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  • 21/06/2025
As tatuagens são uma forma comum de pessoas realizarem homenagens a pessoas próximas ou momentos inesquecíveis. A reportagem mostra a história de torcedores de Remo e Paysandu que tem a paixão pelos clubes gravada na pele.

Reportagem: Igor Wilson/ O Liberal
Imagens: Cristino Martins/ O Liberal

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Transcrição
00:00Lá no final dos anos 90, início dos anos 2000, eu tinha uma vó de nome Ana
00:07e ela foi a pessoa que me ensinou esse sentimento inexplicável que é o remismo.
00:16Meus pais, o seu Rodolfo, a dona Regina, que são torcedores do Pai Sandor,
00:22não conseguiram me fazer ser o time deles.
00:28Então, nessa leve passagem dos anos 99 para os 2000, a minha vó, quando eu fui morar com ela,
00:40ela me ensinou esse sentimento que até hoje eu não consigo descrever.
00:44Eu apenas consigo viver ele de forma intensa.
00:49Esse daí é um dos sentidos da minha vida, o remismo.
00:53Então, existem coisas que ultrapassam as palavras.
01:00É necessário que às vezes você demonstre através de ato, de afeto.
01:05Porque dentro da minha jornada, como torcedor do remismo, eu vi momentos bons e vi momentos ruins.
01:13E essa tatuagem foi justamente no momento em que o remo não estava nos melhores momentos.
01:20E aquilo ali foi um símbolo de amor para tentar demonstrar que a partir daquele momento, todos nós estamos juntos.
01:31Então, quando eu desenvolvi essa primeira tatuagem, foi em 2014.
01:37Na época, o remo ainda estava brigando para tentar conseguir o acesso à Série D.
01:43O acesso à Série D, que foi um dos anos mais terríveis da história do remo,
01:47mas que mostrou o amor que a torcida tem pelo próprio clube.
01:53Então, isso daí foi simplesmente um símbolo para tentar demonstrar o amor que a gente carrega pelo clube.
02:00Cara, literalmente, literalmente, desde quando eu me entendo por gente.
02:05Lá em casa, a gente costuma falar que a gente não tem opção.
02:08Tu nasceu, tu vai ser Paysandu ou Paysandu.
02:10A família inteirinha é Paysandu.
02:12A minha mãe tratou logo de começar a vestir as primeiras roupas.
02:16Nessa época, era muito difícil ir para o estádio, né?
02:18Não é tão fácil quanto é hoje.
02:19Então, não era muito comum criança ir ao estádio.
02:23Falando bem a verdade, não era um ambiente tão, assim, bom para ir para o estádio, né?
02:29Não era muito bom ali de levar uma criança, mas um primo meu fazia questão de me levar,
02:33dava um jeitinho ali, colocava gelo dentro de um saco, porque não tinha água lá nem para vender.
02:40Então, era uma forma de hidratar e eu ia com ele para o estádio ali desde meus 3 anos, 4 anos de idade,
02:45já ia para o estádio, que era o estádio da Curuzu na época, né?
02:47Eu sempre soube que eu ia fazer uma tattoo do Paysandu, isso daí era certo já na minha vida ali.
02:53Eu demorei um tempo para entender o que é que eu iria fazer.
02:55Eu queria algo bem a minha cara e aí chegou um momento que quando apareceu um novo estilo de tattoo chamado patch,
03:02que é o estilo bordado, eu falei pronto, esse vai ser meu estilo.
03:05Por quê? Quando eu não estiver com a camisa, que é muito raro, eu vou estar com o escudo bordado na minha pele.
03:12Dessa forma, onde eu andar, todo mundo vai saber que é meu time bordado, estampado literalmente na pele.
03:17Todo torcedor do Paysandu é acostumado a nunca desistir.
03:21A nossa história mostra isso, né? Libertadores.
03:23Onde você pensava que o time do Norte ia estar na Libertadores?
03:27Onde você pensava que o time do Norte ia ganhar o Boca Juniors em La Boboneira?
03:31Ninguém dizia. Então assim, a gente como torcedor acredita muito na reação.
03:35A gente tem todo o segundo turno aí pela frente, cara.
03:38As contratações estão chegando e o nosso papel de torcedor, eu sempre falo,
03:42claro que a gente quer a vitória, a vitória é tudo que importa,
03:45mas a gente não vai para o estádio só para ver a vitória, a gente vai para torcer.
03:49A vitória, ela vai ser uma consequência.
03:52Então o nosso papel de torcedor é ficar indo e acreditar até o fim, cara, que a gente vai ter essa reação.
03:57Desde que eu nasci, cara, desde que eu nasci, meu pai me ensinou a ser remo, eu sou remo até hoje.
04:03Foi difícil a história do remo, a gente passou pela série D, pela série C,
04:09mas ao mesmo tempo foi campeão paraense, entendeu?
04:12Então tudo isso me orgulhou a ser clube do remo.
04:17Então não é que o remo é a minha vida, o remo é a minha história, o remo é o meu amor.
04:22Tá na minha pele, passado de geração para geração, e o tatuador que a gente tem aqui é o melhor do Pará.
04:30Eu vi que não ia ficar uma tatuagem assim, mas ia ficar uma tatuagem boa.
04:38Cara que tem o rei do norte, né?
04:41Que por si só já se explica, o rei do norte.
04:46Tem o leão, que é o símbolo do clube do remo, que defende o escudo.
04:51Que inclusive ele está defendendo aqui o escudo.
04:55Tem as pedras, que foram as pedras que o clube do remo passou,
04:59porque eu sou torcedor desde as antigas.
05:02Então o remo passou pela série D, série C.
05:05Toda a história que o remo tem não foi falada, assim como a vida, né?
05:10É derrotas e vitórias.
05:12Então teve derrotas e vitórias.
05:14Então até hoje o remo não tem uma vida fácil que é na série B.
05:19E aqui é o ano de nascimento do clube, 1905.
05:24Desde criança, porque nós somos 14 irmãos, metade remo e metade paixandouro.
05:29E meu irmão levou.
05:30A cruzou aí, desde aí, dos três anos, foi amor verdadeiro nele.
05:36Porque sempre meu amor pelo parceiro foi fiel, verdadeiro, fanático.
05:40Cheguei a chorar, já cheguei a brigar, tudo pelo país se andou.
05:43E depois que eu conheci o Lango, né?
05:45Era um excelente tatuador.
05:46Aí fez o casamento perfeito.
05:49Minha vontade, um tatuador excelente.
05:53Aí nós fizemos esse trabalho.
05:54Porque é amor verdadeiro, é fiel, sou torcedor fanático.
05:57Só se torcedor já de sete anos, fiel todo ano, eu vou lá, pago tudinho, logo anual.
06:03Mesmo que eu não vá, domingo, só não vou, sábado.
06:06Eu só não vou, porque é um compromisso do meu pai.
06:10E adiantou uma festa que era na sexta-feira, por sábado, só pra mim ir.
06:15Então eu não posso faltar mesmo.
06:16Então, o clássico Remo e Paysandu é o clássico mais jogado no planeta, né, meu?
06:20O mais competitivo, creio que, em todo o planeta.
06:23Então, frequentemente, quando se tem um repá, seja um repá estadual,
06:30e agora, depois de 19 anos, a gente tem um repá aí na Série B,
06:35que é histórico, novamente.
06:37Cara, frequentemente vem gente que quer marcar essa vitória.
06:42Então, tá ali no bairro, aposta, quer sempre mostrar o amor e o afeto pelo clube,
06:49um mais do que o outro.
06:50E aí, escolhe a tatuagem como uma forma de marcar esse momento.
06:55Então, tem várias.
06:57Eu posso te dar um exemplo da última, agora recente,
07:00que o cliente veio, porque ele fez a promessa de que quando o Remo subisse,
07:06subisse pra Série B, ele ia fazer, dentro da tatuagem,
07:10uma parte de tudo que o Remo passou.
07:12Como, por exemplo, o Remo ficou aí um tempo sem série,
07:16e depois começou a engajar de novo, subiu pra Série C, agora pra B.
07:22Ele veio, a gente fez a...
07:23Elaborou a arte, né?
07:25Já botou ali o escudo entre as pedras, o leão protegendo.
07:29Então, são várias e inúmeras histórias que a gente tem aí pra relatar,
07:33que são gigantescas e muito curiosas como essa.
07:35Então, ela pode ir de 200 reais até 3 mil reais.
07:39Como, por exemplo, tem um cliente que agora ele tá fechando as costas
07:43e o valor da tatuagem dele é 5 mil reais.
07:45Tchau, tchau, tchau, tchau, tchau, tchau, tchau.

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