- 20/06/2025
Felipe Moura Brasil comenta a acusação de Jair Bolsonaro contra Mandetta sobre o número de mortes por Covid-19, a incitação do presidente à invasão de hospitais e o exemplo de um general americano aos generais bolsonaristas. Assista.
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NotíciasTranscrição
00:00Salve, salve! Sejam bem-vindos, leitores e espectadores de O Antagonista.
00:03Eu sou Felipe Moura Brasil e hoje quero conversar com vocês rapidamente sobre três temas.
00:07As acusações de Jair Bolsonaro contra Luiz Henrique Mandetta,
00:10a incitação da invasão de hospitais e também o papel das Forças Armadas.
00:15Muito bem, Jair Bolsonaro, que previu um máximo de 800 mortes por Covid-19 no Brasil,
00:21onde já foram registradas, até o momento em que eu gravo esse vídeo, 41.828 mortes,
00:27acusou o Mandetta, o ex-ministro da Saúde do seu próprio governo,
00:31de ter usado, de ter explorado números fictícios.
00:35Quer dizer, errar por mais de 40 mil, como Bolsonaro errou,
00:39é o realismo, entre aspas, bolsonarista.
00:42Roda o vídeo aí.
00:43O número de pessoas que morreram de H1N1 no ano passado foram na ordem de 800 pessoas.
00:49A previsão é não chegar a essa quantidade de óbvios no tocante ao coronavírus.
00:57Gosto do Mandetta como pessoa, tá certo?
01:01Mas ali, deu uma escorregadinha na questão da pandemia.
01:06Esses números eram fictícios.
01:08Eram fictícios.
01:10E ele estava todo dia vendendo peixe, né?
01:12Fica em casa, não saia, a curva tem que amassar, ciência.
01:17Na ordem de 800 pessoas, a previsão é não chegar a essa quantidade de óbvios no tocante ao coronavírus.
01:23Esses números eram fictícios.
01:26E o Luiz Henrique Mandetta reagiu a essa acusação do Jair Bolsonaro de que ele usou números fictícios.
01:34Ele escreveu no Twitter.
01:36Por quantos dos 800 mil casos confirmados e das 41 mil vidas perdidas, a atitude tola foi a responsável?
01:45E acrescentou também, realidade inflada, ainda querendo maquiar, cuidado, a morte está na espreita e na conta dos incautos.
01:53Reflita e reze.
01:55Fique com João 8.32.
01:57Não cite.
01:58Pratique.
01:59Essa foi a declaração do Mandetta no Twitter.
02:01Falando mais uma vez de João 8.32, que é o trecho da Bíblia explorado pelo Jair Bolsonaro.
02:07Aquele que diz,
02:08Portanto, Mandetta reagindo, falando para o Bolsonaro não ficar só na pregação, só na retórica, mas ter as atitudes correspondentes.
02:20E a gente tem visto até aqui, por todos os estelionados eleitorais, todas as quebras de palavra, de promessa,
02:27que de fato Jair Bolsonaro fala uma coisa e faz outra.
02:30E é para isso que o Mandetta está chamando a atenção.
02:33Outro ponto que é preciso abordar aqui nesse vídeo de hoje é a incitação à invasão de hospitais feita pelo presidente da República na sua live semanal.
02:45Vamos assistir ao trecho.
02:46Inclusive as informações que chegam para nós, seria bom você fazer na ponta da linha,
02:50ter um hospital de campanha perto de você, ter um hospital público, né?
02:53Arranja uma maneira de entrar e filmar.
02:55Muita gente está fazendo isso, mas mais gente tem que fazer para mostrar se os leitos estão ocupados ou não.
03:00Se os gastos são compatíveis ou não, isso nos ajuda.
03:06Tudo que chega para mim nas mídias sociais, a gente faz um filtro e o encaminho para a Polícia Federal ou para a BIM, certo?
03:15E lá eles veem o que fazem com esses dados.
03:17Então é, até eu não posso prevaricar, é o que chega ao meu conhecimento,
03:21eu passo para frente para que seja, pela inteligência deles, analisado e aberto um processo investigatório.
03:27Em primeiro lugar, eu queria chamar a atenção de vocês para a seguinte frase,
03:31seria bom você fazer na ponta da linha.
03:34Na verdade, quero chamar a atenção para essa expressão, na ponta da linha.
03:38Vocês se lembram da última vez que o Jair Bolsonaro usou essa expressão?
03:42Eu vou lembrar vocês.
03:43Eu não vou esperar foder minha família toda, de sacanagem, o amigo meu,
03:51porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence à estrutura nossa.
03:55Vai trocar!
03:56Seria bom você fazer na ponta da linha?
03:58Pois é, o presidente Jair Bolsonaro usou essa expressão na ponta da linha naquela reunião ministerial de 22 de abril,
04:04cujo vídeo foi divulgado pelo ministro do STF, Celso de Mello, no âmbito do inquérito que apura a interferência do presidente na Polícia Federal.
04:12E ele, que atua na escala federal, usa essa expressão na ponta da linha para se referir à escala local estadual, no caso.
04:20Porque ele estava agora, dessa vez, acusando os governadores de inflar o número de mortes por Covid-19
04:26para prejudicá-lo politicamente, para desgastá-lo, já que ele desdenhou da pandemia desde o começo.
04:33E estava falando para as pessoas arrumarem uma maneira de entrar no hospital para filmar os leitos,
04:39verificando se eles estão realmente ocupados, como está sendo dito.
04:43Levantando essa desconfiança de que os leitos não estão ocupados, estão vazios,
04:48que há muito menos mortes do que estão dizendo por aí,
04:51querendo pregar esse tipo de dúvida, pelo menos, na cabeça das pessoas.
04:57Então, Jair Bolsonaro usa essa expressão quando ele se refere à escala estadual.
05:01E foi isso que ele fez naquela reunião.
05:03Fica ainda mais evidente que ele estava se referindo à superintendência da PF no Rio de Janeiro.
05:08É uma força de segurança, a Polícia Federal, ele usa a palavra segurança,
05:12e aí usou como álibi justamente a sua imprecisão vocabular
05:16para alegar que ele estava se referindo à segurança física familiar.
05:20Na análise minuciosa que eu fiz no vídeo, os vídeos de Bolsonaro e a interferência na PF,
05:25eu mostro que isso é uma grande mentira,
05:28que, aliás, foi incorporada também por militares do governo em seus depoimentos à Polícia Federal.
05:35E eu já vou até lembrar um trecho a respeito disso no próximo tema do qual eu vou tratar.
05:39Ele estava se referindo justamente à troca do superintendente da PF no Rio,
05:44que foi uma das primeiras atitudes do novo diretor-geral da PF,
05:48que ele realmente trocou depois daquela reunião, como o Sérgio Moro disse.
05:53E ele, em 20 minutos depois da posse, o Rolando Souza,
05:57que foi o segundo porque o Alexandre Ramagem teve a nomeação suspensa pelo ministro do STF,
06:02Alexandre de Moraes, ele já fez essa troca na esfera estadual.
06:06Então, todo o quadro está aí bastante à vista para quem quer enxergar.
06:11E, aparentemente, não é o caso do Procurador-Geral da República,
06:14mas vamos continuar cobrando dele que faça aquilo que é necessário
06:19para impedir a instrumentalização política da PF.
06:22Agora vamos voltar aqui para o caso da invasão dos hospitais,
06:26dessa incitação do presidente a que a população faça isso nos estados.
06:31E os governadores dos nove estados do Nordeste divulgaram uma carta na sexta-feira, 12 de junho,
06:36em que afirmam que Bolsonaro adotou um método inconsequente
06:38ao estimular a população a invadir hospitais de campanha e filmá-los.
06:42O presidente da República usa as redes sociais para incentivar as pessoas a invadirem hospitais,
06:47indo de encontro a todos os protocolos médicos,
06:50desrespeitando profissionais e colocando a vida das pessoas em risco,
06:53principalmente aquelas que estão internadas nessas unidades de saúde, escrevem os governadores.
06:59Para os chefes de executivos estaduais, o governo Bolsonaro adotou o negacionismo
07:03como prática permanente e tem insistido em não reconhecer a grave crise sanitária
07:08enfrentada pelo Brasil, mesmo diante dos trágicos números registrados
07:12que colocam o país como o segundo do mundo com mais de 800 mil casos.
07:17Os governadores disseram ainda que o presidente segue o mesmo método inconsequente
07:21que o levou a incentivar aglomerações por todo o país,
07:24contrariando as orientações científicas,
07:26bem como a estimular agressões contra jornalistas e veículos de comunicação.
07:30Quer dizer, veja a gravidade de um presidente da República
07:33incitar a invasão de hospitais públicos pela população.
07:37Já não bastou aquele pessoal bolsonarista de carriata
07:39buzinando na frente de hospital e não era nem um só.
07:43Agora manda invadir.
07:44Quer dizer, arranja uma maneira de entrar.
07:47Uma dessas maneiras é a invasão.
07:49O hospital é para ser frequentado por quem?
07:50Pelos seus administradores, pelos profissionais de saúde,
07:53pelos pacientes, pelas seguranças, pelos demais funcionários.
07:57Se é preciso arranjar uma maneira de entrar para dar uma fiscalizada no sentido de intimidação,
08:05de colocar a câmera lá na cara de todo mundo, dos médicos, dos enfermeiros,
08:09para abrir portas de espaços reservados,
08:13para leitos de pessoas que estão contaminadas com uma doença contagiosa.
08:18Quer dizer, isso é um absurdo completo, mas a gente está vivendo uma fase de naturalização do absurdo
08:25durante o governo do Jair Bolsonaro e tem um procurador-geral da República
08:29que não faz absolutamente nada, parece que está lá para engavetar.
08:34Eu digo assim em relação ao próprio presidente.
08:37Todos os movimentos de bastidor que a gente acompanha
08:41mostram apenas essa subserviência ao poder.
08:44a gente cobra que não seja assim, para que justamente haja uma repreensão,
08:50uma punição àquilo que necessita, como no caso da interferência na Polícia Federal.
08:56Então, quer dizer, o presidente da República está estimulando uma confusão
08:59no ambiente mais sensível que existe no país,
09:03fora os ambientes que estão tomados pela criminalidade,
09:08durante uma pandemia.
09:09Veja um exemplo que não é inteiramente correspondente à incitação do presidente,
09:13porque ele pregou que as pessoas não só invadissem, mas filmassem,
09:16e essas pessoas não filmaram,
09:18mas que já é uma amostra ilustrativa da confusão
09:21que um grupo de invasores pode causar num hospital.
09:24Cinco pessoas invadiram, na manhã de sexta-feira,
09:2612, o Hospital Municipal Ronaldo Gasola, em Acari, Zona Norte do Rio,
09:30unidade de referência no tratamento de coronavírus.
09:32Quebraram uma placa de sinalização,
09:34bateram uma porta e causaram tumulto, segundo a direção da unidade.
09:37Eles são familiares de uma senhora de 56 anos
09:39que estava internada e morreu vítima de Covid-19.
09:42A reação ocorreu logo após serem informados sobre a morte da mulher.
09:46Segundo a direção do hospital,
09:47guardas municipais de uma viatura que fica baseada no hospital,
09:51vigilantes e integrantes da equipe assistencial
09:53intervieram para conter e acalmar o grupo.
09:56Uma das pessoas da família, uma mulher,
09:58precisou ser medicada para se acalmar,
10:00informou o hospital.
10:02O médico Alex Telles disse ao Globo
10:03que no final da manhã um grupo de familiares ingressou no hospital
10:06e eles não poderiam subir até o quinto andar,
10:08já que os familiares estão sendo atendidos no térreo.
10:10É uma área só com pacientes com Covid-19 com risco biológico 3.
10:14Eles entraram de maneira muito agressiva
10:16porque uma familiar foi a óbito e eles não aceitavam a situação.
10:20Diziam que a mãe estava bem ontem, quinta-feira,
10:22e perguntavam como ela morreu hoje, sexta.
10:25Infelizmente, é uma doença que tem um curso muito rápido.
10:29Fontes disseram ao jornal que as pessoas revoltadas por vezes
10:32gritavam mentira, mentira.
10:34Quer dizer, esse é um caso de revolta com o óbito de um parente,
10:38mas esses casos também podem ser influenciados,
10:43podem ser estimulados, quer dizer,
10:44turbinados por declarações como essa do presidente da república
10:48que jogam a população contra o hospital
10:51em razão de birra com os governadores.
10:53Quer dizer, se os governadores precisam ser investigados por qualquer coisa,
10:56existem as instituições para isso.
10:58E havendo suspeitas e indícios suficientes,
11:01eles devem ser investigados e, se houver qualquer fraude,
11:04devem ser punidos.
11:05Agora, você dizer que estão aumentando o número de mortes
11:11e estão dizendo que os leitos estão mais ocupados do que realmente estão,
11:15esse tipo de declaração pressupõe uma cumplicidade das pessoas
11:19que trabalham no hospital.
11:21Quer dizer, porque para haver isso, o médico precisa ser cúmplice,
11:24precisa ser conivente, pelo menos,
11:26o administrador do hospital, outros profissionais de saúde,
11:30e aí você começa a jogar a população contra eles.
11:33Você imagina uma população, um grupo de pessoas sensibilizado
11:37com a morte de um parente,
11:39achando que aquele hospital público está tratando mal a população,
11:44mentindo para o país a respeito dos seus dados internos.
11:48É claro que isso insufla.
11:50Então, assim, não era preciso acontecer, nem é preciso acontecer
11:53qualquer invasão de fato para a declaração do presidente ser absurda.
11:57Mas é claro que ela incita e pode gerar uma série de confusões,
12:02tumultos e eventuais tipos de delinquência num hospital público.
12:07E isso, obviamente, é absolutamente repudiável.
12:11Por fim, só quero contextualizar e comentar rapidamente
12:14o caso do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos Estados Unidos,
12:17general Mark Milley, que pediu desculpas pela foto
12:20em que aparece com Donald Trump diante de uma igreja perto da Casa Branca,
12:23vandalizada por manifestantes.
12:26Eu não deveria estar lá.
12:27Minha presença naquele momento e naquele ambiente
12:29criou a percepção de que os militares estão envolvidos na política nacional.
12:34Foi um erro e eu aprendi com ele, declarou Milley.
12:37Vejam a diferença de comportamento de um militar americano
12:41para esses militares que entraram no governo do Jair Bolsonaro.
12:46Já vou comentar mais.
12:47Mas o antagonista fez um editorial sobre uma declaração
12:49de um desses militares bolsonaristas,
12:51o general Luiz Eduardo Ramos, que vale a pena ler aqui.
12:54Na entrevista que deu a Veja,
12:56esse general Ramos afirmou que as Forças Armadas não dariam golpe,
12:59mas que o outro lado tem de entender também o seguinte,
13:03não estica a corda.
13:04Mesmo indo para a reserva,
13:06como ele havia anunciado que pode fazer,
13:08o general Ramos tem de entender também o seguinte,
13:10não existe o outro lado para as Forças Armadas.
13:13Elas são do Brasil, de todos os brasileiros,
13:15não importa o credo ideológico que tenham.
13:18Ser do Brasil, de todos os brasileiros,
13:20significa obedecer estritamente ao que está previsto pela Constituição Federal
13:24e no texto constitucional não há previsão de as Forças Armadas
13:28funcionarem como poder moderador.
13:31Não há mais espaço para vivandeiras neste país.
13:34Os granadeiros são admirados porque as recusam nos seus bivaques.
13:38Está aí o editorial do antagonista.
13:41E eu lembro para vocês que o general Ramos
13:42é aquele que disse à PF
13:44que o Bolsonaro olhou para o general Heleno
13:47na hora em que falou da troca.
13:48Aquela que eu mostrei, inclusive, de novo,
13:50no começo desse vídeo.
13:52Quando, na verdade, não olhou coisa nenhuma.
13:54Isso eu mostrei lá no vídeo da minha análise
13:55da reunião ministerial.
13:57E vale acrescentar que o ministro Luiz Fux,
13:59vice-presidente do STF,
14:01esclareceu em decisão que as Forças Armadas
14:03não são poder moderador
14:05e não podem atender a ordens de interferência
14:08de um poder em outro.
14:09Quer dizer, não cola mais aquela interpretação bolsonarista
14:12do artigo 142 da Constituição Federal.
14:16O que interessa aqui é que o general Mark Miller,
14:18general americano,
14:19deu um exemplo de honra
14:20e talvez pudesse vir ao Brasil
14:22para dar uma aulinha de dignidade
14:24a esses generais que ocuparam cargos políticos
14:28e, em vez de, pelo menos,
14:30desempenhar aquele cargo de uma maneira técnica,
14:32com pragmatismo,
14:34viraram militantes políticos
14:36a ponto, inclusive,
14:37de passar pano para interferência na PF.
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