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  • 22/06/2025
Parlamento do Irã aprovou o bloqueio do Estreito de Ormuz, rota crucial de petróleo. A medida é avaliada como "letal para a China" por especialistas, e pode gerar sérios impactos nos EUA. Confira a análise do professor de relações internacionais do IBMEC-RJ, Lier Ferreira.

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Transcrição
00:00Professor, eu peço que você acompanhe agora as informações que eu vou discutir aqui com o Luca Bassani,
00:04porque eu quero também debatê-las com o senhor em seguida.
00:07O Luca Bassani está ao vivo e acompanha essa situação desde o começo,
00:11e trazendo informações importantes, ele que está em Moscou, na Rússia,
00:14já já a gente vai repercutir um pouco também do envolvimento de Vladimir Putin.
00:18Mas eu quero falar contigo, Luca Bassani, sobre o Estreito de Hormuz,
00:22porque todos os olhares estão voltados para este local,
00:26depois que, segundo a mídia iraniana, houve a aprovação pelo parlamento do Irã
00:32para o fechamento do Estreito de Hormuz.
00:35O quanto isso altera as decisões das muitas peças envolvidas nesse conflito?
00:41Meu amigo, bem-vindo.
00:43Boa tarde a você, Evandro, a todos que nos acompanham aqui no Fast News,
00:47especial neste domingo sobre a guerra.
00:50Nós vemos que, de fato, o Estreito de Hormuz é aquilo que pode transformar
00:53essa guerra regional e muito preocupante em um conflito global,
00:57não do aspecto do envolvimento global de potências militares,
01:01mas de um efeito global para a economia de vários países,
01:05dada a importância dessa importante peça geopolítica neste vasto tabuleiro.
01:10Como nós sabemos, o Estreito de Hormuz separa a Península Arábica do Irã,
01:15lá bem próximo do Golfo Pérsico, cerca de 38 quilômetros apenas,
01:20de uma margem à outra, e por onde passam entre 20% e 25% de todos os barris de petróleo do mundo.
01:27Cerca de 20 milhões de barris diários indo para diversas localidades,
01:33na África, na Europa, na Ásia e até mesmo nas Américas.
01:37Exatamente por isso que é um grande trunfo geopolítico o controle do Estreito de Hormuz,
01:41que horas é controlado pelo Irã, horas por Oman,
01:46mas de fato você não consegue muitas vezes ter o controle total.
01:52De qualquer maneira, você traz uma notícia que é muito relevante,
01:56que o parlamento iraniano aprovou o fechamento do Estreito de Hormuz
02:00com uma maneira de responder aos ataques norte-americanos.
02:03Nós, por enquanto, não vistoriamos, de acordo com a imprensa internacional,
02:07nenhum tipo de bloqueio pela marinha iraniana,
02:10seja da guarda revolucionária, seja da marinha convencional,
02:14mas é uma grande preocupação.
02:17Por que nós falamos isso?
02:18Por conta dos 25% dos barris de petróleo
02:22e também pela possibilidade de tempo que demoraria para reabri-lo.
02:25Então a gente vê que um ataque surpresa, sem maiores avisos,
02:28poderia demorar de três a sete dias para que fosse normalizada essa rota.
02:34Pode haver também uma escalada gradual, como vemos aqui nessa arte,
02:38já que o Irã não conseguiria talvez bloquear completamente,
02:42mas representaria um grande risco à navegação comercial por várias semanas,
02:47com ataques pontuais acontecendo a embarcações,
02:50sejam elas americanas, sejam de bandeiras de países aliados.
02:53O cenário mais traumático, que seria de uma guerra naval,
02:57de uma batalha naval, seria uma guerra total entre o Irã,
03:01os Estados Unidos e os seus aliados do Golfo,
03:03Bahrein, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Kuwait,
03:07o que seria muito difícil para os iranianos,
03:10porque teria um poder de fogo muito reduzido contra esses inimigos
03:14e conseguiria, de acordo com os analistas,
03:17fechar o estreito por apenas 48 a 96 horas.
03:20Então aí estamos falando de mais ou menos três a quatro dias no máximo
03:24antes de ter uma resposta veemente no campo militar.
03:27Outra possibilidade que o Irã poderia fazer e é especialista em minas
03:32também subaquáticas seria minar todo o estreito,
03:36dificultando, tornando muito perigosa a navegação pelo estreito de Hormuz,
03:41o que demoraria de uma a duas semanas para a limpeza completa
03:44e para a reabertura parcial do estreito,
03:47para que essas diversas embarcações trazendo muitas e muitas toneladas
03:52de petróleo não corressem o risco de explodir ou de causar qualquer problema.
03:58E aí vale a pena a gente trazer um detalhe,
04:01que neste contexto um dos países que poderia mais ser prejudicado
04:05com este fechamento não seria os Estados Unidos e os seus aliados.
04:08Obviamente que sim, seriam prejudicados.
04:10Mas a China, como um dos principais compradores do petróleo
04:14que passa por essa parte do mundo,
04:16seria um país extremamente afetado.
04:18Estamos falando de 4 a 5 milhões de barris diários que a China consome,
04:23cerca de 40 a 45% do seu consumo interno
04:27vindo de diversos países que utilizam essa rota.
04:31Isso poderia, de fato, colocar uma pressão no Ocidente, nos Estados Unidos,
04:35mas também colocaria uma pressão na China,
04:37que não tem interesse nenhum em ver um conflito prolongado
04:39que traga consequências econômicas devastadoras
04:42para o seu mercado interno, para o seu próprio PIB,
04:45para a sua própria população.
04:47Então, essa região muito estratégica que a gente tem falado aqui
04:50de forma repetida durante os últimos dias
04:52é explicada exatamente por isso.
04:55Através desta rota que quase uma em cada quatro pessoas do mundo
04:59pode ter acesso ao petróleo e pode também ter acesso à energia
05:03e tantas outras variantes derivadas do petróleo
05:06que, como nós sabemos, está interligado nessa vasta cadeia de produção.
05:10Por isso mesmo que a gente vai ficar de olho
05:12se acontece, de fato, algum fechamento
05:14ou se foi só uma medida simbólica pelo parlamento iraniano
05:17para demonstrar o apoio ao governo dos ayatollahs
05:20ou uma medida de repúdio aos norte-americanos,
05:22mas o impacto seria global.
05:24Não apenas os Estados Unidos e aliados seriam afetados,
05:26mas todo o mundo podendo, inclusive, afetar o Brasil
05:29com preço mais caro de combustível e de energia.
05:32Com certeza, Luca Bassani. Obrigado pelas informações.
05:35Já já eu volto para falar contigo sobre Rússia, meu amigo.
05:37Eu quero trazer novamente o Lier Ferreira,
05:39professor de Relações Internacionais do IBMEC do Rio de Janeiro.
05:43Professor, como é que o senhor avalia, então, as consequências
05:46e principalmente o quanto o fechamento do Estreito de Hormuz
05:49poderia alterar decisões da potente China?
05:55Olha, eu não acredito que a China vá mudar a sua linha de atuação
06:00em relação a esse conflito.
06:02Na verdade, nós estamos assistindo a uma escalada
06:05bastante perigosa, bastante possível, numa região.
06:09O Oriente Médio é um polo permanente de tensão
06:12no contexto geopolítico global.
06:16Esses envolvimentos de Israel e, principalmente agora,
06:21mais recentemente, dos Estados Unidos,
06:22eles complexificam esse jogo e, certamente,
06:26vão ensejar algum tipo de resposta.
06:29O próprio ministro das Relações Exteriores do Irã,
06:32o Abbas Arrig, ele já declarou que o Irã vai responder
06:37a essas ações que são consideradas pelo regime de Teherã
06:42como agressões à sua soberania.
06:44Uma das respostas mais evidentes não vai se dar
06:47no campo militar do Estreito Senso,
06:49porque nós sabemos que, hoje, a capacidade militar do Irã
06:53já está bastante desgastada.
06:55Então, ela poderá se dar, sim, do ponto de vista de ações,
06:59digamos que indiretas, ações de guerrilha,
07:03ações que envolvam o tipo de embate não formal
07:07e que podem se desdobrar tanto do ponto de vista
07:11de alvos civis e militares de Israel e dos Estados Unidos,
07:15dentro e fora do Oriente Médio,
07:17mas também nesse aspecto que é um dos mais sensíveis
07:20do panorama geopolítico contemporâneo,
07:24que é a possibilidade de fechamento do Estreito de Hormuz,
07:27o que limitaria a navegação do Mar Vermelho
07:30e impactaria a circulação de 20% a 25% do petróleo
07:34comercializado em nível global,
07:35como mostrou muito bem a nossa reportagem.
07:37Também, como dito pela reportagem,
07:40o Irã pode tentar fazer isso,
07:42do ponto de vista total ou parcial,
07:44tanto com a utilização sistemática da sua marinha,
07:47para o qual também os Estados Unidos e Israel
07:49estão preparados pela presença de forças navais
07:51relativamente próximas a essa região,
07:55mas também através da minagem do mar,
07:59o que significaria uma ação bastante ousada,
08:03mas com grande eficácia,
08:05porque tornaria a navegação por essa região
08:08bastante difícil e bastante onerosa
08:10do ponto de vista econômico.
08:12Uma outra possibilidade,
08:13nós já temos declarações internacionais nesse sentido,
08:17é de que grupos extremistas situados,
08:19por exemplo, no Iêmen e outras partes da região,
08:23possam também se deslocar
08:25e começar a agredir navios, cargueiros,
08:29principalmente norte-americanos,
08:30que transportem petróleo para outras partes do mundo.
08:34Então, sim, essa é uma situação muito sensível.
08:37A China, ela tem uma dependência relativa
08:39em relação ao petróleo do Oriente Médio,
08:41mas nós temos que lembrar que a China
08:43tem também um fornecedor muito fiel de petróleo,
08:47que certamente faria todos os esforços
08:49para aumentar a sua oferta de óleo nesse momento,
08:52que é a Rússia.
08:53Então, assim, me parece que nesse contexto,
08:56paradoxalmente falando,
08:57a complexificação da situação geopolítica no Oriente Médio,
09:01ela favorece a Rússia,
09:03tanto porque desloca definitivamente a atenção
09:06da comunidade internacional,
09:08do conflito russo-ucraniano,
09:09para os conflitos no Oriente Médio,
09:12como fortalecem o caixa financeiro de Vladimir Putin,
09:15que como um grande exportador de petróleo,
09:18tende a se beneficiar diretamente
09:19do aumento internacional dos valores desse óleo.
09:22Então, assim, paradoxalmente,
09:24vivemos aí uma situação em que
09:25a complexificação na situação do Oriente Médio
09:28pode vir a beneficiar a Rússia de Vladimir Putin.

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