- 25/06/2025
Cerca de 10% da população mundial tem algum transtorno de personalidade. Mas isso diz respeito apenas aos casos que foram diagnosticados. “Quem tem transtorno de personalidade acha que o problema é o outro”, comenta a psiquiatra Katia Mecler, autora do best-seller Psicopatas do cotidiano, no CD Talks que vai ao ar neste domingo, às 20h.
Na conversa com Claudio Dantas, Mecler descreve o tipo mais comum de "psicopata do cotidiano" e dá dicas para descobrir se você está convivendo com alguém potencialmente perigoso. Os dois exploram a mente dos ditadores e falam sobre como a criação pode afetar no desenvolvimento de transtornos de personalidade.
A psiquiatra também chama a atenção para os prejuízos que as redes sociais podem causar à saúde mental e fala sobre o sucesso recente dos seriados de true crime: “É fascinante ver alguém sem medo, sem freio moral".
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Na conversa com Claudio Dantas, Mecler descreve o tipo mais comum de "psicopata do cotidiano" e dá dicas para descobrir se você está convivendo com alguém potencialmente perigoso. Os dois exploram a mente dos ditadores e falam sobre como a criação pode afetar no desenvolvimento de transtornos de personalidade.
A psiquiatra também chama a atenção para os prejuízos que as redes sociais podem causar à saúde mental e fala sobre o sucesso recente dos seriados de true crime: “É fascinante ver alguém sem medo, sem freio moral".
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NotíciasTranscrição
00:00:00Boa noite, bem-vindos a mais um CD Talks, comigo, Cláudio Dantas.
00:00:14Hoje tem uma convidada especial aqui, que é a doutora Kátia Mekler.
00:00:19Muito bem-vinda, obrigado pela disponibilidade.
00:00:22Boa noite, Cláudio. Boa noite a todos.
00:00:26Maravilha. Deixa eu apresentar a Kátia para quem não conhece.
00:00:28Olha, ela é médica psiquiatra, mestre doutora em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro,
00:00:34além de professora também lá.
00:00:36Ela é especialista em psiquiatria forense pela Associação Brasileira de Psiquiatria
00:00:41e foi chefe do setor de perícias do Instituto Perícias Heitor Carrilho.
00:00:45Bom, tem três prêmios concedidos pela Associação Brasileira de Psiquiatria
00:00:49nas áreas de periculosidade criminal e incapacidade civil do doente.
00:00:52Tem expertise na realização de laudos periciais, pareceres técnicos em âmbito civil, criminal e trabalhista
00:00:57e ficou super famosa com o best-seller Psicopatas do Cotidiano.
00:01:03E aí, esse é o tema da nossa conversa aqui, Kátia.
00:01:08Primeiro, o que te levou a escrever esse livro?
00:01:13E queria que você já colocasse um pouquinho, já falasse um pouquinho dele aqui
00:01:16e a gente vai explorando, vai conversando sobre os pontos aí que são mais curiosos.
00:01:25Então, o que me levou basicamente a escrever o livro foi a minha experiência como psiquiatra forense.
00:01:31Então, enfim, era a época em que eu escrevi, já tinha 25 anos como psiquiatra forense.
00:01:40E aí, eu lidava muito com pessoas que têm o que a gente chama de transtorno da personalidade e do comportamento.
00:01:50Eu dei o nome no livro de Psicopatas do Cotidiano, resgatando um conceito antigo do Kurt Schneider,
00:01:59que é um psiquiatra alemão na década de 30.
00:02:02Mas, basicamente, o termo psicopatia, ele é usado, hoje em dia, modernamente,
00:02:11para falar do transtorno de personalidade antissocial,
00:02:15que é esse que faz mais sucesso, em geral, nos seriados, nos filmes,
00:02:20que, enfim, é daquele tipo de criminoso sem sentimento de culpa,
00:02:26frio, que não tem empatia, que quer tirar vantagem em tudo, que seduz, manipula, mente, transgride.
00:02:37Então, esse seria, digamos, o mais famoso dos psicopatas do cotidiano.
00:02:44Mas existem outros tipos também, e que eu achei muito importante falar sobre,
00:02:50e tentei traduzir isso no livro, que é, por exemplo, o transtorno de personalidade narcisista.
00:02:55Hoje, na internet, tem direto pessoas falando sobre os narcisistas.
00:03:00O Instagram é todo de psicopata.
00:03:06É impressionante, porque hoje você abre e tem alguém falando,
00:03:12e, principalmente, eu vejo do tipo narcisista,
00:03:16que, basicamente, são as pessoas que querem estar sempre no topo,
00:03:21desqualificam muito o outro para poder ficar por cima.
00:03:28E, às vezes, são pessoas assediadoras, abusadoras, em várias esferas.
00:03:34Então, é um transtorno também que tem sido muito falado hoje em dia.
00:03:41Você coloca ali pelo menos dez tipos de transtornos, não é?
00:03:45Os mais conhecidos, eu acho, das pessoas é o antissocial,
00:03:53que é esse psicopata, que pode ser serial killer,
00:03:57mas também tem narcisista, tem borderline,
00:03:59que são tipos extremamente instáveis emocionalmente,
00:04:04e muito impulsivos também.
00:04:06São pessoas que, muitas vezes, até se automutilam
00:04:12com várias tentativas de suicídio.
00:04:15Também não é infrequente a gente ouvir falar.
00:04:19Tem o tipo histriônico também,
00:04:21o tipo de transtorno de personalidade histriônico,
00:04:24são pessoas que têm que estar no holofote,
00:04:26falem mal, falem bem, mas falem de mim.
00:04:29Então, tem que aparecer o tempo todo
00:04:31e fazem tudo para ter atenção.
00:04:34É, eu fico, estou te ouvindo aqui, estou pensando assim,
00:04:38ué, será que tem gente normal?
00:04:43Como é que a gente avalia, assim, né?
00:04:46Claro que tem que ter expertise para avaliar corretamente,
00:04:51mas tem uma forma da gente, no dia a dia,
00:04:55a gente entender o que é, sei lá, uma reação pontual
00:04:59ou uma característica da personalidade da pessoa,
00:05:04você, inclusive, fala de temperamento e caráter,
00:05:10faz essa diferenciação.
00:05:14Eu não sei, sei lá, no ambiente de trabalho,
00:05:18no meu instrumento de trabalho, que é a política, por exemplo,
00:05:21que eu vejo muito desses gêneros, desses tipos,
00:05:26e também de transtornos e também até no nosso dia a dia, né?
00:05:31Você vê muitas relações abusivas, etc.,
00:05:35que provavelmente você tem um desses integrantes da relação
00:05:42com um determinado transtorno.
00:05:44Às vezes o outro também tem.
00:05:46Quer dizer, é possível...
00:05:48Como é que a gente identifica aquilo que é, sei lá,
00:05:51uma reação pontual causada por determinada situação
00:05:55ou que é realmente um comportamento?
00:05:59Ah, então, é importantíssima a pergunta,
00:06:02porque, em maior ou menor grau,
00:06:04todo mundo pode ter um traço, né?
00:06:06De um desses transtornos de personalidade, né?
00:06:10Quem na vida já não, sei lá, não mentiu
00:06:13ou eventualmente manipulou, sei lá,
00:06:17tem vários traços possíveis, né?
00:06:19Que as pessoas podem apresentar.
00:06:22Agora, no caso de um transtorno de personalidade
00:06:26e do comportamento,
00:06:27você só consegue realmente detectar, fazer o diagnóstico
00:06:31a partir da biografia da pessoa,
00:06:34quer dizer, da história de vida.
00:06:36A pessoa não tem, como você falou bem, Cláudio,
00:06:39não é só uma reação pontual,
00:06:41em algum momento ela apresenta esse traço comportamental.
00:06:47Ela tem isso de uma maneira, assim, rígida, inflexível.
00:06:51É descrito na literatura,
00:06:53desde o final da adolescência, início da vida adulta,
00:06:57você vê um padrão comportamental.
00:06:59Então, por exemplo,
00:07:02uma pessoa que tem um transtorno paranoide de personalidade,
00:07:06ela apresenta um traço de desconfiança,
00:07:11de dividir o tempo todo o mundo em bem e mal.
00:07:15Então, quem está comigo está comigo,
00:07:17quem não está comigo é meu inimigo.
00:07:19E aí...
00:07:21Mas ela é o tempo todo, assim,
00:07:24e arruma confusões, e arruma brigas.
00:07:26E isso pode ser numa menor escala,
00:07:30como briga na vizinhança,
00:07:32como numa maior escala,
00:07:34e a gente pode ver uma guerra, por exemplo,
00:07:37com uma pessoa, por exemplo,
00:07:38que tem esse traço patológico da desconfiança,
00:07:43muito forte, por exemplo,
00:07:45que caracteriza o transtorno de personalidade paranoide.
00:07:49Então, a gente precisa da curva de vida da pessoa,
00:07:53da história,
00:07:55porque uma simples reação não vai dar diagnóstico para a gente.
00:08:00A gente precisa ver se isso é um padrão repetitivo
00:08:04e que vai...
00:08:05Esse padrão vai sendo nocivo no ambiente,
00:08:09ele vai causando muito mal-estar,
00:08:13prejuízo, em geral, para quem está em torno,
00:08:16ou até para a própria pessoa.
00:08:18Mas, em geral, incomoda muito quem está em volta.
00:08:20Até que a pessoa que tem esse transtorno,
00:08:26ela já traz aquilo na carga genética dela
00:08:30e ela pode desenvolver ou não esse transtorno
00:08:34de acordo com a forma como ela é criada,
00:08:37o ambiente em que ela se desenvolve,
00:08:38as relações que ela estabelece.
00:08:41Como é que é essa avaliação?
00:08:42Não, isso é muito importante também.
00:08:47Você estava até falando,
00:08:48que eu falei sobre temperamento,
00:08:51sobre caráter,
00:08:52que a personalidade da gente,
00:08:54a gente vai desenvolvendo.
00:08:57Nas primeiras duas décadas de vida,
00:08:59a gente vai desenvolvendo.
00:09:01E a personalidade,
00:09:02ela existe...
00:09:04Eu gosto muito de um psiquiatra americano
00:09:06chamado Robert Kloninger,
00:09:08Ele definiu a personalidade
00:09:10como uma combinação do temperamento.
00:09:14Temperamento, sim,
00:09:15seria aquilo que a gente herda geneticamente,
00:09:19que é regulado biologicamente.
00:09:21Então, isso é uma herança que a gente traz,
00:09:23que é uma certa disposição emocional,
00:09:28de reação emocional.
00:09:30Então, cada bebê vai trazer um temperamento,
00:09:35cada indivíduo é único, né?
00:09:37No seu temperamento.
00:09:39E isso realmente é herdado.
00:09:41E é o temperamento,
00:09:42na combinação com o caráter,
00:09:45aí o caráter já seria esse temperamento,
00:09:48lidando com tudo que acontece no ambiente.
00:09:52No ambiente da criança,
00:09:55quando ela nasce,
00:09:57então tem a ver com a família,
00:09:58com a educação,
00:10:00com os amigos,
00:10:01com todas as influências, né?
00:10:04Toda essa interação com o ambiente.
00:10:06Então, o temperamento,
00:10:08mais o caráter,
00:10:10vai formar a personalidade.
00:10:13E aí, todo mundo vai ter uma personalidade
00:10:15que é única, é original.
00:10:18Ninguém tem uma personalidade
00:10:20idêntica à da outra pessoa.
00:10:23Mas, muitas vezes,
00:10:24precisar um certo comprometimento no desenvolvimento dessa personalidade.
00:10:30E daí vem o diagnóstico de transtorno da personalidade.
00:10:37Então, há uma anormalidade no desenvolvimento dessa personalidade.
00:10:43A gente costuma...
00:10:45A gente costuma...
00:10:47Perdão, perdão.
00:10:48Pode continuar.
00:10:50Não, eu estava falando porque, por exemplo,
00:10:51o caráter...
00:10:53As pessoas têm o hábito de dizer
00:10:55Ah, é mau caráter ou é bom caráter.
00:10:58Nesse caso, a gente não vê tanto como bom ou mau caráter.
00:11:02Mas se a pessoa tem um caráter mais imaturo,
00:11:06um caráter mais infantil, imaturo, né?
00:11:11Porque faz parte do caráter, por exemplo.
00:11:13Tem três dimensões que eu acho bem interessantes do caráter.
00:11:17Uma é a autodiretividade,
00:11:20que é a capacidade da pessoa de estabelecer metas, objetivos.
00:11:25Ela se responsabilizar pelo que ela faz.
00:11:27Se ela cai, ela levanta.
00:11:29E ela não fica botando culpa excessiva nem nela mesma, nem nos outros.
00:11:34Mas ela se responsabiliza e segue lá as metas e os objetivos
00:11:41e tem as responsabilidades.
00:11:44Na cooperatividade...
00:11:46Se eu estiver falando muito, me interrompe.
00:11:48Na cooperatividade é a relação da pessoa na comunidade, né?
00:11:55O quanto uma pessoa é capaz de viver em grupo.
00:11:58Ela é capaz de ter empatia, né?
00:12:01Poder se colocar no lugar de uma outra pessoa.
00:12:04Então, consequentemente, são pessoas que conseguem viver mais
00:12:08no seu grupo, na sua comunidade.
00:12:12E na autotranscendência,
00:12:14que seria uma outra dimensão do caráter,
00:12:16já seria a nossa capacidade de viver,
00:12:19mas aí não é só com os outros em grupo,
00:12:22mas também no mundo, né?
00:12:23No planeta, convivendo com a natureza.
00:12:26Então, tem pessoas que vão viver isso muito através da arte,
00:12:31do campo da ética, ou até da religião, da espiritualidade.
00:12:37Então, seriam dimensões de caráter.
00:12:38Então, se a pessoa tem uma...
00:12:40Digamos, aí estou falando bem cientificamente,
00:12:42uma pontuação fraca nessas dimensões que eu falei,
00:12:46ela acaba tendo um problema na personalidade dela, né?
00:12:52Uma pessoa é irresponsável, está sempre colocando a culpa nas outras pessoas,
00:12:58não tem empatia, é super materialista egocêntrica.
00:13:04E tudo isso, excessivamente, isso que eu estou falando, né?
00:13:07Um pouco, excessivamente.
00:13:08Então, temos problemas.
00:13:09Claro, com certeza.
00:13:13É curioso, porque...
00:13:15É até importante citar isso,
00:13:18porque a gente tem o hábito, né?
00:13:19Que é uma questão semântica, né?
00:13:21De falar, tem caráter, não tem caráter.
00:13:24Mas, na verdade, todo mundo tem caráter, né?
00:13:26Só que ele pode variar de acordo com essas definições.
00:13:33Essa formação do caráter,
00:13:35você falou ali até uns 20 anos, né?
00:13:39Qual é a fase mais delicada?
00:13:42É a adolescência,
00:13:44que normalmente é quando a gente percebe mudança comportamental,
00:13:50porque tem toda uma explosão de hormônios,
00:13:52tem uma série de questões de afirmação,
00:13:55de pertencimento, etc.
00:13:59Essa é a fase mais delicada?
00:14:02Ou é outra?
00:14:04Vamos dizer assim, nesses primeiros 20 anos,
00:14:06na formação da personalidade da pessoa?
00:14:10Eu acho que...
00:14:11Eu acho que...
00:14:13A cada...
00:14:14Desde sempre.
00:14:16Na adolescência, a gente já começa a ver as manifestações.
00:14:19Então, muitas vezes, a gente já tem os efeitos
00:14:22de problemas que já foram aparecendo lá atrás, né?
00:14:26Então, é claro que uma criança que, por exemplo,
00:14:30se ela é submetida...
00:14:31Porque a gente falou que tem um temperamento,
00:14:32que é algo que a gente traz de fábrica, né?
00:14:35Que a gente herda geneticamente,
00:14:37então a gente está trazendo alguma coisa aí de fábrica.
00:14:40Mas isso que a gente traz de fábrica
00:14:42vai interagir com o ambiente.
00:14:44Então, se esse ambiente for mais favorável,
00:14:47ele, consequentemente, vai ajudar a gente
00:14:49a ter uma melhor formação
00:14:51da nossa personalidade, do nosso caráter.
00:14:55Mas se for muito desfavorável, né?
00:14:57Então, se, por exemplo, o indivíduo já desde precocemente
00:15:01ele é submetido a muitas dificuldades, né?
00:15:06De ordem material, de ordem emocional,
00:15:11violência, né?
00:15:13Ambiente de violência, enfim, de abuso.
00:15:18Então, tudo isso certamente vai favorecer
00:15:22para esse caráter ficar comprometido.
00:15:25E na adolescência, como você falou bem,
00:15:28com a explosão de hormônios.
00:15:29E aí também existe a questão das influências, né?
00:15:32Porque na adolescência, em geral,
00:15:34esse jovem vai estar mais solto, né?
00:15:38Do que ele estava anteriormente.
00:15:40E aí realmente começa,
00:15:43mais do que a família, muitas vezes,
00:15:45quem vai ter influência mesmo
00:15:47vai ser o ambiente dos amigos, né?
00:15:49Então, existem...
00:15:52Eu sei que é meio careta falar assim,
00:15:54mas existem as mais influências, né?
00:15:57E isso é inevitável.
00:15:59E existem boas influências.
00:16:01Então, a gente pensa em tudo isso
00:16:03quando a gente fala na formação do caráter.
00:16:08Quer dizer, é verdade.
00:16:09Esse velho ditado, ele é verdadeiro, né?
00:16:14É, como já diziam nossos pais, né?
00:16:17Mas é verdadeiro.
00:16:21É interessante, é interessante.
00:16:24A gente, quando fala desses transtornos, né?
00:16:28Tem aqui alguns dados,
00:16:30me corrija se eu estiver errado,
00:16:31cerca de 10% da população mundial
00:16:33tem transtornos de personalidade.
00:16:36Só que isso não quer dizer
00:16:37que seja do tipo que leva, por exemplo,
00:16:39a matar em série,
00:16:41como, né, um serial killer.
00:16:4310%.
00:16:45Eu acho pouco, é isso mesmo?
00:16:50Essa observação é boa,
00:16:53porque realmente, provavelmente,
00:16:56é subestimado isso.
00:16:59Porque, veja só,
00:17:01quem tem um transtorno de personalidade
00:17:03normalmente não acha que tem
00:17:05nenhum tipo de distúrbio.
00:17:07Acha que o problema é o outro.
00:17:10O mundo é que está com problema.
00:17:11A pessoa não tem essa consciência.
00:17:15Então, ela não procura tratamento,
00:17:16porque a gente só procura tratamento
00:17:18quando a gente acha que tem um problema.
00:17:20Ela acha que é o outro que precisa se tratar.
00:17:22O marido, a mulher, o pai, a mãe, o filho, sei lá.
00:17:25Mas a própria pessoa não reconhece.
00:17:27Ela não tem essa consciência.
00:17:30Então, consequentemente,
00:17:31se a pessoa não busca o tratamento,
00:17:34a gente vai ter menos diagnóstico
00:17:36do que poderia ser feito.
00:17:37Então, eu acho que...
00:17:38Eu não posso...
00:17:40Não tem como comprovar isso.
00:17:43Os estudos falam dessas aproximações estatísticas,
00:17:46os estudos epidemiológicos,
00:17:48mas eu acho que a tua observação procede.
00:17:51A sensação que dá.
00:17:53Ainda mais agora,
00:17:54porque a gente vive nesse ambiente
00:17:56de redes sociais,
00:17:57então parece que a gente tem acesso
00:17:59mais fácil ao comportamento alheio.
00:18:03As interações acontecem de uma forma
00:18:06muito mais dinâmica,
00:18:07elas acontecem de forma massiva.
00:18:11E qual é a relação,
00:18:13já que o ambiente interfere
00:18:15nesta formação do caráter
00:18:17e no desenvolvimento de transtornos,
00:18:21você tem dados
00:18:23ou existem pesquisas
00:18:25que mostrem a relação
00:18:27dessas redes sociais,
00:18:30dessas influências?
00:18:31Porque, no final das contas,
00:18:33antigamente a preocupação
00:18:35era só com o colega da rua,
00:18:39o grupinho da escola.
00:18:40Agora não.
00:18:41Agora o seu filho,
00:18:43o seu neto,
00:18:43ele sofre influência do ambiente.
00:18:45Nós, já adultos,
00:18:46também sofremos.
00:18:47Muitas vezes a gente
00:18:48entra aqui numa dinâmica
00:18:50de Twitter,
00:18:51começa a reagir aos haters
00:18:53e depois se arrepende.
00:18:55Olha assim,
00:18:55putz, falei o que não devia,
00:18:57escrevi o que não devia.
00:18:58Então, assim,
00:19:00tudo isso,
00:19:01toda essa experiência online
00:19:05que nós temos hoje
00:19:06com a nossa vida online,
00:19:07ela é muito delicada,
00:19:10ela nos traz
00:19:10uma série de desafios.
00:19:13Há dados,
00:19:15há pesquisas
00:19:16sobre essa relação,
00:19:18se esse ambiente online,
00:19:20ele ajuda a desenvolver,
00:19:23acaba sendo gatilho
00:19:24para o desenvolvimento
00:19:25desses transtornos?
00:19:29Eu não conheço ainda
00:19:30os netos de por custos
00:19:32que possam falar disso,
00:19:34mas a gente,
00:19:35enfim,
00:19:35já li artigos aqui e ali
00:19:37e, de fato,
00:19:39a internet,
00:19:40o online,
00:19:42ele vem com
00:19:43muitos aspectos positivos,
00:19:46a gente não tem dúvida
00:19:47quando a gente pensa
00:19:48em termos de informação,
00:19:50comunicação,
00:19:51acesso,
00:19:52Então, isso tem um lado
00:19:55que é muito positivo,
00:19:57mas tem um lado
00:19:58que é muito nocivo,
00:20:01que é muito negativo,
00:20:03porque tem muita poluição também,
00:20:06e poluição rápida,
00:20:07muita superficialidade,
00:20:09e pior do que isso,
00:20:10uma coisa que me deixa,
00:20:12assim,
00:20:13pasma muitas vezes
00:20:14é ver jovens,
00:20:17às vezes, assim,
00:20:18adolescentes,
00:20:19O sonho da pessoa
00:20:21é ser blogueiro,
00:20:24sabe?
00:20:25Se eu virar uma blogueira,
00:20:26eu não consigo entender,
00:20:28sabe?
00:20:29Como pode acontecer
00:20:31ser um influenciador,
00:20:34enfim,
00:20:35então,
00:20:36eu acho
00:20:38que está havendo
00:20:40uma superficialização
00:20:41da informação,
00:20:44acho que as pessoas
00:20:45não têm paciência nenhuma,
00:20:47eu sou da época
00:20:49dos livros,
00:20:52de adorar ler livros,
00:20:54hoje em dia
00:20:55eu vejo as pessoas,
00:20:56assim,
00:20:56não têm
00:20:57muita paciência,
00:20:59às vezes,
00:21:00para ficar mais do que
00:21:01cinco minutos
00:21:02num determinado assunto,
00:21:05acho que existe
00:21:06dificuldade
00:21:06com aprofundamento,
00:21:09fake news,
00:21:10então,
00:21:12assim,
00:21:13é impressionante
00:21:14como as pessoas
00:21:15aceitam qualquer coisa
00:21:17que elas ouvem,
00:21:18que elas veem,
00:21:20então,
00:21:20tem,
00:21:21tem,
00:21:22eu acho que tem
00:21:22bastante gatilho
00:21:25no sentido prejudicial,
00:21:28né?
00:21:28E fora todo mundo,
00:21:29selfie para cá,
00:21:30selfie para lá,
00:21:31tem de vez em quando
00:21:32alguém morre,
00:21:33né,
00:21:33fazendo uma selfie,
00:21:34toda hora tem uma notícia,
00:21:36quer dizer,
00:21:37é muito,
00:21:38é muito esquecido
00:21:39tudo isso,
00:21:40não sei se eu estou
00:21:41ficando velha,
00:21:42mas eu acho
00:21:42muito estranho.
00:21:43não,
00:21:45não,
00:21:45mas é curioso,
00:21:46né,
00:21:46porque,
00:21:47assim,
00:21:47a gente estava falando
00:21:47do Instagram,
00:21:48né,
00:21:48Instagram,
00:21:50naturalmente,
00:21:51é uma,
00:21:51é um ambiente
00:21:53maravilhoso
00:21:54para quem tem
00:21:55esse transtorno
00:21:56narcisista,
00:21:56né,
00:21:57o Twitter,
00:22:00por exemplo,
00:22:00já é o histriônico,
00:22:03então,
00:22:03assim,
00:22:04todos esses
00:22:05são um pouco
00:22:06obsessivos compulsivos
00:22:07também,
00:22:08são ambientes
00:22:09que favorecem,
00:22:11né,
00:22:11esse desenvolvimento
00:22:12desses transtornos
00:22:13e é engraçado,
00:22:15né,
00:22:15você de repente
00:22:15tem um,
00:22:17um,
00:22:17um psicopata
00:22:19aqui dentro
00:22:20de uma,
00:22:20né,
00:22:21me corrija aqui
00:22:23na minha,
00:22:23na minha,
00:22:24na minha classificação,
00:22:25mas,
00:22:26de repente,
00:22:27o psicopata,
00:22:28ele é alçado
00:22:29a essa posição
00:22:30de influenciador,
00:22:32né,
00:22:33uma posição
00:22:34de alguém capaz
00:22:35de ser,
00:22:36é,
00:22:37de ser parabenizado,
00:22:39de ser seguido,
00:22:40de ser ouvido,
00:22:41é uma maluquice.
00:22:44É,
00:22:44e é incrível,
00:22:45né,
00:22:45porque um psicopata,
00:22:46ele também tem
00:22:47essa ferramenta
00:22:48da sedução,
00:22:49né,
00:22:49então,
00:22:49às vezes,
00:22:50são pessoas
00:22:50muito mais,
00:22:51entre aspas,
00:22:52né,
00:22:53porque é tudo
00:22:53superficial,
00:22:54mas é,
00:22:55são pessoas
00:22:55mais charmosas
00:22:57e mais sedutoras,
00:22:59e,
00:22:59e aí vão enganando,
00:23:01né,
00:23:01e aí tem milhares
00:23:03de seguidores.
00:23:04esse efeito
00:23:08humanada,
00:23:09essa necessidade
00:23:11de pertencimento,
00:23:13a gente vê isso
00:23:14acontecer
00:23:15na,
00:23:17com,
00:23:17com artistas,
00:23:19a gente vê isso
00:23:20acontecer na própria
00:23:21política,
00:23:22a gente vê isso
00:23:23acontecer em diversas,
00:23:24em diversas
00:23:25frentes,
00:23:26em diversos setores,
00:23:27é,
00:23:28quem se deixa
00:23:29levar
00:23:30é,
00:23:31é,
00:23:31tem algum tipo
00:23:32de transtorno,
00:23:33como é que a gente
00:23:34classifica essa pessoa?
00:23:36Como é que a gente
00:23:37pode trabalhar
00:23:38para que ela não seja
00:23:39tão influenciável,
00:23:40tão frágil,
00:23:41vamos dizer assim?
00:23:44É,
00:23:44eu acho que a gente
00:23:45tem que trabalhar
00:23:45com boa informação,
00:23:49é,
00:23:50pelo menos fazendo
00:23:52tudo possível
00:23:53para,
00:23:54para a gente
00:23:54ter algum
00:23:56lugar de reflexão
00:23:58possível,
00:23:59né,
00:23:59e de poder
00:24:00formar opinião,
00:24:02porque isso é uma coisa
00:24:03que eu acho
00:24:03que está se perdendo
00:24:04também,
00:24:05possibilidade de você
00:24:06formar a sua opinião,
00:24:08porque as coisas
00:24:09vêm assim,
00:24:10né,
00:24:10não necessariamente
00:24:11a maioria das pessoas
00:24:12que estão
00:24:12seguindo,
00:24:14curtindo,
00:24:15elas não têm,
00:24:15obviamente,
00:24:16um transtorno
00:24:17de,
00:24:17de personalidade,
00:24:20mas assim,
00:24:20isso é fenômeno
00:24:21de grupo,
00:24:22né,
00:24:22descrito lá também
00:24:23por Freud,
00:24:25imagina,
00:24:25teve um monte de gente
00:24:26que entrou,
00:24:28por exemplo,
00:24:29na onda do fascismo,
00:24:30na onda do,
00:24:31do nazismo,
00:24:32e as pessoas
00:24:32vão entrando
00:24:33em ondas,
00:24:34né,
00:24:34as pessoas
00:24:34se sentem
00:24:35mais fortes,
00:24:37mais potentes
00:24:38quando elas
00:24:39estão dentro
00:24:40do grupo,
00:24:41só que muitas
00:24:42vezes elas
00:24:42podem assumir
00:24:43posições
00:24:44horrorosas,
00:24:46mas elas
00:24:46se sentem
00:24:47potentes,
00:24:48com força,
00:24:49que elas não
00:24:49sentiriam essa
00:24:50força individualmente,
00:24:53então,
00:24:54é,
00:24:55isso,
00:24:56é,
00:24:56muitas vezes,
00:24:57associada a figuras
00:24:59extremamente
00:25:00carismáticas,
00:25:03envolventes,
00:25:05né,
00:25:05e a pessoa
00:25:06também,
00:25:07muitas vezes,
00:25:08sendo uma pessoa
00:25:09que
00:25:09prefere,
00:25:11é,
00:25:13tá no,
00:25:14tá no,
00:25:15digamos assim,
00:25:16em algo que é mais fácil
00:25:18para ela poder sentir
00:25:19essa força,
00:25:21e ela também
00:25:21fica protegida
00:25:22de ter que fazer
00:25:23o seu próprio caminho,
00:25:24muitas vezes,
00:25:25você fica ali,
00:25:26apoiando,
00:25:27desapoiando,
00:25:28falando mal o dia inteiro,
00:25:30falando bem,
00:25:31mas também,
00:25:32é,
00:25:32perdendo o contato,
00:25:34é,
00:25:34com,
00:25:35com,
00:25:36quer dizer,
00:25:36a pessoa perde o contato
00:25:37com ela própria,
00:25:39enfim,
00:25:39são assuntos bem complexos,
00:25:41eu,
00:25:41eu acho que a gente ainda
00:25:42está investigando isso tudo,
00:25:45mas é,
00:25:46no mínimo,
00:25:46um fenômeno
00:25:47para ser muito estudado,
00:25:49muito pesquisado,
00:25:51e acho que as consequências
00:25:52já estão aí
00:25:53na cara da gente.
00:25:54Eu me preocupo muito
00:25:58com essa,
00:26:00com a gente,
00:26:01que tipo de recurso
00:26:03que a gente pode ter
00:26:03para evitar
00:26:04que um psicopata
00:26:06assuma uma posição
00:26:07de poder,
00:26:09e por que normalmente
00:26:10isso acontece,
00:26:12dentro de todos
00:26:13os transtornos aqui,
00:26:14isso acontece
00:26:15na política,
00:26:16como a gente mencionou,
00:26:17isso acontece
00:26:18também
00:26:19em um ambiente profissional,
00:26:21muitas vezes,
00:26:21você vai ter
00:26:22um chefe
00:26:23que é um verdadeiro
00:26:25psicopata,
00:26:26que assedia moralmente,
00:26:28e às vezes até sexualmente,
00:26:30seus subordinados,
00:26:31normalmente,
00:26:34numa família,
00:26:35numa relação
00:26:35de casal,
00:26:37esse psicopata,
00:26:39ele assume
00:26:40uma posição
00:26:40de liderança
00:26:41sobre a pessoa
00:26:44e as pessoas
00:26:45que sofrem
00:26:46o seu assédio,
00:26:49o seu abuso,
00:26:51como é que a gente
00:26:52identifica isso
00:26:54e tenta,
00:26:56vamos dizer assim,
00:26:57impedir,
00:26:58por que que há
00:26:58essa sedução,
00:26:59como você já mencionou
00:27:00algumas vezes,
00:27:01por que que o caminho
00:27:02talvez seja até
00:27:04mais facilitado,
00:27:05por que há premiação
00:27:06para esse tipo
00:27:07de comportamento,
00:27:08isso é um problema
00:27:10da nossa sociedade
00:27:12moderna,
00:27:14isso é um problema
00:27:14da natureza humana,
00:27:16como é que funciona?
00:27:18É,
00:27:19boa pergunta,
00:27:20bom,
00:27:21por isso escrevi também,
00:27:22voltando ao início
00:27:23da sua entrevista,
00:27:26por isso também
00:27:27resolvi escrever o livro,
00:27:28porque eu acho
00:27:30que a informação
00:27:30é muito importante,
00:27:33uma psicopedagogia
00:27:35sobre esse assunto
00:27:36é fundamental,
00:27:37o próprio programa,
00:27:39o seu programa,
00:27:40você está
00:27:41fornecendo
00:27:42informação
00:27:43para as pessoas
00:27:45e agora,
00:27:46especificamente
00:27:47sobre esse assunto,
00:27:48sobre esse tipo
00:27:49de pessoa,
00:27:50agora,
00:27:51vamos pensar assim,
00:27:54o psicopata,
00:27:56ele usa
00:27:57mecanismos
00:27:58de uma maneira
00:27:58sem escrúpulo nenhum,
00:28:00essa questão
00:28:01de tirar vantagem,
00:28:02de passar por cima,
00:28:04mentir,
00:28:06e mente assim,
00:28:07uma cara de pau
00:28:08assim,
00:28:09alucinante,
00:28:10né,
00:28:11e aí a pessoa
00:28:12vai fazendo também
00:28:14relacionamentos
00:28:16e fica tudo também
00:28:17no campo do
00:28:19charmoso,
00:28:21do visível,
00:28:22porque a gente
00:28:22não deveria ser assim,
00:28:25mas a nossa sociedade
00:28:25ela é extremamente
00:28:28materialista,
00:28:30visual,
00:28:31então,
00:28:31se a pessoa
00:28:32está ali
00:28:32toda
00:28:33bem vestida
00:28:35ou super,
00:28:37enfim,
00:28:39toda
00:28:39despilando
00:28:43pelas milhões
00:28:44de viagens
00:28:45e aí ela
00:28:46tira foto
00:28:47e está lá
00:28:48nos meios
00:28:48mais
00:28:49com personalidades
00:28:52ilustres,
00:28:53enfim,
00:28:54tudo isso
00:28:55vai impactando
00:28:56o seguidor,
00:28:59vai criando
00:28:59fãs
00:29:00isso tudo,
00:29:01né,
00:29:01eu acho
00:29:02altamente
00:29:03superficial,
00:29:05mas isso
00:29:05seduz muito,
00:29:06porque
00:29:07a nossa
00:29:08visão de mundo
00:29:09ainda é
00:29:10muito mais
00:29:12materialista
00:29:12do que
00:29:13alguma coisa
00:29:14que vá
00:29:15na essência
00:29:16realmente
00:29:17das coisas.
00:29:17como é que você
00:29:20não,
00:29:22não,
00:29:22não,
00:29:22eu vou
00:29:23aprofundar um pouquinho
00:29:24mais assim,
00:29:25trazendo para a realidade
00:29:26do dia a dia,
00:29:27a coisa mais
00:29:27normal que tem,
00:29:29quer dizer,
00:29:29mais comum,
00:29:30não é que seja
00:29:31normal,
00:29:31mais comum
00:29:32é você
00:29:33entrar num relacionamento
00:29:35abusivo,
00:29:35você ser
00:29:36stalkeada,
00:29:37você conhecer
00:29:39alguém
00:29:39que de repente
00:29:41te seduz
00:29:42e você
00:29:43se envolve
00:29:43com aquela
00:29:44pessoa,
00:29:44depois
00:29:44você começa
00:29:46já a não
00:29:47querer mais,
00:29:47aí tenta sair
00:29:48da relação,
00:29:49a pessoa não aceita,
00:29:50aí vira uma,
00:29:51às vezes isso vai
00:29:52acabar te
00:29:53escambando em
00:29:53tragédia.
00:29:55Como é que a
00:29:56pessoa,
00:29:56como é que você,
00:29:58que tipo de alerta
00:29:59que você dá,
00:30:00assim,
00:30:00o que que você
00:30:02precisa ficar atento
00:30:03quando entra
00:30:05numa relação,
00:30:06quando inicia
00:30:06uma relação,
00:30:06para identificar
00:30:07se a pessoa
00:30:08tem esse tipo
00:30:10de transtorno?
00:30:10É,
00:30:12acho que a primeira
00:30:12coisa,
00:30:13uma pessoa
00:30:14tipicamente
00:30:15vítima de uma
00:30:16relação
00:30:17desse tipo,
00:30:18aí tem o tipo
00:30:19também que eu
00:30:19descrevo do
00:30:20dependente,
00:30:22pessoa excessivamente
00:30:24dependente
00:30:24ou carente,
00:30:26ela pode,
00:30:28até tem um filme
00:30:30que eu recomendo
00:30:31no livro,
00:30:34que é um filme
00:30:35muito interessante,
00:30:36uma pintora americana,
00:30:37Margaret Mead,
00:30:39é Grandes Olhos,
00:30:40é o nome do filme,
00:30:41vale a pena ver,
00:30:43porque o filme
00:30:43é sobre um casal,
00:30:46ele claramente
00:30:47um psicopata
00:30:48antissocial,
00:30:49narcisista,
00:30:50explorador,
00:30:51e ela,
00:30:52a pintora,
00:30:53pintou, sei lá,
00:30:54dez anos,
00:30:55deixando que o marido
00:30:57assinasse os quadros
00:30:58dela,
00:30:59depois ela se liberta
00:31:00e tal,
00:31:01e estou dando spoiler,
00:31:02mas era uma relação
00:31:04tipicamente
00:31:05antissocial
00:31:06antissocial
00:31:06de uma pessoa,
00:31:09no caso,
00:31:10o marido antissocial,
00:31:12com ela,
00:31:12pintora dependente,
00:31:15muito dependente,
00:31:16pessoas extremamente
00:31:17inseguras,
00:31:18carentes,
00:31:20elas podem ser realmente
00:31:22vítimas dessas pessoas
00:31:23sem escrúpulos
00:31:24e que são exploradoras
00:31:27e que querem explorar,
00:31:28Então,
00:31:29uma coisa importante
00:31:30é que todo mundo
00:31:33tem uma história,
00:31:34né?
00:31:34Então,
00:31:35essa pessoa,
00:31:36ela tem relacionamentos
00:31:38sólidos,
00:31:38você quer ver uma pergunta
00:31:39assim,
00:31:40básica,
00:31:41é raro um psicopata
00:31:43ter assim,
00:31:44melhores amigos,
00:31:45amigos de vida inteira?
00:31:49Relações realmente
00:31:50consistentes,
00:31:52repassado,
00:31:53assim,
00:31:53pelas consistências
00:31:54da vida,
00:31:55tudo em geral
00:31:56é meio
00:31:57de forma parasítica,
00:31:59assim,
00:31:59superficial,
00:32:00ele vai se hospedando
00:32:01nas várias coisas.
00:32:03Por exemplo,
00:32:04então,
00:32:04conhecer a história
00:32:05de uma pessoa,
00:32:07tentar buscar informação
00:32:08é fundamental,
00:32:10né?
00:32:10Não dá para sair
00:32:11entregando tudo
00:32:12como as pessoas entregam,
00:32:14né?
00:32:14E tem pessoas
00:32:15que realmente
00:32:16são extremamente
00:32:18exploradoras
00:32:20e que não toleram
00:32:22frustração
00:32:22e que vão atrás
00:32:23ali da presa,
00:32:25elas não se conformam,
00:32:26porque é,
00:32:26é a dinâmica
00:32:27do predador
00:32:28com a presa,
00:32:29né?
00:32:29Tem alguém
00:32:30com mais jeito
00:32:32para ser presa
00:32:33e um outro
00:32:34com mais jeito
00:32:35para predador.
00:32:37É uma combinação
00:32:38de dois transtornos,
00:32:39né?
00:32:40Da dependência.
00:32:43Exatamente,
00:32:44com alguém
00:32:45mais
00:32:45psicopático,
00:32:48explorador
00:32:49e agressivo,
00:32:51hostil,
00:32:52que pode ser mais
00:32:53violento,
00:32:53abusador.
00:32:55É o abusado
00:32:56e o abusador.
00:32:58O abusado
00:32:58e o abusador.
00:33:00É,
00:33:00quando você for jantar,
00:33:01aquele encontro,
00:33:02então,
00:33:03em vez de você perguntar
00:33:04qual é o seu filme
00:33:05predileto,
00:33:06a música predileto,
00:33:06você pergunta,
00:33:07vem cá,
00:33:08quantos relacionamentos
00:33:09você já teve na vida?
00:33:10Você tem amigos?
00:33:13Você tem amigos?
00:33:14Você tem amigos?
00:33:14Vivos?
00:33:16É,
00:33:17é por aí mesmo,
00:33:18é por aí.
00:33:22Informação é importante,
00:33:23não tem jeito,
00:33:24não dá para você
00:33:25sair entregando tudo
00:33:27só por um corte transversal.
00:33:29Conheceu alguém
00:33:30e já...
00:33:32As pessoas projetam
00:33:33suas fantasias no outro,
00:33:35mas, assim,
00:33:36não é assim.
00:33:38Você precisa conhecer
00:33:39um pouco mais
00:33:39da história de vida
00:33:40mesmo dessa pessoa.
00:33:44Esse...
00:33:45Essa característica
00:33:46da sedução
00:33:47que o psicopata tem,
00:33:49ela está associada
00:33:50a essa falta
00:33:51de escrúpulos,
00:33:52mas ela está associada
00:33:53também a uma capacidade
00:33:54de percepção,
00:33:57de manipulação,
00:33:58mas também de percepção
00:33:59das fragilidades do outro.
00:34:02Ela tem esse sentido aguçado,
00:34:05ela percebe
00:34:06a tua fraqueza
00:34:08e passa a explorar
00:34:09a tua fraqueza.
00:34:10É curioso isso,
00:34:11não é?
00:34:11Isso é uma característica...
00:34:14Essa característica,
00:34:15é possível você encontrar
00:34:17isso em pessoas normais
00:34:19ou só em psicopatas?
00:34:21Não, claro que é.
00:34:22É super possível,
00:34:24mas o psicopata,
00:34:25ele tem um frisson por isso,
00:34:28o predador.
00:34:30Ele é um autêntico predador,
00:34:31então ele quer caçar
00:34:33e como um bom caçador,
00:34:36acho que todos os bons caçadores,
00:34:38eles vão atrás
00:34:40da vulnerabilidade,
00:34:41da presa e tal,
00:34:43eles têm um faro especial
00:34:46para saber onde que tem
00:34:48o deslize ali
00:34:50para poder atacar.
00:34:54Você citou um filme,
00:34:55até recentemente
00:34:59o nosso colunista
00:35:02aqui,
00:35:02o Josias Teófilo,
00:35:03que é cineasta,
00:35:04fez um artigo
00:35:05falando sobre
00:35:07o sucesso
00:35:09no streamer
00:35:11de casos
00:35:13de crimes.
00:35:15Tem aí
00:35:17o próprio
00:35:19esse
00:35:21caso
00:35:22da Daniela Pérez,
00:35:24do Guilherme
00:35:25de Pádua,
00:35:27tem
00:35:28uma série
00:35:30de outros
00:35:30casos
00:35:31históricos,
00:35:32recentes,
00:35:34que são
00:35:35revisitados,
00:35:37que acabam virando
00:35:38realmente
00:35:39sucesso
00:35:40de bilheteria,
00:35:40sucesso
00:35:41de audiência.
00:35:42O teu livro
00:35:43mesmo
00:35:43é um sucesso
00:35:44de vendas
00:35:46também.
00:35:48Eu sei
00:35:48que você
00:35:49percebeu
00:35:51isso
00:35:51e resolveu
00:35:54manipular
00:35:54os leitores,
00:35:55estou brincando,
00:35:56mas é
00:35:57uma característica
00:36:00também
00:36:00comunga
00:36:01do ser humano.
00:36:02Ele gosta
00:36:03dessas histórias,
00:36:04ele se atrai.
00:36:07Como é que é?
00:36:08Isso é
00:36:09normal,
00:36:10não é?
00:36:12O ser humano
00:36:13fica muito
00:36:14atraído
00:36:15pelas histórias
00:36:16de poder,
00:36:18e realmente
00:36:21existe um
00:36:22fascínio
00:36:23hoje em dia,
00:36:24até estou
00:36:24já escrevendo
00:36:26um novo livro
00:36:27também sobre isso,
00:36:28para falar um pouco,
00:36:29sobre a maldade humana,
00:36:31que não é
00:36:31tão falado assim,
00:36:34mas
00:36:34as pessoas
00:36:36são fascinadas,
00:36:37porque
00:36:38muitas vezes
00:36:39esse comportamento
00:36:41psicopático,
00:36:42ele vem também
00:36:43com muito poder,
00:36:45e é um poder,
00:36:46as pessoas
00:36:47normalmente
00:36:48têm medo,
00:36:50sei lá,
00:36:51a maioria das pessoas
00:36:52tem medo,
00:36:53tem freio moral,
00:36:55e
00:36:56é fascinante
00:36:57ver alguém
00:36:58sem medo,
00:37:00sem freio moral,
00:37:01e
00:37:03eles se sentem
00:37:06muito poderosos,
00:37:07então isso é tudo
00:37:08muito envolvente,
00:37:11então fascina
00:37:11muito,
00:37:12os vilões também
00:37:13fascinam muito.
00:37:15Os vilões,
00:37:15os vilões fascinam.
00:37:17Eu te pergunto,
00:37:19a gente não,
00:37:20a gente não,
00:37:21naturalmente eu não vou
00:37:22nominar casos
00:37:25aqui para a gente,
00:37:26para a gente,
00:37:27primeiro para evitar
00:37:28processo e evitar
00:37:29os haters,
00:37:30mas eu gostaria
00:37:32da tua avaliação
00:37:32em tese,
00:37:33como gostam de dizer
00:37:35os ministros do Supremo
00:37:36quando vão falar
00:37:36sobre alguma coisa,
00:37:37vamos falar em tese,
00:37:39eu cubro política,
00:37:44cubro poder,
00:37:45bastidores do poder
00:37:45aqui há 20 anos,
00:37:46e eu percebo
00:37:47muitas vezes
00:37:48que
00:37:48também é uma máxima,
00:37:51a confirmação
00:37:52da máxima
00:37:53que o poder
00:37:53corrompe,
00:37:54a gente está falando
00:37:54de poder
00:37:55e me veio
00:37:56à mente isso,
00:37:57muitas vezes
00:37:58você,
00:38:00justamente,
00:38:01o sujeito
00:38:01chega
00:38:01numa posição
00:38:05de destaque,
00:38:08uma posição
00:38:09de autoridade
00:38:10e,
00:38:12às vezes,
00:38:13ele exerce
00:38:15esse poder
00:38:16de uma forma
00:38:17tranquila,
00:38:19serena,
00:38:20às vezes,
00:38:21dependendo das circunstâncias,
00:38:23das condições
00:38:24de temperatura
00:38:24e pressão,
00:38:25ele passa
00:38:27a exercer
00:38:28esse poder
00:38:29com o arbítrio,
00:38:32passa a abusar
00:38:33desse poder
00:38:34e passa
00:38:35a expressar
00:38:38características
00:38:40que são
00:38:41muito semelhantes
00:38:42às que você
00:38:43cita
00:38:44no teu livro.
00:38:47Como é que
00:38:49é possível
00:38:50realmente
00:38:50o sujeito
00:38:52desenvolver
00:38:53uma psicopatia,
00:38:54um comportamento,
00:38:56um transtorno
00:38:56desse psiquiátrico
00:38:59até,
00:39:00em determinado
00:39:02momento da vida
00:39:03ou ele sempre
00:39:04trouxe aquilo ali,
00:39:06era uma sementinha
00:39:07que depois foi regada,
00:39:09acabou sendo regada
00:39:10pelo poder
00:39:10e ele passou
00:39:12a exercer
00:39:13essa característica,
00:39:16esse caráter.
00:39:18usando assim
00:39:20uma metáfora,
00:39:21todo mundo
00:39:22tem luz
00:39:24e sombra,
00:39:25né,
00:39:25então,
00:39:26determinadas
00:39:27situações
00:39:29na vida,
00:39:30elas vão
00:39:31certamente
00:39:31apertar
00:39:32o botão
00:39:33daquilo
00:39:35que é
00:39:35mais
00:39:36saudável,
00:39:37mais construtivo
00:39:38da pessoa
00:39:41e tem
00:39:42situações
00:39:42que elas
00:39:43apertam
00:39:44os botões
00:39:45mais destrutivos
00:39:46e sombrios
00:39:47de uma pessoa,
00:39:48inclusive quando
00:39:49a pessoa
00:39:49entra
00:39:50pela onda
00:39:52do vício
00:39:53e o poder
00:39:56também vicia,
00:39:57né,
00:39:58esquece a condenação
00:39:59de muitas pessoas
00:40:00que chegam
00:40:01no poder
00:40:02porque muitas vezes
00:40:03elas querem
00:40:04mais poder
00:40:05e poder
00:40:05e poder
00:40:07e nada
00:40:07satisfaz
00:40:08e
00:40:10isso pode ser
00:40:12altamente
00:40:12uma coisa
00:40:13que realmente
00:40:14é viciante
00:40:15e
00:40:16e aí
00:40:18eu diria
00:40:18assim
00:40:18que não
00:40:19necessariamente
00:40:19a pessoa
00:40:20desenvolveu
00:40:21um transtorno
00:40:22de personalidade,
00:40:23até porque a gente
00:40:24pôr
00:40:26de forma
00:40:26conceitual
00:40:27isso
00:40:27começa a aparecer
00:40:28no início
00:40:29da vida adulta,
00:40:30no final
00:40:30da adolescência,
00:40:32mas
00:40:33a pessoa
00:40:35tá,
00:40:36digamos assim,
00:40:37com seus
00:40:38botões
00:40:39mais
00:40:40daquilo que é
00:40:41mais destrutivo,
00:40:43destrutivo
00:40:43nesse sentido
00:40:44do sombrio,
00:40:45né,
00:40:45sombrio porque
00:40:46vai fazer
00:40:47abusa,
00:40:47né,
00:40:48faz mal,
00:40:49é nocivo
00:40:50pro outro,
00:40:51né,
00:40:52isso pode
00:40:52envolver
00:40:53todo tipo
00:40:55de abuso,
00:40:56né,
00:40:56e outras coisas
00:40:57como roubar,
00:40:58como,
00:40:59você entende
00:41:01muito bem
00:41:01disso que
00:41:01eu saia
00:41:02muito tempo
00:41:03acompanhando
00:41:04as piores
00:41:05coisas,
00:41:06né,
00:41:06então eu
00:41:08acho que
00:41:09realmente
00:41:10é um ambiente
00:41:11que o ambiente
00:41:13do poder
00:41:13ele é muito
00:41:14sedutor
00:41:15e ele
00:41:17pode
00:41:17fazer com
00:41:19não tem aquele
00:41:20livro,
00:41:20tem um filme
00:41:20que é ótimo
00:41:21também pra isso
00:41:22o Lobo
00:41:23de Wall Street,
00:41:24né,
00:41:25é,
00:41:26filme ótimo,
00:41:27né,
00:41:27que retrata
00:41:29isso,
00:41:29mas esse,
00:41:30sei lá,
00:41:30foi o que me
00:41:31veio à cabeça,
00:41:32tem N
00:41:32outros filmes,
00:41:34mas eu acho
00:41:35que são
00:41:35os traços
00:41:36sombrios
00:41:38e altamente
00:41:38destrutivos
00:41:40que são,
00:41:41é,
00:41:43ficam mais,
00:41:44assim,
00:41:44deflagrados,
00:41:46dependendo do
00:41:46ambiente
00:41:47e dependendo
00:41:48das seduções
00:41:50desse ambiente.
00:41:52É,
00:41:53eu tenho uma frase
00:41:54aqui pro teu próximo
00:41:55livro,
00:41:55que é sobre o mal
00:41:56e que faz referência
00:41:58a essa,
00:41:59é que é assim,
00:42:00é mistura do mal
00:42:01com atraso
00:42:02e pitadas
00:42:02de psicopatia.
00:42:05Boa,
00:42:07a gente tem que rir
00:42:08um pouco disso,
00:42:09mas, assim,
00:42:10é,
00:42:11você já conheceu
00:42:12alguém que fosse
00:42:12assim,
00:42:13uma mistura do mal
00:42:14com atraso e pitadas
00:42:15de psicopatia?
00:42:17Já,
00:42:18é porque tudo
00:42:18também é mesclado,
00:42:20né,
00:42:20as coisas,
00:42:22elas ficam
00:42:22interligadas,
00:42:24mas com certeza,
00:42:26é,
00:42:27e você?
00:42:27Mandou um hospital,
00:42:30deu uma receita
00:42:31desse tamanho
00:42:31de remédio?
00:42:34O que,
00:42:35peraí,
00:42:35isso eu não vi,
00:42:36o que?
00:42:37Passou uma prescrição
00:42:39pesada
00:42:39de remédio
00:42:41para...
00:42:43Como é que faz?
00:42:46Por favor,
00:42:47por favor.
00:42:48Eu só ia falar o seguinte,
00:42:49que por ser uma questão
00:42:51de personalidade
00:42:53e não dos sintomas,
00:42:55como no caso
00:42:55da esquizofrenia,
00:42:57do transtorno bipolar,
00:42:59então,
00:43:01em geral,
00:43:02o que acontece,
00:43:03esse tipo
00:43:04de transtorno,
00:43:05ele não responde
00:43:06à medicação,
00:43:08tá?
00:43:09Porque não é
00:43:10como uma psicose,
00:43:11que a pessoa
00:43:12perde o contato
00:43:13com a realidade,
00:43:14tem delírio,
00:43:15alucinação,
00:43:16tem aqueles sintomas
00:43:17quando ela está
00:43:18psicótica,
00:43:19e aí a medicação
00:43:20faz efeito
00:43:21e reduz
00:43:22aquela sintomatologia.
00:43:23Nesse caso,
00:43:24não,
00:43:24é um problema
00:43:25da personalidade,
00:43:27então,
00:43:27não vem na forma
00:43:28de sintomas,
00:43:30mas na forma
00:43:31de uma alteração
00:43:32mais profunda mesmo,
00:43:34na personalidade,
00:43:35no caráter.
00:43:38E como é que você
00:43:39trata isso?
00:43:41É possível
00:43:42o tratamento?
00:43:43Tem.
00:43:43O único tratamento
00:43:44é excluído
00:43:45do convívio social?
00:43:47Não,
00:43:47depende do tipo
00:43:49que a gente está falando,
00:43:50né?
00:43:50Se a pessoa
00:43:51tem consciência
00:43:52do que ela fez,
00:43:55alguma consciência
00:43:55do que ela tem,
00:43:56é muito mais fácil,
00:43:58você trabalha
00:43:58de uma maneira
00:43:59mais comportamental
00:44:00e vai tentar
00:44:01modificar um pouco
00:44:03aquele comportamento.
00:44:05Mas se a pessoa
00:44:05não tem consciência
00:44:07nenhuma,
00:44:08o ideal é,
00:44:10assim,
00:44:10a gente se proteger,
00:44:11né?
00:44:12E muitas vezes
00:44:12tentar ficar longe,
00:44:14porque são pessoas
00:44:15que são muito
00:44:17prejudiciais
00:44:19e nocivas.
00:44:21Deixa eu tocar
00:44:22num ponto,
00:44:22num tema sensível.
00:44:23quando se discute
00:44:25e aí se discute
00:44:27em diversos
00:44:28meios, né?
00:44:30Na política,
00:44:31na sociedade e tal,
00:44:33na área médica também,
00:44:35a questão,
00:44:35por exemplo,
00:44:36da pedofilia.
00:44:38Há uma corrente
00:44:40que tenta
00:44:41colocar a pedofilia
00:44:42como, ah,
00:44:42isso é um transtorno,
00:44:44é uma doença
00:44:45e a outra que,
00:44:46não,
00:44:47isso aqui é crime,
00:44:47a pessoa tem que ser punida,
00:44:49ser presa,
00:44:49etc.
00:44:49Como é que você
00:44:53trataria esse tema,
00:44:56que é um tema
00:44:56tão sensível?
00:44:58Olha só,
00:44:59o pedófilo,
00:45:00você ter uma
00:45:01geração especial
00:45:02por crianças,
00:45:04por menores,
00:45:06isso não é um crime,
00:45:07isso pelo contrário,
00:45:08é tratado como
00:45:09uma patologia,
00:45:11né?
00:45:12De impulso,
00:45:13tudo isso.
00:45:14Só que, assim,
00:45:15o crime é quando você
00:45:16passa da fantasia
00:45:18para o ato,
00:45:19mas, assim,
00:45:21a maioria de pessoas
00:45:23pedófilos
00:45:24não cometem os crimes.
00:45:28Uma grande maioria
00:45:29não comete,
00:45:30ela fica ali
00:45:31com a fantasia dela,
00:45:32tá?
00:45:33O pedófilo
00:45:34não é a pessoa
00:45:34que está ali
00:45:35o tempo todo
00:45:36fazendo e acontecendo.
00:45:38Muitos só fantasiam
00:45:39isso tudo,
00:45:41mas, efetivamente,
00:45:43não cometem
00:45:44os crimes.
00:45:45Fantasiam?
00:45:46Tem os que fantasiam
00:45:48já de uma forma
00:45:50mais concreta
00:45:51compartilhando
00:45:53imagens,
00:45:54né?
00:45:54A gente vê isso
00:45:55a todo momento
00:45:56e tem aqueles
00:45:57que vão lá
00:45:58e cometem
00:45:58realmente o crime,
00:46:00né?
00:46:00Isso,
00:46:01é complicado,
00:46:02né?
00:46:02É um limite
00:46:05tênue, né?
00:46:06Porque o próprio
00:46:06acesso, por exemplo,
00:46:07a uma pornografia
00:46:08infantil,
00:46:09isso, né,
00:46:10já é uma coisa
00:46:11bem complicada,
00:46:15né?
00:46:15Mas compartilhar,
00:46:17ou...
00:46:17Então, assim,
00:46:18é um assunto
00:46:19difícil,
00:46:21mas a gente não pode
00:46:22ver toda pessoa
00:46:23que tem uma situação
00:46:24de pedofilia
00:46:25como um criminoso.
00:46:27Mas se a pessoa
00:46:28tem essa fantasia,
00:46:31mas, ao mesmo tempo,
00:46:32ela tem um caráter
00:46:32que diz para ela
00:46:33que ela não pode
00:46:35realizar essa fantasia,
00:46:38então ela vive
00:46:39provavelmente
00:46:41um conflito interno
00:46:42muito grande.
00:46:43Existe uma forma
00:46:44de tratar
00:46:44a pessoa,
00:46:46ela quer ser tratada,
00:46:47ela sabe que tem
00:46:48um problema,
00:46:48mas ela não quer nem,
00:46:49ela nem pensa
00:46:51na possibilidade
00:46:52de executar,
00:46:52mas ela vive
00:46:53o conflito.
00:46:54Existe,
00:46:55eu já tratei,
00:46:56acompanho pessoas assim,
00:46:57é um horror,
00:46:59é um conflito
00:47:00muito grande
00:47:01e, às vezes,
00:47:02isso a gente
00:47:03entra até
00:47:04com medicação,
00:47:05medicação antidepressiva,
00:47:08ansiolítica
00:47:09e, muitas vezes,
00:47:11a pessoa também
00:47:12se beneficia,
00:47:13não só da terapia
00:47:14como da medicação.
00:47:16Então,
00:47:16é muito doloroso
00:47:18para quem tem
00:47:18essa consciência,
00:47:20sabe que não pode fazer
00:47:21e quer se livrar
00:47:24dessa sensação,
00:47:26desse transtorno.
00:47:29Muito bem.
00:47:32Esse personagem
00:47:36do cotidiano,
00:47:37esse psicopata
00:47:38do cotidiano,
00:47:40qual é o mais comum?
00:47:43É,
00:47:44existem vários,
00:47:45por incrível que pareça,
00:47:47um dos mais comuns
00:47:48é o tipo
00:47:48perfeccionista,
00:47:50obsessivo e compulsivo.
00:47:53É...
00:47:53Que vai ser reprovado
00:47:56na entrevista
00:47:56de emprego,
00:47:57não é?
00:47:57Qual é o seu...
00:47:58Ah, eu sou
00:47:59perfeccionista.
00:48:00Ixi, está fora.
00:48:01Pois é,
00:48:02mas esse tipo,
00:48:04por exemplo,
00:48:04meticuloso,
00:48:05perfeccionista,
00:48:07é super complicado
00:48:09que você tenha,
00:48:09por exemplo,
00:48:10um chefe,
00:48:10imagina um chefe
00:48:11que você o tempo inteiro,
00:48:13você faz uma coisa
00:48:14e ele diz que não,
00:48:15não está bom ainda.
00:48:17Não,
00:48:17faz de novo.
00:48:18nunca vai estar bom.
00:48:20É,
00:48:21a pessoa...
00:48:22Então,
00:48:23é uma pessoa
00:48:24super insatisfeita
00:48:26e nada do que você faça
00:48:27satisfaz.
00:48:28Então,
00:48:28é muito difícil
00:48:29conviver com uma pessoa assim,
00:48:31né?
00:48:31É um terror,
00:48:33muitas vezes.
00:48:34Tem o tipo também evitativo,
00:48:37né?
00:48:37Que são pessoas
00:48:38que têm verdadeiro pavor
00:48:40de aparecer,
00:48:41de...
00:48:42É quase confundido
00:48:43com fobia social.
00:48:44Um pouquinho
00:48:45é diferente
00:48:47que é uma personalidade
00:48:48mesmo evitativa,
00:48:49né?
00:48:49Pessoas que estão sempre
00:48:50querendo ficar atrás
00:48:51da cortina,
00:48:52serem invisíveis.
00:48:54Também é um outro tipo
00:48:56que não são esses.
00:48:57Esses são as vítimas,
00:48:59são as pessoas
00:49:00que têm...
00:49:01Das psicopatias
00:49:02do cotidiano,
00:49:03eu digo que uns
00:49:03são super agressores,
00:49:06né?
00:49:06E outros são mais vítimas,
00:49:08como, por exemplo,
00:49:09o dependente,
00:49:10que a gente falou aqui
00:49:10anteriormente,
00:49:11o evitativo,
00:49:12evitativo,
00:49:13são pessoas mais...
00:49:17Enfim,
00:49:18que têm tendência
00:49:18a serem presas,
00:49:20serem vítimas.
00:49:21Já o antissocial,
00:49:23que é esse psicopata
00:49:24mais famoso
00:49:25dos seriados,
00:49:26que é o...
00:49:28Que pode até ser
00:49:29um serial killer,
00:49:30tudo isso,
00:49:31essas são pessoas
00:49:32mais agressoras.
00:49:34O narcisista também
00:49:35é uma pessoa
00:49:36super assediador,
00:49:38abusador,
00:49:40também, né?
00:49:41O paranóide
00:49:42também pode ser
00:49:43uma pessoa
00:49:44que,
00:49:45pela desconfiança
00:49:46excessiva
00:49:47e por estar
00:49:47sempre dividindo
00:49:48o mundo
00:49:49em amigos
00:49:50e inimigos
00:49:51e estar sempre
00:49:52vivendo
00:49:53num clima de guerra,
00:49:55também pode ser
00:49:56uma pessoa
00:49:56muito bélica.
00:49:58Espera aí
00:49:59que agora você
00:50:00estartou aqui
00:50:01na minha mente
00:50:02uma coisa.
00:50:03Sim!
00:50:03É...
00:50:04Você já deve saber.
00:50:06Mas deixa eu te perguntar,
00:50:07é possível
00:50:08uma personalidade
00:50:09combinar
00:50:10diferentes transtornos?
00:50:12O narcisista
00:50:13ser também
00:50:15o obsessivo-compulsivo,
00:50:18ser esse...
00:50:20Sei lá,
00:50:21o evitativo.
00:50:22É possível?
00:50:24Quais são
00:50:25esses transtornos
00:50:27que se combinam
00:50:28de forma mais presente?
00:50:31Porque,
00:50:31quando a gente fala disso,
00:50:32eu já estou aqui pensando
00:50:33nos populistas,
00:50:36nos ditadores,
00:50:38nesses...
00:50:39Em artistas
00:50:40que são
00:50:41extremamente
00:50:42egocêntricos,
00:50:43em personalidades
00:50:44que se destacam,
00:50:45acabam se destacando
00:50:46na sociedade,
00:50:47nos seus meios,
00:50:48e que causam
00:50:50muito mal,
00:50:51acabam causando
00:50:52muito mal.
00:50:54Quais são essas...
00:50:55É possível
00:50:55essa mistura?
00:50:56Quais são
00:50:57as mais
00:50:57comuns
00:50:59de se aglutinarem
00:51:01numa mesma pessoa?
00:51:02que eu vejo
00:51:04muito
00:51:04nessas pessoas
00:51:07ditadores
00:51:10e tal,
00:51:10é a combinação
00:51:11do antissocial,
00:51:13que é esse
00:51:14psicopata mais
00:51:15agressivo
00:51:16que a gente falou,
00:51:17que pode ser até
00:51:18homicida,
00:51:19etc.,
00:51:20com um narcisista.
00:51:23Porque,
00:51:25quer dizer,
00:51:25a pessoa,
00:51:26além de...
00:51:27Ainda é um predador,
00:51:28mas é aquela pessoa
00:51:29que precisa ser
00:51:30não dá para falar
00:51:33nomes,
00:51:33mas vem um monte
00:51:34de nomes
00:51:34na cabeça da gente,
00:51:35mas é a pessoa
00:51:36que precisa
00:51:39também
00:51:40ficar
00:51:41para a história,
00:51:43sabe?
00:51:44Número um,
00:51:45ela sente o máximo
00:51:46e quer ser reconhecida.
00:51:49Ela acha
00:51:50que é uma...
00:51:51que é o próprio
00:51:53Deus
00:51:54encarnado.
00:51:54encarnado.
00:51:55É,
00:51:56é.
00:51:57E como tem gente
00:51:58que morre,
00:51:59né,
00:51:59por causa dessas mentes,
00:52:01né?
00:52:02Parece uma mente
00:52:03dessas que vai,
00:52:04convence outras
00:52:05de que isso é bacana
00:52:07e aí são milhões
00:52:09de pessoas
00:52:10devastadas.
00:52:14Então,
00:52:15essa é uma combinação
00:52:16possível.
00:52:17Aí,
00:52:18piora a combinação.
00:52:20Você imagina a combinação?
00:52:22Eu estou te ouvindo.
00:52:22Ah,
00:52:23perdão,
00:52:24é porque caiu,
00:52:24desculpa,
00:52:25eu vou te pedir
00:52:25para voltar
00:52:26na tua resposta anterior
00:52:27porque caiu
00:52:28para mim aqui
00:52:28o meu retorno,
00:52:30que a gente teve
00:52:30um probleminha técnico,
00:52:31mas você estava falando
00:52:32dessa,
00:52:33eu estava falando justamente
00:52:34que tem esses
00:52:34personagens
00:52:36que eles sempre
00:52:37se imbuem
00:52:38em uma missão divina,
00:52:40né?
00:52:40Eles se colocam
00:52:41realmente como
00:52:42grandes salvadores
00:52:43da pátria,
00:52:44como pessoas
00:52:45que são especiais,
00:52:47que estão acima
00:52:47das outras,
00:52:48que tem realmente,
00:52:50são extremamente
00:52:51narcisistas.
00:52:52Agora,
00:52:53o narcisismo
00:52:53não é visto,
00:52:54às vezes é visto
00:52:55como uma característica
00:52:56menor,
00:52:57não,
00:52:57é um transtorno,
00:52:58é uma psicopatia.
00:53:00É,
00:53:00quando é nesse nível
00:53:02patológico
00:53:03que a pessoa
00:53:04realmente se sente
00:53:05muito melhor
00:53:06do que as outras,
00:53:08assim,
00:53:08muito superior,
00:53:10com uma missão
00:53:11completamente especial
00:53:12e ela quer ficar
00:53:14para a história,
00:53:15mesmo que sejam
00:53:16as custas
00:53:17da,
00:53:17sabe,
00:53:19de todo o infortúnio
00:53:20de milhões
00:53:21de pessoas,
00:53:22né?
00:53:22Muitas vezes
00:53:23a morte até
00:53:24também de pessoas,
00:53:25então,
00:53:26isso é extremamente
00:53:28patológico,
00:53:30né?
00:53:31Maldoso.
00:53:32Agora,
00:53:32imagina quando junta
00:53:33o antissocial,
00:53:35o narcisista
00:53:36e o paranoide,
00:53:37quer dizer,
00:53:38o paranoide
00:53:39é aquele
00:53:39que tem aquela
00:53:41desconfiança
00:53:43e fica o mundo
00:53:44dividido
00:53:44e tem ali
00:53:45a força inimiga
00:53:47e a força aliada
00:53:49e tudo
00:53:50tem que ser feito
00:53:51para destruir
00:53:52os inimigos.
00:53:54Então,
00:53:55aí vai
00:53:55aumentando,
00:53:57né,
00:53:57o perigo.
00:54:01Eu vejo
00:54:02disputa
00:54:03de psicopata.
00:54:05É terrível.
00:54:06E aí vai
00:54:09acrescentando.
00:54:10Então,
00:54:10isso que você
00:54:10perguntou,
00:54:11realmente podem
00:54:12ter junções
00:54:13dos traços
00:54:14patológicos
00:54:15de personalidade
00:54:16de um tipo
00:54:17com outro tipo.
00:54:18Podem ter
00:54:19mesclas.
00:54:22É terrível.
00:54:25A gente...
00:54:27Vamos falar um pouco
00:54:28mais da realidade
00:54:29prática, né?
00:54:30A gente passou
00:54:31por uma pandemia
00:54:32e foi um momento
00:54:34muito difícil,
00:54:35foi uma...
00:54:37Até pelo ineditismo,
00:54:39né?
00:54:39As pessoas
00:54:39trancadas em casa,
00:54:41as pessoas passaram
00:54:42a usar máscara,
00:54:42as pessoas passaram
00:54:43a usar álcool em gel,
00:54:44aí começaram também
00:54:45a desenvolver
00:54:45os seus transtornos
00:54:46de toque,
00:54:48de ter que passar
00:54:49álcool em gel
00:54:49para tudo,
00:54:50usar máscara para tudo.
00:54:52E,
00:54:53naturalmente,
00:54:54você deve ter
00:54:55a...
00:54:57Vamos dizer assim,
00:54:58a lista de espera
00:54:59de atendimento
00:55:00do seu consultório
00:55:01deve ter aumentado,
00:55:02barbaramente, né?
00:55:05É, aumentaram...
00:55:08Certamente,
00:55:09a gente não parou
00:55:10de trabalhar.
00:55:11Os profissionais,
00:55:13não só eu, né?
00:55:14Mas, assim,
00:55:14os profissionais
00:55:15da minha área
00:55:16estão trabalhando
00:55:17muito mais
00:55:18desde que isso tudo
00:55:20aconteceu, né?
00:55:22Muita situação
00:55:23de...
00:55:25de insegurança,
00:55:26de isolamento,
00:55:29de caos,
00:55:30de incerteza.
00:55:32momento difícil
00:55:34que a gente atravessou,
00:55:35ainda está atravessando, né?
00:55:37Não vejo como
00:55:38alguma coisa
00:55:38que terminou.
00:55:40A gente já não tem
00:55:40mais a questão,
00:55:42é...
00:55:43situação do vírus e tal,
00:55:45está mais controlada,
00:55:46mas tem as consequências,
00:55:48tem os efeitos
00:55:48e também não se sabe, né?
00:55:50Até que ponto
00:55:51que alguma outra coisa
00:55:53não pode surgir.
00:55:54como é que você avalia
00:55:57as políticas públicas
00:56:00para o acolhimento
00:56:02de pessoas
00:56:04que vivem
00:56:05esse transtorno,
00:56:06mas que muitas vezes
00:56:07não tem condição
00:56:08de pagar
00:56:08para uma consulta
00:56:10com um profissional
00:56:11particular,
00:56:12que normalmente
00:56:13são profissionais
00:56:14caros,
00:56:15porque são profissionais
00:56:16muito qualificados,
00:56:17então são pessoas
00:56:17que precisam
00:56:18recorrer
00:56:19ao atendimento público.
00:56:21Eu lembro recentemente,
00:56:22até publiquei no site,
00:56:23aconteceu um caso
00:56:24que a princípio
00:56:25a imprensa achou
00:56:26que fosse uma briga política
00:56:27e depois,
00:56:28quando eu me debrucei
00:56:29sobre o personagem,
00:56:31descobri que ele tinha
00:56:32uma ficha
00:56:32de diagnóstico
00:56:35já declarado
00:56:36de psicopatia,
00:56:39né?
00:56:39Então ele poderia ter
00:56:40agredido outra pessoa
00:56:43e matado outra pessoa
00:56:43por qualquer motivo,
00:56:44não podia ser político,
00:56:45podia ser por qualquer motivo.
00:56:47E eu conversei
00:56:48com o médico,
00:56:49com o psiquiatra
00:56:49que o atendeu
00:56:50e ele,
00:56:51alertou muito
00:56:53sobre isso para mim,
00:56:54falou,
00:56:54poxa, Cláudio,
00:56:55a gente encaminhou ele
00:56:58para o atendimento
00:56:58público
00:57:00e a justiça
00:57:03inviabilizou
00:57:05esse atendimento,
00:57:06a família recorreu,
00:57:07pediu e tal,
00:57:08e isso levou
00:57:09dois anos
00:57:10nessa briga,
00:57:11acabou que ele
00:57:11cometeu um crime.
00:57:13Quer dizer,
00:57:13já havia
00:57:14a identificação,
00:57:16o diagnóstico,
00:57:17tudo foi feito
00:57:19pela família,
00:57:20pelas pessoas ao redor.
00:57:21para que ele pudesse
00:57:23ter esse acolhimento,
00:57:24para preservar,
00:57:24não só ele,
00:57:25mas como as pessoas
00:57:26ao redor,
00:57:27e isso não aconteceu,
00:57:29acabou que ele
00:57:30cometeu um crime,
00:57:30matou outra pessoa
00:57:31e destruiu a vida
00:57:32de outra família.
00:57:33como é que você avalia
00:57:38hoje essa...
00:57:39Falta uma dedicação
00:57:41do poder público a isso?
00:57:43Falta uma dedicação
00:57:44da política?
00:57:47Ah, Cláudio,
00:57:47eu me formei
00:57:48em...
00:57:49me formei nova,
00:57:51mas eu me formei
00:57:52em 1986.
00:57:55Desde então,
00:57:56o que eu vi,
00:57:58assim,
00:57:58da minha época
00:57:59de residência
00:57:59em psiquiatria
00:58:00para cá,
00:58:01é um declínio
00:58:02progressivo,
00:58:03assim,
00:58:04das instituições
00:58:05públicas em geral.
00:58:06Claro que tem
00:58:07muitos bons trabalhos
00:58:08sendo desenvolvidos
00:58:10no país,
00:58:12né?
00:58:12O país é grande,
00:58:13tem grupos
00:58:14muito bons,
00:58:15mas eu não diria
00:58:16que isso é a maioria
00:58:17do que a gente vê.
00:58:19A gente vê
00:58:20má gestão,
00:58:21deficiência,
00:58:22e, enfim,
00:58:25e consequências
00:58:26como essa
00:58:27que você relatou,
00:58:28muitas vezes
00:58:28as piores possíveis,
00:58:30né?
00:58:30Então,
00:58:32a resposta
00:58:33não tem como ser
00:58:34ah, não,
00:58:35é ótimo,
00:58:36não,
00:58:36não é,
00:58:37é extremamente
00:58:38deficiente
00:58:39e a gente
00:58:41ainda tem,
00:58:42assim,
00:58:42uma mínima esperança
00:58:44que as coisas
00:58:44possam
00:58:45ser melhor
00:58:47diferenciadas,
00:58:48administradas,
00:58:50né?
00:58:50e que a gente
00:58:50possa viver
00:58:51alguma coisa
00:58:52melhor.
00:58:54É que eu percebo
00:58:55que muitas vezes
00:58:55a pessoa,
00:58:57as pessoas do convívio
00:58:58normalmente,
00:58:59elas identificam,
00:59:00assim,
00:59:00quando um transtorno
00:59:01é muito,
00:59:02né,
00:59:03é muito violento,
00:59:04a pessoa,
00:59:05tá clara ali
00:59:06a psicopatia,
00:59:08muitas vezes
00:59:08as pessoas
00:59:09do entorno,
00:59:09da família,
00:59:10do relacionamento,
00:59:11dos amigos,
00:59:12ficam sem saber
00:59:14o que fazer,
00:59:15né?
00:59:16Que tipo de
00:59:17encaminhamento dá,
00:59:18como buscar
00:59:20apoio,
00:59:21ajuda,
00:59:21né,
00:59:21profissional,
00:59:23e quando isso
00:59:24não acontece é isso,
00:59:25de repente aquela pessoa
00:59:26daqui a pouco vai lá
00:59:27e comete um crime,
00:59:28né?
00:59:29Aqui até citando
00:59:31um caso político
00:59:32conhecido,
00:59:33o próprio Adélio,
00:59:33né?
00:59:34O Adélio não virou,
00:59:35não virou um psicopata
00:59:36da noite pro dia,
00:59:37né?
00:59:37Ele já foi diagnosticado,
00:59:39mas ele,
00:59:39naturalmente as pessoas
00:59:40que conviveram com ele
00:59:41já tinham,
00:59:42já sabiam que ele
00:59:42tinha algum problema,
00:59:44em determinado momento
00:59:45ele vai lá e comete
00:59:45um crime,
00:59:46e qual é o caminho
00:59:50que familiares
00:59:53de uma pessoa,
00:59:54amigos de uma pessoa
00:59:54que tenha
00:59:55esse tipo de transtorno,
00:59:57que caminho
00:59:58que elas devem tomar?
00:59:59Porque muitas vezes
01:00:00esse tipo de transtorno
01:00:01ele é tratável,
01:00:02né?
01:00:04É,
01:00:04no caso da,
01:00:06quando há psicose,
01:00:08quer dizer,
01:00:09porque,
01:00:11assim,
01:00:11voltando,
01:00:12né?
01:00:12Esse tipo de psicopatia,
01:00:14de transtorno de personalidade
01:00:15não são as doenças mentais
01:00:17propriamente ditas,
01:00:19como as psicoses
01:00:21que vêm com surtos,
01:00:22né?
01:00:23Surtos que a pessoa
01:00:23pode ter alucinação,
01:00:25pode ter delírio
01:00:26de perseguição,
01:00:28ou a bipolaridade
01:00:30que a pessoa pode ter
01:00:30um episódio,
01:00:32por exemplo,
01:00:32de mania,
01:00:33ou a própria depressão,
01:00:35não é isso,
01:00:36é uma coisa ali
01:00:36do comportamento
01:00:37da personalidade dela
01:00:39quando a gente fala
01:00:39de transtorno de personalidade.
01:00:41Então,
01:00:41com relação
01:00:42às doenças mentais
01:00:43em geral,
01:00:44quando isso
01:00:44é percebido,
01:00:46eu acho que a gente,
01:00:48as pessoas têm que correr
01:00:49mesmo e pedir ajuda,
01:00:51porque as coisas
01:00:53podem se agravar
01:00:54e efetivamente
01:00:57pode se tornar algo
01:00:58que cursa
01:00:59com violência,
01:01:00dirigido,
01:01:01inclusive,
01:01:01para a própria pessoa
01:01:02como suicídio,
01:01:03né?
01:01:04Então,
01:01:05muito cuidado
01:01:06tem que ser tomado.
01:01:08E nos casos
01:01:09de transtorno
01:01:09de personalidade,
01:01:11também tem,
01:01:12eu não sei,
01:01:12no caso
01:01:14do Adélio,
01:01:15se já havia
01:01:15violência
01:01:16pré-existente,
01:01:17eu não estou me lembrando
01:01:18muito da história dele,
01:01:20mas, assim,
01:01:21são pessoas
01:01:21que precisam
01:01:22também,
01:01:23os com transtorno
01:01:24de personalidade,
01:01:25precisam
01:01:27de muito limite,
01:01:28esse limite
01:01:29tem que ser dado
01:01:30para pessoas
01:01:32não continuarem
01:01:33fazendo,
01:01:34escalando,
01:01:35digamos assim,
01:01:37do ponto de vista
01:01:38comportamental
01:01:39e cada vez
01:01:39poderem
01:01:41cometer atos
01:01:42mais violentos.
01:01:44Agora,
01:01:45é importante dizer,
01:01:46assim,
01:01:46que a maior parte
01:01:47dos doentes
01:01:48mentais
01:01:49não cometem
01:01:51crime.
01:01:52Se essa pessoa
01:01:52estiver tratada,
01:01:54se essa pessoa
01:01:55estiver medicada,
01:01:56se ela estiver assistida,
01:01:58eu tenho trabalho
01:01:59sobre isso,
01:02:00a pessoa
01:02:01não vai
01:02:02ser violenta,
01:02:04tá?
01:02:04Agora,
01:02:06muitas pessoas
01:02:07com esses
01:02:08transtornos
01:02:09de personalidade,
01:02:10com essas
01:02:10psicopatias,
01:02:12elas realmente
01:02:12podem cometer crimes,
01:02:14crimes mais leves
01:02:15ou crimes mais
01:02:17graves.
01:02:18A maioria
01:02:18não comete
01:02:19também,
01:02:19mas podem cometer,
01:02:21mais do que os
01:02:21próprios doentes
01:02:22mentais,
01:02:24ainda mais quando
01:02:24existe
01:02:25associação
01:02:26abuso de droga,
01:02:29e álcool,
01:02:30droga,
01:02:31e quando se junta
01:02:32tudo isso,
01:02:33esse comportamento
01:02:34alterado,
01:02:35mais substâncias
01:02:37sejam lícitas
01:02:39ou ilícitas,
01:02:39aí a coisa vai
01:02:40ficando mais
01:02:41complicada.
01:02:44Mas, assim,
01:02:44tem que,
01:02:45a pessoa tem que,
01:02:46no seu,
01:02:48dependendo de onde
01:02:49ela mora,
01:02:50ela tem que procurar
01:02:51ou universidade,
01:02:53ou, no caso
01:02:54da psiquiatria,
01:02:54tem os centros
01:02:55de atenção
01:02:56psicossocial,
01:02:57os CAPS,
01:02:58e tentar
01:02:59buscar
01:03:00ajuda, né?
01:03:02Porque a gente
01:03:03e quanto mais
01:03:05a gente informa
01:03:06a população também,
01:03:07conscientiza,
01:03:09quanto mais existe
01:03:10essa psicopedagogia
01:03:11explicando
01:03:12cada transtorno,
01:03:14mais as pessoas
01:03:14também podem
01:03:15detectar
01:03:16precocemente.
01:03:20É,
01:03:20acho que é
01:03:21fundamental.
01:03:22Tem alguma,
01:03:22quando a gente fala
01:03:23do,
01:03:24quando a gente fala
01:03:25desse ambiente
01:03:26muito poluído,
01:03:28né?
01:03:28que você mencionou
01:03:29das redes sociais,
01:03:30que acaba,
01:03:31como hoje
01:03:32a nossa vida
01:03:32é digital,
01:03:33acaba que tudo,
01:03:35tudo que a gente
01:03:36vive nas redes,
01:03:37ele,
01:03:38isso,
01:03:38isso se transpõe,
01:03:40né?
01:03:41Isso transborda
01:03:42para o dia a dia
01:03:42das pessoas,
01:03:44porque a nossa vida,
01:03:45ela é,
01:03:46hoje,
01:03:46ela é extremamente digital.
01:03:48Tem alguma coisa,
01:03:49antes de,
01:03:50assim,
01:03:51tem algum passinho
01:03:52antes,
01:03:52assim,
01:03:52para você,
01:03:53para o,
01:03:54para a pessoa
01:03:55se reconectar,
01:03:57para a pessoa
01:03:58tentar se descontaminar,
01:04:02tem aquelas,
01:04:03aquelas saídas
01:04:06básicas,
01:04:07assim,
01:04:07pô,
01:04:08eu vou fazer uma trilha,
01:04:10vou para o meio do mato,
01:04:11vou,
01:04:12vou para dar um mergulho
01:04:13na praia,
01:04:15vou conviver mais
01:04:16com a minha família,
01:04:18tem coisas que são
01:04:19do cotidiano
01:04:20da vida
01:04:21de cada um de nós,
01:04:23né?
01:04:23Então,
01:04:23o que você recomenda
01:04:24como uma forma
01:04:26de arejar
01:04:29esse ambiente
01:04:30para as pessoas
01:04:31que estão hoje,
01:04:32às vezes,
01:04:33contaminadas
01:04:34e até desenvolvendo
01:04:36algum tipo
01:04:37de transtorno?
01:04:38É,
01:04:39bom,
01:04:39a pessoa tem que saber
01:04:40que ela está
01:04:41diante
01:04:42redes sociais,
01:04:45assim,
01:04:45você está diante
01:04:46de um vício,
01:04:48é como
01:04:48drogas,
01:04:50qualquer coisa
01:04:52que ativa
01:04:53esse sistema
01:04:54de recompensa,
01:04:55de dopamina,
01:04:56realmente é químico,
01:04:58né?
01:04:58E as pessoas
01:04:58vão se viciando
01:04:59e elas vão aumentando
01:05:00o tempo todo,
01:05:01o tempo de consumo,
01:05:03o tempo de uso.
01:05:05Então,
01:05:06você tem que olhar
01:05:07para isso
01:05:08como algo
01:05:09incrível falar,
01:05:11porque isso faz parte,
01:05:12né,
01:05:12dos nossos cotidianos,
01:05:14mas eu particularmente
01:05:16olho para isso
01:05:17como algo
01:05:18poluente
01:05:19e perigoso,
01:05:22assim,
01:05:22para a minha saúde,
01:05:23o excesso disso,
01:05:25né,
01:05:25que eu não entro,
01:05:26eu entro todo dia,
01:05:27óbvio que eu acompanho
01:05:29muita coisa,
01:05:31mas eu seleciono
01:05:33e eu limito
01:05:34o meu tempo
01:05:35de uso diário.
01:05:37Eu consigo fazer isso,
01:05:39mas tem pessoas
01:05:40que não conseguem
01:05:41fazer isso.
01:05:43E é um tempo
01:05:44de vida
01:05:45jogado no lixo,
01:05:47quando você não dá limite,
01:05:49porque uma vida
01:05:50saudável,
01:05:51ela envolve
01:05:52um equilíbrio,
01:05:54né,
01:05:55entre corpo,
01:05:56mente e espírito,
01:05:57né,
01:05:57então,
01:05:58assim,
01:05:59é super,
01:06:01hiper recomendado
01:06:02para as pessoas,
01:06:03porque hoje em dia
01:06:05a gente tem tudo,
01:06:05só tem gatilho
01:06:06para você ficar
01:06:07estressado e ansioso,
01:06:08né,
01:06:09então é super recomendado
01:06:11que a pessoa
01:06:11possa fazer exercício,
01:06:14né,
01:06:15fazer exercício
01:06:16é fundamental,
01:06:17alguma coisa
01:06:19que tenha um efeito
01:06:20de meditação também,
01:06:22tem gente que não
01:06:22vai ter nada a ver
01:06:24com meditar,
01:06:24mas então fazer
01:06:25alguma coisa
01:06:26que seja mais
01:06:27contemplativa,
01:06:28pelo menos,
01:06:29entendeu?
01:06:30Isso também é
01:06:31super importante,
01:06:32ler
01:06:33ou ver bons programas,
01:06:36ou aprofundar
01:06:37conhecimento,
01:06:39tudo isso,
01:06:40encontrar tempo
01:06:41para a família,
01:06:43para os amigos,
01:06:46enfim,
01:06:47é impossível
01:06:49você ir substituindo
01:06:50tudo isso
01:06:51por rede social,
01:06:53né,
01:06:53então é perigosíssimo,
01:06:57a gente
01:06:57vai para um lugar
01:06:59muito ruim
01:07:00se continuar
01:07:01assim.
01:07:02Eu insisto
01:07:04nesse ponto,
01:07:04porque a gente
01:07:05está num momento
01:07:06que já se fala
01:07:08de metaverso,
01:07:09né,
01:07:09então,
01:07:10quer dizer,
01:07:11me parece que a humanidade
01:07:13ela está
01:07:14em conjunto
01:07:18se viciando
01:07:22e desenvolvendo
01:07:24o que me parece ser
01:07:27algum tipo
01:07:28de distúrbio,
01:07:29né,
01:07:29porque quando você
01:07:30começa a achar
01:07:31que a vida
01:07:32é o que está acontecendo
01:07:33no teu celular,
01:07:35né,
01:07:36no ambiente digital
01:07:37e não
01:07:38na realidade
01:07:39física,
01:07:41prática
01:07:41das coisas,
01:07:43a gente,
01:07:44né,
01:07:44já viu
01:07:44N filmes
01:07:45de ficção científica
01:07:46que pareciam,
01:07:47pareciam
01:07:48muito,
01:07:50sabe,
01:07:51assim,
01:07:51muito criativos,
01:07:53né,
01:07:53muito fora
01:07:54da realidade
01:07:55tangível
01:07:55e hoje
01:07:56eles estão
01:07:57aí,
01:07:58nós já vivemos,
01:07:59estamos vivendo
01:08:00esses filmes
01:08:02de ficção
01:08:03como uma realidade
01:08:03cotidiana,
01:08:04né,
01:08:05então,
01:08:06o sujeito
01:08:06fica lá
01:08:07o dia inteiro
01:08:08sentado
01:08:08com óculos
01:08:09vivendo aquela
01:08:10realidade paralela
01:08:11e é um pouco
01:08:14aquilo que a gente
01:08:14conversou no início,
01:08:15né,
01:08:15esse,
01:08:17como o ambiente
01:08:17interfere
01:08:18e acaba
01:08:19disparando
01:08:21vários,
01:08:23vários,
01:08:23vários problemas,
01:08:25né.
01:08:26Exatamente,
01:08:27vai promovendo
01:08:28uma alienação
01:08:28do ser,
01:08:29né,
01:08:29porque a pessoa,
01:08:31ela vai perdendo
01:08:33o contato,
01:08:33né,
01:08:34com as próprias
01:08:35sensações,
01:08:36com os próprios
01:08:37pensamentos,
01:08:38com os próprios
01:08:40objetivos,
01:08:41assim,
01:08:41ela vai entrando
01:08:42numa,
01:08:43numa,
01:08:43por isso que eu falei
01:08:44que parece uma droga,
01:08:45porque ela vai entrando
01:08:46numa grande onda
01:08:47e perde o contato
01:08:49com o ambiente,
01:08:50com os relacionamentos
01:08:53reais,
01:08:55né,
01:08:55vai perdendo o relacionamento
01:08:56com o real
01:08:56e então
01:08:59isso é,
01:09:00é o que você falou
01:09:00mesmo,
01:09:01é filme de ficção
01:09:02científica que já está aí,
01:09:04é,
01:09:05que já se tornou
01:09:06realidade,
01:09:07então acho que a gente
01:09:08precisa,
01:09:09é inevitável,
01:09:10né,
01:09:10eu acho que a gente
01:09:11fala sobre isso,
01:09:13mas tudo está indo
01:09:14nessa,
01:09:14nessa direção
01:09:16e eu acho que
01:09:17é,
01:09:18a tendência
01:09:19vai ser as pessoas
01:09:21ficarem mais
01:09:23em si mesmadas
01:09:25e eu tenho muito medo
01:09:27que isso só vá
01:09:28favorecendo o egocentrismo
01:09:29cada vez mais
01:09:31e,
01:09:32e essa questão
01:09:33da essência
01:09:34vai se perdendo,
01:09:35né,
01:09:36mas enfim.
01:09:38Ela acaba
01:09:38num processo
01:09:39de atomização,
01:09:40ela se distancia
01:09:40muito,
01:09:41cada vez mais
01:09:42dela mesma,
01:09:43né?
01:09:44Exatamente.
01:09:47Muito bem,
01:09:48Kátia Mekler,
01:09:49muito obrigado
01:09:50pela sua presença
01:09:50aqui no CD Talks,
01:09:52foi uma conversa,
01:09:53riquíssima
01:09:56aqui para os nossos
01:09:57espectadores,
01:09:58parabéns pelo sucesso
01:09:59do seu livro
01:10:00e,
01:10:01tá com ele aí?
01:10:03Ah,
01:10:04tô aqui,
01:10:05põe na tela,
01:10:06põe na tela,
01:10:07olha aqui,
01:10:09quem não leu,
01:10:10leia,
01:10:11vale muito a pena,
01:10:12como reconhecer,
01:10:13como conviver,
01:10:14como se proteger
01:10:15dos psicopatas
01:10:16do cotidiano,
01:10:17Kátia Mekler,
01:10:18muito obrigado
01:10:19e vamos,
01:10:20estamos na expectativa
01:10:21do lançamento
01:10:21do seu próximo livro,
01:10:22quando lançar,
01:10:24vem cá.
01:10:26Muito obrigada,
01:10:27Cláudio,
01:10:28foi ótimo.
01:10:29Legal,
01:10:30tchau.
01:10:31Obrigada a todos.
01:10:33Até a próxima.
01:10:35Muito bem,
01:10:37esse foi mais um
01:10:38CD Talks,
01:10:39comigo,
01:10:39Cláudio Dantas,
01:10:40espero que você
01:10:40tenha curtido
01:10:42a conversa
01:10:43e a gente se vê
01:10:43no próximo sábado
01:10:44às 18.
01:10:45Tchau.
01:10:45Tchau.
01:10:50Tchau,
01:10:50tchau.
01:10:50Tchau.
01:10:51Tchau,
01:10:51tchau.
01:10:51Legenda Adriana Zanotto
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