O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, afirmou que uma assistência militar direta dos Estados Unidos a Israel pode “desestabilizar radicalmente” o Oriente Médio. A declaração ocorre em meio ao sexto dia de guerra aérea entre Irã e Israel. Deysi Cioccari e Marcus Vinícius de Freitas comentaram. Reportagem: Fabrizio Neitzke Apresentadores: Soraya Lauand e Roberto Nonato Reportagem: Fabrizio Neitzke Comentaristas: Deysi Cioccari e Marcus Vinícius de Freitas
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00:00A gente volta a falar aqui do conflito entre Israel e Irã, a medida em que falamos muito da possibilidade da entrada dos Estados Unidos nesse conflito.
00:07Nosso editor de Internacional, Fabrizio Naitzky, já está aqui com a gente, tem mais informações sobre esse cenário.
00:13O Naitzky, os russos, de algum modo, estão encarando isso de maneira tranquila ou já se pronunciaram?
00:21Estão preocupados com a possível entrada dos Estados Unidos, Nonato.
00:23O vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, afirmou que um auxílio direto dos Estados Unidos a Israel nesse conflito poderia desestabilizar o Oriente Médio.
00:36É uma possibilidade bem real e que corrobora, inclusive, com o discurso do governo iraniano de que, caso os Estados Unidos deem o auxílio, uma ajuda direta a Israel nesse conflito,
00:47seja enviando tropas, seja emprestando, liberando as bombas necessárias para Israel atacar o Irã, que isso seria retalhado de alguma maneira, poderia desencadear algo ainda maior na região ali no Oriente Médio.
01:04Há uma outra manifestação bastante importante vinda de Moscou, afirmando que o país está conversando diretamente com Israel e também com o Irã.
01:13A Rússia já se apresentou como uma possível mediadora do conflito, uma possibilidade que é rechaçada pela comunidade internacional, que alega uma falta de legitimidade russa, principalmente por conta da guerra com a Ucrânia.
01:27Mas vale lembrar que, historicamente, a Rússia tem uma boa interlocução com o governo iraniano, isso a gente já sabe há muito tempo, mas também com o governo israelense.
01:37Não há uma rusga muito grande entre Rússia e Israel, embora os comentários do Kremlin, vindos do Kremlin, tenham sido considerados mais pró-Irã.
01:47Ainda assim, a interlocução entre esses países costuma ser boa a uma grande herança histórica entre Rússia e soviéticos, praticamente, e Israel, os judeus em geral.
01:57Uma outra manifestação que saiu agora há pouco, os militares iranianos acreditam e têm solicitado que seus países vizinhos evitem a entrada de pessoas no território iraniano
02:10para tentar conter possíveis manifestações terroristas dentro do país, ou então a entrada de agentes do Mossad.
02:18A gente sabe que o Mossad tem operado no território iraniano, isso já foi confirmado pelo exército de Israel, principalmente através de drones que são disparados de dentro do território do Irã
02:32para conter os mísseis iranianos, mas também com o auxílio de carros-bomba.
02:37O Mossad tem utilizado dessa tática para danificar as instalações iranianas, para atingir os seus alvos militares no país.
02:46A guarda fronteirista do Irã afirmou que espera que os países vizinhos tomem algum tipo de ação contra qualquer infiltração em potencial no território iraniano.
02:57A gente lembra, inclusive, que na última semana houve uma conversa, aliás, nos últimos dias houve uma conversa do presidente iraniano Massoud Peseshikian
03:06com o presidente do Iraque, Abdul Latif Rashid, pedindo que o Iraque feche o seu espaço aéreo para aeronaves israelenses,
03:13o que evitaria uma grande presença de caças de Israel sobre os céus iranianos e dificultaria essa presença, esse controle que Israel tem mantido sobre o espaço aéreo do Irã.
03:24Então, o Irã pede uma ajuda dos seus vizinhos para evitar essa interferência israelense no momento e tentar, possivelmente, organizar um contra-ataque ali na região, Nonato.
03:34Pois é, como a geopolítica é maluca, né, Soraya e Naitski, porque a gente teve já, em anos anteriores, o conflito Irã-Iraque, durou-se oito anos,
03:43Israel pendendo para o lado iraniano naquele conflito. Hoje em dia, o conflito é Irã e Israel e o Irã está pedindo auxílio do Iraque.
03:51São vários tabuleiros aí se formando. Deixa eu chamar a Deise Siokari também para a gente analisar, né, essa postura e essa sensação de preocupação,
04:03essa manifestação de preocupação emitida pela Rússia, na medida em que ontem Donald Trump, então, faz uma série ali de postagens nas redes sociais,
04:14até demonstrando já uma certa participação dentro desse conflito, ainda que esteja em aberta, né, Deise?
04:22Mas essa preocupação da Rússia é legítima, já que há um perigo dos americanos entrarem com força militar nesse conflito?
04:32É legítima, Soraya, e também é uma tentativa de reposicionar a Rússia num tabuleiro geopolítico global que está cada vez mais fragmentado, né?
04:43Então, quando eles advertem os Estados Unidos, eles estão dizendo também que nem todas as decisões em relação a esse conflito passam somente pelo Ocidente, né?
04:55Então, eles tentam estabelecer também as prioridades da Rússia.
05:00Se a gente for observar um pouquinho, isso tem uma lógica muito parecida com aquela lógica multipolar da Guerra Fria, Rússia e Estados Unidos, né?
05:08Então, é mais ou menos isso que eles tentam fazer, dizer, olha, as decisões nesse conflito, elas precisam passar também pelos nossos interesses
05:15e coloca a Rússia aí também como um agente muito forte nesse tabuleiro global que, de novo, está fragmentado.
05:22Então, eles chamam a atenção para eles também.
05:25Professor Marcos Vinícius de Freitas também comenta, em um minuto, professor,
05:28A Rússia tem condição de encarar mais essa frente, já que está às voltas com o conflito na Ucrânia?
05:35Existe aí uma questão, Nonato, de auxílio, porque também o Irã forneceu muitos dos drones que estão sendo utilizados na guerra da Ucrânia.
05:46Então, talvez nessa questão de auxílio mútuo, deve ter aí algum tipo de situação em que eles se sintam coobrigados a participar.
05:57Mas, claro, que nós não podemos esquecer que dentro do estamento político russo, os oligarcas, a maior parte deles, são de origem judaica.
06:08Se nós olharmos para o entorno do presidente Putin, por essa razão até que eles foram convocados na ocasião para ajudar na questão da Ucrânia.
06:17Então, a gente nota que existe aí também esse aspecto doméstico com relação à proximidade com Israel.
06:25Então, Putin luta aí com uma situação complicada.
06:27Ao mesmo tempo, manifestar a Rússia como um poder importante, mas também tem a sua agenda doméstica
06:34e todas as situações relativas ao apoio que precisa.