- anteontem
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NotíciasTranscrição
00:00A gente segue esse giro aqui de notícias, debates, encontros,
00:04entrevistando agora o ex-ministro da defesa do governo da Dilma Rousseff,
00:09Aldo Rebelo, que já está aqui com a gente no estúdio,
00:12que vai falar, entre outras coisas, sobre a Amazônia,
00:15sobre o Zianumami, também sobre a relação entre Lula e as Forças Armadas,
00:20e ele já está aqui com a gente. Tudo bem, ministro?
00:25Alô, tudo bem? A gente está ouvindo?
00:27Tudo jóia, estou ouvindo bem, tudo certo.
00:30Tudo, tudo tranquilo.
00:33O que é que você deseja?
00:33A gente acabou de fazer uma reunião aqui, um giro de debates,
00:37falando da visita do chanceler alemão ao Brasil, Olaf Scholz,
00:42e falando sobre esse apoio que esse chanceler cede ao Brasil,
00:47especialmente na Amazônia. E o senhor está aí na Amazônia, né?
00:49Tem acompanhado um trabalho. Qual é o trabalho que o senhor está fazendo aí?
00:53Eu vim concluir as minhas pesquisas para um livro sobre a Amazônia,
00:59que nos permita compreender a Amazônia,
01:03porque o Brasil precisa explicar a Amazônia, em primeiro lugar,
01:07para o Brasil, principalmente do Sul e do Sudeste,
01:10que só conhece a Amazônia por narrativas unilaterais e interesseiras,
01:16e explicar a Amazônia para o mundo, porque a agenda da Amazônia
01:20foi reduzida a dois itens, desmatamento e queimada.
01:26A sociedade na Amazônia, o drama dos indígenas, o drama dos ribeirinhos,
01:32a sobrevivência de 23 milhões de brasileiros que vivem na Amazônia,
01:36os 600 mil estudantes universitários, os 300 mil estudantes de escolas técnicas.
01:42Qual o futuro dessas pessoas? A fronteira mineral na Amazônia?
01:46A biodiversidade na Amazônia? Os recursos naturais da Amazônia?
01:50Ninguém discute essa temática na Amazônia.
01:55Aliás, eu era ministro da Ciência e Tecnologia
01:58quando a primeira-ministra Angela Merkel fez uma visita ao Brasil
02:02e trouxe uma grande delegação, 11 ou 12 ministros,
02:06e uma grande delegação na área de Ciência e Tecnologia.
02:09E eu, como ministro, propus uma agenda a essa delegação.
02:14Tem um grande instituto lá, o Max Planck, que nos doou uma torre,
02:18chamada Torre Alta, que nós localizamos aqui na Amazônia,
02:21de 350 metros de observação atmosférica.
02:25E eu ofereci uma série de alternativas.
02:28Visitar os nossos centros de pesquisa nuclear lá em São Paulo,
02:33visitar o Centro de Tecnologia Aeroespacial em São José dos Campos,
02:38mas eles preferiram fazer uma visita à Amazônia.
02:43Eu pus essa delegação no avião da FAB, trouxe a Manaus,
02:47fizemos uma ampla exposição sobre os desafios na Amazônia,
02:51propusemos, inclusive, uma ampla cooperação na área de biotecnologia,
02:56na área de Ciência, embarquei a delegação num navio
03:00e levei até essa Torre Alta, que fica a 140 quilômetros de Manaus.
03:05Ou seja, eles têm um grande interesse na Amazônia.
03:08Aliás, a Alemanha, a Siemens, quis a Siemens,
03:13tem mais de 150 anos de presença no Brasil.
03:16A Siemens é mais antiga no Brasil do que a República.
03:19Veio aqui com o Dom Pedro II para fazer a ligação telegráfica
03:24entre o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul.
03:26A maioria das empresas alemãs tem mais de 100 anos no Brasil.
03:29Então, tem um grande interesse, é possível uma grande cooperação,
03:32mas a Alemanha tem os seus interesses próprios.
03:36É preciso que os interesses do Brasil também sejam considerados
03:40e não apenas os interesses dos alemães, principalmente os políticos,
03:45porque eles querem usar, aumentando, inclusive, o uso do pior combustível fóssil,
03:51que é o carvão, eles aumentaram o uso do carvão,
03:56e querem aqui fazer exigências ambientais
03:58que eles não têm correspondência no próprio país.
04:04Interessante, ministro Aldo, essa citação aí,
04:07porque é justamente um ponto que tem sido quase que unânime nas redes sociais,
04:12que é esse apoio da Alemanha ao Brasil, eles serem,
04:15inclusive, possivelmente vai ser feito um anúncio aí
04:17de dinheiro cedido ao Brasil para tratar da Alemanha,
04:20mas é preciso ter atenção nesse momento
04:23para, justamente, as políticas nacionais sobressaírem
04:27às políticas internacionais voltadas à Alemanha.
04:30E quais serão os próximos passos desses acordos que o senhor avalia aí,
04:35entre, já que a gente está falando da Amazônia,
04:37falando desses acordos internacionais,
04:38que são acordos bilaterais, né?
04:40Quais serão os próximos passos que o senhor avalia aí
04:42desses acordos?
04:45O Lula pode vir a ceder
04:47para os interesses da Alemanha
04:50no que diz respeito à Amazônia?
04:51Eu creio que o Brasil caiu numa armadilha
04:57diplomática imposta pelos países ricos,
05:03que é separar dois temas
05:05que não deviam ser separados
05:08quando se fala de Brasil e de Amazônia,
05:11que é desenvolvimento e meio ambiente.
05:15Você não pode discutir um sem o outro.
05:17O Brasil conseguiu fazer isso uma única vez,
05:20em 1972,
05:22na primeira conferência de meio ambiente
05:24realizada em Estocolmo,
05:26quando os países ricos
05:27queriam só discutir meio ambiente,
05:29e o nosso embaixador,
05:30que tinha sido ministro das Relações Exteriores,
05:33do presidente João Goulart,
05:35mas que foi preservado pelos militares,
05:37virou embaixador na ONU,
05:38e depois chefiou a delegação
05:40a essa conferência de Estocolmo
05:42de 1972,
05:43ele disse,
05:44não, o Brasil não vai discutir somente
05:46meio ambiente,
05:47porque o que vocês querem,
05:49a expressão que ele usou na época,
05:51é o congelamento do poder mundial.
05:54E o que é que o embaixador Araújo Castro
05:57dizia do congelamento do poder mundial?
06:00É você destinar os recursos naturais
06:05disponíveis no planeta
06:06para quem já estava desenvolvido
06:09e, em nome da proteção ao meio ambiente,
06:12vedar o acesso ao desenvolvimento
06:14aos países que tinham esses recursos.
06:17E o Brasil, na época, não aceitou,
06:19mas depois nós fomos cedendo
06:21e, pouco a pouco,
06:23o Brasil aceitou que a questão do meio ambiente
06:26fosse discutida
06:27sem o direito ao desenvolvimento,
06:30o que nos coloca numa armadilha
06:31aqui na Amazônia,
06:32onde você tem 23 milhões de brasileiros,
06:35mais do que a população do Paraguai,
06:37do Uruguai,
06:38somadas,
06:40sem perspectiva,
06:41porque você vai formar estudantes de engenharia,
06:46de agronomia,
06:48de veterinária,
06:49nas universidades da Amazônia,
06:50para o quê?
06:51Para depois ele vai trabalhar como?
06:53Abraçado numa castanheira?
06:55Não, se não tiver desenvolvimento,
06:56não tem futuro para essa juventude,
06:58ele tem que terminar um curso universitário,
07:00pedir uma passagem para o pai e para a mãe
07:02e ir embora daqui,
07:03porque aqui nós não temos a perspectiva
07:07do desenvolvimento,
07:08porque a agenda não permite.
07:10Aldo, mais um ponto
07:13que eu acho que vale a pena a gente mencionar,
07:15que foi um tema
07:15que foi de grande relevância
07:18a semana passada,
07:19segue essa semana,
07:20e a gente imagina que pelos próximos dias também,
07:22diz respeito justamente
07:23aos povos Yanomami,
07:25o senhor inclusive se posicionou
07:26sobre o assunto,
07:27e um dos pontos que chamou a minha atenção
07:28foi a questão do senhor
07:30se posicionar favoravelmente
07:31à regulamentação dos garimpos
07:33em terras indígenas.
07:35O senhor acha que essa é uma alternativa
07:37para aliar talvez o desenvolvimento,
07:39à questão da sustentabilidade?
07:42O senhor acha que isso não pode impactar
07:43cada vez mais a questão ambiental?
07:46Qual a sua avaliação?
07:47São coisas muito diferentes
07:50e combinadas numa mesma pergunta.
07:53A primeira questão é a tragédia
07:55das populações indígenas.
07:57Essa tragédia tem séculos.
07:59As populações indígenas
08:00ficaram à margem do processo
08:03de integração,
08:04de desenvolvimento
08:05e de incorporação
08:07do nosso povo
08:08à sociedade nacional.
08:09Hoje você tem
08:11as populações indígenas
08:12convivendo com o maior índice
08:14de mortalidade infantil
08:15nas populações indígenas,
08:17o maior índice
08:18de analfabetismo
08:19nas populações indígenas,
08:21o menor índice
08:23de acesso
08:23a serviços básicos,
08:25como água encanada
08:26e energia elétrica.
08:27Os menores índices
08:28são entre as populações indígenas.
08:30o maior índice
08:32de doenças infecciosas,
08:33tuberculosas,
08:34entre as populações indígenas.
08:36Então, as populações indígenas
08:37foram deixadas,
08:39não é nem por governo,
08:41A, B ou C,
08:41porque isso passa
08:42de governo para governo.
08:44Essa visita que eu denuncio,
08:46que vi,
08:46foi no ano 2000, 2002,
08:49ainda era o governo
08:49do presidente Fernando Henrique,
08:51quando eu visitei
08:52as aldeias Yanomami
08:53e vi a situação de penúria,
08:55de subnutrição,
08:57os índios com as costelas à mostra,
08:59assando uma banana verde,
09:02em Oca cheia de fuligem,
09:04a moça de uma ONG
09:06que praticamente tutelava
09:08porque não deixou
09:09ter acesso à Oca
09:10nem às autoridades militares
09:12que estavam comigo,
09:14proibindo que eles tivessem acesso
09:16à água encanada
09:17e à luz elétrica
09:18porque modificaria
09:19a cultura deles.
09:20Ou seja,
09:21essa situação,
09:22essa tragédia,
09:23agora mostrou-se
09:24de maneira agravada,
09:26está certo?
09:27tomou visibilidade
09:29no país e no mundo
09:31porque chegou
09:32a uma escala
09:34inaceitável.
09:36Agora,
09:37essa situação,
09:38infelizmente,
09:39não é nova.
09:41A questão do garimpo,
09:44você tem dois artigos
09:45na Constituição,
09:46que autoriza
09:53a regulamentação
09:55da exploração
09:57de minérios
09:58em terras indígenas
10:00e áreas de fronteira.
10:01São dois artigos
10:02da Constituição,
10:04o 176 e o 231.
10:07Qualquer pessoa pode ir lá,
10:08abrir e ler.
10:09Só que isso nunca foi
10:10regulamentado.
10:11o senador
10:12Severo Gomes
10:13no governo Sarney
10:14tentou e não conseguiu,
10:16o deputado
10:16Aluís Mercadante
10:17no governo
10:18do presidente
10:18Fernando Henrique
10:19tentou e não conseguiu,
10:21houve duas tentativas
10:22no governo
10:23do presidente Lula,
10:24mas por alguma razão
10:25misteriosa
10:26não se consegue
10:26regulamentar.
10:28O que acontece
10:28é que os índios
10:29por conta própria
10:30fazem esse garimpo,
10:32como acontece
10:33com os Cinta Larga
10:34lá da Reserva Rússia,
10:35em Espigão do Oeste,
10:37em Rondônia,
10:38uma parte dos mundurucu
10:39que garimpam ouro
10:40nas suas áreas,
10:42outros índios
10:43são contra,
10:44há um conflito
10:45grande
10:46entre as próprias
10:47populações indígenas,
10:49há invasão
10:50de garimpeiros
10:51que não são indígenas,
10:53que entram
10:53nessas áreas,
10:54contra os índios,
10:56ora,
10:56associado com os índios
10:58em outro momento,
10:59e você tem
10:59essa situação.
11:01E a questão
11:01do garimpo,
11:02também,
11:03porque as pessoas
11:03ignoram,
11:04não sabem o que acontece.
11:06O artigo 174
11:08da Constituição
11:09diz que o governo
11:11deve estimular
11:13a organização
11:15de cooperativas
11:16de garimpeiros,
11:17é isso mesmo
11:18que eu estou dizendo,
11:19deve estimular
11:20e promover.
11:22Sabe quando é
11:23que foi feita
11:23a regulamentação
11:24do estatuto
11:25do garimpeiro?
11:26No governo
11:26do presidente Lula.
11:28Em 2006,
11:29chegou lá
11:30o projeto de lei
11:31enviado pelo governo
11:33e em 2008,
11:34esse estatuto
11:35foi aprovado
11:36e disse que o governo
11:37deve ajudar
11:38a organizar
11:39as cooperativas
11:40de garimpeiros
11:41para proteger
11:42o meio ambiente,
11:43para evitar
11:44a evasão fiscal
11:45e evitar
11:46a contaminação
11:47pelo mercúrio
11:49que é usado
11:50no garimpo ilegal.
11:52Isso está público,
11:53quem quiser,
11:54consulte essa lei,
11:55que é o estatuto
11:56do garimpeiro,
11:57o artigo
11:58174
11:59da Constituição.
12:00Mas você chegou
12:01a uma situação
12:02onde nada
12:03é organizado,
12:04nada é regulamentado,
12:05que termina
12:06prevalecendo
12:07a ilegalidade
12:08e na ilegalidade
12:09prevalece.
12:10O crime fiscal,
12:11porque não se paga imposto,
12:13prevalece.
12:13Aí você tem
12:14uma empresa holandesa
12:15que chega aqui
12:15e organiza,
12:17obtém
12:18uma concessão
12:19de lavra,
12:21tira o ouro,
12:22não paga o imposto
12:22e depois fecha
12:23e vai embora.
12:24Você tem
12:25o uso
12:26de mercúrio
12:27que envenena
12:29as águas,
12:30os rios
12:30e você tem
12:31a corrupção
12:32pelo vício,
12:34pelo álcool
12:35das populações
12:36indígenas,
12:37porque o Estado
12:37deixou isso
12:38à margem
12:39e só se discute
12:40quando a tragédia
12:42toma as dimensões
12:44que nós
12:44conhecemos
12:46hoje.
12:48Ministro,
12:49agora uma coisa
12:49que me intriga
12:50é porque só agora
12:52essa situação
12:52se tornou pública.
12:54É uma situação
12:54que desde 2000
12:55vem se desdobrando aí,
12:57como o senhor
12:58mencionou agora há pouco,
12:59com tragédia,
13:00fome,
13:01desnutrição,
13:01doenças inclusive,
13:04mas porque só agora
13:05essa situação
13:05tomou essa proporção
13:07e as pessoas
13:07tomaram conhecimento.
13:08Foram mais de 500 mortes,
13:10então é muita gente.
13:11O que o senhor avalia?
13:14Essas mortes
13:15acontecem
13:16há mais tempo.
13:16A mortalidade infantil
13:18entre as populações
13:19indígenas,
13:20que isso não é novidade,
13:21os índices
13:22do Ministério da Saúde
13:23apontam,
13:24o analfabetismo
13:25entre as populações
13:26indígenas
13:26é muito alto.
13:27tem parte das populações
13:29indígenas
13:30que nem sabem ler,
13:31não tem conhecimento
13:33de aritmética.
13:35Isso serve
13:36para se fazer
13:37tese
13:37de antropologia
13:39nas universidades
13:40inglesas
13:41e francesas,
13:44mas é uma tragédia
13:46que atinge
13:46os nossos irmãos
13:48que têm direito
13:49a aprender
13:51a leitura
13:52aritmética
13:53e que
13:54não
13:55obtém
13:56esses serviços
13:57do Estado brasileiro
13:59e da sociedade brasileira.
14:00Quando essa
14:01subnutrição,
14:03a fome,
14:04chegou
14:05a essa
14:06escala
14:06de tragédia
14:07humanitária,
14:09aí os jornais,
14:10a mídia,
14:12as organizações
14:13humanitárias
14:14tomam conhecimento,
14:16mas isso
14:17não foi uma coisa
14:18que se improvisou.
14:19Isso foi
14:20um abandono
14:21construído
14:22durante muito tempo.
14:24E assim
14:25permanecerá
14:26se medidas
14:27concretas
14:28do Estado brasileiro
14:30e a compreensão
14:31desse drama,
14:32porque não é apenas
14:33um drama material,
14:34a saúde,
14:35a educação,
14:36a fome,
14:37tem um drama também
14:38de caráter espiritual
14:40e existencial.
14:42Por quê?
14:43Porque essa
14:43cosmogonia
14:45indígena,
14:46tudo aquilo
14:47que o índio
14:49compreende
14:51e do mundo
14:51material e espiritual,
14:54que é fruto
14:54do estágio
14:55da caça
14:57e da coleta,
14:58vai sendo destruído
15:00por essa
15:01modernidade
15:02que chega
15:03à internet,
15:04os meios de comunicação,
15:06os índios
15:07querem ter acesso
15:08a isso,
15:09querem ter acesso
15:09à internet,
15:10ao telefone celular,
15:12ter acesso
15:12a uma vida
15:13de conforto
15:15mínima,
15:16promovida
15:16pela conquista
15:18dessa sociedade
15:19que pode
15:20dar água
15:21encanada,
15:21luz elétrica,
15:22televisão,
15:23automóvel,
15:24isso gera
15:25um conflito
15:26existencial
15:27muito grande.
15:28Esse mundo
15:29do caçador
15:30e coletor
15:31vai sendo
15:32destruído
15:33por novas necessidades
15:35contra as quais
15:37o índio
15:38se torna
15:38impotente,
15:40está certo?
15:40E vive
15:41essa situação.
15:44Perfeito.
15:45Aldo,
15:45um tema também
15:46que eu acho
15:46que vale a pena
15:47a gente trazer
15:47aqui a pauta,
15:48já que o senhor
15:49é ex-ministro
15:49da Defesa,
15:50eu acho que é interessante
15:50a gente pontuar
15:51essa questão.
15:52Hoje saiu
15:53no Diário Oficial
15:54da União
15:54a nomeação
15:55de 122 militares
15:57para a GSI
15:57em meio a essa crise
15:59que a gente tem visto
16:00aí,
16:00que é uma crise
16:00de confiança
16:01entre o governo
16:02e as Forças Armadas.
16:04O senhor avalia
16:05que nesse momento
16:05qual é a melhor postura
16:07que o ministro
16:07da Defesa
16:08e o presidente
16:09eleito
16:09devem adotar
16:10para amenizar
16:12essa crise?
16:13Foram duas semanas
16:15aí intensas
16:16de exonerações,
16:17muita gente
16:18até interpretou
16:19essas exonerações
16:20como uma espécie
16:21de punição
16:22e aí eu queria ver
16:24com o senhor
16:24como é que o senhor
16:25avalia que deve,
16:26qual deve ser o papel
16:27agora do atual
16:28ministro da Defesa
16:29e do presidente Lula
16:30para amenizar
16:31esse cenário
16:32aí de desconfiança,
16:35de uma certa,
16:36um certo receio
16:37entre os dois lados.
16:38eu vejo a situação
16:41com uma certa gravidade,
16:44não como um risco
16:46institucional
16:47e as Forças Armadas
16:48não cogitam
16:50e nem pensam
16:51em ter qualquer
16:53protagonismo institucional
16:56que põe em risco
16:57a Constituição.
16:59Não é isso.
17:00Eu acho que é algo
17:01mais grave,
17:02com o maior sentido
17:03de permanência,
17:04de continuidade,
17:05que é uma desconfiança
17:07entre duas instituições
17:10fundamentais
17:11do poder nacional.
17:13Poder nacional
17:14que só existe
17:16para enfrentar
17:17os desafios internos
17:19e externos
17:20se houver confiança
17:21entre a instituição
17:22Presidência da República,
17:24que é a mais importante
17:26da sociedade nacional
17:27e do país,
17:29e a outra instituição
17:31que são as Forças Armadas,
17:33instituições de poder
17:34de Estado
17:35e de poder nacional.
17:36Se não há confiança
17:38entre essas duas instituições,
17:40se não há coesão,
17:42unidade entre essas instituições,
17:45como o país vai superar
17:47as suas dificuldades,
17:48dado o papel
17:49que as Forças Armadas têm
17:50de ajudar a construir o país,
17:52não apenas a defesa nacional,
17:54mas os programas científicos,
17:56tecnológicos, sociais,
17:57a presença na Amazônia?
17:59Como o Brasil vai obter
18:01respeito geopolítico
18:03no cenário internacional,
18:05ou se as pessoas olham e dizem,
18:07olha,
18:07a Presidência da República
18:09e as Forças Armadas
18:10estão num ambiente
18:11de desconfiança
18:12e de insegurança
18:13de um em relação
18:14à outra?
18:15De quem é
18:16o dever maior
18:18de liderar
18:19a recuperação
18:21da confiança?
18:22Do Presidente da República.
18:24Ele é o vitorioso,
18:26o presidente
18:26que venceu as eleições.
18:28Ele é que tem
18:29o dever
18:30e a responsabilidade
18:31de exercendo
18:33a sua autoridade
18:34de comandante
18:35supremo
18:36das Forças Armadas
18:38impor a disciplina,
18:40a hierarquia,
18:42punir,
18:42se for necessário,
18:44mas agir também
18:45para proteger
18:47a honra
18:48dos seus subordinados
18:50e da instituição
18:51que ele comanda,
18:52que são as Forças Armadas.
18:54O presidente da República
18:55não pode ficar falando
18:56sobre as Forças Armadas
18:58na terceira pessoa.
18:59Não pode.
19:00O que ele tiver que fazer,
19:01ele faz.
19:02Aliás,
19:03eu achei que até
19:04o gesto de escolher
19:05um ministro
19:05como Zé Múcio
19:06para a condução
19:09dos negócios
19:10da defesa
19:11foi uma boa sinalização
19:12que é um homem
19:13correto,
19:14preparado,
19:15mas depois
19:16foram falas,
19:18notícias
19:18que ninguém nem sabe
19:20apurar direito
19:20se são verdadeiras
19:21ou não,
19:22que teriam impedido
19:23uma GLO,
19:24que não teriam permitido
19:26a nomeação
19:27dos ajudantes
19:28de ordem
19:28da presidência
19:29da república,
19:30que iriam esvaziar
19:31o gabinete
19:32de segurança institucional,
19:34que iriam transferir
19:35a segurança
19:36do gabinete
19:36de segurança institucional
19:37para uma outra instituição,
19:39que não permitiram
19:40os 21 tiros
19:42de saudação
19:44na liturgia,
19:46na cerimônia militar
19:47do presidente
19:48da república.
19:49Essas notícias
19:50envenenam o ambiente,
19:52reduzem a confiança
19:53e o presidente
19:54da república
19:55não pode permitir isso,
19:57ele tem que agir
19:58para manter
20:00a disciplina
20:01e a hierarquia
20:02como comandante
20:04e, repito,
20:05punir,
20:06se necessário,
20:07qualquer transgressão
20:08disciplinar,
20:09mas ele tem
20:10o dever
20:10de proteger
20:11a honra
20:12da instituição,
20:13está certo?
20:14Porque aí
20:14é a instituição
20:17responsável
20:18pela honra
20:19do presidente
20:19da república
20:20e o presidente
20:20da república
20:21responsável
20:22pela honra
20:23dos integrantes
20:23das forças armadas.
20:25Eu acho
20:25que isso
20:26é o que precisa
20:26ser afirmado,
20:28porque houve
20:29um esforço
20:29de politização,
20:30houve,
20:31o governo
20:31anterior
20:32tentou isso,
20:33o presidente
20:33Bolsonaro
20:34era uma espécie
20:35de sindicalista
20:36dos graduados,
20:38dos não oficiais,
20:39dos soldados,
20:40cabos,
20:40sargentos,
20:41taifeiros,
20:42das forças armadas,
20:43sempre teve
20:44muito prestígio
20:45nessas áreas
20:46e nas famílias
20:47desses militares.
20:49Mas,
20:49em relação
20:49à alta hierarquia,
20:51ele nunca teve
20:52uma proximidade
20:53muito grande,
20:54sempre foi visto
20:54com alguma
20:55desconfiança,
20:56tanto que,
20:56no transcorrer
20:57do governo dele,
20:58destituiu
20:58três comandantes
20:59militares,
21:00demitiu o ministro
21:01da defesa,
21:01por razões que
21:02até hoje
21:03não ficaram claras.
21:06Ministro,
21:07quais serão
21:08os desafios
21:08do atual
21:09comandante
21:09do exército
21:10para tentar
21:10amenizar
21:11e pacificar
21:11essas relações?
21:14Você veja,
21:15o presidente
21:15nomeou,
21:16porque foi ele
21:17que nomeou,
21:18e trocou
21:18o comandante
21:19do exército
21:20em aproximadamente
21:21quinze dias.
21:22O general Arruda,
21:23que é um homem
21:24de elevado conceito,
21:25eu conheço
21:26os colegas
21:27do general Arruda,
21:30é um homem
21:30de origem simples
21:31do Mato Grosso,
21:33com elevado
21:34espírito profissional,
21:36respeitado,
21:37dedicado,
21:38mas,
21:38por alguma circunstância,
21:40terminou
21:40destituído.
21:42Nomearam
21:42o general Tomás,
21:44que é outro homem
21:45também
21:45de um currículo
21:46respeitabilíssimo,
21:48acatado
21:49dentro das forças
21:50armadas,
21:50aliás,
21:51era um dos nomes
21:52fogitados
21:53para assumir
21:54o comando
21:54dele,
21:55o general Stumf,
21:56o general Richard,
21:58eram os nomes citados,
22:00e o próprio
22:00general Arruda,
22:01esses quatro
22:02eram muito citados
22:02para assumir
22:03o comando
22:04do exército.
22:05Primeiro foi
22:06o general Arruda,
22:07de alto conceito,
22:09e agora o general Tomás,
22:10também de alto conceito.
22:12Eu acho
22:12que eles têm
22:13condições
22:14de ir
22:15com o tempo,
22:16impondo
22:17a volta
22:18da disciplina,
22:20despolitizando
22:21as forças armadas,
22:23porque isso é nocivo
22:24às forças armadas
22:26e ao país,
22:28o militar
22:28não tem
22:29que se envolver
22:30em política
22:31partidária
22:32ou ideológica,
22:33ele pode ter
22:33as suas opções
22:34pessoais e individuais,
22:36mas ele não pode
22:37ser militar
22:38e militante,
22:39está certo?
22:39Ele pode ser militante,
22:41agora,
22:41para ser militante,
22:42ele não pode ser militar.
22:43Por que isso?
22:44Porque a sociedade
22:45não vai confiar
22:47armamentos,
22:49tanques,
22:50canhões,
22:51aviões,
22:52aviões de combate,
22:53fuzis,
22:54metralhadoras,
22:55navios de guerra,
22:57a um grupo
22:57de pessoas
22:58que ela paga
22:59para fazer militância
23:00partidária e política.
23:01Não,
23:02não vai,
23:03é inaceitável.
23:04Nem de esquerda,
23:05nem de direita,
23:05nem de centro,
23:06nem de nenhuma qualidade.
23:08Não é permitido,
23:10não é possível.
23:11Essas instituições
23:12são instituições
23:13de Estado
23:14e os seus integrantes
23:16são servidores
23:16de Estado,
23:18devem ser detentores
23:19da confiança
23:20de toda a sociedade.
23:22Então,
23:22não pode ser
23:23militar e militante
23:24de Facebook,
23:25de rede social,
23:26não.
23:27Quer ser militante,
23:28não é mais militar.
23:30Quer ser militar,
23:31não pode ser militante.
23:32De nenhuma ideologia
23:33e de nenhum partido.
23:35Porque,
23:35no fundo,
23:36sabe o que acontece?
23:37É que todo mundo
23:38gostaria de ter
23:39uma militância militar
23:41dentro das Forças Armadas.
23:43Todo mundo gostaria.
23:44Progressista,
23:45conservadora,
23:45de direita,
23:46de centro,
23:46de esquerda.
23:47Não,
23:48isso não é possível.
23:49E acho que
23:50os dirigentes,
23:51os comandantes,
23:53têm a tarefa
23:54de recolocar
23:57as Forças Armadas
23:59como essa instituição
24:00de Estado,
24:02sem qualquer tipo
24:03de militância ideológica
24:05ou partidária.
24:07Ministro Aldo,
24:08muitíssimo obrigada
24:09por sua gentileza,
24:10muitíssimo obrigada
24:11por vir ao Meio Dia
24:11em Brasília,
24:12trazer essas contribuições
24:14importantíssimas aí
24:15para esse tema.
24:15Foram dois temas distintos,
24:17mas dois temas
24:18o senhor está aí
24:18a fundo pesquisando,
24:19um deles é a Amazônia,
24:20outro é a questão
24:22das Forças Armadas também.
24:24Muito bom ouvir
24:24sua opinião.
24:25E as portas do Meio Dia
24:26estão abertas aí,
24:27sempre que o senhor quiser.
24:28Lembrando que tinha
24:29outro tema
24:30que o Aldo falou
24:31mais cedo
24:32para a gente abordar aqui,
24:34mas eu me recuso
24:35a falar
24:35porque eu me senti
24:36prejudicada,
24:37já que o Flamengo
24:38perdeu,
24:39o Palmeiras venceu,
24:41não gostei disso,
24:42eu como uma flamenguista
24:43não achei isso muito legal.
24:46Mas era um bom debate também,
24:48está certo,
24:49de interesse nacional relevante.
24:52Eu acho que teria
24:54um impacto aí nacional,
24:55inclusive eu acho
24:55que a audiência
24:56aqui ia aumentar em níveis,
24:57viu,
24:57se a gente trouxesse
24:58esse tema aqui
24:59para o Meio Dia em Brasília.
25:01Ministro,
25:01obrigada pela escolha,
25:02beleza?
25:03Obrigada,
25:03com a Bíblia.
25:04Um abraço e até breve.
25:06Até mais,
25:06tchau, tchau.
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