Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • anteontem
Ex-ministro Marco Aurélio Mello comenta os resultados do primeiro turno das eleições de 2022, destacando a eleição para o parlamento do ex-juiz Sergio Moro, de sua mulher, Rosângela Moro, e do ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato Deltan Dallagnol.

Assista à íntegra do episódio: https://youtu.be/2QQVB995e00

Cadastre-se para receber nossa newsletter:
https://bit.ly/2Gl9AdL​

Confira mais notícias em nosso site:
https://www.oantagonista.com​

Acompanhe nossas redes sociais:
https://www.fb.com/oantagonista​
https://www.twitter.com/o_antagonista​
https://www.instagram.com/o_antagonista
https://www.tiktok.com/@oantagonista_oficial

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00O senhor acha que o Supremo, esses integrantes hoje, eles estão esquecendo esse papel de guarda da Constituição?
00:13Eu estou aqui reproduzindo algumas críticas que eu ouço como jornalista.
00:18Tem muita gente que fala que alguns ministros se sentem acima da Constituição.
00:24O senhor não precisa nomear, naturalmente, nenhum deles, mas o senhor acha que, o senhor já viu em decisões liminares, monocráticas e tal,
00:33o senhor já percebeu, já ficou com essa sensação de que alguns ministros se colocam não como guardiões da Constituição,
00:40mas como a própria Constituição, se sentem acima da Constituição, se sentem inatingíveis.
00:45Inclusive, tem uma figura que o pessoal comenta aqui nos bastidores de Brasília,
00:50que os ministros do Supremo não caminham, eles levitam, como se eles estivessem acima do bem e do mal.
00:58O senhor tem essa sensação?
01:00Isso não é bom.
01:01E eu faço uma leitura das últimas eleições.
01:06A sociedade brasileira não se conformou com o sepultamento da Lava Jato.
01:13Tanto assim que o juiz Sérgio Moro foi eleito senador da República.
01:19Tanto assim que a mulher do juiz Sérgio Moro foi eleita por São Paulo deputada federal.
01:29E outras pessoas também que estiveram...
01:31O procurador, o Deltan, o Dallagnol...
01:34O Dallagnol foi eleito deputado federal.
01:36Então, a nossa sociedade, quer queiramos ou não, ela almeja a estabilidade, ela almeja a segurança jurídica.
01:46E eu mostrei um inconformado, inclusive houve um episódio interessante,
01:52porque quando eu me produciei a favor de Sérgio Moro,
01:55eu estava com um livro sendo composto em minha homenagem no Rio de Janeiro.
02:00E dois articulistas retiraram os artigos.
02:03Só porque eu sou...
02:04Quer dizer, os falsos liberais.
02:05Falsos liberais.
02:06É.
02:07E me pronunciei porque não podia conceber que um herói nacional,
02:14que prestou um relevantíssimo serviço à nação em termos de combate à corrupção,
02:20passasse a ser excomungado.
02:23Passasse a um párea da vida brasileira.
02:27Ser perseguido mesmo, né?
02:28Meio perseguido.
02:29E agora os eleitores resgataram.
02:32Ainda bem, daí nós termos que confiar nos eleitores, resgataram o juiz Sérgio Moro.
02:39Eu tenho certeza que vai ser um grande senador da República.
02:43Mas o senhor não me respondeu.
02:45O senhor acha que alguns ministros se acham acima da Constituição?
02:51É ruim quando isso ocorre.
02:54A autoestima é condenável.
02:56Nós devemos ter, mesmo judicando no Supremo, os pés no chão.
03:03E devemos atuar com a visão aberta, admitindo, inclusive, a possibilidade de um equívoco em um julgamento.
03:12Isso é ruim quando se sentem acima da própria instituição.
03:18A instituição é perene.
03:21Os ocupantes da cadeira passam.
03:26O senhor, tendo sido...
03:28Vou retomar só um pouquinho, voltar um pouquinho, o que o senhor mencionou sobre a necessidade da independência do ministro, né?
03:34Do Supremo.
03:35E eu já ouvi de delator da Lava Jato, de ex-integrantes do governo, né?
03:45Você mencionou Lava Jato.
03:46E eu já ouvi que...
03:50Da própria...
03:52Ele mesmo de me dizer diretamente.
03:54A gente indica ministro para ele prestar...
03:57Para a gente poder, depois, ligar para o ministro e pedir atenção a determinado tema.
04:03O senhor já viu isso acontecer?
04:05Isso já aconteceu com o senhor?
04:07É possível, sim.
04:09É possível, sim.
04:10Como manter a independência, tendo de passar por todo aquele processo político de beijar a mão no Senado,
04:16da própria Sabatina no Senado, de todo...
04:19Muitas vezes, de toda uma articulação política entre lideranças de um partido e de outro?
04:25São fases que são ultrapassadas.
04:27E eu sempre dizia na bancada que não se agradece com a capa de julgador.
04:35O agradecimento é após a indicação, antes de tomar assento na cadeira.
04:41Agora, com o ato de julgar, não se retribui a encampação, o endosso da caminhada em si para a cadeira.
04:55Por que a cadeira é vitalícia?
04:57Para que o ocupante mantenha a independência desejável.
05:03Ser juiz é uma missão sublime e precisa ser encarada como uma opção de vida.
05:12Você não deve satisfação em termos de agradecimento.
05:17Você não passa a ocupar uma cadeira voltada a relações públicas.
05:22Você, depois que chega a uma cadeira de juiz, principalmente na mais alta corte do país, como é o Supremo,
05:29você não pode desejar qualquer cargo na República.
05:34É assim que eu penso e é assim que deve ser entendido.
05:37Agora, talvez, alguns ocupantes não percebam a importância de ser juiz no Supremo Tribunal Federal.
05:47Muito bem.
05:52Porque isso acaba deixando margem para que a sociedade não tenha essa confiança.
05:59Não tenha essa confiança.
06:00O senhor falou de segurança jurídica.
06:01Esse é um tema que eu, vira e mexe, eu trato dele aqui no site,
06:06porque a nossa sensação é de que uma das fontes de insegurança jurídica principais do país hoje é o próprio Supremo.
06:14Por que eu menciono isso?
06:17Bom, o próprio fato de você ter, agora virou uma prática, você ter votações no Parlamento
06:26ou decisões restritas às atribuições do Executivo.
06:31E todas elas passam por um rito jurídico interno.
06:39Qualquer decreto, qualquer norma, ela passa, tem uma avaliação jurídica interna, tem da consultoria, tem da AGU.
06:47Isso, quando é uma proposta parlamentar, a primeira comissão que ela vai é na Comissão de Constituição e Justiça,
06:55justamente para verificar a constitucionalidade dela.
06:58E aí, normalmente, esse projeto tramita até o fim, é aprovado nas duas casas, é sancionado pelo presidente da República.
07:06Só que aí, alguma parte que perdeu, perdeu a disputa democrática, perdeu na Casa do Povo,
07:15que é a disputa onde você tem a possibilidade de argumentar, de apresentar,
07:19de fazer toda, trazer a sociedade, representantes da sociedade, para debater aquele tema.
07:27Mas, mesmo assim, alguns parlamentares, eles, que eu entendo como mal perdedores,
07:35resolvem recorrer ao Supremo para tentar derrubar aquela lei, ou aquele decreto, ou a MP, ou enfim.
07:43Aí, você tem uma dinâmica que quase que retroalimenta essa tensão institucional.
07:51Como é que o senhor vê isso? O senhor acha que o Supremo, o Legislativo, o Executivo
07:57esqueceram o princípio constitucional da divisão dos poderes, e hoje estão cada um entrando na atribuição do outro,
08:05se confundindo e trazendo essa... Porque isso tudo traz insegurança jurídica.
08:09Isso é, talvez, um dos grandes problemas hoje que a gente vive.
08:12Cláudio, na bancada, eu preconizei muito e alertei o colegiado quanto à invasão de Seara,
08:24que não seria do Judiciário.
08:28E dizia que toda vez que avançávamos, invadimos espaço reservado ao Legislativo, ao Executivo,
08:38nós lançávamos um buboerangue que podia vir à nossa testa.
08:45Autocontenção tem que haver. Não é o fato de o Supremo ter a última palavra,
08:51de os atos que formalizem não ficarem sujeitos à impugnação, que o levará a forçar a mão,
08:58que o levará a esquecer os parâmetros da Constituição Federal, que a todos submete,
09:07inclusive ao guarda dela própria Constituição, que é o Supremo.
09:13A fidelidade à Constituição tem que ser buscada e tem que ser buscada a partir do que você apontou muito bem,
09:22como separação e harmonia entre os poderes.
09:25E não temos a possibilidade de o Supremo se arvorar em competência que não é dele.
09:37E quanto à utilização do Supremo, também cheguei a dizer que ele vinha sendo utilizado
09:45como instrumento de certos partidos políticos.
09:52O deputado não figura no Congresso, mas aí parte para fazer política impugnando de uma forma linear
10:02atos que interessam ao governo da época, impugnando esses atos junto ao Supremo.
10:10Isso não é sadio, isso não é bom em termos de cidadania e fortalecimento da própria República,
10:19fortalecimento da democracia.
10:22Legenda Adriana Zanotto

Recomendado