuba deu calote,
06:24acho que Angola deu calote, e nós pagamos esse calote. O segundo problema é que, se eu estou
06:31falando uma coisa de mercado, financiando empresas brasileiras que vão ao mercado exterior buscar
06:38oportunidades de negócio lucrativo, esse negócio pode estar na Bélgica, esse negócio pode estar
06:45na Espanha, esse negócio pode estar no Canadá. Por que que todo negócio bom e lucrativo
06:49está na Argentina, na Venezuela, em Cuba e em Angola? Que foram os quatro países que levaram
06:5580% desses financiamentos. Então, obviamente, tem uma coisa ideológica, política por trás
07:01nessa alocação desses recursos. E terceiro, que absolutamente não é prioridade.
07:09Cedo ou tarde vai ter impacto fiscal isso, e a gente estava conversando sobre o programa
07:15fiscal do Brasil. Então, você está querendo fazer uma política exterior canhestra aí,
07:24querendo dar uma de China, que financia todo mundo sem ter dinheiro para fazer isso. A China
07:29tem dinheiro sobrando lá para fazer isso, a gente não tem. Então, claramente, não é prioridade,
07:35nem é boa ideia. Já foi testado e reprovado. Mais um ponto, né? O Claudio falou, ah, vou fazer o
07:42advogado do diabo. Se o projeto for bom, por que não financiar? Se o projeto for bom, o mercado
07:47financia. Se o projeto é lucro, se você olhar a taxa de retorno e o custo de capital e esse
07:55troço de lucro, não precisa do BNDES para financiar. Tem mercado para financiar. Quando o BNDES saiu
08:01do mercado de financiamento, o mercado de capital no Brasil deu um pulo. Títulos privados de longo prazo
08:07duplicaram o estoque, duplicou o estoque de títulos privados de longo prazo. O BNDES saiu do mercado
08:14privado, pôde trabalhar. O BNDES foi focado no mercado privado. Só faz sentido o banco público entrar
08:22no mercado. Se você tem um projeto que não dá lucro, mas ele gera as chamadas externalidades, ele gera
08:30ganhos sociais permanentes e significativos, como melhoria do meio ambiente, maior expectativa de
08:38crescimento de longo prazo, outras coisas como aumento de emprego permanente, redução da pobreza.
08:47empresa. Se você provar que esse projeto tem um retorno social elevado, aí faz sentido o banco
08:59público não entrar, porque o privado não vai entrar. O público vai ter que entrar e vai ter que arcar com o
09:04custo referente a esses benefícios. Agora, isso é um cálculo difícil de fazer e essa acaba sendo uma
09:11artimanha para financiar qualquer coisa, porque você superfatura os benefícios sociais de qualquer projeto,
09:17que são difíceis de estimar, e aí tudo passa a valer a pena financiar pelo banco público.
09:24O Felipe Hermes, que é o nosso colaborador aqui, nosso colunista, ele até escreveu sobre esse
09:31suposto lucro que você tem das empresas para os trabalhadores, etc., em função desses empréstimos,
09:40de financiar produtos e serviços para exportação. E ele escreveu um artigo falando de um estudo do
09:50INSPER, inclusive, imagino que o senhor tenha conhecimento, que fala do prejuízo do trabalhador,
09:59prejuízo aí em torno de um bilhão e cem milhões por ano com essas obras que foram feitas no período do PT
10:06no exterior. Por quê? Por causa justamente do recurso do FAT cambial, que é o dinheiro que é emprestado
10:17para o BNDES, para o BNDES emprestar. Só que ele é emprestado por um custo muito mais baixo do que aquele
10:23que o BNDES faz. Então, no fim das contas, acaba sendo um prejuízo para o próprio trabalhador,
10:29porque esse dinheiro é do trabalhador, não é, Marcos?
10:33Claro, sem dúvida. E outro detalhe, Cláudio, tem um argumento assim, não, outros países fazem.
10:38Quais são os outros países que fazem? Alemanha, Japão, Canadá, todos os países que têm uma
10:47infraestrutura de primeira linha e, portanto, têm poupança e recursos suficientes para financiar
10:54investimentos em infraestrutura em outros países. Nós somos um país que tem uma tremenda
11:00carência de infraestrutura. Então, se as empresas de engenharia do Brasil trabalharem em obras de
11:11infraestrutura no Brasil, elas também vão gerar emprego, elas também vão consumir insumo aqui dentro
11:16e vão deixar uma infraestrutura feita aqui dentro, que vai aumentar a produtividade, vai aumentar
11:22o potencial de crescimento da nossa economia. Então, não dá para se comparar com um banco público
11:31alemão, com um banco público japonês ou chinês, entendeu? Porque...
11:36O que você acha dessa propaganda do governo? Não há risco...
11:39É uma propaganda enganosa, né? Não tem risco para o PNDES, mas tem risco para o Tesouro,
11:46tem risco para o FAT, tem risco para qualquer recurso público que for montado num fundo garantidor.
11:52Então, é claramente uma propaganda enganosa.
11:55Propaganda enganosa. Fake news! Será que o Moraes vai fazer alguma coisa?
12:00Bom, Rodrigo, o que você mais vai perguntar aí?
12:09Música
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