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  • 06/06/2025
No programa Visão Crítica desta quinta (05), Zeina Latif, Roberto Padovani e Gabriel Barros avaliaram onde o governo federal deve cortar gastos para diminuir o déficit público e manter a meta fiscal. Os economistas analisaram que a diminuição do volume de renúncias fiscais e mudanças na estrutura do Estado seriam medidas para reduzir os gastos públicos.

Assista ao programa completo: https://www.youtube.com/watch?v=STCZw1LF5QU

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Transcrição
00:00Nós temos discutido aqui, e o noticiário econômico também apresenta isso,
00:04essa questão do corte de gastos e aonde cortar.
00:07Porque nós temos gastos que, só para quem nos acompanha, são constitucionais,
00:11já vêm carimbados.
00:13X para educação, para saúde e assim sucessivamente.
00:16Bem, a questão é onde cortar.
00:18Todo mundo diz que cortar gastos.
00:20Por outro lado, outros economistas destacam um problema grave tributário,
00:25que é a renúncia fiscal.
00:26Que os valores aumentam, eu conheci esse valor em termos que eu achava já um absurdo,
00:31de 350 bi, agora já falaram de 800.
00:34Eu falei, meu Deus do céu, estamos chegando a um trilhão, como é possível isso?
00:39Isso não mexe da noite para o dia, e tem efeito a médio e longo prazo.
00:42Então, como compatibilizar corte de gastos e aumento da receita,
00:48não pela criação de novos tributos, mas pela cobrança de tributos já existente?
00:54Só para lembrar quem nos acompanha, a renúncia fiscal é quando o governo abdica
00:58de receber um imposto X da empresa Y.
01:00Funciona assim, em troca de ela aumentar o emprego, etc.
01:03É uma série de condicionantes.
01:05Só que chegou um volume fabuloso, não só no governo federal,
01:07nos governos estaduais.
01:08São Paulo, não sei se é 85 bi, alguma coisa assim.
01:12Tem os governos municipais também.
01:14Então, virou uma festa da uva.
01:16Então, a questão que eu coloco, como resolver essa questão?
01:18Ninguém gosta de pagar imposto, é verdade.
01:20O país ainda tem graves problemas sociais.
01:23Então, como resolver a questão da arrecadação de impostos?
01:26Eu sei que isso é fácil perguntar.
01:29E a questão dos gastos serem mais eficientes, que no fim é essa a questão.
01:33Bom, resolver o problema das renúncias, reduzir, eliminar, enfim.
01:42Eliminar não vai, mas porque é um instrumento de política econômica,
01:45qualquer país faz, o que ocorre é que a gente, como sempre, exagera.
01:51Então, a questão não é binária ter ou não ter,
01:54mas ter um uso mais racional desse instrumento.
01:59Mesmo que você fizesse essa redução,
02:05a necessidade de conter despesas, ela ia continuar presente.
02:10Porque a gente está falando, como você disse, de gastos obrigatórios,
02:15muitas vezes, na maioria, constitucional,
02:18e que cresce automaticamente porque tem algum esquema de indexação,
02:23é, por exemplo, ligado à receita, como saúde e educação,
02:27que voltou a ser ligado,
02:29ou mais de 50% das despesas indexadas ao salário mínimo.
02:34Ou mesmo, se a gente pensar o funcionalismo,
02:36por mais que você congele salário por um tempo,
02:39quer dizer, não tem como,
02:40uma hora você tem que fazer o ajuste pela inflação.
02:43Então, se a gente for pensar no cômputo ali,
02:45o Gabriel, que é o expert, me corrige se eu estiver errada,
02:49mas algo como 75% das despesas tem algum tipo de correção,
02:53indexação e, portanto, crescimento automático,
02:56fora a demografia.
02:58Estamos envelhecendo, pressiona a previdência.
03:01Então, veja que uma coisa não exclui a outra,
03:04quer dizer, reduzir as renúncias tributárias não significa que vai deixar de ser necessário
03:10conter o crescimento de gastos e fazer reformas constitucionais, inclusive.
03:16Agora, na questão da renúncia,
03:20chegou-se a colocar em LDO de não criar novas,
03:24de ir reduzindo, de fazer redução horizontal,
03:28enfim, tem várias discussões de como fazer.
03:30A primeira coisa é parar de criar,
03:33porque mesmo no atual governo a gente teve aumento de renúncia tributária.
03:38E que é, até do ponto de vista democrático,
03:42é ruim, porque você fica renovando benefícios
03:46e sem um maior debate da sociedade,
03:50quer dizer, precisaríamos realmente avançar politicamente.
03:54Eu estou, pode ser que, enfim,
03:56mas a minha visão é assim,
03:57eu estou convencida que a gente não consegue da noite para o dia, por exemplo,
04:01não vamos conseguir eliminar uma renúncia como o simples,
04:05que é das mais importantes.
04:07É muito difícil,
04:08mas eu acho que a gente precisa,
04:10o Gabriel falou a parar a grama, tem mato alto,
04:14pelo menos a gente começar a murchar, sabe, aos poucos.
04:18Você não vai conseguir acabar com uma renúncia,
04:21mas começar a diminuir para cada uma o nível de benefício que está ali.
04:30E de uma forma ali, na medida do possível,
04:33atingir vários grupos ao mesmo tempo.
04:35Claro que algumas renúncias são mais injustas socialmente que outras.
04:40Até essas medidas, essas políticas para as empresas,
04:44quer dizer, muitas vezes empresas de grande porte,
04:46assim, de grande receita, faturamento,
04:50e que têm benefícios injustos, né?
04:53Então, enfim, eu acho assim,
04:55acabar, sabe aquela coisa, Paulo Guedes,
04:57vamos passar a faca?
04:58Isso eu acho que é improvável,
05:01acho que é inviável politicamente,
05:02mas começar a rever de forma
05:04mais horizontal,
05:07acho que tem que ser o caminho.
05:09Aos poucos, Paulo Latino.
05:10Padovani, por favor, sobre isso,
05:13quais são as suas considerações?
05:15Porque tem essa questão do nó político também,
05:17que é bom lembrar que muitos,
05:19muita dessa renúncia são globes,
05:21grupos de pressão poderosíssimos no Congresso Nacional.
05:24E são de gente poderosa,
05:25não é o seu José e a Dona Maria,
05:27que estão lá pressionando,
05:28mas são grupos que conseguem convencer,
05:31vamos dizer assim, os parlamentares e o governo,
05:34dessas renúncias, né?
05:36Olha, eu acho que a gente está vivendo uma,
05:39assim, uma evolução no debate público brasileiro,
05:42que é pela primeira vez nos últimos 10 anos,
05:45a gente está discutindo a estrutura do Estado,
05:47a estrutura do gasto público.
05:50E a gente está se dando conta,
05:52e aí a ciência política estuda há muitos anos isso,
05:55que existe uma falha de governo, né?
05:57Você tem alguns setores capturando benefícios públicos.
06:02E quais são esses dois setores clássicos no Brasil?
06:05As grandes empresas, que fazem lobby, como você falou,
06:07e o funcionário público.
06:10Então, a gente tem hoje um problema que é
06:11o gasto tributário reflete isso que você falou,
06:14que são os lobbies,
06:15a pressão de setores organizados,
06:18com capacidade de influenciar decisões do governo.
06:22E você tem uma burocracia pública hoje
06:24que consome quase dois terços do gasto,
06:28dois terços da arrecadação, né?
06:29Do que você arrecada.
06:30Pela primeira vez nos últimos dez anos,
06:33a gente está vendo que, olha, não tem mais jeito,
06:35temos que enfrentar isso.
06:36Isso não é simples de ser enfrentado,
06:38a Zena tem toda a razão,
06:39a gente tem um impasse,
06:40isso gera um impasse político.
06:43Impasses políticos, tradicionalmente,
06:45levam a uma piora da situação,
06:47porque você não sabe,
06:48você não tem força para resolver.
06:50A gente está num governo em final de mandato,
06:52que, obviamente, ele não vai tocar no assunto.
06:56Com o passar do tempo, isso se agrava.
06:58A gente vai ver o termômetro do agravamento desse debate,
07:02que é a dívida pública explodindo no Brasil.
07:05E aí, numa situação de crise,
07:07você tem uma consolidação política e resolve.
07:10Não diria que você não resolve os problemas,
07:12você caminha na direção adequada.
07:14Então, eu sou até que otimista,
07:17porque eu acho que a situação vai piorar,
07:18mas, por outro lado,
07:19eu vejo o debate público no lugar correto.
07:22Então, eu acho que dessas discussões de IOF,
07:24não vejo prosperando nenhuma grande novidade.
07:28Mas eu vejo que a sociedade está tendo,
07:32novamente, se defrontar com estrutura de despesas.
07:35A gente teve um encontro marcado ali com o teto de gastos,
07:39que falhou.
07:40Tivemos agora o acaboço fiscal, que falhou.
07:42Então, a gente vai para uma terceira rodada nessa discussão.
07:45Mas que, enfim, faz parte do processo democrático.
07:49Gabriel, o que você acha dessas questões, por favor?
07:52Então, acho que eu concordo bastante com o que a Zena e o Valdo Valde falaram.
07:57Pegando o ponto da Zena,
08:00de fato, quando a gente olha a composição das denúncias fiscais federais,
08:04a gente está falando de,
08:06vamos reanudar aqui,
08:07550 bilhões só nesse ano.
08:11Desses 550 bilhões, tem um problema.
08:13Em 2019, foi proposto uma PEC,
08:18que foi aprovada, virou emenda constitucional 109,
08:21que blindou várias das denúncias fiscais de serem cortadas.
08:25Então, nessa emenda constitucional,
08:28estava previsto que o volume de renúncias fiscais,
08:32que na época era superior a 4% do PIB,
08:34fosse reduzido pela metade.
08:35E aí, o governo federal ficou responsável
08:39por enviar propostas
08:40para justamente reduzir esse volume de renúncias ao longo do tempo.
08:45Isso não aconteceu.
08:46E não só não aconteceu,
08:48como durante a tramitação,
08:50várias renúncias foram blindadas.
08:51O Simples, que a Zena bem comentou,
08:54é a maior delas.
08:55A gente está falando de 121 bilhões de reais por ano,
09:00que, pela estimativa da Receita,
09:01o governo federal perde somente com o Simples.
09:04Isso está blindado.
09:06Outra renúncia blindada é a Zona Franca de Manaus,
09:10que também está blindada.
09:12Entidades sem fins lucrativos também estão blindadas.
09:15Enfim, tem várias renúncias,
09:17e as principais, as mais pesadas, as mais salgadas,
09:21estão blindadas.
09:21Só para dar uma ideia do tamanho do que foi blindado
09:23por essa emenda constitucional,
09:25a gente está falando de 60% desses cerca de 550 B.
09:30Então, sim, tem uma boa parte que
09:34você consegue mudar,
09:36mas exige capital político,
09:37você vai ter que alterar a Constituição.
09:40E na parte que você não blindou,
09:42que o Congresso Nacional não blindou,
09:45não tem agenda fácil.
09:46por exemplo, tem a aposentadoria de idosos,
09:50pessoas com quase 65 anos e aposentados com doença grave,
09:55que é a principal renúncia.
09:57a gente está falando de aproximadamente 60 B de renúncia,
10:01especificamente desse ponto.
10:04Outra renúncia livre, vamos dizer assim,
10:07relevante em termos de tamanho,
10:09dedução dos gastos de saúde e educação no IR,
10:13no IER, no Poder da Pessoa Física.
10:15Também é super relevante.
10:18Então, sim, não tem agenda fácil no fiscal,
10:20mesmo nas renúncias, que a gente de fato tem que reduzir.
10:22Eu concordo com a Zena,
10:24o Brasil é um ponto fora da curva
10:26quando a gente compara o tamanho das renúncias fiscais
10:29no Brasil com os outros países.
10:32Mas tem que ter muita convicção.
10:34O Executivo precisa de muita convicção
10:36para realmente atacar essa agenda.
10:39E tem muita, inclusive, fraude.
10:41A gente falou de fraude na parte de concessão de benefícios,
10:45na política social,
10:46mas também tem fraude nas renúncias.
10:49E aí, sobre esse ponto que o Padre Vânio colocou,
10:53eu também concordo.
10:54Quando a gente olha, por exemplo,
10:57boa parte da indexação que existe no orçamento público,
11:03a gente está falando de aproximadamente 95%, 96%
11:08da despesa do governo federal,
11:11ela está carimbada, né?
11:13É despesa obrigatória.
11:15O Tesouro Nacional não divulga com esse nome.
11:17A despesa obrigatória na classificação do Tesouro é menor,
11:20mas quando a gente coloca todas as obrigações,
11:24vamos chamar assim, do governo,
11:26a gente tem um nível de comprometimento
11:29que é superior a 95%.
11:32Então, se você botasse um robô
11:34para executar a folha do governo,
11:38seria equivalente, né?
11:40Talvez até mais eficiente,
11:41porque coibiria fraude via cruzamento dos dados,
11:45que é uma coisa que a gente não tem no governo federal.
11:47A gente não tem um Big Data, por exemplo,
11:50cruzando por CPF os benefícios que são concedidos,
11:53e é por isso que o volume de fraude é tão grande.
11:57Então, assim, tem uma agenda bastante grande aí
11:59para ser tocado,
12:01mas precisa de disposição política, né?
12:03Tem que ter convicção do que tem que ser feito.
12:06E, infelizmente, isso está faltando.
12:08E aí

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