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Especialista destaca os comportamentos mais comuns do transtorno e reforça a importância do diagnóstico precoce.
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Transcrição
00:00O Espírito Santo é o quinto estado brasileiro com mais pessoas diagnosticadas com o transtorno do espectro autista.
00:08Essa informação foi divulgada pelo IBGE. Esses dados foram divulgados pelo IBGE.
00:14Como é que a gente faz para identificar os primeiros sinais do autismo e qual o caminho para esse diagnóstico precoce e eficaz?
00:22O autismo pode se manifestar ainda nos primeiros anos de vida com sinais como dificuldade na comunicação, comportamentos repetitivos, pouca interação social, mas tem outros sinais também que são menos visíveis.
00:38No entanto, muitas famílias, pais e mães ainda enfrentam dúvidas sobre quando buscar ajuda, onde buscar ajuda.
00:48Vamos sentar aqui na nossa mesa de café, porque eu estou muito bem acompanhada, da doutora Ana Cláudia Andrade, que é neurologista.
00:55Bem-vinda, doutora!
00:57Obrigada!
00:57Que bom! Bom dia que você está aqui!
00:59E também da Gabriela Lima, que é mãe do Felipe e está aqui para conversar com a gente hoje.
01:05Bem-vinda, Gabi!
01:06Obrigada!
01:06Deixa eu começar o nosso bate-papo com a Gabi, para ela compartilhar um pouco com a gente de como é que foi, Gabi, o diagnóstico do Felipe, quais foram os primeiros sinais que vocês perceberam e quando que vocês perceberam?
01:21É, começou, assim, antes de um ano, o Felipe, ele, a gente chamava, ele não olhava, não respondia, né, aquele chamado ali de qualquer pessoa, tinha dificuldades, assim.
01:40Ele começava a ganhar alguma habilidade e depois perdia.
01:44Então, é imitar bichinhos, ele imitava no início e depois parava, batia palminha de parabéns, depois perdia essas habilidades que ele tinha ganhado.
01:57Ele teve, a coordenação motora dele sempre foi muito boa, então ele desenvolveu muito rápido algumas coisas, mas na fala, na interação social dele, não acompanhava.
02:10A gente começou a ver nesse, nessas...
02:15Esses foram os primeiros sintomas, né, a gente pode dizer, sim.
02:19Hoje o Felipe, esse maravilhoso, a gente tá acompanhando, você tá falando, a gente tá vendo as fotos de vocês dois juntinhos, ele tá com seis anos, né?
02:26Seis aninhos.
02:27Gabi, e depois que vocês começaram a perceber esses sinais em casa mesmo, o que vocês falaram?
02:32Opa, a gente precisa procurar um médico, viram com o pediatra, já foram num especializado, como é que foi esse caminho?
02:37A gente já procurou um especialista, a avó, a gente sempre tinha essas conversas de, nossa, ele tá com uma dificuldade aqui, aí a avó falou, não, eu acho melhor a gente levar no neuro.
02:52Aí a gente já foi direto, procuramos uma neurologista e aí ela pediu pra que se iniciassem as terapias, mesmo sem o diagnóstico fechado.
03:01Perfeito. Conduta correta da família, né, da Gabi, do esposo, da avó, também que tá acompanhando junto, procuraram logo um especialista, não tem essa de esperar, né?
03:13Ah, é normal, cada criança tem um tempo, cada criança tem seu tempo, né, doutora?
03:17Essa frase é muito comum, né, cada criança tem seu tempo, mas eu sempre explico pras famílias que existe um tempo limite, né, então existe uma faixa ali de alguns meses, né, um intervalo que dentro daquele intervalo, ok, cada criança vai ter a sua data, mas o tempo limite ultrapassando é um sinal de que algo está acontecendo e precisa ser avaliado.
03:43Perfeito. Gabi, você falou que antes mesmo do diagnóstico fechado, vocês já iniciaram as terapias, né, hoje como é que é o dia a dia do Felipe, o que que o Felipe faz de acompanhamento?
03:57Hoje ele faz terapia em clínica duas vezes por semana, terapia em casa mais duas vezes, né, são quatro vezes no total e ele tem uma acompanhante terapêutica na escola.
04:08Perfeito.
04:09Que acompanha o desenvolvimento dele e ela é orientada pela equipe da clínica.
04:14Perfeito. É um dia a dia puxado, né, a semana do Felipe e da família puxado, são muitas atividades, né.
04:21Doutora, a gente estava vendo aqui o relato da Gabi, que antes do primeiro ano, né, completo de vida do Felipe, já perceberam, já buscaram ajuda e veio o diagnóstico.
04:32Para quem está assistindo a gente em casa, é normalmente nessa idade mesmo que os primeiros sintomas começam a se manifestar ou não?
04:40De repente é um pouco mais tarde?
04:42Não, geralmente já existem sinais no primeiro ano de vida.
04:46Às vezes esses sinais passam desapercebidos, né, algumas crianças são sinais mais evidentes, como contato visual reduzido, né, então a mãe começa a observar que quando está amamentando o bebê ou quando está brincando com ele, ele não fixa o olhar, né, porque a criança típica, geralmente, quando você está brincando com ela, ela te acompanha com os olhos, né.
05:11O bebê, geralmente, eles têm uma fascinação pela face humana, né, pelo rosto da mãe.
05:18E aí, a criança autista, e eu falo porque, além dos pacientes, eu tenho uma filha também, né, que é autista, já tinha compartilhado isso aqui com a Gabi, e essa criança, ela olha pouco.
05:29Então, algumas até olham, mas é aquele olhar que dura poucos segundos, né, que rapidamente se desvia, então costuma ser um dos sinais mais precoces.
05:39Sorriso social, que é uma coisa que tanto se fala, né, que a criança autista, ela demora para ter aquele sorriso social que devolve o sorriso, mas algumas sorrim, né, então nem toda criança que tem autismo não sorria quando era bebezinho, né.
05:56Aquela lalação, né, que é aquela conversa que a criança tem com a mãe, quando você está brincando com o bebê, aí você faz o som, ele reproduz o som de volta.
06:06Observa-se que nas crianças com autismo, desde o início, essa troca de comunicação já está reduzida, né.
06:13E aí também, ela falou muito bem, o atender pelo nome, né, então crianças muito novinhas, ali, seis meses, a oito meses, você chama pelo nome, a criança já identificou o que é que ele é o nome dela, ela já olha, né, já, como se fosse respondendo aquele estímulo.
06:31E aí o bebê com autismo, geralmente ele não, não responde, você chama e ele continua fazendo o que está fazendo, né, esses são sinais bem precoces.
06:42E uma coisa que tem que ficar muito atento é a questão da fala, né, que por volta de doze meses a gente já espera que a criança fale mamã, papá, e até os dezoito meses que ela já tenha algumas outras palavrinhas no vocabulário.
06:56É um dos sinais também que costumam chamar a atenção mais precocemente, que foi o caso da minha filha.
07:02Eu vi que a fala não estava evoluindo dentro do esperado.
07:06E nessa gama de sintomas, né, de sinais, na verdade, que a gente pode observar, de repente essa criança pode apresentar só um desses sinais, doutora, ou normalmente vem acompanhado em mais de um?
07:19Vem acompanhado em mais de um, né, porque se tiver uma única característica, não vai nem preencher os critérios diagnósticos.
07:28Mas o importante é assim, tem uma característica que está te preocupando, ou tem um atraso do desenvolvimento que o pediatra já identificou, ou a família já identificou,
07:39é melhor fazer o que vocês fizeram, instituir logo uma avaliação, uma terapia, se for o caso, para não perder tempo, né?
07:46Eu brinco que terapia não tem efeito colateral, né?
07:50Então, o importante é não perder o tempo, porque a criança com menos de dois anos, e depois, né, com menos de cinco anos, é um momento em que a neuroplasticidade é máxima.
08:02Então, esse cérebro, ele está ali, uma esponja, pronto para ser moldado. Quanto antes começar, maiores serão os efeitos da terapia.
08:11Perfeito. Gabi, como é que foi para você, enquanto mãe, e para o seu esposo também, o Iago, aceitar esse diagnóstico?
08:19Porque para muitas famílias, a aceitação também é uma dificuldade, é uma barreira, e acho que a doutora também é um local de fala dela, pode falar disso também.
08:29Como é que foi esse processo para vocês?
08:30Assim, como nós iniciou a terapia sem diagnóstico, quando veio o diagnóstico, a gente já estava mais preparado, né?
08:42Porque uma coisa, a primeira médica que eu levei ele, falou para mim assim, a gente não dá diagnóstico a não ser que venha escrito na testa.
08:52Então, é muito difícil, a doutora pode falar melhor do que eu, eles darem um diagnóstico ali na primeira avaliação, né?
09:04Então, foi um processo até chegar lá. Então, quando chegou, claro que nós ficamos abalados, mas a gente ficou muito feliz de já ter iniciado o tratamento dele há mais tempo.
09:18Porque foram só ganhos. Uma coisa também que a médica falou para a gente, era assim, se ele for autista, você já está tratando.
09:28Se ele não for, ele está fazendo uma atividade a mais que vai ser um ganho para ele lá na frente.
09:33Então, para a gente foi tranquilo, lógico que a gente fica preocupado, mas a gente já estava inserido naquele mundo, né?
09:43Perfeito. Doutora, e essa é uma questão importante, porque muitas famílias também acabam deixando esse início de tratamento para depois,
09:54por conta da falta de aceitação mesmo, né? Achando que pode ser outra coisa ou que realmente é o tempo da criança e perde-se muito quando você não insia a terapia ali no tempo mais cedo possível, né?
10:08Sim, acontece muito. Assim, ah, vamos esperar para ver, né? Se não é só uma questão de baixo estímulo, né? Ah, vamos brincar mais com a criança, conversar mais.
10:18Isso tudo é importante, mas avaliação com o especialista e quando indicado as terapias, como você mesmo falou, não vai trazer nenhum malefício, só benefício.
10:30E se está chamando a atenção da família e se tem algum marco do neurodesenvolvimento que está atrasado, a terapia vai estar bem indicada, sendo autismo ou não, né?
10:40Porque existem outras causas também, por exemplo, de atraso de fala, né?
10:44Tem o transtorno de linguagem primário, tem outras causas que também vão precisar de avaliação, de acompanhamento.
10:52Perfeito. Estão chegando algumas perguntas, o pessoal de casa está participando.
10:56Eu vou começar lendo a pergunta da minha charal.
10:58Bruna Bernardes, ela é de Cariacica.
11:01Doutora, qual a diferença entre autismo e TDAH?
11:05Os dois são transtornos do neurodesenvolvimento, né?
11:10Mas os sintomas são completamente diferentes, embora seja muito comum que crianças autistas também tenham TDAH, né?
11:19Uma comorbidade que a gente fala.
11:22Cerca de 85% das crianças com autismo tem também TDAH.
11:26Mas o autismo, a característica principal é a dificuldade de comunicação e interação social, né?
11:35Tem também comportamentos restritos.
11:38A criança tem uma rigidez de comportamento importante, uma dificuldade de lidar com mínimas mudanças.
11:44A criança tem movimentos estereotipados muitas vezes, né?
11:49Então, o flapping, andar na ponta dos pés, às vezes girar em torno do próprio eixo, uns barulhinhos que elas fazem com a boca.
11:58Ou então, ficar repetindo uma frase do desenho da televisão, ficar repetindo aquela frase o dia inteiro, né?
12:05E geralmente são crianças que lidam com muita dificuldade.
12:09Há mudanças no ambiente, mudanças na rotina.
12:12E a comunicação, tanto com adultos quanto com outras crianças, também geralmente é o que chama atenção, né?
12:20Já o TDAH, ele é o déficit de atenção e hiperatividade.
12:26Então, a criança vai ter dificuldade de focar naquilo que está sendo proposto, numa tarefa, numa atividade escolar.
12:33Ela vai ter uma agitação psicomotora, ou seja, a criança que está sempre em movimento, parece estar ligada nos 220, né?
12:39Está sempre, pula no lugar, pula no outro, explora uma coisa, explora outra.
12:43E aí, geralmente, o TDAH costuma causar mais impacto, chamar mais atenção da família, quando a criança entra na idade escolar, né?
12:55Na fase de alfabetização, que aí já é a fase que a gente espera que a criança já fique sentada, né?
13:01Já é um momento que os pares, as crianças da mesma idade, já apresentam um comportamento de conseguir se controlar um pouco melhor, de conseguir engajar mais numa tarefa.
13:11E aí, a criança com TDAH manifesta essas dificuldades.
13:14Perfeito.
13:15O autismo é que a gente vê os sintomas mais precocemente.
13:19Crianças com menos de 6 anos, a gente, muitos colegas, e eu me incluo entre eles, não costumam diagnosticar TDAH.
13:28A gente fala de risco de TDAH, quando a gente vê que é uma criança muito agitada, mas que está com o neurodesenvolvimento acontecendo dentro do esperado.
13:38A partir de 6, 5, 6 anos, aí a gente já consegue, com mais segurança, fechar o diagnóstico.
13:43Perfeito.
13:44Mais perguntas chegando aqui.
13:46Renato Barbosa, obrigada, Renato, pela participação.
13:49Ele é de Guarapari.
13:50Quer saber se o autismo é genético?
13:53Sim.
13:54Quando a gente fala em genético, não quer dizer que é uma transmissão hereditária.
14:00É diferente.
14:01Então, não quer dizer que vai passar de pai para filho, de mãe para filho.
14:04Mas é uma doença genética.
14:06A gente fala de causa genética complexa.
14:09Ou seja, são várias alterações genéticas que estão distribuídas na população de uma maneira geral.
14:16Então, todo mundo tem um ou outro gene, uma ou outra alteração no material genético.
14:21E aí, em algumas pessoas, acontece um acúmulo desse material genético.
14:26A gente costuma dar o exemplo de um copo, né?
14:28Então, todo mundo vai ter bolinhas de material genético.
14:33E quando essas bolinhas, por uma coincidência que acumulou do material genético do pai e da mãe,
14:39quando essas bolinhas transbordam, aí é que aparece o sintoma do autismo, né?
14:45E nas meninas, o copinho é maior.
14:51Então, por isso que a gente vê mais incidência de autismo em meninos do que em meninas.
14:55Embora aconteça nos dois sexos, né?
14:58Nos dois gêneros.
14:59Mas, a gente vê que os meninos, o copo deles, a gente fala, é menor.
15:03Então, é mais comum.
15:05Perfeito.
15:05Chegou uma pergunta aqui para a Gabi, também.
15:08Tem uma telespectadora, a Paula de Santana.
15:11Ela é de vitória.
15:13Ela quer saber quais os maiores desafios, Gabi, que você e seu esposo enfrentam no dia a dia com o pequeno.
15:20E mandou um abraço para você.
15:21Obrigada pela participação.
15:23Um dos maiores desafios é a rotina, que é bem intensa.
15:30Para uma criança de seis anos, ele acorda, eu levo para a terapia, ele faz terapia de oito a meio dia.
15:35Aí eu levo para um sala, levo para a escola.
15:38Então, a rotina é bem cansativa para ele.
15:40A gente também tem dificuldade com outras crianças, né?
15:46A gente tem outras crianças da mesma idade na família.
15:51Ele não brinca, então também é uma dificuldade.
15:56Com as terapias, para você conseguir vaga.
16:01A terapia, eu preciso de uma especialidade diferente.
16:05Também, eu não sei o que aconteceu, mas temos muitas crianças, né?
16:11Às vezes, vaga é difícil para você conseguir.
16:14Até profissionais também.
16:17Profissionais para atender como o neuro é difícil para marcar, porque tem uma demanda muito grande.
16:25Então, a espera é grande.
16:27Profissionais mesmo para atender na escola também.
16:29Foi muito difícil conseguir.
16:31A gente só conseguiu esse ano, a gente tentou há bastante tempo, a gente só conseguiu esse ano.
16:38E o plano de saúde também é uma outra dificuldade que a gente tem.
16:42Liberar os exames e as terapias, né?
16:44É um grande desafio para muitas famílias.
16:46Sim, muito difícil.
16:47Imagina, Gabi, que realmente não deva ser fácil.
16:50Tem outra pergunta que chegou aqui para a doutora.
16:53Quem fez foi a Camila Cardoso.
16:55Ela é de Santa Mônica, Vila Velha.
16:57Obrigada pela participação, tá Camila?
16:59Minha neta tem um ano e seis meses, só fala papai e mamãe.
17:05Isso está nos preocupando.
17:07É precoce procurar um médico um ano e seis meses?
17:11Não, não é precoce.
17:12Com um ano e seis meses, tá ok ela falar papai e mamãe.
17:17Tem que ver se ela tá falando de forma funcional, né?
17:19Quando ela fala mamãe, papai, ela tá querendo de fato chamar o pai e a mãe.
17:24É quando ele entra em casa, né?
17:27É quando ela vê o pai e a mãe.
17:29Então, tem que avaliar.
17:30E com essa idade, a gente já espera que tenha alguma outra palavrinha já entrando nesse vocabulário.
17:37Assim, água, né?
17:39Dá.
17:40Então, assim, começa a ensinar a sua netinha a apontar para as coisas que ela quer e pedir dá.
17:46Começa a estimular ela, quando você perceber que ela quer alguma coisa, tenta estimular ela a falar aquilo que ela quer.
17:54Ah, você quer água e não só entregar, porque a gente vai conhecendo os nossos filhos e netos, né?
18:00A gente, só pelo choro deles, a gente já sabe o que eles querem.
18:04E às vezes, por correria do dia a dia, pra facilitar, a gente entrega.
18:07Mas é bom estimular.
18:09E se a dúvida permanecer, acho que vale a pena uma avaliação mais detalhada, né?
18:14Com certeza.
18:16O que seria essa falta de interação social?
18:19Quando a gente fala, ah, interação social, explica pra quem tá em casa, na prática, o que isso significa?
18:27Tá.
18:28Vamos falar em crianças pequenas, né?
18:30Então, uma criança, quando vê outra criança, geralmente ela tem interesse de ficar próximo,
18:38de ficar perto, de dividir algum brinquedo, de ver o que o outro coleguinha tá vendo.
18:43A criança com autismo, muitas vezes, embora não sejam todas, mas a maioria,
18:49elas mostram um certo desinteresse por outras crianças da mesma idade, né?
18:54Elas preferem brincar sozinhas, né?
18:57E mesmo com adultos também, a gente vê que muitas vezes elas buscam a comunicação do adulto
19:04só praquilo que ela precisa.
19:05Então, não é uma criança que costuma, assim, pegar o brinquedo e chamar o pai pra ir brincar, né?
19:11Uma criança que geralmente busca o pai e a mãe pra algo que ele quer, pra algo que ele precisa.
19:16Uma necessidade, né?
19:17Uma água, um biscoito.
19:19Então, a gente vai notando esses sinais.
19:20Assim, a falta de interesse ou até mesmo dificuldade de brincar com outras crianças, né?
19:27Alguns autistas querem, até tentam fazer essa interação, mas tem dificuldade desse jogo, né?
19:33De aceitar, trocar o brinquedo, né?
19:36De se comunicar da forma correta.
19:39E também com os adultos, a gente vê que a comunicação geralmente é mais pra atender alguma demanda,
19:44alguma necessidade.
19:46Tem uma pergunta aqui da Jéssica Fonseca, ela participou por meio do nosso YouTube, que é pra Gabi.
19:51A Jéssica quer saber, Gabi, como é a alimentação hoje do Felipe?
19:56Então, a alimentação do Felipe, ele tem algumas preferências.
20:02Eu não gosto de colocar como uma...
20:06Seletividade.
20:07Seletividade alimentar, porque ele come de tudo.
20:10Só que ele tem as preferências dele.
20:13Ele gosta de comida mais sequinha.
20:17Arroz, farofa e uma carne mais sequinha.
20:20Feijão, ele não gosta, mas eu escondo, ele consegue comer.
20:24Então, assim, eu não tenho problema com a alimentação dele, graças a Deus.
20:28Perfeito.
20:28Mas algumas crianças até...
20:29Bastante.
20:30Apresentam, né?
20:31É, bastante seletividade alimentar.
20:33Pode ser um sinal a seletividade alimentar?
20:35Também é um sinal.
20:36Também é.
20:37Que mostra um padrão de comportamento mais restrito, né?
20:40Então, querer comer sempre as mesmas coisas.
20:43E quando a gente fala de mesma coisa, é a mesma coisa mesmo.
20:46Então, assim, o biscoito tem que ser com a mesma cor de embalagem.
20:51Se mudou a marca, algumas crianças já acham que não é a mesma coisa, né?
20:55É uma dificuldade de experimentar o novo.
20:58Além disso, pode ter questões sensoriais também, né?
21:00Como ela falou, algumas texturas, às vezes, a criança não tolera, né?
21:04E aí, nesses casos, é importante ter uma avaliação, um acompanhamento.
21:11Porque a criança autista, não adianta você falar assim, olha, tem isso aqui pra você comer.
21:15Se não comer, vai ficar com fome.
21:17Igual as outras crianças que geralmente acabam cedendo, né?
21:20Porque é uma preferência, não uma seletividade.
21:23E comendo o que tem ali disponível.
21:25A criança autista, não.
21:26Se você colocar pra ela algo que ela não come, assim, de repente, ela vai ficar com fome.
21:31Não vai comer, né?
21:32Então, tem que ser sempre uma aproximação gradual, que a gente fala, né?
21:37A gente vai apresentando os alimentos de forma muito gradual.
21:41Primeiro, o toque, o cheiro, a textura.
21:45Aí, depois, coloca no prato.
21:47Aí, depois, mistura com a comida.
21:49E, aos poucos, até que a criança consegue introduzir aquele alimento na sua rotina.
21:55E tem que ser um alimento por vez.
21:57Existem fonoaudiólogos, né?
21:59Terapeutas ocupacionais que trabalham especificamente com essa área.
22:03Porque, em algumas crianças autistas, a seletividade é muito grave.
22:07Eu atendi uma criança que já estava com 12 anos e que ela só comia, no almoço e no jantar, miojo com requeijão.
22:14Só.
22:15Viajava, a mãe tinha que levar miojo e requeijão.
22:18E, assim, a mãe já tinha tentado de tudo.
22:20Então, casos muito graves, às vezes, precisam de um acompanhamento.
22:24Perfeito.
22:26Meninas, nosso tempo praticamente acabou.
22:28Eu quero agradecer muito a presença de vocês.
22:31O Felipe está aqui no estúdio, tá, gente?
22:33Se comportou super bem.
22:35Não sei se ele quer ver.
22:36Vem cá, Felipe.
22:37Para a gente encerrar juntos o Tribuna Manhã.
22:39Obrigada pela participação, meninas.
22:41Felipe, um beijo para você.
22:43Tá bom?
22:43Está super concentrado ali no joguinho dele.
22:47Felipe é um príncipe.
22:48E até a próxima, tá, pessoal?
22:50Obrigada aí.
22:51A gente teve uma aula com vocês duas no Tribuna Manhã, nessa quarta-feira.
22:55Vamos dar tchau juntos ali, ó, gente.
22:57Beijo para vocês.
22:59E até amanhã, às 8h15.
23:01Isso.

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