Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor de política monetária do BC, comenta o déficit público brasileiro e fala em "círculo vicioso" ao criticar o que ele chama de "penduricalhos" sob o salário mínimo.
Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/
Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews
Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp:
https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S
Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/
Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews
Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews
Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/
TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews
Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews
#JovemPan
Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/
Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews
Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp:
https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S
Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/
Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews
Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews
Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/
TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews
Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews
#JovemPan
Categoria
🗞
NotíciasTranscrição
00:00Ô Luiz Fernando, tem três pontos importantes aí nessa produtividade que a gente precisa olhar, né?
00:05Primeiro é a questão tributária. O que você acha dessa reforma tributária que está em discussão ainda no Congresso,
00:12mas se isso vai ajudar a melhorar ou não a produtividade?
00:16Afinal de contas, o atual sistema tributário, nós temos 70% do PIB em judicialização.
00:21Então é um péssimo sistema tributário para ganho de produtividade e competitividade
00:25e a história dos impostos cumulativos, que é outro grande problema.
00:28Então primeiro, como é que você vê a questão tributária?
00:30Depois eu queria te escutar sobre dois outros temas, a trabalhista e a educação.
00:34Mas vamos começar pela tributária.
00:35A tributária, ela tem três aspectos, tá?
00:38Um aspecto é o tamanho do Estado, ou seja, quanto é que custa o Estado?
00:43Isso não está em discussão.
00:45O Estado hoje gasta muito, mas ele...
00:48Desculpa, ele arrecada muito, mas ele gasta muito.
00:52Então isso não dá para discutir, infelizmente.
00:54A outra vertente é entre indústria, serviços, entre os agentes, os estados, municípios, etc.
01:06Essa discussão entre quem fica com mais ou com menos da fatia do bolo.
01:10Que a gente tem uma série de distorções.
01:12Por exemplo, a indústria hoje paga muito mais tributo do que deveria comparado com serviços.
01:17Isso deveria ser discutido.
01:20É uma discussão difícil, pouco se avançou nesse sentido.
01:25Então, o primeiro, nada.
01:27O segundo aspecto, um pouco se discutiu, mas não tanto.
01:32E o terceiro é que é um caos o nosso sistema.
01:35Você tem vinte e tantas legislações.
01:39Cada Estado tem uma legislação diferente.
01:41A grande vantagem dessa reforma é que ela nos tira do caos para uma coisa quase que razoável.
01:49Que é uma grande melhora.
01:52Embora a gente não vai ter um regime caro, mas muito mais simples.
01:59O único problema é que a transição ficou longa demais.
02:03E daí você vai ter que conviver com dois sistemas.
02:05Então, num primeiro momento, você até perde um pouco de produtividade até você alcançar, vamos dizer, o final da transição.
02:12Acerta o seu posto de valor agregado total.
02:14Exatamente.
02:15Mas, sem dúvida, é um avanço.
02:18Fala, para um sistema bom?
02:21Não.
02:22É semi-bom.
02:23Mas o que a gente tem hoje é um caos.
02:25Mas, certamente, o próximo governo vai ter que discutir o tamanho do Estado brasileiro.
02:29Não tenho dúvida.
02:31Por quê?
02:32Primeiro que o Brasil gasta como um país desenvolvido.
02:35Para dar uma ideia, nós gastamos em torno de 35% do PIB.
02:40A média dos emergentes é entre 20% e 25% do PIB.
02:44A segunda coisa é que os gastos não discricionários são quase 95% do orçamento.
02:55Agora, pense o seguinte.
02:55Você vai para uma empresa, você se tornou o presidente da empresa, o CEO da empresa e tal.
03:00Aí, legal, você tem plenos poderes, etc.
03:02Só tem um problema.
03:04Do seu orçamento, 95% amarrado, você não pode mexer.
03:08O que você vai fazer?
03:09Tem muito pouco a fazer.
03:11Então, esse aspecto é um aspecto que tem que ser mexido.
03:14Você olha outros países.
03:16O gasto que é livre é 20%, 25% do orçamento.
03:20Para você implantar o seu sistema de governo.
03:23Então, assim, primeiro, a gente arrecada demais.
03:27Então, o espaço do Estado no nosso PIB é grande demais.
03:33Para um país emergente, mais ainda.
03:35Dois, você tem isso que você não consegue ter gastos discricionários suficientes
03:41para você fazer uma boa plataforma de governo.
03:42E três, que a gente continua tendo uma dívida que não para de subir.
03:49Ou seja, as receitas, mesmo altas, elas não estão dando conta das despesas.
03:56Por quê?
03:57Porque a gente tem um sistema hoje que ele é todo amarrado
04:01e totalmente indexado com ganhos reais definidos.
04:06Às vezes, você pode dar um ganho real para o salário mínimo
04:10porque você está em um momento muito bom do país.
04:13Mas, às vezes, você não pode dar.
04:16Só que isso carrega também a aposentadoria.
04:18Você carrega um monte de penduricalhos em cima do salário mínimo.
04:21Então, isso tudo vai ter que ser reolhado.
04:25No final, a questão fiscal que hoje é tão relevante,
04:28porque daqui a pouco as pessoas vão começar a ter dúvidas sobre o tamanho da dívida,
04:32ela não é tão complicada.
04:34Você está falando 2,5%, 3% do PIB.
04:36Que você consegue tirar algumas coisas, tipo isenções,
04:41como a ideia do Arminio de segurar um pouco o salário mínimo, etc.
04:47Mas, com esse ajuste de 2,5%, 3% do PIB
04:51e a dívida mudando a trajetória,
04:54a taxa de juros reais poderá ser muito mais baixa.
04:57Então, no final, o déficit nominal, que hoje é 10% do PIB,
05:01talvez um dos maiores do mundo,
05:02pode vir para 4% com uma certa facilidade.
05:05Então, esse aspecto é um aspecto que nos tira desse ciclo vicioso
05:11e nos traz para um outro ciclo,
05:13que daí você consegue pensar em qualidade do gasto,
05:16pensar em tamanho do Estado.
05:18O que a gente precisa é sair desse momento meio emergencial
05:21que a gente tem hoje uma situação fiscal que é insustentável.
05:25Então, você começa por aí que não é difícil você querer.
05:29Esse governo não quer.
05:32Mas não é difícil de fazer.
05:34E depois você consegue mexer em todas as outras questões que são muito relevantes.
05:38Ou seja, está na hora do Estado realmente levar um certo chacoalhão
05:42e ser repensado.
05:44Agora, Luiz Fernando, o Brasil vai precisar de um presidente à Lamilei o próximo ano
05:49para diminuir esse tamanho do Estado.
05:51Porque, no fundo, nós estamos falando, primeiro,
05:53temos esse engessamento da indexação do salário mínimo a todos os benefícios,
05:57que representa 60% de todas as despesas públicas.
06:01Então, na hora que a coisa piora, não tem como reduzir.
06:04Esse é o primeiro ponto que você tocou.
06:06O segundo são as emendas parlamentares.
06:07Você se lembra muito bem que estava no Banco Central naquela época
06:11que, no plano real, o Fernando Henrique fez um malabarismo
06:16para ter um fundo social de emergência
06:18que era para garantir 20% do orçamento discricionário para investimento.
06:23Hoje, as emendas parlamentares representam 24% do orçamento
06:28que já foram capturadas e acabam indo de maneira pouco transparente
06:32para questões paroquiais.
06:33Será que nós temos coragem de ter um mileio para cortar aí
06:382%, 3% do PIB do gasto do Estado brasileiro?
06:42Olha, eu acho que provavelmente teremos.
06:47Mas não vai ser aí.
06:49Mexer nesse vespeiro das emendas, eu acho muito difícil.
06:54E, no final, é um pouco ter o Congresso contra o governo.
06:58Então, eu não acho que seja por aí.
07:00Eu acho que a redução pode se dar.
07:03Uma parte via isenções que são enormes hoje.
07:07As isenções são 650, 700 bilhões por ano.
07:11Então, tem muito espaço ali.
07:13E depois, você segurar aumento de gastos.
07:16Então, ao longo do tempo, você chega lá.
07:18E a desconstitucionalização de despesas, a desobrigação.
07:21É, o Pércio Arida, ele tem uma visão, que eu acho que é uma visão muito correta.
07:26Vamos tirar da Constituição tudo que é assunto econômico.
07:30Porque é muito...
07:31Ah, não.
07:32Vamos engessar para não ficar ruim.
07:34Não.
07:35Quando está ruim, você não consegue arrumar, porque você precisa mudar a Constituição todas as vezes.
07:39Então, você deveria mudar o grau de dificuldade para mexer nas questões mais econômicas.
07:46Mas tem um aspecto das emendas que eu não acho de todo ruim.
07:51Deixa eu explicar o que eu quero dizer.
07:53Claro que elas têm que ser completamente transparentes.
07:56Então, isso não tem discussão.
07:57Está errado.
07:58Precisa ser completamente transparentes.
08:00E, na minha visão, elas são grandes demais.
08:03Não sei se dá para mexer nisso, mas elas são grandes demais.
08:06Mas tem um outro aspecto que existia antes uma certa chantagem do Executivo com o Legislativo.
08:15Tipo, olha, eu não te dou o pirulito, eu não te dou a emenda.
08:19E daí, o Legislativo votava com o governo.
08:22Hoje, eu acho que gerou um equilíbrio melhor de forças
08:26o Legislativo não precisar tanto do Executivo para as suas emendas.
08:32Embora eu ache que o número seja alto demais.
08:34Então, algum espaço nisso, eles deveriam ter mesmo.
08:36Eu acho que tem uma certa...
08:38Eu acho que tem um equilíbrio maior.
08:40E era um jogo ruim.
08:42Porque era um jogo...
08:42Olha, eu realmente...
08:43Era um certo rolo compressor,
08:45porque, senão, eu não te dava as emendas e você...
08:48Nos seus redutos eleitorais, você não podia ajudar, etc.
08:52Então, não era uma coisa, a meu ver, saudável.
08:56Agora, elas ficaram grandes demais e totalmente sem transparência.
09:01Então, não dá para ser dessa forma.
09:03Mas, qualquer governo que venha vai precisar muito do Congresso
09:07para conseguir avançar nessa agenda,
09:09que não vai ser uma agenda fácil, né?