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Luiz Felipe D’Avila, Roberto Motta e Cristiano Beraldo avaliaram os depoimentos ao Supremo Tribunal Federal (STF) do ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), Alexandre Ramagem, e o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid.

Assista na íntegra: https://youtube.com/live/fhrKTmF4p4c

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Transcrição
00:00Nogramos pingos nos is, cobertura especial, Supremo Tribunal Federal,
00:03começando essa fase de interrogatório dos réus que são acusados de planejarem um golpe de Estado.
00:11Agora quem fala é Alexandre Ramagem, deputado federal,
00:14mas que foi diretor-geral da ABIN, Agência Brasileira de Inteligência,
00:19na administração de Jair Bolsonaro.
00:21Antes, acompanhamos aqui na Jovem Pan o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid,
00:26interrogado por várias horas, inclusive respondendo aos questionamentos feitos
00:30pelo Procurador-Geral da República, pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes,
00:35além dos advogados dos demais réus.
00:38Enfim, a gente vai seguir acompanhando o depoimento de Alexandre Ramagem,
00:42sendo questionado nesse momento pelo ministro Luiz Fux,
00:46mas também traremos as análises dos nossos comentaristas.
00:50Roberto Mota ao vivo aqui com a gente em São Paulo.
00:52Mota, vários aspectos para a gente analisar, o que mais lhe chamou a atenção
00:56no depoimento de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, enfim,
01:00o que é preciso ser considerado nesse momento?
01:04O que a gente viu foi um interrogatório bastante detalhado,
01:09fazendo perguntas sobre declarações, sobre ações locais, documentos,
01:17uma tentativa de criar um fio condutor para essa ação.
01:27No caso do Mauro Cid, eu não vi muita novidade.
01:32Mais ou menos tudo o que a gente já sabia.
01:35Em vários momentos, o Mauro Cid se posicionou bastante claro,
01:40em outros ele não se lembrava das coisas,
01:43o que é normal, porque qualquer um de nós tem dificuldade de lembrar
01:47de acontecimentos nesse nível de detalhe.
01:51Aqui no caso do Ramagem, ele também está sendo confrontado
01:55com uma série de documentos
01:58e está dando explicações sobre envolvimento ou não da ABIN,
02:05o uso da ABIN para levantar informações.
02:08De novo, nada de novo, não há nenhuma novidade aqui.
02:11E o que a gente fica pensando é onde que esse processo vai levar.
02:18Onde esse relatório, onde esse interrogatório vai chegar.
02:23O país está passando por um período muito confuso.
02:27É difícil a gente olhar para esses processos que estão acontecendo
02:31e imaginar que isso vai levar o Brasil para um lugar melhor.
02:36Eu vejo aí uma mistura de várias questões, principalmente uma questão política.
02:43Eu continuo achando que o tribunal não é o melhor lugar para se resolver questões políticas.
02:50Isso está tudo misturado nesses inquéritos aí.
02:53Muitas vezes parece que o que está sendo feito é um julgamento,
02:59não de uma tentativa de golpe, mas um julgamento das pessoas,
03:04de uma forma geral, do governo passado.
03:07Está tudo muito misturado aí.
03:09Eu tenho dificuldade de ver como o Brasil vai sair dessa confusão.
03:13Iniciada a fase de interrogatório aqui no Supremo Tribunal Federal,
03:19as figuras que são acusadas de supostamente planejarem um golpe de Estado.
03:24E, nesse momento, quem fala é Alexandre Ramagem.
03:26É deputado federal, mas foi o chefe da BIM,
03:29diretor-geral da BIM, Agência Brasileira de Inteligência,
03:33na administração de Jair Bolsonaro.
03:35Chama agora o Luiz Felipe Dávila, que também acompanha,
03:39desde as primeiras horas da tarde,
03:41primeiramente o depoimento de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens,
03:45e agora Alexandre Ramagem.
03:47Você, Dávila, seja bem-vindo.
03:49Ótima noite a você.
03:50É importante só a gente lembrar a nossa audiência
03:52que Mauro Cid fechou um acordo de delação premiada.
03:56Então, o que ele revelou no dia de hoje
03:58precisa corresponder ao que foi dito à Polícia Federal.
04:02Enfim, o que mais lhe chamou a atenção,
04:04a versão dele parece comprometer algumas figuras,
04:07algumas pessoas, Dávila?
04:10Boa noite, Caniato, a nossa audiência.
04:12Eu vi a declaração de Mauro Cid,
04:15uma resposta sempre técnica, às vezes não se recordando,
04:20e, na verdade, era uma colocação
04:23para tentar ali mostrar o que ele se recordava
04:27de fatos em medidas importantes na história.
04:30Eu não vi ali nada diferente, muito,
04:33do que já foi dito nos seus depoimentos
04:36para a Polícia Federal, para a própria Procuradoria
04:39e para o próprio ministro Alexandre de Moraes.
04:41Agora, o que me chama a atenção um pouco
04:44é o depoimento do deputado Ramagem.
04:47De um lado, ele mostrando que, como chefe da Abin,
04:52é uma pessoa que sempre prezava pelas instituições,
04:56sempre defendia as instituições,
04:58mas as suas mensagens pessoais eram altamente comprometedoras.
05:04Ou seja, eu vejo uma dissonância
05:08entre o que ele pensava no que ele diz no privado
05:11e a sua justificativa como atuação
05:15como diretor-geral da Abin.
05:16Então, isso é algo que, certamente,
05:19vai alimentar vários questionamentos.
05:22Então, apesar de ele dizer que não enviou as mensagens,
05:26que aquilo eram notas de cunho pessoal,
05:29elas são notas de cunho pessoal,
05:31mas altamente preocupantes o seu entendimento
05:33do que era o sistema eleitoral,
05:35do que é a questão das urnas eletrônicas.
05:39Então, me chamou muita atenção.
05:42A mim, essa diapasão, essa assimetria,
05:45essa dissonância entre a sua visão pessoal dos fatos
05:50e a sua justificativa sempre respondendo as perguntas
05:54como um diretor-geral,
05:55que era uma pessoa que, de certa forma,
05:57está ali representando a instituição Abin
06:02e respeitando as demais instituições.
06:06Coisa que ele contesta um pouco na sua visão privada.
06:10Interrogatórios com os acusados de integrarem
06:12o chamado núcleo principal da suposta tentativa
06:16de planejar um golpe de Estado.
06:18Cristiano Beraldo também ao vivo com a gente.
06:20Você, Beraldo, suas ponderações.
06:22Tivemos um interrogatório com Mauro Cid
06:24e agora Alexandre Ramagem.
06:27Boa noite, Caniato.
06:28Boa noite, Dávila, Mota.
06:30E boa noite a nossa audiência que prestigia diariamente
06:32os pingos nos is.
06:34Caniato, eu acho interessante a gente destacar,
06:37primeiro, no depoimento de Mauro Cid,
06:41a sua constante preocupação em não cair em contradição.
06:45Claramente nervoso, no sentido de medir as suas palavras,
06:52sempre fazendo um cálculo com aquilo que está na sua delação premiada.
06:57A gente precisa lembrar, e aliás, isso foi, inclusive,
07:00objeto de arguição ali em um determinado momento,
07:04que Mauro Cid teve uma conversa privada revelada
07:07em que ele declarava que havia sido pressionado
07:11para falar determinadas coisas em sua delação premiada.
07:15Então, caso caia em contradição,
07:19uma vez que ele teve o benefício da delação premiada,
07:21ele, obviamente, pode perder esses benefícios e ser preso novamente.
07:26Em relação a Alexandre Ramagem,
07:29ele é um delegado da Polícia Federal,
07:32bastante habituado a esses momentos de tensão.
07:36Ele tem demonstrado ali um conhecimento profundo desse processo,
07:42as suas declarações, os documentos, faz referência,
07:45por vezes diz que o documento ao qual se refere o ministro Alexandre de Moraes
07:51não está no processo.
07:52Enfim, então ele é bastante preparado e tentando passar uma segurança,
07:56tentando passar uma firmeza,
07:59mesmo diante de uma situação em que,
08:02como destacou bem o Dávila,
08:04é difícil você dizer que aquelas anotações
08:08são anotações que ele não discutiu aquilo com ninguém.
08:11São opiniões bastante firmes
08:14em relação a determinados assuntos
08:16que são objeto desse processo.
08:21Agora, tem duas outras questões importantes
08:24para serem declaradas.
08:26Primeiro, eu acho não só um constrangedor,
08:33mas também uma demonstração do que é a nossa justiça hoje
08:38quando se tem depoimentos que tratam
08:41de um possível plano para aprender
08:45e documentos que criticam, que tecem críticas diretas
08:50ao ministro e seus familiares
08:54e o próprio ministro conduz esse processo,
08:58esse julgamento.
09:00E isso, obviamente, gera um sentimento diferente do julgador,
09:05o que é natural do ser humano.
09:07Não me parece razoável que o juiz,
09:14que era o objeto de uma eventual prisão,
09:18enfim, era isso que se discutia ali,
09:21segundo o depoimento de Mauro Cid,
09:24ele próprio esteja ali ouvindo os depoimentos
09:26e atuando como o relator desse processo.
09:32Então, eu acho que isso demonstra o que é a justiça brasileira hoje,
09:37o ponto que chegamos.
09:39Esse julgamento deveria ser conduzido
09:41por aqueles juízes que não estão citados.
09:45Caso contrário, você desperta uma tendência
09:48a suas emoções pessoais interferirem no julgamento da lei,
09:54que é o que basta.
09:54E outra coisa que eu queria destacar
09:56é que há uma confusão ao que parece,
09:59eu não sou advogado,
10:02mas há uma confusão ao que parece
10:04no que diz respeito a opiniões e aos atos.
10:08Você não pode pegar uma opinião,
10:10por mais que seja uma opinião absurda,
10:12por mais que seja uma opinião dura,
10:13é uma opinião.
10:14As pessoas têm que ter a liberdade
10:17de terem a sua opinião.
10:19Mas ter opinião não pode ser criminalizado
10:22e é preciso se ater aos atos concretos
10:26que estejam em desacordo com a lei.
10:30E me parece que há ali um caminho
10:34para usar de determinadas opiniões
10:37para colocar os réus
10:40numa posição de cometimento de crime
10:43e é preciso ter muito cuidado em relação a isso.
10:45Pois é, foi na parte final, inclusive,
10:48do depoimento de Mauro Cid
10:49dizendo ao ministro do Supremo
10:51que militares o xingaram em uma reunião.
10:56E aí ele acabou justamente questionando
10:59em relação a esse momento.
11:01Olha só, vamos acompanhar mais a manifestação,
11:05possivelmente do advogado de Alexandre Ramagem.
11:08Daqui a pouco a gente volta
11:09e traz outras análises com os nossos comentaristas.
11:12Vamos seguir acompanhando.
11:14Fala neste momento do advogado de Alexandre Ramagem.
11:18Após outubro de 2022,
11:20como foram os seus meses, assim,
11:22sua perspectiva pessoal e profissional,
11:24sobretudo em novembro e dezembro de 2022?
11:28Por favor.
11:30Sim.
11:31Em março de 2022,
11:34eu me afastei,
11:35fui exonerado em 30 ou 31 de março
11:37para concorrer ao pleito eleitoral
11:40para deputado federal no Rio de Janeiro.
11:43Tirei licença para eleitoral,
11:46fiz pré-campanha e campanha.
11:48Todos nós sabemos
11:49como é árduo, difícil o trabalho
11:52em uma campanha eleitoral.
11:55E eu, que não era muito conhecido,
11:57é uma campanha que você tem que realmente
11:59se dar à população,
12:03viajar, mostrar quem é,
12:06mostrar seus propósitos,
12:07trabalhar e, felizmente,
12:11eu fui eleito deputado federal
12:12e não fui dos mais votados.
12:16O Rio de Janeiro tem 46 deputados,
12:18eu fui ali pelo 30 e pouco,
12:20mas eu tive a grande vitória
12:21de ter votos em todos os municípios
12:24do Rio de Janeiro.
12:25Isso demonstra um trabalho que foi feito
12:27de credibilidade.
12:32Eu não tive contato mais
12:36com a administração pública,
12:38nem de alto nível,
12:40nem de, como servidor público,
12:42eu me dediquei exclusivamente.
12:44Não tive contato,
12:45não estive em reuniões,
12:48não estive em planejamentos,
12:50não estive em nenhum desses momentos.
12:53Após o pleito eleitoral,
12:55ainda para o segundo turno,
12:56eu me mantive no Rio de Janeiro.
12:57E nas eleições era a morte
13:01de alguns deputados
13:02falar de urnas eletrônicas,
13:04não foi o meu,
13:05eu não toquei no assunto
13:06urnas eletrônicas.
13:08E continuei no segundo turno
13:10para auxiliar,
13:11dar a minha contribuição
13:12ao segundo turno,
13:15no Rio de Janeiro,
13:16ao candidato a presidente,
13:18o Jair Messias Bolsonaro.
13:20Com a derrota,
13:22eu tenho residência no Rio,
13:25e tenho residência aqui em Brasília.
13:27No ano eleitoral de 2022,
13:29as minhas filhas ainda estavam
13:30estudando aqui em Brasília.
13:32Eu retornei a Brasília,
13:33não apenas por causa disso,
13:35mas porque eu já não estava mais na BIM.
13:38E acabou a minha licença eleitoral.
13:40Eu me apresentei na Polícia Federal
13:42e cumpri meu serviço
13:44na Polícia Federal
13:44algumas semanas,
13:46tirei uma parcela de licença capacitação
13:48e tirei férias em janeiro.
13:51Eu me dediquei em dezembro
13:53a montar meu gabinete.
13:56É uma virada de chave completamente,
13:58todos devem presumir isso.
14:00E montar o gabinete em Brasília,
14:03você precisa do componente técnico,
14:05o administrativo.
14:06Eu me dediquei
14:08muito a essa questão.
14:10Foi...
14:12Não é isso.
14:15Excelência, obrigado.
14:16Sem mais perguntas.
14:17Agradeço, doutor Paulo Renato.
14:20Eu passo na sequência a palavra
14:22ao doutor Demóstres Torres.
14:27Sem perguntas, excelência.
14:28Agradeço, doutor Demóstres.
14:30O doutor Eomar Novak.
14:34Sem perguntas, excelência.
14:35Obrigado.
14:35Agradeço, doutor Eomar.
14:37Doutor Matheus Milanese.
14:39Sem perguntas, excelência.
14:40Obrigado.
14:40Agradeço, doutor Celso Vilardi.
14:43Sem perguntas, excelência.
14:44Agradeço, doutor Andréu Farias.
14:48Sem perguntas, excelência.
14:50Agradeço, doutora Milena Gaudiano.
14:53Boa noite, excelência.
14:55Boa noite, ministro Luiz Fux.
14:57Doutor Paulo Gonê.
14:58Colegas advogados, demais presentes.
15:01Sem perguntas também pela defesa
15:02do general Braganeto.
15:05Então, eu agradeço, doutor Paulo Renato Garcia
15:08Cintra Pinto.
15:09Agradeço ao senhor Alexandre Ramagem.
15:12Muito obrigado, senhor.
15:14São dez para as oito.
15:17Nós não vamos iniciar aqui mais um interrogatório,
15:22porque aí nós poderemos progredir muito no horário.
15:26Então, nós vamos encerrando os interrogatórios
15:29na data de hoje.
15:31Eu suspendo a presente audiência.
15:33Vamos retomar amanhã, conforme já previamente agendado,
15:36dia dez do seis às nove horas,
15:38onde continuaremos com os interrogatórios da ação penal
15:41vinte e seis meia oito, começando pelo réu Almir Garnier Santos.
15:47Ministério Público, partes, advogados devidamente intimados,
15:52e como já estamos aqui falando há mais de três semanas,
15:55nos termos do artigo quatrocentos e cinco,
15:57parágrafo primeiro do Código de Processo Penal,
15:59a audiência foi registrada no sistema de audiovisual,
16:03a mídia e toda a transcrição,
16:05tudo será juntado aos autos,
16:07então não há necessidade de assinatura.
16:11Eu agradeço a todos os advogados a presença,
16:14agradeço a presença dos réus,
16:18agradeço a todos o doutor...
16:21Excelência.
16:21Obrigado.
16:22Agora saiu pela ordem.
16:23Desculpa.
16:23O senhor conseguiu a sua vaga na garagem?
16:27Isso, eu ia iniciar agradecendo esse ponto.
16:31Muito obrigado por esse ponto.
16:33Para nós facilita bastante,
16:35porque realmente é complicado a entrada.
16:37Cerrado o primeiro dia de interrogatório
16:39dos réus que são acusados de supostamente planejarem
16:43um golpe de Estado,
16:44acompanhamos na íntegra,
16:45aqui na Jovem Pan News,
16:47o interrogatório de Mauro Cid,
16:49ex-ajudante de ordens,
16:50e também de Alexandre Ramagem,
16:52que foi, na administração de Jair Bolsonaro,
16:55o diretor-geral da ABIN,
16:57Agência Brasileira de Inteligência.
16:59Enfim, fizemos aqui um giro inicial,
17:03trouxemos as reflexões dos nossos comentaristas.
17:05Tem mais alguns aspectos que a gente precisa destacar e debater.
17:10Aqui vou até chamar o Roberto Mota,
17:12que está com a gente ao vivo no estúdio em São Paulo.
17:15Mota, o Beraldo fez um apontamento importante
17:18a respeito de algumas informações que foram levantadas
17:22por Mauro Cid em relação à pessoa que o questionava.
17:28Ele revelou ali informações que eram discutidas em uma reunião
17:33e o assunto era o ministro do Supremo Tribunal Federal.
17:37E o próprio ministro deu continuidade,
17:40questionando sobre o teor daquela reunião
17:45e o que eles falaram sobre o ministro,
17:49sobre a própria pessoa que questionava.
17:51E ele disse, bom, xingamentos,
17:53coisas que possivelmente o senhor já deve ter escutado.
17:57Essa relação curiosa,
18:00talvez em outros momentos,
18:02ou em outros lugares,
18:03ou em outras cortes,
18:05o jurista talvez se considerasse impedido
18:08de tocar aquela audiência.
18:12Queria que você refletisse um pouco sobre essa situação.
18:16É um ponto muito importante, Caniato.
18:19Esse evento que nós estamos testemunhando
18:22é em muitos sentidos inédito aqui no Brasil.
18:25É um evento com repercussões sérias e imprevisíveis.
18:31É um julgamento com conotações políticas.
18:36É impossível escapar disso.
18:39Mais uma vez,
18:40é um golpe que não houve.
18:42Esse golpe que está sendo julgado
18:44é um golpe que não mobilizou soldados,
18:48não colocou tanques nas ruas,
18:50não prendeu ninguém.
18:52Esse é o fato principal.
18:55O segundo fato principal
18:57é esse que você mencionou.
18:59É um juiz julgando um processo
19:03de um caso
19:05no qual ele seria potencialmente um alvo.
19:10Para muitos juristas,
19:12isso é absolutamente incompreensível.
19:15Pois é.
19:16Mauro Cid, ex-ajudante de ordens,
19:18disse ao ministro
19:19que em uma reunião com militares
19:21ele teria sido xingado.
19:24E aí o ministro questionou
19:27em relação ao tipo de conteúdo
19:29que tinha sido debatido.
19:31E aí Mauro Cid falou.
19:33O senhor foi muito criticado.
19:35E aí o ministro,
19:36até com um sorriso no rosto,
19:39uma certa ironia,
19:40perguntou só,
19:42mas o senhor tem que falar a verdade.
19:43E aí ele disse,
19:45mas eu estou acostumado,
19:46querendo dizer,
19:46fique à vontade,
19:47pode trazer a informação
19:49que for necessária.
19:50E aí,
19:51Mauro Cid disse o seguinte,
19:52as pessoas criticavam muito o senhor.
19:56As mesmas críticas que o senhor recebe,
19:58os mesmos xingamentos,
20:00de certa forma,
20:01passaram por ali.
20:03E aí ele finalizou.
20:04Tinha, assim, xingamentos,
20:06ah, esse cara é um desgraçado,
20:08coisas que o senhor já ouviu bastante,
20:10inclusive com fotos de figurinha,
20:12memes que são trocados pelo celular,
20:15nas redes sociais.
20:16Isso é maldável para trazer
20:17a sua impressão também
20:19em relação a esse aspecto
20:21que envolve o ministro do Supremo
20:23e também os questionamentos feitos
20:26sobre essas reuniões
20:28que tratavam justamente desse ministro, né?
20:32É, Caniato,
20:33é realmente inusitado
20:35no Estado Democrático de Direito
20:38um juiz julgar um caso
20:40no qual ele é uma das vítimas do caso.
20:44Então, isto realmente
20:45é algo que chama muito a atenção.
20:48Mas não é a única coisa.
20:50Nós já fizemos aqui
20:51no programa Pingos nos Is
20:53um grande histórico
20:55de desvios
20:57dos princípios basilares
21:00do Estado Democrático de Direito.
21:02A história de inquéritos sigilosos
21:05por tempo indeterminado,
21:07censura impostos em veículos e pessoas,
21:11cassação de direitos,
21:13de manifestação de opinião
21:15em redes sociais.
21:18Tudo isso são, na verdade,
21:20distorções e desvios
21:22do que está na Constituição,
21:24do que é garantido
21:25numa cláusula pétrea,
21:26que é o artigo 5ª Constituição,
21:28Caniato,
21:29no qual nem membros
21:31do Congresso Nacional
21:32e nem do Supremo
21:33podem mexer
21:34ou declarar inconstitucional,
21:36porque eles são como se fossem
21:38os princípios sagrados
21:39do Estado de Direito.
21:40Ali estão todas as liberdades individuais.
21:44E essas liberdades individuais
21:46foram colocadas nessa cláusula pétrea
21:49que é impossível de ser alterada,
21:52modificada ou declarada inconstitucional
21:55justamente porque ela retrata
21:58o trauma de um país
21:59que viveu durante tanto tempo
22:01sob um regime autoritário.
22:03Então, era um país que voltou
22:05a respirar a liberdade,
22:07a democracia,
22:08e fez questão de blindar isso
22:10de relativismo político
22:12ou relativismo jurídico.
22:15E, infelizmente,
22:16essa cláusula sagrada
22:17vem sendo tratada
22:19com esse relativismo,
22:21tanto político como jurídico,
22:23que choca a sociedade.
22:25Então, isso realmente
22:27ainda é um aspecto
22:29muito negativo
22:31de um processo
22:32que, infelizmente,
22:34mostra que
22:36a cláusula pétrea
22:37da Constituição brasileira
22:39continua a ser violada.
22:42Pois é,
22:42são oito acusados
22:43de integrarem esse núcleo principal
22:45da suposta tentativa
22:47de golpe.
22:49No dia de hoje,
22:50dois interrogatórios,
22:51Mauro Cid,
22:52ex-ajudante de ordens,
22:53e Alexandre Ramagem,
22:54que é o ex-diretor-geral
22:56da BIM.
22:56Nos próximos dias,
22:58a partir de amanhã,
22:59claro,
22:59acompanharemos
23:00os demais réus.
23:03Almir Gagné,
23:03que é o ex-comandante
23:04da Marinha,
23:05Anderson Torres,
23:06ex-ministro da Justiça,
23:08Augusto Heleno,
23:09que é o ex-ministro
23:09do GSI,
23:11depois Jair Bolsonaro,
23:12o ex-presidente,
23:14possivelmente,
23:15entre quarta e quinta-feira,
23:16Paulo Sérgio Nogueira,
23:17ex-ministro da Defesa,
23:19e Walter Braga Neto,
23:20ex-ministro e ex-vice
23:22na chapa
23:22de Jair Bolsonaro.
23:24Beraldo,
23:25assim,
23:25foi um depoimento
23:26muito longo,
23:27por exemplo,
23:28de Mauro Cidio,
23:29você fez essa observação
23:30sobre as contradições.
23:33Acredita que,
23:34em algum momento,
23:35houve nitidamente
23:36um erro
23:37por parte de Mauro Cidio,
23:38informações desencontradas?
23:40Ele caiu
23:41em contradição
23:42em algum momento?
23:43Muitas pessoas
23:44apontaram
23:45que as perguntas
23:47feitas em relação
23:47aos depoimentos
23:48da Veja,
23:49os áudios vazados
23:50na revista Veja,
23:52esse talvez tenha sido
23:52um momento
23:53em que ele pareceu,
23:55ou transpareceu
23:56um certo nervosismo?
23:58Queria que você
23:58trouxesse as suas impressões
24:00em um minuto e meio.
24:02Neto,
24:03me parece que,
24:04em vários momentos,
24:05esse nervosismo
24:06ficou evidente.
24:08Mas,
24:08ao mesmo tempo,
24:10me parece
24:10que não há ali
24:11uma vontade
24:13de expor
24:14essas contradições.
24:16E aí,
24:17há,
24:17claro,
24:18a expectativa
24:19de que a tese
24:20da Procuradoria-Geral
24:21da República
24:22se confirme,
24:23ou seja,
24:24que houve ali
24:25uma discussão
24:28desse golpe
24:30de Estado
24:30que tentou ser
24:32concretizado
24:33no 8 de janeiro.
24:34Resumidamente,
24:35a tese é essa
24:36e há ali uma,
24:38ao que parece,
24:39uma aparente
24:40disposição
24:41para que essa tese
24:42seja confirmada.
24:44Então,
24:44o depoimento
24:45de Mauro Cid
24:46é fundamental
24:47para isso
24:48e não haverá
24:50uma forçação
24:51de barra
24:51para que ele seja
24:52pego na contradição.
24:54Mas tem um outro lado
24:55também,
24:55quer dizer,
24:56as pessoas
24:57que viveram
24:58determinados momentos
25:00que estão sendo
25:01agora objeto
25:02desse,
25:03dessa avaliação
25:04e busca
25:05dos pormenores,
25:07não necessariamente
25:08guardaram
25:09todos os detalhes.
25:10É muito difícil
25:11pegarmos nós aqui,
25:13qualquer pessoa,
25:14dizer,
25:14olha,
25:14há três anos,
25:16quando você
25:17foi tomar um café
25:18e você encontrou
25:18uma pessoa
25:19que estava saindo
25:20do elevador,
25:21você disse,
25:22olá,
25:23boa tarde,
25:23boa tarde,
25:24como vai?
25:25Então,
25:25assim,
25:25é muito difícil
25:26você chegar
25:27nesses pormenores
25:28e as pessoas
25:29às vezes falam
25:30uma coisa,
25:31às vezes falam outra,
25:31isso é natural
25:32do processo.
25:33Mas,
25:34Caniato,
25:34de novo,
25:35eu acho que
25:36o pelo que a gente
25:37viu hoje,
25:39há um excesso
25:41de dedicação
25:42de tempo
25:43para buscar
25:45opinião
25:45das pessoas,
25:47dos envolvidos
25:48e eu
25:49não vi
25:51um grande
25:52esforço
25:53nos detalhes
25:54necessários
25:55para materializarem
25:57um cometimento
25:59de crime
26:00efetivo,
26:01isso ainda
26:01precisa
26:02acontecer
26:03nos próximos
26:04depoimentos.
26:04de novo.

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