- 19/06/2025
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NotíciasTranscrição
00:00O senhor Luiz Inácio e Lula da Silva, bom dia.
00:09Eu preciso fazer algumas perguntas, algumas até óbvias, mas são para registro.
00:16O senhor tem alguma relação de parentesco ou amizade íntima com o senhor Carlos Arthur Nuzman?
00:25Não.
00:26Com o senhor Sérgio Cabral, que acabou de falar com o senhor.
00:33Não.
00:35E Leonardo Grimmel.
00:38Nem conheço.
00:40Perfeito.
00:42Eu faço essas perguntas porque antes do seu depoimento, não só do seu, de todas as testemunhas que vêm a juízo,
00:50elas têm que ser advertidas de que esse depoimento tem uma marca, que é o compromisso de não mentir em juízo.
00:58Aqui o senhor está sendo vindo como testemunha de defesa, de acusação, mas não faz diferença.
01:04O papel da testemunha é ajudar a esclarecer os fatos, portanto ajudar ao trabalho que o juízo vai realizar ao final do processo.
01:17Então, nessa condição, o senhor tem o compromisso, a obrigação, inclusive, de dizer a verdade, mencionar aquilo que sabe.
01:26Então, obviamente, a ressalva tem que ser feita.
01:30Eu sei que o senhor sabe de tudo isso, mas eu preciso fazer o registro.
01:33Se for alguma pergunta, alguma situação que possa, eventualmente, lhe causar um prejuízo pessoal à sua defesa,
01:44lhe causar uma autoincriminação, uma incriminação, o senhor pode se recusar.
01:51Isso deve ser esclarecido ao juízo que delibera no momento.
01:54O senhor tem livre acesso aos seus advogados, que estão, acredito, que estão aí ao seu lado.
02:01O senhor tem livre acesso e os seus advogados sabem que tem também essa possibilidade de interferir e prestar,
02:09enfim, da assistência que o senhor tem direito.
02:13Então, eu preciso fazer essa advertência que não é específica para o senhor.
02:18Repito, é genérica para todos esses testemunhos.
02:20Uma situação, em especial, agora, no caso do senhor, é preciso deixar bem claro.
02:27O senhor deve ter percebido que a imprensa está aqui,
02:30enfim, há um interesse em acompanhar o seu depoimento, acompanhar o que o senhor tem a dizer.
02:36E eu devo deixar registrado que esse momento é exclusivamente para que o senhor responda as perguntas da defesa
02:48ou das defesas, eventualmente, do Ministério Público, com relação a esta ação penal.
02:56É para isso que o senhor está aqui.
02:58Então, se por parte de qualquer advogado, qualquer presente aqui,
03:06houver qualquer outro tipo de manifestação, eu vou intervir.
03:10Sempre que eu, assim, fizer, se eu intervier no seu depoimento, eu peço que o senhor faça silêncio e aguarde a deliberação,
03:19porque, eventualmente, eu posso indeferir uma pergunta e o senhor não deverá, dessa forma, responder.
03:27Está claro isso, senhor?
03:28Sr. Bredas, o meu compromisso aqui é com a verdade, porque eu não acredito que hoje no Brasil tenha um brasileiro
03:36que anda em busca da verdade mais do que eu.
03:39Eu estou cansado de mentiras e quero a verdade.
03:44Ficou claro para o senhor que, no papel de testemunha, o senhor responde apenas o que é perguntado,
03:51no limite do que é perguntado, e se for interrompido por mim, ou por mentireza, silencie e aguarde a orientação.
03:59Isso está claro, professor?
04:01Está claro, mas aqui não é o depoimento de sim ou não.
04:05Não, eu não disse isso.
04:06Mas, por exemplo, nós não vamos fazer aqui digressões políticas sobre o evento passado.
04:15Essa é a situação.
04:16Até porque, repito, a sua posição aqui é de uma espécie de auxiliar do juízo.
04:23É de trazer informações.
04:25O senhor não está aqui se defendendo.
04:28Essa é uma posição diferenciada de um interrogatório.
04:33Isso é que eu gostaria de deixar claro para o senhor.
04:36Para o senhor.
04:37Ok?
04:37Então, feita essa observação, eu passo a palavra para a defesa do Sérgio Cabal, filho,
04:46que foi através deles que o senhor aqui está para ser ouvido.
04:51Silêncio, eu sou a pequena defesa do Dr. Manelli.
04:53Enquanto eu estiver interrompido, eu vou descargar de novo.
04:56Se ele puder sentar aqui comigo, silêncio, porque eventualmente auxilia numa...
05:02O senhor, por favor, pode...
05:05Por favor.
05:06Vou posicioná-los aqui.
05:09Obrigado.
05:13Seu vontade, doutor.
05:14Obrigado, excelência.
05:16Senhor presidente, bom dia.
05:18Meu nome é Rodrigo Roca.
05:19Bom dia.
05:19Eu represento aqui o governador Sérgio Cabal, que está ao meu lado.
05:23Eu gostaria, diante de qualquer coisa, agradecer a disposição do senhor em atender o chamado da justiça
05:28e prestar as suas declarações, que nós consideramos muito importantes, não só pelo que o senhor representa para o país,
05:35independentemente de agramiações políticas ou de movimentos partidários, mas de tudo que o senhor representou e representa para o país.
05:42E foi nessa condição e por essa razão que nós fizemos questão do depoimento do senhor aqui a respeito dos fatos
05:50que nós temos notícia, o senhor participou e conhece bem.
05:54Então, eu queria agradecer a disposição.
06:00Em seguida, eu gostaria de situar a respeito da acusação, da imputação que está sendo feita
06:13e há um parágrafo da denúncia que me parece bastante esclarecedor sobre isso.
06:20Basicamente, senhor presidente, a imputação é de que o Rio de Janeiro, através de seus representantes políticos, empresários, enfim,
06:34de que teria havido um movimento para que a candidatura do Rio de Janeiro a sediar os Jogos Olímpicos em 2016
06:41fosse uma farsa, ou seja, de que estariam todos mancomunados para comprar votos
06:48e assim obter a vitória do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos.
06:54Então, há um parágrafo da denúncia, Folhas 31 da denúncia, que diz exatamente o seguinte.
07:00Entre agosto de 2009 e 29 de setembro de 2009, Sérgio Oliveira Cabral Santos Filho, Carlos Nuzman,
07:09presidente do Comitê Olímpico Brasileiro COBE, e Leonardo Griner, diretor de operações e marketing do COBE,
07:15em razão do cargo de governador do estado do Rio de Janeiro que o primeiro ocupava
07:18e dos cargos que o segundo e o terceiro ocupavam no COBE, de modo consciente e voluntário,
07:24solicitaram diretamente a Arthur Soares e aceitaram promessa de vantagem devida para outrem,
07:32consistente no pagamento de ao menos 2 milhões de dólares americanos, para Lamine Diak,
07:38por intermédio de seu filho, Papa Massata Diak, no intuito de garantir votos para o Rio de Janeiro
07:44na eleição da cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
07:49Senhor presidente, o senhor conhece o senhor Arthur Soares?
07:53Não.
07:55Nunca ouviu falar? O senhor não sabe em alguma...
07:57Nunca ouviu falar.
07:59Certo.
08:00Então vamos...
08:00Certo.
08:02Vamos voltar um pouco.
08:05Eu sei até como cidadão, eu assisti, quando o senhor em agosto de 2007
08:11visitou, promoveu os Jogos Olímpicos e Paralímpicos e parece que foi a primeira vez
08:20em que isso aconteceu no país, a união desses dois eventos, e do envolvimento do senhor,
08:26perdão, perdão, dos Jogos Pan-Americanos, em agosto de 2007, eu vi o envolvimento intenso
08:32do senhor nesse movimento, eu lembro como cidadão que o senhor visitou a Vila do Pan
08:35e chegou aí a abertura dos Jogos Pan-Americanos, o senhor tem algo a nos informar sobre isso,
08:40o senhor se recorda desse momento?
08:45Recordo, recordo que participei dos Jogos Pan-Americanos, recordo que fui na abertura dos Jogos
08:50Paralímpicos, recordo até que é um pênalti, um gol de pênalti, um goleiro, Sérgio Cabral,
08:56lá no Maracanã, quando fomos começar as obras de recuperação do Maracanã.
09:00E o evento foi um evento possivelmente o mais importante em Jogos Pan-Americanos
09:07já realizado no continente latino-americano, reconhecido por todo o mundo e que desmascarou
09:14aqueles que diziam que o Brasil tinha muita violência e que o Brasil não tinha condição
09:18de fazer um Jogo dessa magnitude.
09:20E os Jogos, obviamente, foi a porta de entrada para que o Brasil ficasse fácil
09:26para conquistar os Jogos Olímpicos.
09:28Então foi exatamente essa notícia que eu tive, que foi a partir do sucesso desses eventos
09:34que o governo federal se aliou ao governo estadual e municipal para lançar a candidatura
09:39do Rio de Janeiro com relação à sede dos Jogos Olímpicos em 2016.
09:44Foi verdade isso?
09:46Foi a partir desse momento?
09:47Eu não entendi a pergunta, doutor.
09:48Foi a partir do êxito desses eventos?
09:50Veja, a partir desse momento eu acho que o Brasil ganhou respeitabilidade ao nível internacional
09:56em se tratando de país capaz de realizar um evento internacional
10:01e país capaz de dar segurança aos atletas profissionais e à imprensa que fossem participar do evento.
10:10Em junho de 2008 o Rio passou a segunda fase da candidatura junto com Chicago, Madrid e Tóquio.
10:19Procede que o senhor, nas suas viagens, o senhor falava com os chefes de Estado pedindo apoio ao Brasil
10:25com o argumento de que seria a primeira Olimpíada na América do Sul?
10:29Isso aconteceu?
10:29Procede, não apenas eu enquanto presidente, mas o Itamaraty enquanto representação externa
10:39do governo federal tinha o compromisso dado por mim para que em todos os países que
10:45tivesse contato com o ministro das relações exteriores, com o presidente, com o primeiro-ministro
10:50defendesse o Brasil, porque o Brasil já era grande demais e já estava capacidade a fazer
10:57as Olimpíadas.
10:59Entendi.
11:00O senhor determinou que houvesse um representante do Itamaraty em todas as reuniões da campanha
11:05da Rio 2016 e que nessas viagens desses representantes o senhor recebia reportes a respeito dos países
11:12em que teriam voto no Comitê Olímpico?
11:15O senhor se recorda disso, do acompanhamento?
11:17Quando o Brasil foi classificado como presidente da República, o governo brasileiro tinha o compromisso
11:26de defender o Rio de Janeiro.
11:27Afinal de contas, o Rio já tinha perdido três tentativas.
11:31Ou seja, e nós resolvemos que o Brasil era a sexta economia do mundo, o Brasil já estava
11:36disputando com a Inglaterra para ser a sexta economia do mundo, o Brasil era o país que
11:41tinha o melhor protagonismo internacional, eu por conta dos projetos e da ajuda da sociedade
11:48brasileira, era possivelmente um dos presidentes mais respeitados no mundo e nós tiramos proveito
11:55disso para colocar o Brasil no cenário esportivo internacional, porque eu não admitia que as
12:01Olimpíadas fossem uma coisa só de país do primeiro mundo.
12:05E conquistamos.
12:07É verdade.
12:09O senhor esteve em diversos países da Europa, Ásia, América Latina, falando sobre a campanha
12:13da Rio 2016, no caso presente, senhor presidente, o Ministério Público Federal está, de alguma
12:22forma, estigmatizando os países africanos com relação aos votos que eles teriam e que
12:27teria sido cabalado o voto de alguns países, de alguns membros de países africanos.
12:32O senhor tem notícia disso, ouviu falar alguma coisa sobre isso?
12:36O que o senhor tem a dizer a esse respeito?
12:37Não, não tenho notícia disso, mas é importante ressalvar, até para orientar o próprio Ministério
12:44Público, que quando nós fomos disputar as Olimpíadas, nós tínhamos consciência de
12:49algumas coisas.
12:49Primeiro, nós tínhamos possibilidade de quebrar a hegemonia do primeiro mundo, porque nós
12:55tínhamos uma relação extraordinária com a África.
12:58É importante lembrar que em 500 anos de história do Brasil, eu fui o presidente que mais visitei
13:03a África, que mais abri embaixada na África. É importante lembrar que eu fui o presidente
13:08que mais visitei a América do Sul, mais que uma vez, que visitei o Caribe. E é importante
13:15lembrar a boa relação que a gente tinha com o primeiro mundo. Olha, isso me dava quase
13:20que a certeza que a gente poderia ganhar o direito de ir para a final, por causa da África,
13:27por causa da América Latina e por causa dos contenciosos existentes dos países europeus.
13:31A França que não gostava da Espanha, que não gostava da Itália, que não gostava
13:35da Inglaterra. Nós precisaríamos tirar proveito disso. E, graças a Deus, nós tiramos proveito
13:41disso numa conversa com a União Africana. É importante lembrar que não foi só Olimpíadas.
13:46Por conta dessa relação de amizade, nós elegemos o diretor-geral da FAO e nós elegemos
13:51o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio. Coisa que é uma briga mundial e que
13:56o Brasil conseguiu.
13:59Entendo.
14:02Eu tenho notícia aqui, presidente, de uma, vamos dizer assim, uma verdadeira maratona
14:08da qual o senhor teria participado em 2008, quando o senhor, me corrija por favor, se
14:14houver algum engano na informação. Recém-chegado do exterior, aceitou ir com o governador aqui
14:19presente, a abertura dos Jogos de Pequim, porque o senhor Jorge Busch estaria lá fazendo
14:24campanha para Chicago, o senhor Zapateiro para Madrid, enfim. E que em Pequim os senhores
14:28teriam se reunido com os membros do COI, na quinta-feira visitaram a Vila Olímpica de
14:33Pequim e à noite fizeram um jantar na Embaixada Brasileira com diversos membros do COI.
14:38O governador diz ainda que na sexta-feira o chefe de Estado chinês abriu a agenda para
14:44receber o senhor, o próprio governador, o senhor Nusman, o ministro Orlando Silva, para
14:49ouvi-los sobre a campanha. Em verdadeiro espírito de maratona, por isso eu tinha
14:54essa expressão, na sexta-feira à noite, após a abertura dos Jogos, os senhores teriam
14:58voltado ao Brasil, sendo que tudo isso se passou em 2008, quando em verdade a decisão
15:03só seria tomada em 2009. Isso aconteceu? Foi exatamente assim?
15:09Aconteceu, aconteceu. Eu fui na China, porque na China estaria praticamente todas as pessoas
15:15envolvidas nas decisões das Olimpíadas, desde chefe de Estado a presidente de entidades
15:22Olímpicas de cada país e porque estaria lá o presidente Bush para defender os Estados
15:26Unidos e eu não ia dar essa colher de chá para ele. Eu não tenho complexo de vira-lata
15:31e eu não acho que a gente perde porque o americano está lá. Eu fui lá para disputar e fui lá
15:35para mostrar que o Brasil tinha mais cacete do que eles para poder representar os Jogos Olímpicos.
15:42E foi muito extraordinário o tratamento que os chineses deram a nós. Eu estou muito
15:47grato ao presidente Hun Jital, que assumiu o compromisso de que o Brasil tinha o direito
15:55de fazer as Olimpíadas e eu tinha certeza que a gente ganharia o voto dos chineses. Então
16:00foi um tratamento excepcional que os chineses deram e eu votei para o Brasil com a esperança
16:05de que os chineses não só votariam no Brasil, como ajudaria outros países em que ele tivesse
16:11influência a votar no Brasil.
16:15O senhor se recorda de o Japão não ter sequer enviado o primeiro-ministro ou representante
16:19da família imperial? Porque naquele momento passava por uma grave crise. O senhor se recorda
16:24desse episódio?
16:26Na China?
16:28Sim.
16:29Não, em Copenhague.
16:30Não, em Copenhague.
16:32Eu não lembro, o que eu lembro é que eu fui para um jantar com a rainha da Dinamarca
16:40em que estava presente a Michelle Obama, porque Obama chegou no dia, mas ela chegou uma semana
16:46antes. E como ela era mais simpática do que ele, eu resolvi ir também para poder mostrar
16:52minha simpatia e ganhar o voto. Então eu almocei com a rainha da Dinamarca, com um japonês
17:01que estava lá, que eu acho que era o primeiro-ministro, um representante do primeiro-ministro, com o
17:06ministro José Zapateiro da Espanha e com a Michelle Bachelet. A Michelle Bachelet, não.
17:13A Michelle Obama.
17:14A senhora Oprah Winfrey.
17:17A senhora Oprah estava lá, a Oprah Winfrey?
17:21A senhora Oprah Winfrey.
17:21A senhora você se recorda disso?
17:22A Oprah Winfrey.
17:23Não se recorda, não se recorda, não se recorda, artista americano, representadora,
17:28artista americana, famosa.
17:29Ah, não lembro, não lembro, não lembro.
17:32Eu, eu, eu, eu, eu, quando é mulher assim eu não olho.
17:37Eu só olhava os homens que eu queria ganhar voto.
17:41Mas eu sei que estava lá, Estados Unidos, Espanha e Japão no jantar com a rainha da Dinamarca.
17:50Você é.
17:52Perfeito.
17:54Já em Copenhague, presidente, o governador diz que além dessas outras, de todas essas
17:59outras viagens, o senhor junto com, esteve também, estavam também, o rei Juan Carlos,
18:04o primeiro-ministro Zapateiro, diz que o senhor, eles, o governador, e mais o senhor Eduardo
18:09Paz, o senhor Nusman, o ministro Orlando Silva e o senhor João Velange, chegaram 48 horas
18:15antes, para receber os membros do COI, para continuar essa campanha, o senhor se recorda
18:22disso?
18:22Em outubro de 2009.
18:24O senhor se recorda desse momento?
18:26Eu lembro que nós chegamos antes porque havia informação que o Zapateiro já estava
18:31lá defendendo o Madrid, havia informação de que a Michelle Obama já estava lá, sabe,
18:37derramando simpatia por tudo quanto é Copenhague da vida e eu falei, não, vou ter que chegar
18:44lá porque nós precisamos conversar, tem que mostrar simpatia brasileira.
18:48Eu cheguei dois dias antes e na véspera da decisão nós tivemos uma reunião com vários
18:55delegados, inclusive tem uma história com o italiano que é fantástica, porque eu convidei
19:00o cara para conversar, a Itália tinha cinco delegados, eu tinha conversado com o presidente
19:04Belusconi e ele tinha dito que era possível que a Itália votasse no Brasil e eu convidei
19:11o delegado para ir lá, o chefe da delegação, ele chegou lá e nem perguntou o que eu queria,
19:14começou a falar mal do Brasil, porque o Brasil tem muito favelado, porque o Brasil tem muita
19:18violência, porque o Brasil tem muita criança de rua, porque o Brasil tem...
19:22Depois de meia hora que ele falou, deu um murro na mesa e falei, escuta aqui, deixa eu
19:25falar uma coisa para o senhor, se tem uma delegação nesse encontro que tem obrigação
19:31moral de votar no Brasil é italiana, porque se vocês não estão disputando, no Brasil
19:36entre italianos e descendentes tem 30 milhões, então vote no Brasil para garantir que os
19:42italianos do Brasil possam participar das Olimpíadas.
19:44Bem, não sei se ele votou, o dado concreto é que quando terminou a votação que anunciou
19:51que era o Brasil, ele foi o primeiro a correr para me abraçar, eu não perguntei se votou,
19:55não, mas é só um fato inusitado.
19:59E eu tinha, você sabe que eu tinha a convicção que o Brasil ia ganhar as Olimpíadas por conta,
20:04sabe, que o Brasil é um país que não tem contencioso.
20:09As pessoas precisam saber, se o Brasil tiver dirigente com grandeza política, o Brasil não
20:15tem contencioso no mundo, e por isso o Brasil tem chance de conquistar coisas que outros países
20:21não tem. É só o Brasil não se apequenar. E nós fomos grandes e ganhamos.
20:28Ganhamos mesmo, senhor presidente.
20:29Presidente Obama, em que momento ele apareceu?
20:32O Obama apareceu, mas em um minuto que ele apareceu, ele ficou mais tempo na televisão do que eu
20:37fiquei dois dias lá, porra. Eu falei, bom, quando o Obama, o avião dele ficou rodando na pista
20:42uns 40 minutos, eu cheguei lá, não me deram nem 30 segundos na televisão, porra, o Obama
20:47deram uma hora só de aeroporto. E quando o Obama chegou, ele foi falar, fez um discurso
20:55bem, bem, bem, bem fraquinho, ou seja, um discurso, sabe, que não empolgou ninguém, e eu vou
21:02dizer uma coisa. Doutor, a apresentação do Brasil foi simplesmente maravilhosa. Hoje
21:10é fácil falar mal. É importante que as pessoas peguem as imagens da divulgação do dia que
21:18o Brasil conquistou, para ver quantos milhões de brasileiros choraram de emoção, porque
21:23o Brasil tinha conquistado, pela primeira vez, a realização das Olimpíadas, que até
21:28então, fora o México, só tinha sido feito em países ricos. E Jogos Olímpicos não é
21:34para países ricos. É para atletas profissionais, é para o povo engenheiro. Foi o que um dia
21:41vai ter feito na Asco, uma Olimpíada. Então, foi muito excepcional e eu, sinceramente, acho
21:48que foi um momento muito, muito. Eu vou lhe contar uma coisa, doutor. Eu era casado com
21:54a Marisa há mais de 35 anos. Eu nunca tinha visto a minha mulher chorar. E no dia que foi
22:00anunciado o Brasil, a minha mulher chorou. Eu liguei para ela, ela estava chorando no telefone,
22:07porque foi uma comoção, até mostrada pela Globo. A Globo poderia fazer, hoje já que eu estou
22:12prestando depoimento aqui, mostrar o que foi a conquista do Brasil nas Olimpíadas.
22:21Presidente, o senhor se preparava para esses encontros de campanha? O senhor fazia algum
22:27tipo de treinamento? Havia alguma conversa antes, preparatória, para esses encontros, não?
22:31Eu tinha um ensaio. O Itamaraty tinha uma assessora de imprensa, sabe? Eu fiz muitas
22:41entrevistas a nível internacional. Eu acho que eu fui o cidadão que mais falou de esporte
22:45durante esse período. Eu dei entrevista em vários países. Entrevista sobre as Olimpíadas,
22:51sobre o Brasil, sobre a grandeza do Brasil, para desmontar a canalice que os adversários
22:57faziam com o Brasil. Entrevista sobre o Brasil tinha muita violência, tinha muita fascinato,
23:01tinha muita criança de rua, tinha muito favelado, tinha muita fome, ou seja, tem tudo isso.
23:06Mas tem o direito de fazer as Olimpíadas. Então, eu obviamente que me preparava.
23:13Eu lembro que uma vez, eu lembro que o Tony Blair esteve no Brasil, Tony Blair não, Gordon
23:18Brown, e tinha a crise, estourada a crise de 2007 e 2008, e eu falei para o Tony Blair,
23:25eu quero que você diga ao teu povo na Europa, que essa crise econômica não é por conta,
23:30não é uma crise de negro, de índio, de favelado, de criança abandonada.
23:34Essa é uma crise feita, sabe, por gente loira de olhos azuis.
23:40Tá? É uma crise feita pelos ricos, não é pelos pobres.
23:43Aí eu lembro que quando eu fui em vários países, a pessoa falava,
23:46o senhor não gosta de olhos verdes, não gosta de olhos azuis, não gosta de olhos azuis,
23:52e ele fala, não gosta, o que eu não quero é que couro os negros no meu país.
23:56Senhor Luiz Carlos, por gentileza, o advogado precisa seguir com as perguntas.
24:01Eu entendo, é porque é inseparável da narrativa do fato, essas considerações são importantes,
24:08assim como aconteceu.
24:10Eu entendo e estou deixando o fluido.
24:12Eu agradeço por isso.
24:13Mas é preciso focar no...
24:15Obrigado, senhora.
24:16Vamos focar assim.
24:17Presidente, é verdade que o senhor ficou no quarto de hotel,
24:21acompanhado de senhor Eduardo Paes, acompanhado, enfim, de outras pessoas,
24:26recebendo durante o dia inteiro membros do COE, a respeito da campanha,
24:31falando com as pessoas, estava com o governador também, o senhor se recorda disso?
24:35Não era quarto de hotel.
24:37Se alugou uma sala num hotel, em que eu recebia delegações na véspera do encontro.
24:44Aliás, eu estava num quarto de hotel que, quando eu tomava banho, a água saía para a porta e ia empurrá-lo.
24:51Eu passava o tempo com o pé puxando a água para poder evitar que invadisse o quarto do hotel.
24:57Mas, de qualquer forma, foi numa sala alugada, sabe, em que eu recebi vários delegados.
25:02Estava presente o governador Sérgio Cabral, estava presente o prefeito Eduardo Paes,
25:05estava presente o Nuso, estava presente mais um monte de assessor deles e meu,
25:10e estava presente, às vezes, o Celso Amorim, às vezes, alguém do Itamaraty.
25:14A imprensa...
25:16E todas as cidades tinham também direito a esse espaço para receber?
25:20Era com todos, não?
25:22Veja, eu fiz menos reuniões com delegados.
25:26Delegado mesmo eu fiz em Copenhague.
25:29Eu fazia reunião com o chefe de Estado, com todos que eu conversei,
25:33depois que o Rio de Janeiro foi aprovado, entre os quatro,
25:38com todos os presidentes ou primeiros ministros que eu conversei,
25:42e todos que o Celso Amorim conversou de embaixador, a gente decidia o Brasil.
25:50Muito certo.
25:51O senhor se recorda da diferença dos votos do Rio de Janeiro com relação ao segundo colocado?
25:58Olha, eu acho, eu não sei no primeiro turno,
26:00mas eu acho que o Brasil teve a maior votação na história das Olimpíadas.
26:04Esse é um fato extraordinário.
26:08Quarenta votos eu ouvi, o senhor se recorda disso?
26:10Eu não sei o total, mas eu sei que foi estupendo a votação do Brasil.
26:15Foi maravilhosa.
26:17Eu, se não fosse corintiano, eu tinha tido infarto lá.
26:21Porque a emoção foi muito grande.
26:23Pergunta para o Pelé, pergunta para a Hortência,
26:25para saber como é que foi a emoção.
26:27Vamos fazer isso.
26:30Presidente, em termos de autoestima do brasileiro,
26:34o que essa vitória agregou para o país, no seu entendimento?
26:40É um minuto, um minuto.
26:41Olha, a realização de uma Olimpíada de um evento tão excepcional
26:45que o mundo inteiro disputa.
26:48Senhor Luiz Inácio, por gentileza.
26:50O que é isso aqui?
26:51A pergunta, ela não foi definida, porque ela não tem relação com o tratamento do processo.
26:57O advogado tem a palavra.
27:00Presidente, uma outra pergunta.
27:03O senhor se recorda de, enquanto todos aguardavam o anúncio do resultado
27:09a respeito, enfim, da candidatura das cidades,
27:14o senhor se recorda de o governador ter tido um pico de pressão
27:19e ter precisado ser atendido pelo médico particular do senhor?
27:26O senhor se recorda disso mesmo?
27:27Nós estávamos no hotel e estava já começando o processo de votar
27:32quem era que ia para a final.
27:37Não, quem era que ia ganhar.
27:40E eu notei que tinha muita gente lá no saguando do hotel,
27:43era um hotel pequeno,
27:45e eu notei que o governador ia explodir.
27:49E eu então pedi para o médico da presidência da república,
27:54dar uma olhada nele, porque ele poderia morrer antes de ver o Rio de Janeiro conquistar.
28:00Ele foi lá, o médico fez um check-up nele,
28:06daqueles, sabe, rapidinho, e acho que não sei se deu remédio para ele,
28:11mas ele ficou mais tranquilo, porque a cara dele era de quem ia explodir.
28:15Era muita emoção, eu posso garantir, doutor Roca, que era muita emoção,
28:19era muita inquietação, porque era o momento único para o meu país.
28:24Foi até hoje.
28:27Presidente, para terminar, o senhor disse, eu queria só, já respondeu,
28:31eu gostaria só que ficasse muito claro.
28:33O senhor ouviu falar a respeito de alguma negociata,
28:36transação ilícita envolvendo quaisquer dos membros do COE
28:40na candidatura do Rio em 2016?
28:42Depois, depois, o senhor ouviu falar sobre isso?
28:46Nunca, veja, nunca, em nenhum momento, veja,
28:49eu inclusive criei um decreto em 2009,
28:53tanto para a Copa do Mundo de 2014, como para as Olimpíadas,
28:56um decreto de transparência, dando à Controladoria Geral da República
29:01a fiscalização de transparência de todos os atos em relação às Olimpíadas.
29:06Eu só lamento que venha uma denúncia de corrupção,
29:10de compra de delegado, sabe, oito anos depois.
29:13Eu, sinceramente, não sei quem é que fez a denúncia,
29:17não quero saber, não conheço.
29:19Como nós estamos vivendo no momento do denuncismo,
29:22em que muita gente, muita gente...
29:25Muito obrigado, obrigado, senhor Luiz Inácio, um minuto.
29:28Presidente, nós também lamentamos,
29:30eu queria agradecer em meu nome, em nome do governador,
29:32mais uma vez, a disposição do senhor de participar desse ato.
29:36Muito obrigado.
29:36Eu pergunto para as demais defesas, posso iniciar pela de Carlos Artur Nusman,
29:43se quer perguntar...
29:45A defesa de Carlos Artur Nusman, para perguntas.
30:03Presidente Lula, a primeira indagação que a defesa de Carlos Artur Nusman faz,
30:10a vossa excelência, é no sentido de saber qual tenha sido a postura dele, Nusman,
30:16nesse empenho de toda a nação brasileira,
30:19em prol da conquista pela realização dos Jogos Olímpicos em nosso país,
30:23e, sobretudo, na cidade do Rio de Janeiro.
30:28Olha, pelos momentos em que o Nusman participou da atividade em que eu estava presente,
30:36a atitude dele foi uma atitude de muito compromisso com as Olimpíadas, sabe,
30:43e de muito compromisso com o Brasil.
30:45Eu não vi nenhuma atitude dele que pudesse desabonar nem o Brasil, nem as Olimpíadas.
30:53O senhor, nos vários contatos havidos, em que reuniões se efetivaram com a presença do senhor Nusman,
31:03eventualmente do atleta Pelé, mas ainda de personalidade da administração pública,
31:10além da federal, vossa excelência, o governador Cabral, o prefeito Eduardo Paes,
31:15representante do Itamaraty, essas reuniões eram reuniões com uma postura absolutamente séria,
31:22destinada meramente à luta, que era uma luta difícil, praticamente ingloria, se não exitosa,
31:30para que a América do Sul e o Brasil pudessem, no Rio de Janeiro, realizar as Olimpíadas.
31:37Usa-se muito a expressão republicana.
31:39Eu vou me socorrer dela para indagar se este empenho todo pode ser etiquetado,
31:45considerado como eminentemente republicano, por parte de todos os nominados,
31:50mas especialmente no que concerne ao senhor Carlos Arthur Nusman.
31:55Olha, todos eles, todos eles que eu participei, muito republicano, muita gente, muito aberto.
32:00Muita, muita transparência naquilo que eu participei.
32:06Perfeito.
32:07Com relação ao lado de todo esse engajamento, o lado do ideal, o lado da emoção,
32:14poder-se-ia dizer que o senhor Nusman seria um personagem voltado a um sonho permanente
32:21na sua existência, pela sua convivência, de efetivamente viabilizar que o Brasil fizesse,
32:27evidente que com o empenho de V. Exª e das demais autoridades do setor público,
32:32empresários, integrantes do comitê de organização, qual a sua visão como presidente do país
32:38e depois não mais como presidente, mas já como cidadão,
32:42esse empenho foi coroado a partir de uma postura que, no que concerne ao seu conhecimento,
32:48o senhor não divisou nenhum desvio de comportamento por parte de Nusman?
32:53É a indagação específica em relação a ele.
32:56Não divisei nenhum.
32:58Perfeito.
32:59O senhor já conhecia Nusman antes desse episódio?
33:03Conhecia porque eu fui o presidente que mais prestigiei o esporte olímpico e o paraolímpico nesse país.
33:12É importante lembrar que foi no meu governo que nós criamos, inclusive, bolsas
33:16para ajudar esportistas pobres que não tinham condições e que não tinham patrocínio.
33:21Porque patrocínio no Brasil é só quando a pessoa fica famosa.
33:24Quando a pessoa é pobre, ninguém dá nenhum tostão.
33:27E nós criamos bolsa por instituições públicas para financiar esses atletas.
33:31E toda vez que o Brasil ia disputar alguma coisa no exterior, ou vôlei, ou basquete, ou Olimpíada,
33:38o Brasil ia no Palácio do Planalto e era categórico o Nusman fazer discurso dizendo que o presidente Lula
33:46é o presidente que mais vestiu no esporte brasileiro.
33:51Então eu nunca vi nada que o desabonasse.
33:53Foi um comportamento republicano e muito aberto e muito transparente.
33:57Sempre com muita gente.
33:59O senhor pode perceber, por exemplo, que ele transitando o mundo afora em múltiplas viagens
34:06internacionais, evidentemente que não todas com a presença de vossa excelência, mas naquelas
34:11em que houve uma co-participação, se ele desfrutava de uma respeitabilidade considerável
34:17no meio olímpico, no meio dos integrantes do COE, ou mesmo de países estrangeiros que
34:24tinham a função de votar para a deliberação quanto à realização das Olimpíadas no nosso país.
34:31A pergunta se atém muito ao conceito dele como homem do esporte, roleibol, confederação
34:38destinada à organização dos jogos adiante, o empenho em si, a apresentação do projeto
34:45que vossa excelência enalteceu e até sugeriu que isso tivesse alguma divulgação, porque realmente
34:51o que a defesa pretende mostrar é que ao contrário do que se apregou e articula a denúncia,
34:57não foi uma farsa, não foi um engordo, não foi um enliço, não foi uma trapaça.
35:03Foi um ato meritório do qual a nação haverá de se orgulhar a partir da história que se
35:08escreveu nesse evento, na luta e sobretudo também na realização.
35:14Olha, eu não sei qual é o critério adotado por alguém que diz que foi trapaça.
35:19Esse cidadão não deve conhecer nada, deve conhecer nada, porque nos eventos que eu
35:25participei, seja com o Presidente da República, ou seja, com a participação de gente da direção
35:31das Olimpíadas ou dos comitês nacional e nacional, foi de muita seriedade e o Nuzmo
35:37era tido como uma pessoa muito respeitada.
35:42É o testemunho de quem era Presidente da República no momento da realização da competição.
35:47Perfeito. Eu vou fazer uma indagação que tem a ver com outro depoente que falará à
35:53tarde, que é o senhor Pelé, Edson Arantes do Nascimento.
35:57A minha indagação é se foi também objeto de sua observação o empenho pessoal de
36:03Pelé e se alguma vez nesses múltiplos acontecimentos se houve uma presença do Pelé com o Presidente
36:11da República, Lula, nos contatos com dirigentes ou chefes de Estado. Enfim, o que se pode
36:17lembrar de relevante no que concerne a essa postura? Não só do Pelé, eu estou usando
36:24o Pelé como figura exponencial, mas você nesse há pouco falou em Hortência e eventualmente
36:29outras figuras marcantes na história do desporto brasileiro.
36:33Olha, tinha muita gente trabalhando para que o Brasil fosse a sede das Olimpíadas, muita
36:41gente. Desde governadores de Estados que achavam que o seu Estado iria receber delegações
36:47para treinamento, até vários esportistas. Eu lembro de uma esportista que falou na abertura
36:53da sessão que decidiu, que ela fez muita gente chorar, ela chorou e eu estava na meia do
36:59eu chorei, aqui eu não lembro o nome, mas eu posso afirmar que poucas vezes eu vi o
37:06país unido em torno de uma causa como eu vi em torno das Olimpíadas. E aquele momento
37:12em que aquele gringo fala Rio de Janeiro, foi um momento excepcional na minha vida. Foi
37:19um momento excepcional na minha vida. Quem viveu aquilo, viveu, quem não viveu, sabe,
37:23não vai viver mais. Eu acho que alguém que fala, não, acho que alguém que fala que
37:32foi um antrapasso é porque não entende nada de nada e não viveu o que nós vivemos.
37:37Presidente, só me perdoa eu insistir, que eu fiz uma indagação específica sobre o Pelé.
37:43Ele vai prestar depoimento hoje. Então eu queria exatamente ter uma notícia de qual teria
37:48sido a participação dele na Dinamarca, eventualmente em algum contato, na sua visão.
37:55Olha, veja, a participação do Pelé no evento, mesmo, eu não sei quais das reuniões que ele
38:00participou, né, porque ele não estava na minha delegação, ele estava na delegação, sabe,
38:05das Olimpíadas. O dado concreto é que só a presença do Pelé, mesmo sem falar nada,
38:13sabe, com uma gravata igual essa que eu estou, com essa gravata, que é das Olimpíadas,
38:16eu carrego ela até ela começar a ficar desmantando aqui. Só o fato do Pelé estar lá já foi
38:25uma coisa excepcional. A figura dele, sabe, por si só, já mostra a seriedade com o que se
38:34deu as Olimpíadas.
38:36Perfeito.
38:36Presidente, eu não tenho mais nenhuma indagação, agradeço o depoimento, indago do meu colega
38:41se deseja acrescentar uma ligeira indagação.
38:44Sr. Presidente, apenas para complementar ainda pela defesa do Sr. Carlos Arthur Nusman,
38:50a indagação que se faz é a seguinte, seria possível realizar um evento dessa grandiosidade
38:56em nosso país, no Brasil, sem o engajamento ativo do Presidente da República, do Governo Federal,
39:04em parceria com o Governo Estadual, com o Município?
39:07Seria viável realizar esse evento sem essa sinergia?
39:11Como foi essa união entre os governos federal, estadual e o município na realização dessa
39:19candidatura?
39:21Olha, primeiro, sem o envolvimento do Brasil como um todo, o Rio de Janeiro não ganharia.
39:26Já tinha perdido várias.
39:28ou seja, o Brasil vivia um momento excepcional, o Brasil tinha virado protagonista internacional,
39:37o Celso Samourin, eu considero ele, considero ele que na época era o ministro de relações
39:43exteriores mais importante do mundo, era a figura mais respeitada, então nós jogamos
39:49o peso político do Brasil para que o Rio de Janeiro e o Brasil fossem sede das Olimpíadas.
39:56Não seria possível ganhar se ficasse só com o Rio de Janeiro, apesar da qualidade do
40:02Rio de Janeiro.
40:03Eu sempre achei que o Rio de Janeiro merecia muito mais.
40:09Tá certo, excelência.
40:10Sem mais indagações pela defesa do Rio de Janeiro.
40:12Muito bem.
40:12A defesa de Leonardo Grimia, gostaria de perguntar?
40:16Não tem pergunta, até porque disse que não conhecia, né?
40:18Não conhecia, não conhecia, então não tem...
40:21Não sei como tem perguntas.
40:23O diretor, o ministério do Nuz, o diretor.
40:26Senhor Luiz Inácio, o Ministério Público fará algumas perguntas, por gentileza.
40:32Muito bom dia, senhor presidente.
40:37Bom dia, bom dia.
40:39Senhor presidente, o senhor se recorda de ter participado de reuniões com o Nuzman na campanha
40:46pela Rio 2016?
40:48Sim.
40:51O senhor se lembra mais ou menos o número de reuniões que participou com ele?
40:58Não lembro, não.
40:59Não lembro, mas teve uma internacional no Rio de Janeiro, teve uma com as confederações
41:06brasileiras e em algumas viagens internacionais com várias pessoas de outros países.
41:13Eu não lembro quantas.
41:14O senhor se recorda se especificamente com relação aos representantes africanos, o senhor
41:21chegou a participar de alguma reunião com o Nuzman?
41:23Eu não sei se participou.
41:26Na África eu tive reunião com a União Africana.
41:31A União Africana é uma instituição que representa 54 países.
41:35Eu já andava meio irritado porque o continente africano com 54 países tem menos delegado do que a Suíça, a Itália, que tem 5 cada um, e a Nigéria com 140, acho que tem 1.
41:48Eu andava meio nervoso com isso, que era uma disparidade de representatividade.
41:56E eu lembro que eu conversei com a União Africana a respeito de que eles pudessem ajudar as Olimpíadas para o Brasil.
42:03E quem sabe um dia, vindo para a América do Sul, a gente poderia levar para o continente africano algumas Olimpíadas.
42:09E essa reunião foi com a presença do Nuzman também?
42:14Ah, não sei, não lembro. Na União Africana eu acho que não. Mas não lembro.
42:23Nessa reunião, o senhor não se recorda se o Nuzman estava presente, mas em nenhum momento foi...
42:31Não, não, não.
42:31Foi tratada nenhuma promessa, troca de promessa em sentido de apoio dos países africanos
42:40para que o Brasil pudesse em algum momento devolver algo em troca?
42:46Houve essa promessa? Houve alguma troca de promessa?
42:49Não é assim.
42:54Então se eu indeferir todas as perguntas que são repetidas aqui nos audiências...
42:58Não, não é repetida. A resposta foi condicionante, excelente.
43:02Ele já respondeu que não ouviu falar nisso.
43:05O senhor está de acordo com a sua conclusão?
43:08Senhor Luiz Inácio, bom dia.
43:10O senhor disse que...
43:12Bom dia.
43:12...teve uma reunião com a delegação africana e que em algum momento o senhor disse que
43:18eles precisavam apoiar a candidatura brasileira porque em algum momento poderia ter algum apoio.
43:25Eles poderiam realizar Olimpíadas na África.
43:27Foi isso? O senhor prometeu alguma troca de favores com relação a isso?
43:31Se eles apoiassem a candidatura brasileira?
43:33É, é melhor.
43:34Olha, olha, está chegando meio problemática a voz aqui.
43:39Se a senhora puder repetir.
43:41Posso.
43:43O senhor afirmou que nessa reunião que teve com a delegação africana,
43:48o senhor conversou com os africanos dizendo o seguinte,
43:52que era necessário que eles apoiassem a candidatura brasileira
43:56porque em algum momento poderia ter a realização das Olimpíadas também
44:01em algum país do continente africano.
44:04O senhor, houve alguma tratativa de troca de favores nessa reunião?
44:08Então, em troca do apoio à candidatura brasileira,
44:12o Brasil apoiaria a candidatura africana?
44:16Veja, a África apoiar o Brasil era quase que uma coisa óbvia.
44:23Presta atenção numa coisa, procuradora.
44:27O Brasil era o país mais próximo da África.
44:31Eu era considerado o primeiro presidente negro da África.
44:37Eu viajei 34 vezes para a África.
44:41Visitei 29 países na África.
44:44Abri 19 embaixadas na África.
44:46Levei a Embrapa para a África.
44:48Levei, sabe?
44:50Então, isso dava aos africanos quase que uma irmandade com o Brasil.
44:55Sempre foi assim.
44:57Acabei de falar, o Brasil não tem contencioso.
45:00Então, eu brigava para que os continentes pobres
45:03tivessem direito de sediar Olimpíadas.
45:08Porque se a gente não brigar,
45:10se os países do terceiro mundo não se unificavam a ser,
45:13a África nunca vai ser porque a África tem guerra,
45:15porque a África tem muito negro,
45:17porque a África tem muito pobre.
45:19E eu acho que teria que ter.
45:20No Brasil deveria ter, na África poderia...
45:24A mesma briga que eu fiz para as Olimpíadas,
45:26eu fiz para o Conselho de Segurança da U.
45:28Por que a África não pode ter um representante do Conselho de Segurança?
45:33Então, eu trabalhei e vou trabalhar.
45:39Se a África um dia concorrer...
45:41A África não, porque tem que ser um país, não pode ser um continente.
45:44Pode ficar certo.
45:45Se eu tiver Zé Índia e Bengala,
45:47eu vou...
45:48Aonde eu estiver em frente, eu vou pedir um votozinho para a África,
45:50ser a sede das Olimpíadas.
45:52Sr. Luiz Ginasso, o Ministério Público já encerrou com as perguntas.
45:56Eu quero fazer uma pergunta para o senhor.
45:59Uma testemunha, em algum momento nesse processo,
46:03fez referência a que a campanha Rio 2016
46:06serviria para o senhor Sérgio Cabral como um trampolim,
46:13como um estímulo à sua campanha à presidência da República.
46:17Isso teria, portanto, seria um interesse subjacente
46:23no envolvimento do senhor Sérgio Cabral nessa campanha.
46:28O senhor tem informações sobre isso?
46:31Doutor, eu posso saber quem foi a testemunha?
46:34Aquele que eu ouvi do...
46:36O senhor Malezon?
46:37Malezon.
46:38Éric Malezon.
46:39Éric Malezon, isso.
46:41Quem?
46:42Éric Walter Malezon.
46:45Eu nem nunca lhe ouvi falar.
46:47Vamos procurar um dicionário e ver se existe essa pessoa.
46:52Está certo, o senhor não sabe.
46:54Perfeito.
46:54Uma outra coisa.
46:56Chegou o senhor do ouvido,
46:57chegou o repórter para o senhor, então, presidente,
47:02que o Itamaraty teria recebido sugestão de membros do COE
47:06para que as autoridades brasileiras patrocinassem viagens ao Brasil,
47:14pós-Iguaçu, em especial,
47:16sobretudo a comunidade russa,
47:24ao colegiado, ao...
47:27A delegação russa teria algum tipo de sugestão
47:34para que, para ganhar mais votos,
47:37o Brasil poderia ou deveria patrocinar viagens
47:40a membros do COE e seus familiares aqui no Brasil.
47:44Isso chegou aos seus ouvidos através do Itamaraty?
47:50Não chegou e acho que o Itamaraty não fez isso.
47:53Isso foi tema de uma reportagem há alguns anos
47:57num jornal brasileiro.
48:00Estou só perguntando para saber se tem algum...
48:02Sabe que eu não acredito muito na imprensa brasileira?
48:04Então, para mim, eu sair na imprensa nem sempre é verdade.
48:08Eu não acredito que o Itamaraty tenha pago passagem
48:10para alguém para a Venezuela, para a Bolívia,
48:13quanto mais para a Rússia.
48:14Então, se tratava de uma sugestão,
48:17de um plano para angariar votos junto ao...
48:22Não acredito nisso.
48:24O senhor não tem conhecimento disso?
48:25Não acredito.
48:26Não acredito.
48:27Quem falou isso mentiu.
48:29Está certo.
48:29Sr. Luiz Ginascio, eu quero agradecer.
48:32Muito obrigado, inclusive, pela postura sua,
48:35como suportou aqui diante do nosso depoimento.
48:39Enfim, o senhor vive, é uma figura importante no nosso país.
48:44É relevante a sua história para todos nós.
48:48Para mim, inclusive, que aos 18, 17 anos
48:51estava aqui no comício, na Presidente Vargas,
48:57com um milhão de pessoas,
48:59vivíamos um momento diferente no país,
49:01eu estava lá, usando o boné...
49:03Pode voltar agora.
49:05Usando o boné e estava usando a camiseta com o seu nome.
49:11Então, enfim...
49:13Quando eu fizer um comício agora,
49:15eu vou chamar o senhor para participar.
49:17Muito obrigado pela postura e pelo depoimento.
49:24Está encerrado.
49:25Obrigado, Dr. Brindas.
49:27Obrigado.
49:27Obrigado.
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